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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Olavo de Carvalho - Os motivos para destruição da família


          Judaísmo em Curitiba
A história da diáspora judaica se deu por razões que ameaçavam a existência do povo judeu: perseguições, guerras, preconceitos. O que o levou, em diversos momentos, buscar melhores condições de sobrevivência em novos lugares, dentre eles, o chamado Novo Mundo.

No Brasil temos o registro da presença dos judeus desde o século XVII, e especificamente no Paraná os primeiros judeus chegaram por volta de 1880. Segundo pesquisas, eles eram oriundos da Galícia Austríaca, com cinco homens e três mulheres da família Flacks, e dois irmãos da família Rosenmann. Eles se estabeleceram na recém criada colônia agrícola de Tomás Coelho, hoje Barigui.

Ao se instalarem em solo paranaense, a semelhança do que ocorreu no restante do Brasil, os judeus se dedicaram às atividades comerciais, vendendo principalmente produtos agrícolas, em especial os cereais, o que facilitou a relação com os agricultores de Tomás Coelho. Os Flacks e os Rosenmann uniram-se e organizaram um armazém de secos e molhados, onde comercializavam os gêneros agrícolas dos camponeses.

Ao deixar a colônia de Tomás Coelho, apenas Max Rosenmann foi para o centro urbano da cidade de Curitiba. Os Flacks retornaram à Europa a fim de casarem seus filhos com pessoas da comunidade judaica, para que assim garantissem a continuidade de suas tradições. Rosenmann instalou, no centro de Curitiba, um moinho a vapor, e, com o passar dos anos, foi se estabelecendo, tornando-se um líder da pequena comunidade que já se formava. Passou a exercer um papel de elemento congregador, que buscava preservar a identidade do grupo, organizando as principais cerimônias do rito religioso judaico, como o Shabat (dia do descanso para os judeus que se reúnem para rezar), o Seder de Pessah (festa religiosa referente a páscoa judaica que relembra a saída da condição de escravo do povo hebreu do Egito), o Rosh Hashaná (ano novo judaico) e o Yom Kipur (Dia do Perdão), dentre outras. Ele também se preocupava com os ritos referentes ao nascimento (Brit Milá, cerimônia de circuncisão da criança menino) e a morte (Chevra Kadisha, serviços funerários).

Pouco a pouco a comunidade foi crescendo, e havia a necessidade de se criar grupos de ajuda mútua para o auxílio aos refugiados de guerra na Europa e na integração dos novos imigrantes, que começavam a aportar em Curitiba. Assim, em 1917, surge um Comitê Feminino formado pelas esposas dos imigrantes pioneiros, que tinha como objetivo integrar os novos imigrantes que chegavam à cidade. Com o aumento desse grupo houve a tentativa de se criar, de maneira mais efetiva, uma Kehilá (comunidade), que pudesse congregar a todos. Tal tentativa culminou com a organização do Centro Israelita do Paraná, no ano de 1920. Em seguida, o esforço foi para adquirir uma propriedade onde pudessem construir uma sinagoga e também um Centro Cultural e Social, para preservar e difundir a tradição e a cultura judaica.

Após a criação do Centro Israelita, outras instituições foram organizadas, tendo em vista as necessidades desse grupo. Em 1925, a comunidade recebeu autorização para construir um pequeno cemitério, anexo ao Cemitério Municipal, no bairro Água Verde. Hoje a comunidade possui outros dois cemitérios, um no bairro Santa Cândida e outro no Embu. Em um segundo momento criou-se a escola israelita, em 1927. Pouco tempo depois, conseguiu uma sede própria, sendo o terreno doado por um dos líderes da comunidade, Salomão Guelmann, no ano de 1935. A escola ganhou o nome do seu benfeitor e, inicialmente, localizava-se na Rua Lourenço Pinto, sendo transferida na década de 1970, para a sua sede atual, na Rua Nilo Peçanha. Com a escola tinha-se o objetivo de manter a educação, as tradições, os costumes e a cultura judaica, além da preocupação com o estudo da Torá ( o livro sagrado para os judeus), a literatura, principalmente em idish (língua com elementos do alemão e do hebraico).

