Perguntaram-me se ia à Marcha. Enquanto ria por dentro, respondi, com muita cautela e carinho, que sirvo a um Jesus que não é evangélico; não precisa de ativismo, tampouco de marchas, mas de pessoas que enfrentam a vida caminhando na suavidade da existência. Esclareci que caminhar é viver. Enquanto alguns preferem marchar pensando ser para Jesus, outros, como eu, preferem caminhar em Jesus, o único caminho da verdade.
Espantado, meu interlocutor respondeu-me que na marcha o nome de Jesus é ovacionado: Camisas, faixas, gritos de guerra e etc, tudo leva o nome de Jesus. Destacava os principais pontos a mim, no mínimo pensando que não sei como ela funciona, enquanto olhava-o nos olhos; percebi um pouco de constrangimento.
Tive o cuidado de ser manso – aos poucos vou aprendendo a vencer minha austeridade. Percebi que exigia minha resposta. Não demorei, pensava enquanto ele exaltava a ênfase que a marcha dá ao nome de Jesus. Recomendei-lhe não se enganar ao ver o nome de Jesus aclamado, pois a mesma multidão que clama, crucifixa. Enfatizei que o evangelho propõe ação em favor do outro. Marchar entoando músicas gospels de péssima qualidade não coaduna com a proposta do evangelho de Jesus, posto que enquanto Ele caminhava pelas terras longínquas de Israel, não pedia que clamassem ou aclamassem, mas que apenas acreditassem e vivessem. Enfim, Jesus não gostava “de aparecer” – isso é obra de outra estrela, caída do céu.
“Marchar” é uma das mais claras evidências da necessidade de afirmação que os evangélicos gospels-midiáticos têm. É preciso aparecer na TV, ganhar a primeira página dos jornais e uma seção de fotos na internet; bem pós-moderno.
Findo o papo, antes de partir, relembrei ao irmão que aclamar o nome de Jesus não garante salvação a ninguém e muito menos prova a salvação de qualquer pessoa, tendo em vista as palavras do próprio Cristo: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mateus 7:21).
Não vou à marcha. Quando Jesus precisar disso, não será Jesus, mas Lúcifer. Graças a Deus consegui convencer meu interlocutor.
Em Jesus, Aquele em quem só podemos caminhar e que caminha conosco,
Will