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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013




Ester, como tantas mulheres, nasceu num contexto da família da aliança, junto ao povo de Deus. Mas, também como muitas, ela nasceu no meio do povo de Deus quando este enfrentava grande crise. Ela nasceu no cativeiro, junto com o povo judeu. Sendo assim cresceu aprendendo a história da redenção e as promessas de restauração além da vergonhosa verdade acerca de porque eles viviam ali.
Uma das coisas mais interessantes sobre a vida de Ester é como a providência divina utiliza uma simples moça no livramento de todo seu povo. Nem ela, nem sua família nunca imaginaram que ela seria tão importante nos planos de redenção e preservação do povo de Deus; muitas vezes “Deus escolhe as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são” 1 Coríntios 1:28.
Certa ocasião o rei Assuero, poderoso e rico, resolveu fazer uma festinha singela que durou 180 dias; centenas de convidados e muita celebração para exibir o poder e prestígio do rei.  O texto diz que “havia muito vinho real, graças à generosidade do rei. Bebiam sem constrangimento…” Ester 1:7,8. Dá pra imaginar né? Em certo momento o rei decidiu mostrar a todos que possuía a mais bela das mulheres, mas a rainha Vasti não quis ser exibida como troféu e por isso perdeu seu posto.
Assuero resolveu então promover um concurso de beleza em todo o reino para selecionar a virgem mais bela a fim de ser sua nova esposa (imagine o sucesso que faria esse reality show hoje em dia…).
Ester (também chamada Hadassa) era uma moça judia, que havia sido criada pelo tio Mordecai após a morte de seus pais. Ela foi selecionada junto com muitas outras e entrou no concurso (não que ela tivesse escolha). Ela foi passando por cada fase eliminatória, recebendo tratamentos de beleza com unguentos e alimentação adequada. Foram meses de embelezamento: “…seis meses com óleo de mirra e seis meses com especiarias e com os perfumes e unguentos em uso entre as mulheres” (Ester 2:12).
Após o final da preparação, lá estava Ester, a mulher mais bonita do império.  Após 12 meses sendo tratada, amaciada e enfeitada ela venceu o concurso de beleza do imperador e se tornou sua esposa. Tudo indicava que ela teria uma vida tranquila e sem sobressaltos, acesso às riquezas do império, a ocasional atenção ao seu marido, enfim, muito do que tantas mulheres caçadoras de marido adorariam ter. Mas a situação não estava bem para seu povo; e se não estava bem para o povo de Deus também não estaria para essa moça de Deus.
Um homem perverso chamado Hamã odiava Mordecai; o bom e fiel judeu se recusava a se prostrar perante um mero ser humano. Hamã fez um plano elaborado para acabar com a vida não só de Mordecai, mas de todo o povo judeu; incitou o povo a participar no assassinato dos judeus e na pilhagem de seus bens; quase que um precursor de Hitler.
Mordecai, pela graça de Deus, percebeu os planos perversos de Hamã e decidiu falar com sua sobrinha, a única judia que estava em posição de chegar aos ouvidos do Rei. Ele pediu que Ester fizesse algo perigoso: aparecer diante do rei sem ser convidada e interceder em favor dos judeus. Imagine o que se passou na cabeça de Ester! Seu povo não morava aonde deveria morar, por conta do pecado de seus antepassados, não dela! Ester tinha de morar exilada naquele país distante casando com um rei megalomaníaco; isso já não era difícil o suficiente? Seu povo estava, de novo, lhe causando problemas.
Seu povo, que tinha recebido tudo das mãos de seu Deus, que fora escravo por séculos no Egito até que Deus os libertara e que fora tão teimoso em não ouvir a voz dos profetas e agora sobraria para ela remediar a situação? Tantas teriam dito: “Ah, tenha paciência! Cada um resolve seus problemas, estou garantida para a vida toda.”
Mas ela ouviu a voz de Mordecai que lhe fez considerar a providência de Deus: “quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada rainha?” (Ester 4:14) e decidiu agir; ela viu a seriedade da situação e decidiu fazer o que era certo mesmo que isso lhe custasse a vida. Note que ela decidiu fazer um longo período de jejum após tomar a decisão de agir. Ela não se escondeu da realidade por detrás de uma pretensa piedade de que tem que orar por um tempão antes de qualquer decisão; a decisão correta e a providência de Deus estavam bem claras diante dela. [1]
Deus moveu o coração do rei em piedade e por amor a ela seu povo é poupado. O bandido recebeu o que mereceu e muitos se tornaram judeus naquela ocasião; passando a servir e adorar o Deus verdadeiro. O que era para ser morte passou a ser para a vida.
Muito tempo depois, outra simples moça judia também foi escolhida por Deus para que em pequenez viesse a salvação para o povo da aliança. Não sabemos a respeito de sua formosura, mas ela achou graça diante de Deus. E o filho dessa moça fez como Ester em aparecer diante do Grande Rei em favor de seu povo; mas enquanto Ester disse “Se perecer, pereci”, Jesus desde o princípio diz “vou perecer e vou voltar” e na morte e ressurreição de nosso amado Jesus nossa vida é poupada. E ao longo do tempo estamos chamando em toda a Terra muitos para se juntarem a nós, o novo Israel. E Cristo, agora como noivo, está nos preparando como sua bela e imaculada noiva para um casamento que nos espera. Logo chegará.

[1] Essa questão de tomada de decisões é bem complexa e fonte de muita confusão para o povo de Deus. Na nossa igreja estamos tratando de um livro excelente sobre o assunto; escrito por Kevin Deyoung: Faça Alguma Coisa, da Editora Mundo Cristão. Leia. Hoje.
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* O Rev. Emilio Garofalo Neto é ministro presbiteriano e pastor da Igreja Presbiteriana Semear em Brasília-DF. É formado em Comunicação Social–Jornalismo pela Universidade de Brasília. Concluiu o Mestrado em Divindade no Seminário Teológico Presbiteriano de Greenville, Carolina do Sul, e obteve o grau de Ph.D. em Estudos Interculturais no Seminário Teológico Reformado, em Jackson, Mississipi.

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