Com a nova sede da escola e do clube, nos anos de 1970, pôde-se organizar melhor a vida comunitária, e em 2009 a comunidade comemorou 120 anos no Paraná. Como parte dessa comemoração houve vários eventos, dentre eles, o concerto musical da cantora de origem judaica, Fortuna, e o Coro de Canto Gregoriano de São Paulo. A comunidade autorizou o projeto de uma nova Sinagoga e o Memorial do Holocausto, que fará parte do conjunto onde se localiza a escola e o Centro Israelita do Paraná (CIP). Os serviços religiosos já estão ocorrendo neste novo local, juntamente com as ações sociais e culturais.

Os judeus, em Curitiba, podem também se reunir no Beit Chabad, que é ligado ao um movimento mundial chamado Chabad – Lubavitch, que representa uma vertente ortodoxa do judaísmo. Desde a década de 1980 estão organizados na cidade e possuem uma sinagoga, que além de se congregarem para o estudo da Torá (livro sagrado para os judeus), desenvolvem atividades culturais, sociais e de assistência, buscando sempre atender as necessidades de todos que compõem a comunidade.

Atualmente, a Comunidade Judaica Paranaense conta com aproximadamente 1.000 famílias, que em sua maioria vivem em Curitiba. O CIP representa a vertente conservadora do judaísmo, em maior número na cidade, e o Beit Chabad congrega os judeus da vertente ortodoxa.



Fonte: Centro Israelita do Paraná

Escola Israelita Salomão Guelmann

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Origens da Assembléia de Deus Trabalho de pesquisa do Grupo do Irmão Moisés - pesquisador da história da Assembléia de Deus no Brasil. Exposição na Assembléia de Deus na Av. Caxangá / Recife






BOLSA FAMÍLIA, ASSISTENCIALISMO, ELEIÇÕES E UM GRANDE CARA-DE-PAU

Seja qual for o partido que esteja no poder em ano eleitoral; os Tesouros municipais, estaduais ou o federal sempre trabalham a todo vapor. Alguns têm ideias brilhantes que se convertem em “chaves mágicas” para uma votação fácil e gorda, atraindo uma multidão de pessoas carentes que sempre esperam a queda de migalhas das mesas poderosas e fartas dos políticos para poderem conseguir um alento às suas misérias.
É assim com os centro sociais mantidos por vereadores e deputados que nada mais fazem do que fornecer serviços que deveriam ser garantidos pelo Estado, anônima e gratuitamente, a população. Contudo, nesses centros comunitários, eles são entregues com a chancela desse ou daquele político. Isso faz com que a população acabe acreditando que é o político que “presenteia” seus eleitores com aquela benesse e que, se ele perder uma eleição, aquilo tudo se acabará. O mesmo acontece com o calçamento de ruas, a iluminação pública e etc…
O que a população esquece é que esses serviços são obrigações do Estado e que os responsáveis pela administração do Estado podem ser cobrados e punidos pela ausência da prestação desses serviços. Assim, ficamos contentes com o centro social do deputado e vendemos nossos votos em troca de um médico; asfalto na rua ou qualquer outra coisa. Quando, na verdade, deveríamos ter atuado em massa contra aqueles que desviam verbas e recursos do Estado para esses expedientes assistencialistas. Pois é assim que são mantidos esses centros ou concedidas as benesses costumeiras.
FHC criou os programas sociais que, mais tarde, foram encampados pelo PT e transformados no Bolsa Família. Longe de preocupação com a pobreza, ambos os presidentes e partidos desejaram apenas criar uma massa crítica de escravos votantes e dependentes políticos; uma vez que o programa não tem porta de saída e já há casos de pessoas recusando empregos para se manter “na aba”.
Lula, apesar de criticar duramente o programa durante as eleições e admitir com todas as letras o seu caráter eleitoreiro (veja o vídeo gravado para o programa eleitoral do PT) resolveu abraçá-lo e fazer dele o seu carro-chefe. Com isso, ao invés de reduzir-se a pobreza definitivamente, dando trabalho e renda sustentável para esse pessoal; ampliou-se apenas o assistencialismo e a escravidão eleitoral que representam esses programas assistencialistas.
A maior prova dos objetivos eleitorais desse programa é que agora, as vésperas da eleição, o governo quer ampliar o benefício visando atingir pessoas que recebam uma renda mais substancial, rompendo a barreira dos R$ 140.00 de hoje. Além disso, cogita-se o retorno do vale gás (já incorporado ao Bolsa Família) em pagamento avulso e até o DVD do filme sobre a vida de Lula entrará na roda; sendo vendido pelo preço “de mercado” de R$10,00. Tudo isso apenas com o ano começando e diante da teimosia em não decolar da candidatura de Dilma.
Infelizmente, sem que o eleitor brasileiro mude a sua maneira de agir e a sua mentalidade em relação às eleições e a importância do voto; veremos ainda por muito tempo políticos usando os cofres públicos para se manterem no poder e garantindo para si ou para seus “companheiros” toda sorte de falcatruas assistencialistas capazes de seduzir um eleitorado inerte, omisso e totalmente desinteressado com o seu próprio futuro. E, quando digo isso, não me refiro apenas a Lula; quero me referir a todos os partidos que aí estão atualmente. FHC criou o “modo de vida”; Lula transformou-o em “estado da arte” e os outros darão sequência a esse verdadeiro mar assistencialista que escraviza e mantém as pessoas na miséria e na pobreza enquanto os políticos se fartam com a desgraça alheia.
Pense nisso.
Fonte: Visão Panorâmica

