O CASAMENTO JUDAICO (João 14.1-3)
Não se sabe exatamente quando o homem começou a casar,
mas esta prática vem sendo comum e muito valorizada a mais ou menos 3 mil
anos.
A duração das festas Judaicas eram de 7
dias; Os convidados
chegavam a cada dia e alguns permanecia por vários dias.
1° - O noivado ou estabelecimento do acordo de
casamento: para isso o rapaz deixava a sua casa e viajava até a casa da noiva
escolhida, lá o jovem pedia a mão da filha ao pai, se houvesse consentimento,
era estabelecido o dote a ser pago pela noiva (costume que existe até hoje entre
alguns povos orientais) - Ef.5.23-32
2° - Tão logo o noivo pagasse o dote, o
casamento estava juridicamente selado, então os noivos bebiam juntos um cálice
de vinho, simbolizando o estabelecimento do acordo. A partir deste momento, eram
considerados casados, mas ainda sem vida comum, pois o noivo voltava a casa
paterna.
Ali permanecia aproximadamente um ano e
preparava a morada para a vida conjunta. - Referências: I Co.11.25 - I Co.6.20 -
I Pe.1.19 - Jo.14.2.
3° - Após esse tempo de separação numa noite
desconhecida pela noiva, o noivo convidava seu padrinho e amigos e juntos se
dirigiam à casa da noiva com tochas acesas nas mãos. - Referência: I
Tes.4.16-17
4° - Os espectadores nas ruas percebiam e
diziam uns aos outros "eis o noivo" Os gritos iam de boca em boca até alcançar a
noiva em casa do seu pai. Assim ela tinha tempo de se preparar e na mesma noite
ser levada pelo noivo.
Rapidamente mandava avisar suas damas de honra
para vesti-la e enfeitá-la, pois o noivo vinha buscá-la.
5° - Os jovens que saiam com o noivo e chegavam
a casa da noiva antes da sua preparação, não entravam, ficavam esperando na rua.
Somente quando a noiva estava pronta e deixava
a casa paterna para ir ao encontro do noivo e seus amigos, coberta por um véu,
os convivas reunidos iam então a luz das tochas para a casa paterna do noivo. Lá
já estavam outros convidados, junto às mesas postas no salão de festas.
Referência: Ef.4:8)
As amigas da noiva cantavam o ´Epitalâmico´, ou
´cântico nupcial´, à porta da noiva, à tarde antes do casamento, sendo isto um
fato que lança muita luz sobre as palavras de Jesus quando disse: ´Podem acaso
estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?´ -
(Mt.9.15);
Os convidados das duas partes são chamados
´filhos das bodas´.
Após uma breve saudação aos convidados, os
noivos se retiravam para o aposento nupcial a ´huppah´, onde consumavam o
matrimônio, tornando-se assim marido e mulher de fato e de direito. A noiva
guardava o lençol manchado de sangue - Referência: Sl.19:5; Jl.2:16; -
Dt.22.14-15)
Após certo tempo, o noivo voltava sozinho até
os jovens, que levavam a notícia aos convidados, e aí então iniciava-se as
festividades que durava sete dias. A noiva ficava no aposento nupcial, durante
um período chamado de ´4 dias de ocultamento´ ou ´dias do aposento
nupcial´.
6° - No final do 7° dia, o noivo conduzia sua
jovem esposa, agora sem véu para fora do aposento e apresentava-a aos seus
convidados.
- Era costume as pessoas mais ricas aparecerem
com ricos trajes; Se o casamento fosse entre pessoas muito ricas, cada convidado
recebia um traje todo pomposo numa câmara por onde os convivas passavam e
tomavam suas novas vestes entes de entrar no salão. (este costume ainda persiste
com alguns povos do Oriente).
- As virgens casavam-se costumeiramente na quarta
feira à tarde, já as viúvas ordinariamente se casavam no quinto dia da semana.
Esse regulamento foi estabelecido a fim de que surgindo qualquer disputa ou
dúvida acerca da virgindade da noiva, o marido apresentaria o caso ao sinédrio.
