A diferença entre estar cheio do Espírito Santo e estar cheio da bebida
Seria impossível exagerar tamanha
importância que o Espírito Santo exerce em nossa vida. Paulo já falou que somos
selados pelo Espírito (Ef 1.13,14) e que não devemos entristecer o Espírito (Ef
4.30). Agora, ele ordena que sejamos cheios do Espírito (Ef 5.18). É o Espírito
quem nos convence de que pecamos. É ele quem opera em nós o novo nascimento. É
ele quem ilumina o coração para entendermos as Escrituras. É ele que nos consola
e intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Ele testifica com nosso espírito
que somos filhos de Deus. É ele quem habita em nós.
Todavia, é possível ser nascido pelo
Espírito, ser batizado com o Espírito, habitado pelo Espírito, selado pelo
Espírito e, ainda assim, estar sem a plenitude do Espírito. A questão levantada
pelo apóstolo é: embriaguez ou enchimento do Espírito? Ele faz uma comparação
entre a embriaguez e a plenitude do Espírito.
Vejamos, em primeiro lugar, a
semelhança superficial. Quando uma pessoa está bêbada, dizemos que está sob
a influência do álcool; e, com certeza, um cristão cheio do Espírito está sob a
influência e o poder do Espírito Santo. Em ambas as proposições, há uma mudança
de comportamento: a personalidade da pessoa muda quando ela está bêbada. Ela se
desinibe; não se importa com o que os outros pensam dela. Abandona-se aos
efeitos da bebida. O cristão cheio do Espírito entrega-se ao controle do
Espírito, e sua vida fica livre e desinibida.
Em segundo lugar, o contraste
profundo. Na embriaguez, o homem perde o controle de si mesmo; no enchimento
do Espírito, ele ganha controle de si, pois o domínio próprio é o fruto do
Espírito. Dr. Martyn Lloyd Jones, médico e pastor, disse: “O vinho e o álcool,
farmacologicamente falando, não são estimulantes, mas depressivos. O álcool
sempre está classificado na farmacologia entre os depressivos. O álcool é um
ladrão de cérebros. A embriaguez, deprimindo o cérebro, tira do homem o
autocontrole, a sabedoria, o entendimento, o julgamento, o equilíbrio e o poder
de avaliar as coisas. Em outras palavras, a embriaguez impede o homem de agir de
maneira sensata. O que o Espírito faz é exatamente o oposto. Ele não pode ser
posto num manual de farmacologia, mas ele é estimulante, antidepressivo. Ele
estimula a mente, o coração e a vontade”.
Em terceiro lugar, o resultado
oposto. O resultado da embriaguez é a dissolução (asotia). As pessoas
que estão bêbadas entregam-se a ações desenfreadas, dissolutas e descontroladas.
Perdem o pudor e a vergonha. Trazem desgraças, lágrimas, pobreza, separação. A
palavra grega asotia envolve não apenas a ação descontrolada do homem
bêbado, mas também a ideia de desperdício.
Os benefícios de ser
cheio do Espírito Santo
O apóstolo Paulo fala sobre três
benefícios da plenitude do Espírito:
a) Comunhão (Ef 5.19
a) – “[...] falando
entre vós com salmos”. Isso nos fala da comunhão cristã. O cristão cheio do
Espírito Santo não vive resmungando, reclamando da sorte, causando intrigas,
cheio de amargura, inveja, ressentimento; sua comunicação é de elevo espiritual
para a vida do irmão (Sl 95.1).
b) Adoração (Ef 5.19 b)
– “Cantando hinos e
cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor no coração”. Note que aqui o
cântico não é entre vós, mas, sim, ao Senhor. Não é uma adoração fria, formal e
sem entusiasmo. O cristão cheio do Espírito Santo adora a Deus com entusiasmo e
profunda alegria. Ele usa toda sua mente, emoção e vontade para adorar a Deus.
Um culto vivo não é carnal e nem morto. O culto verdadeiro é em espírito e em
verdade.
c) Gratidão (Ef 5.20) – “E sempre dando graças por tudo a
Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. O cristão cheio do Espírito
não está cheio de queixas e murmurações, mas de gratidão. Embora o texto diga
que devemos sempre dar graças por tudo, é necessário interpretar corretamente
esse versículo. Não podemos dar graça por tudo, como pelo mal
moral. Por exemplo: a esposa deve louvar a Deus pelo adultério do esposo, ou
louvar a Deus pela embriaguez do marido, ou louvar a Deus pela perda do filho
nas drogas, ou mesmo na morte. Dr. John Stott, ilustre expositor
bíblico, diz que o “tudo” pelo qual devemos dar graças a Deus deve ser
qualificado pelo seu contexto, a saber, “a Deus, o Pai, em nome do nosso Senhor
Jesus Cristo”. Nossas ações de graças devem ser por tudo que é consistente com a
amorosa paternidade de Deus e com a revelação de si mesmo que nos concedeu em
Jesus Cristo. Amém!
A-BD
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