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quinta-feira, 24 de abril de 2014



Libertação > Ánimais
A Bíblia preconiza o vegetarianismo
Ánima-is
© Greif, Sergio
Sejamos judeus, cristãos ou muçulmanos, a fonte de nossa inspiração religiosa é a Bíblia. Mesmo os muçulmanos, que adotam outro livro sagrado, reconhecem a Bíblia como cânone. Ateus e agnósticos, embora não creiam diretamente em textos sagrados, são influenciados por estes visto que estão inseridos em sociedades que foram moldadas utilizando-os como inspiração. Vivemos em sociedades laicas, mas a religião, ainda que não praticada, influencia o pensamento e, em parte, o comportamento.

A costumeira justificativa religiosa para o especismo é baseada numa breve passagem bíblica que explicaria nossa natureza semi-divina e nosso direito sobre as demais espécies. Em Gênesis 1:26, está escrito: “Também disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.”.

No entanto, a Bíblia é um livro complexo e permite múltiplas interpretações, além de versões e traduções.

Se verificarmos o original em hebraico, veremos que o que tem sido traduzido como “ter domínio” é a palavra “yirdu”. “Yirdu” poderia ser melhor traduzido como “descerão”. Fosse a intenção do autor do original hebraico de fato transmitir a idéia de domínio na criação, a palavra que deveria ser empregada seria “shalthanhon”. Nem mesmo a idéia de governo benévolo do homem sobre as demais criaturas é passada neste versículo, visto que a palavra que a Bíblia usa quando se refere ao domínio pacífico é “mashel”.

Porém, o que vemos é que foi empregada a palavra " yirdu", que permite uma outra tradução do versículo: “Disse Deus: façamos o homem à nossa imagem e semelhança; e descerão para os peixes do mar, e para as aves dos céus, para os rebanhos e para toda a terra e para todo réptil que rasteja sobre a terra”. Se seguirmos essa tradução, que é mais fiel ao original, podemos interpretar que a intenção da Bíblia pode ter sido mostrar que Deus criou o homem de uma maneira especial, mas que o homem desceria (ou seja, seria igualado) para a condição de um animal.

Mesmo a continuação do livro parece apoiar esta idéia. Em Gênesis 1:28, costumamos ver o versículo traduzido desta forma: “E Deus os abençoou e lhes disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.”. Novamente, a palavra “desça” aparece traduzida como “domine”. O que aparece nesse versículo como “sujeitai-a” é a palavra “kibshah”, que significa preservar. Fosse de fato a intenção do autor transmitir a idéia de “sujeitar” ele teria empregado a palavra “hichriach”.

A tradução literal deste versículo seria: “E abençoou-os Deus e lhes disse Deus: fecundem-se, tornem-se muitos, encham a terra e preservem-na; e desçam para (a condição dos) peixes do mar, e para as aves dos céus e para todo animal que rasteja sobre a terra”.

Esta idéia de que homens e animais estão em pé de igualdade perante Deus encontra-se em Eclesiastes 3:18-21: “Disse ainda comigo: é por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão. Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?”