- A Lei: quando uma moça se casava, ela guardava
o lençol manchado com o sangue da sua virgindade como prova da sua pureza, para
que havendo qualquer problema com seu esposo, quanto a sua virgindade, ela ou
seus pais, tomariam estes lençóis e levariam aos anciãos da cidade para que
fossem tomadas as providências - Dt.22.14-15
- Nas cidades, o sinédrio se reunia no segundo e
no quinto dias de cada semana, e se um homem se casasse em um quarto dia da
semana, e tivesse algum motivo para duvidar da virgindade de sua esposa, poderia
apresentar o caso já no dia seguinte ao do casamento.
- Ao terceiro dia - talvez uma alusão a
ressurreição.
- Chamada assim para distinguir da outra Caná,
na Coele-Síria - Js.19.28. Tradicionalmente tem sido identificada com Kerf
Kenna, distante 6
Km de Nazaré, nesta região existem amplas fontes de água e
muitas figueiras que dão bastante sombra, o que é sugerido no texto;
- Outra localização mais provável é Khirbet
Qana, povoado em ruínas cerca de 14 Km ao norte de Nazaré;
- Flávio Josefo, que viveu entre 37 e 103 d.C.,
apoia esta opinião, pois teve ali seu Quartel General no ano 66 d.C.;
- Depois da Bíblia, suas obras são a maior
fonte de informações sobre os impérios da antigüidade, o povo judeu e o Império
Romano.
- Esse nome deriva de Kana, que significa
"Lugar de canas" - tratava-se de uma aldeia da Galiléia das terras altas, a
oeste do lago da Galiléia e é mencionada por três vezes em João;
- Neste localidade Jesus curou o filho de um
oficial do rei que jazia enfermo em Cafarnaum;
- Local de nascimento do apóstolo Natanael,
discípulo de Jesus. (Jo.21.2)
- Jesus, Maria, João, André, Pedro, Felipe e
Natanael
- 7 pessoas, eram esses os primeiros discípulos
- Jo.1.35-51;
- O motivo para não se falar sobre a presença
de José, pai de Jesus, e nem de seu envolvimento futuro no ministério de Jesus,
prende-se ao fato de que talvez ele tivesse falecido quando da infância de
Jesus;
- É bem provável que Jesus tenha chegado quase
no fim da festa, se considerarmos o vinho estar escasseando;
- Jesus participava das festas comemorativas na
sua comunidade, não era um asceta, ele compartia das alegrias pessoais e
coletivas, isso indica que o cristão não deve sair do cenário mundial, mas
participar dele, quando não afrontar a sua fé cristã;
- Especuladores dizem que o casamento era do
evangelista João - (o texto não possibilita essa interpretação tendenciosa);
- Os Mormons acreditam que se tratava do
casamento do próprio Jesus - (uma leitura cuidadosa do texto derruba esta tese -
(uma inferência ou seja, eixegese))
(eixegese)
.
- Era comum o vinho acabar, tendo em vista os
sete dias de festa e provavelmente um grande número de convidados;
- O vinho era servido livremente;
- vinho bom era aquele fervido e mais
adocicado;
- Faltar vinho afetava a reputação e a honra do
hospedeiro.
- Ela sabia que Jesus poderia realizar algum
tipo de milagre;
- Crisóstomo e outros acreditavam que Jesus já
havia operado alguns milagres no círculo familiar e que Maria, ciente desse
fato, estava na expectativa de mais um milagre;
- Maria conhecia o propósito messiânico de
Jesus;
- Maria tinha uma fé inabalável no poder de
Jesus, tanto que dá ordens aos escravos/servos, quando disse: façam tudo que ele
vos mandar.
". . . que tenho eu contigo . . ."
- ti emoi kai
soi (ti emoi kai soi) = "o que é isso para mim e para ti?
"Não tens direito de me culpar. O problema está
sendo cuidado"
"que tenho eu contigo ou que tens tu
comigo"
"O que há entre mim e ti?",
"Não é preciso que a senhora me diga o que eu
devo fazer" e ainda
"Que queres de mim mulher".
- gunai (gunai) = mulher, não sem respeito -
quando estava na cruz ele usou a mesma palavra que poderia ser traduzida para
madame, senhora ou ainda minha senhora;
- uma forma de repreensão suave;
- os protestantes dizem que foi para combater a
mariolatria e a mariologia;
- para corrigir o futuro abuso e superstição da
adoração a virgem;
- É certo que não foi uma forma de desprezo,
visto que este tratamento é muito comum nos escritos das tragédias gregas,
quando alguém se dirigia a rainhas ou a outras mulheres distintas.