A intenção aqui não é, porém, estender-me em uma tradução revisionista de todo o texto bíblico, mas sim demonstrar que erros de tradução levam a erros de interpretação. Já foi demonstrado muitas vezes que a Bíblia pode ser utilizada para defender qualquer idéia. Pela tradução tendenciosa do versículo de Gênesis 1:26, nasceu toda a concepção de que o homem é um ser semi-divino e tem o direito de sujeitar ao seu domínio todos os demais seres da criação, sujeitar a Terra. Mas e se a intenção do autor tivesse sido outra?

Gênesis 1:29 e 1:30 apresentam a primeira lei dietética estabelecida por Deus para o homem e para os outros animais “E disse Deus: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão sementes e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há frutos que dão sementes; isso vos será por alimento. E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.”.

Esses versículos demonstram que não era a intenção original de Deus, pelo menos segundo o livro de Gênesis, que o homem matasse animais para comer. A dieta vegana era a consistente com o plano original de Deus. Apesar disso, quantas pessoas não lêem esses versículos diariamente e deixam de refletir sobre seu significado?

O Talmud, coleção de comentários e compilações da tradição oral judaica, reforça a idéia bíblica de que, se no princípio o homem não comia carne, era porque a intenção original de Deus era que este e os demais animais fossem vegetarianos. De fato, escreveram sobre esse assunto muitos comentadores bíblicos, entre eles Rashi (1040-1105), Abraham Ibn Ezra (1092-1167), Maimônides (1135-1214), Nachmanides (1194-1270) e Rabi Joseph Albo (séc. XV).

A Bíblia conta (Gen. 2:8) que quando Deus criou o homem, colocou-o para habitar no Jardim do Éden. Nesse jardim, foi ordenado que o homem se servisse dos frutos de toda árvore (Gen. 2:16), exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gen. 2:17). Devido ao pecado original, o homem foi expulso do jardim e recebeu também a permissão para comer as ervas do campo (Gen. 3:18). Poderia-se até dizer que a Biblia sugere que Deus criou o homem frutariano, e depois o fez vegano.

Conforme a genealogia apresentada em Gênesis 5, entre Adão e Noé passaram-se dez gerações. Segundo a Bíblia, nos tempos de Noé, Deus resolveu destruir tudo com um dilúvio, porque toda a criação havia se corrompido. Noé encarregou-se de construir uma arca e salvar sua família e alguns exemplares de cada espécie animal. Conta a Bíblia que, quando as águas baixaram, seres humanos e demais animais saíram e constataram que a terra estava seca.

Podemos, porém, imaginar que, após mais de um ano submersa, já não havia sobre a terra vegetação suficiente para sustentar a todos. Foram Noé e seus filhos, segundo a Bíblia, os primeiros seres humanos que comeram carne.

Toda a harmonia que havia prevalecido entre os homens e demais animais no paraíso, após a expulsão e durante o período do dilúvio, segundo a Bíblia, deixou de existir. “Pavor e medo de vós virão sobre todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues.” (Gen. 9:2).

Naquele momento, passaram a existir animais herbívoros e carnívoros, e o homem tornou-se onívoro:“Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora.” (Gen. 9:3). A frase “como vos dei a erva verde” reforça que até então eles só tinham autorização para serem veganos. Seria, porém, esta concessão pontual motivo para justificar que comessemos carne até os dias de hoje?

Segundo Rav Kook, primeiro grão-rabino de Israel, não podemos ver essa permissão para comer carne, dada a Noé em uma situação específica, como uma concessão a toda a humanidade posterior. Em sua interpretação, estava claro que se tratava de uma permissão efêmera, até que a terra voltasse a produzir o alimento. A situação em que Noé se coloca é a de um homem perdido em uma ilha deserta, sem muitos recursos à disposição.

O período das dez primeiras gerações descrito em Gênesis foi, portanto, de pessoas vegetarianas, e a Bíblia mostra que o homem só começou a consumir carne quando condições ambientais o forçaram a tal.

Há um segundo período segundo o qual o autor da Bíblia mostra que Deus pretendia tornar o homem novamente vegetariano. As escrituras contam que, quando os israelitas saíram do Egito, o plano de Deus era que aquele povo recém-liberto da escravidão vagasse pelo deserto pelo tempo necessário para que se purificasse. Foi lhes dado um alimento que caia do céu, que era “como semente de coentro, branco e de sabor como bolos de mel” (Êxodo 16:31, Números 11:7).

Esse alimento, simples, mas completo nutricionalmente, deveria sustentá-los pelo tempo que permanecessem no deserto (40 anos), pois em Êxodos 16:35 está escrito “E comeram os filhos de Israel manah quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram manah até que chegaram aos limites da terra de Canaã.”.

No entanto, durante a travessia do deserto, alguns incidentes ocorreram. As pessoas começaram a reclamar de sua dieta puramente vegetariana: “Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este manah” (Num 11:6). Por outro lado, pediam novamente pelos alimentos que consumiam no Egito – carne e peixes, entre outros (Num. 11:4-5).

A contra gosto, Deus atendeu às reclamações, providenciando carne sob a forma de codornizes, que foram sopradas pelo ventos dos mares. Porém, logo depois, Deus puniu aquelas pessoas, por não aceitarem de bom grado o alimento perfeito que Ele lhes oferecia: “Estando ainda a carne entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, quando a ira do Senhor se acendeu contra o povo, e o feriu com grande praga.” (Num. 11:33).

O lugar onde ocorreu esse incidente foi batizado de “Kivrot Hataava”, que em português significa Tumbas da Luxúria, porque foi o desejo de luxo daquele povo, e não sua necessidade, o que os levou à morte (Num. 11:34).

Essa passagem referente ao manah traz uma idéia de que poucos se dão conta: o alimento que nos é destinado é bastante simples, pode ser encontrado em abundância e nos mantém saudáveis. Por outro lado, quando buscamos alimentos que não nos são apropriados, perecemos.

Atualmente sabe-se, por diversas passagens, que a Bíblia permite o consumo de carne. No entanto, esse consumo se dá mais na base da concessão do que de uma recomendação, como se Deus dissesse: “O ideal é que o homem não coma carne, mas já que ele quer...”.

Por isso, a Bíblia estabelece alguns impedimentos que, em conjunto, são chamados de leis relativas à kashrut: a carne deve estar completamente livre de sangue (Levítico 17:10-14, 19:26; e Deuteronômio 12:16, 12:23, 15:23), somente podem ser consumidos animais considerados puros (Levítico 11), e o abate de um animal deve obedecer a um determinado ritual (Levítico 17:4).

As escrituras relacionadas refletem a observância escrupulosa de muitas regras, mas tão somente no que se refere ao consumo de produtos de origem animal. As únicas condições impostas ao consumo de alimentos de origem vegetal é que estes estejam limpos, o que é facilmente compreensível, do ponto de vista sanitário.

Qual a mensagem da Bíblia, com todas essas proibições ao consumo de alimentos de origem animal? Tornar esse consumo mais refletido, duro, impraticável. É quase impossível cumprir com todas as regras impostas pela Bíblia para o consumo de carne

Justamente nisso está a graça. Com tantas regras, Deus parece de novo estar dizendo “O homem não deve comer carne”.Quando a Bíblia faz referência à generosidade divina (Deut. 8: 7-10; Deut. 11:14; Salmos 72:16, Amos 9:14-15; Jer. 29:5; Isaías 65:21), os produtos mais freqüentemente citados são os frutos, vegetais, sementes, vinho e pão, mas jamais as carnes.

Tal qual no Jardim do Éden, em que nem o homem nem os animais comiam carne, a promessa bíblica é a de que, com a vinda do Messias, novamente o mundo se tornará vegetariano. “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o filhote do leão e o animal doméstico andarão juntos, e um condutor pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão como o boi comerá palha. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco.” (Isaías 11: 6-8). Continua Isaías (65:25): “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR.”.

2007
Libertação > Ánimais





           

Não Impeça a Obra!

“Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e fará que sejam habitadas as cidades assoladas.”  (Isaías 54.3)

Quando a igreja não possui um templo espaçoso, com acomodações para muita gente, ela necessita de um preparo prévio para as reuniões especiais, providenciando lugar para receber as pessoas. Geralmente a maior preocupação é com as cadeiras. O número de cadeiras extras a serem providenciadas dependerá da expectativa, da fé dos organizadores do programa. De qualquer forma é preciso preparar o espaço para receber as pessoas.