* Augusto se dirigiu assim a Cleópatra, rainha
do Egito
* Jesus tratou assim Maria Madalena - Jo.20.15
* Jesus na cruz, tratou assim sua mãe, Maria -
Jo.19.26.
Não é chegada minha hora
- "eu escolherei o momento apropriado"
referindo-se a sua intenção de fornecer o vinho necessário.
Fazei tudo que ele vos disser
- foi a mesma frase proferida pelo Faraó, com
respeito a José do Egito - Gn.41.55;
- Lembremos que José foi um tipo de
Cristo.
Serventes, servos ou
escravos
- Escravo em grego é douloi (douloi), mas no texto a palavra é
diakonoi (diakonoi) e foi traduzida
para diácono que é "alguém que serve no trabalho do evangelho", provavelmente em
alguma capacidade material, conforme aplicado a Febe em Atos.
- Esses utensílios e a água serviam para as
cerimônias judaicas de puruficação, para enxaguassem as mãos e possibilitar a
lavagem dos utensílios usados na festa, visto ser o judeu extremamente rigoroso
no que diz respeito à limpeza do corpo (cerimonial);
- As talhas eram feitas de pedra por que se
cria que a pedra preservava a pureza e a frieza da água e por estar menos
sujeita a impurezas. A pedra era prescrita pelas autoridades judaicas para as
lavagens antes e depois das refeições;
- A água na região da Palestina era bastante
escassa, daí o motivo de tantas talhas e também por ser um casamento com muitos
convidados, havia a necessidade de uma reserva.
- As purificações - ver mais.
- superstição quanto ao número:
- é número de trabalho, do enfado, da
necessidade e da imperfeição;
- que seis dias antes da Páscoa Jesus chegou em
Betânia, iniciando sua penosa via dolorosa;
- é o número do anti-cristo, da discórdia e da
maldade;
- o dia da criação da mulher;
- o livro de cabala judeu Sohar - adverte conta
o tríplice seis como número da punição;
- Unidade de medida - eqüivalia a cerca de
38
litros , ou seja, havia disponível de 600 a 900 litros de água, segundo
alguns comentadores.
Enchei as talhas
- As talhas estavam quase vazias, a água havia
sido usada para as abluções.
- Quando Jesus disse para que tirassem a água e
a servissem usou a palavra antlev
(antlen) = tirar, tirar para fora. Freqüentemente usado para tirar água de um
poço, mas aqui, de uma talha d'água;
- Não se sabe quando o milagre ocorreu, se
quando a água estava ainda dentro das talhas ou no percurso até a taça do
convidado ou então na própria taça, sabe-se porém que houve um milagre
sobrenatural operado ali;
- por esse primeiro milagre, foi despertada a
fé dos seus discípulos e dos outros, muito embora já tivessem crido nele -
Jo.2.12;
- O milagre foi de forma sobrenatural, embora
muitos digam que Jesus trouxe o vinho de outro lugar e que a os servos foram
buscar;
- shmeion (semeion) = sinal, um ato ou milagre
que visa levar à crença em Jesus como o Messias, o filho de Deus.
Fazendo nossa parte
- Os servos fizeram sua parte no negócio, ou
seja, fizeram o que lhes era possível, não tiveram que realizar pessoalmente o
milagre, ficou a cargo de Jesus, a transformação.
- arko
(arko) = ser chefe, dirigir, - era costumeiro entre os gregos entregar a uma
pessoa particular, o arranjo da mesa, bem como de todos os outros serviços, tais
como o de provar o vinho, o da distribuição do vinho, o da preparação das
lâmpadas, etc. - Cristo agiu como o grande mestre-sala, que cuidou das tarefas
mais difíceis vinculadas ao seu ofício messiânico que é a salvação da humanidade
- O vinho tornou-se abundante e isso reflete a provisão que nos é dada por
Cristo.
Vinho melhor
- o motivo para se oferecer um vinho de melhor
qualidade, se dava pelo fato de que no final da festa, os convidados já não
poderiam criticar a qualidade, tendo em vista estarem (bêbados).
- mequsqvsin (metustosin) = ficar bêbado,
embriagar-se (essa palavra não subentende que os hóspedes já estivessem
bêbados);
- O uso metafórico desse vocábulo se tornou
comum como gíria, indicando um homem embriagado, como se estivesse encharcado ou
molhado.
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