Em Isaías 54.2, Deus ordena ao seu povo uma preparação no sentido de criar condições para que sua Igreja possa crescer. Há no texto cinco verbos no imperativo que traduzem a veemência da ordem. Com cinco figuras diferentes o Senhor da Igreja dá esta ordem missionária: ‘Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e firma bem as tuas estacas.”
Isto é muito mais do que preparar-se para um programa especial na igreja; é muito mias do que um projeto de férias. O que Deus quer é que nos preparemos para culminar uma tarefa que foi a razão de ser da vinda e morte do Filho de Deus e da sua ressurreição.
Baseado em uma declaração de Jesus, o slogan da JMM apresenta a dimensão exata da nossa responsabilidade missionária: o campo é o mundo. Isto nós temos repetido durante décadas. Estaremos de fato compreendendo nosso lema? Há anos temos realizado a obra missionária, mas depois de havermos entrado em Portugal levamos anos para entrarmos na Bolívia e só depois de anos entramos no Paraguai. De lá para cá, fomos reduzindo o tempo para entrarmos em nosso campo. A média, no entanto, foi de 3,6 anos entre um e outro campo.
O profeta Isaías, porta-voz de Deus ainda em nossos dias, nos ordena ampliar a nossa tenda, expandir o nosso raio de ação. Isto não é uma opção que Deus coloca diante de nós, não é uma alternativa apenas.
Não há lugar para atitude contemplativa, estática, enquanto vidas perdidas passam para a eternidade sem nenhuma esperança.
Na preparação para o crescimento e o glorioso dia do arrebatamento da Igreja, entre iniciativas que devemos tomar, aparece a expressão quase esdrúxula, em meio às contundentes determinações do Senhor na voz do profeta Isaías. Ele adverte: “Não impeças” a expansão da obra. Poderia algum crente estar tão desinteressado no crescimento do Reino de Deus? Certamente que ninguém seria capaz de registrar em ata o seu voto contrário, mas muitas atitudes apontam para esta posição.
A displicência na intercessão pela obra e por novos obreiros, a falta de disposição para obedecer a chamada de deus, ofertas que nada significam para o crente; tudo isto reflete nossa negligência.
O avanço missionário que trará a expansão da Igreja de Cristo só é possível mediante o concurso destes três elementos: oração, vidas, recursos financeiros. Os três juntos são indispensáveis e só dependem de nós.
Que Deus nos livre de sermos impedimento à expansão de sua igreja!

Blog eterna graça

quarta-feira, 23 de abril de 2014



         
Me desculpem, mas é preciso dizer. (outra parte)
Entendo que crer é também pensar (Stott). Se tal premissa é verdadeira, pensar também não é pecado. Compreendo que no caldeirão dos movimentos pentecostais ainda existem pessoas que labutam por um evangelho cujo a centralidade é o Reino de Deus, mas também escuto a barulheira e percebo algo que entristece, estes que tendem a seriedade do evangelho.
Aos 85 anos de idade meu pai me perguntou: O que é teens e gospel? Para os desavisados, meu é um pastor jubilado (se é que existe isso) com pouco grau de escolarização. Calmamente lhe respondi: “Pai teens e gospel são duas palavras em inglês que traduzidas para o português é, adolescente ou adolescência (teens) e evangelho (gospel), se não estiver enganado”. Então com um simples; há sim, ele retrucou. Confesso, fiquei inquieto, entrei para meu quarto e resolvi escrever este texto.
Não é novo dizer que o movimento da “euforia pentecostal” vive de moda, as modas funcionam para dinamizar o povo, ou a regência para o quanto mais “Top” melhor, como dizia um sujeito; “somos crentes gospel”, como se não bastasse ser crente, agora precisa ser gospel. Pregadores adolescentes e jovens “borboletados” gritam nas ruas com cartazes, outros aqui mesmo nas redes sociais, dizem: “Gideoes tenns, congresso precisa ser tenns”. Porém, a maioria quase ou nada sabe de historia do Brasil, física, química, matemática, filosofia e etc., a maioria não gosta de estudar e consequentemente tiram notas ruins nas avaliações. Pergunto-me: O que adianta saber teens e gospel se na prova de inglês sobre o verbo to be na escola tiro zero? Se somos brasileiros e dialogamos com evangélicos brasileiros, por que falar em ingles? Seria melhor e simples dizer em português adolescente, adolescência e evangelho ou evangélicos. Por que essa “americanização do norte” do evangelho se a nossa realidade aqui no Brasil é outra? Enquanto, pastores estadunidenses joga golfe, comem bem, tomam os melhores vinhos, escrevem 7 passos para um vida com propósito, colhem exemplos de seus cotidianos, os ignorantes gospel transmitem sem nenhuma reflexão suas teorias aqui no Brasil. Fico pensando em meus irmãos da AD, Belem setor 14, Jardim Jacira acordando cinco horas para trabalhar, as vezes deixa a mulher doente em casa, o filho usuário de drogas querendo quebrar tudo, sabe que precisa sobreviver com oitocentos reias por mês, isto é, uma realidade difícil e típica do nosso Brasil, ouvindo essa desconexão de teens e gospel. È necessário com urgência pensar as brasilidades e o Reino de Deus (Jorge Pinheiro), não deixar transportar para esse mundo complexo do movimento pentecostal as teologias bizarras, teens e gospel dos EUA, vamos pensar uma teologia seria com a nossa realidade e conectada com o evangelho de Jesus Cristo. Pregadores parem de vomitar frases prontas de Max Lucado, Rick Warren, David Paul Yonggi Cho, Benny Hinn, Kenneth Hagin e etc., procure viver evangelho dos evangelhos e uma teologia de pés no cão e coração em Deus, sem modinhas gospel. Entendam que não precisamos de mais congressos teens, mas de pessoas comprometida com a causa do evangelho, vamos gritar menos e agir mais, qual a nossa critica ao pecado social, o que dizemos quando o transporte, educação, saúde e etc., da nossa cidade estão precários. A minha oração é que Deus nos salve dos “teens e gospel”, amem.

Que evangelho é esse???

Vivemos em uma época onde a "comercialização da fé" se faz presente em milhares de representações cristãs deste país.

Em nome do "gospel", muita gente tem vivido a vida nababescamente, ganhando milhares de reais, ou pelo menos correndo atrás disso, mercadejando a palavra da verdade. Assusta-me o fato de que alguns, em nome de uma espiritualidade cristã tem cobrado verdadeiras fortunas pra "ministrar" nas igrejas aquilo que pensam ser louvor, adoração e ministração do sagrado.

Em nome de Deus e para Deus, tem gente fazendo de tudo, inclusive cobrando 12, 20 e até 30 mil Reais por "ministração"! Ora, isso é uma aberração! Ainda mais em um país de gente miserável e pobre, a igreja em vez de saciar a fome daqueles que anseiam por justiça e comida, comercializa a fé? E para piorar a coisa, já existem pastores  participando de cursos de como extrair dinheiro com o Evangelho da Salvação eterna.

Que cristianismo é esse? Que evangelho é esse? Ora, esse não é o Cristianismo e nem tampouco o Evangelho da Bíblia, e sim o evangelho que alguns dos evangélicos fabricaram! Infelizmente, a Igreja deixou de ser a comunidade da palavra para ser a comunidade da música descompromissada, repetitiva e extravagante! Show puro e rituais bizarros! Triste não?

Ah! que saudade! da boa música, ministrada, cantada, com unção, cujo interesse era simplesmente engrandecer o nome de Deus! E dos pregadores que pregavam a  Bíblia pura e simples, sem rodeios e sem alardes, buscando imitar a Jesus e aos apóstolos na maneira como ensinavam.

Para piorar, os meios de comunicação evangélicos tornaram-se amplamente manipuladores do povo de Deus imprimindo na mente de gente simples, valores $$ que com certeza não são valores do Reino.

Diante disto tudo, sou obrigado a confessar que prefiro não ouvir rádio evangélica e nem assistir a programas  televisivos de gurus evangélicos. Não estou de forma nenhuma desfazendo destes veículos de comunicação, até porque, sei da importância dos meios de comunicação em massa, e louvo a Deus por termos alguns destes em nossas mãos, entretanto, prefiro a pureza das Escrituras e a busca de obras literárias e musicais de gente que com certeza está compromissada com evangelho, do que dedicar o meu precioso tempo a programações que manipulam a fé do povo de Deus.

Meus amados, a situação anda tão deprimente que já existe fã-clube de artista gospel. Sei ainda de algumas histórias de cantores que precisam de segurança pra andar em lugares públicos. Ora irmãos, mais uma vez eu pergunto que evangelho é este?

Ah! que saudade do tempo em que se cantava e entoava cânticos por missão! Reflitamos irmãos com sinceridade, será que a igreja evangélica brasileira está preparada para o Ide de Jesus, sem dinheiro no cinto, sem pão e nem alforjes(Mc.6:8)?

Ah, meu amigo, confesso que não agüento mais a efervescência da cura física em nome de uma graça barata, o mercantilismo gospel, a banalização da fé. Não agüento mais, as loucuras e os atos proféticos feitos em nome de Deus, não suporto mais o aparecimento das mais diversas unções em nossos arraiais; isso sem falar da hieraquirzação do reino, onde apóstolos, paipóstolos, bispos, príncipes e painhos "ungidos", tem oprimido substancialmente o povo do Senhor.

Chega! Basta! Quero viver e pregar o evangelho integral, quero sim, ver uma igreja santa, ética, justa e profética, quero ver uma igreja, que não se corrompe diante de loucuras dessa era, quero ver uma igreja reformada e reformando, quero ver uma igreja verdadeiramente PROTESTANTE! E sinto que Deus manda-nos a começar olhar para dentro de nós mesmos.

Soli Deo Gloria!
História das Missões na Igreja Brasileira do Século XX
Alderi Souza de Matos
Por muito tempo, o Brasil foi apenas um campo missionário de organizações estrangeiras. As igrejas brasileiras demoraram a despertar para a sua responsabilidade missionária junto a outras culturas e povos. Algumas razões para isso são as seguintes:
  1. A maioria dos missionários estrangeiros não ensinou aos membros das igrejas brasileiras o imperativo da Grande Comissão.
  2. As missões transculturais eram vistas – a continuam sendo para muitos – como um trabalho para estrangeiros, pessoas com mais dinheiro ou líderes de missões em outros países.
  3. A idéia de "destino" ou de que Deus vai dar uma solução para os povos que não conhecem o evangelho, tem levado as igrejas brasileiras a se acomodarem quanto ao trabalho missionário no próprio Brasil e no restante do mundo.
  4. Muitos acham que não se deve "sacrificar" os obreiros brasileiros, enviando-o a outras terras. O Brasil precisa deles, pois ainda não está evangelizado.
  5. Finalmente, muitos argumentam que não temos condições nem preparo.
Para este estudo, é importante traçar as distinções entre alguns tipos de missões. Primeiramente, existem as missões nacionais e estrangeiras. Em segundo lugar, existem missões monoculturais e transculturais. Estas últimas são as que visam transpor barreiras culturais para evangelizar e plantar igrejas. É o caso dos que trabalham com grupos étnicos no Brasil, como os indígenas, ou com os povos de outros países. Há também aqueles que se especializam no trabalho com subgrupos ou subculturas, como viciados em drogas, presidiários, homossexuais, prostitutas (exemplo de jovens que evangelizam "garotas de programa" em São Paulo). Por outro lado, é possível fazer missão monocultural em outros países, como junto aos brasileiros que residem nos Estados Unidos.
As igrejas evangélicas do Brasil são fruto do trabalho de igrejas e organizações missionárias norte-americanas e européias. Na primeira metade do século XIX, surgiram as igrejas protestantes compostas de imigrantes (anglicanos e luteranos). Em seguida, na segunda metade do século, as principais denominações históricas iniciaram suas atividades entre os brasileiros (congregacionais, presbiterianos, metodistas, batistas e episcopais). No início do século XX, o pentecostalismo também começou a implantar-se firmemente em solo brasileiro. Alguns missionários de destaque foram: Daniel P. Kidder, Robert e Sarah Kalley, Ashbel G. Simonton, Anna e William Bagby, e Gunnar Vingren e Daniel Berg.
Foi somente no início do século XX que as igrejas evangélicas brasileiras começaram a envolver-se em missões transculturais, no Brasil e em outras terras.
Alguns exemplos pioneiros foram os seguintes:
I. Missões Denominacionais:
1. Presbiterianos: desde 1910, o Rev. Álvaro Reis, cujo pai era português, vinha expressando o desejo de criar uma missão presbiteriana em Portugal. Dez anos depois, quando foi organizada a Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil, e o Rev. Álvaro foi eleito seu primeiro moderador, a IPB enviou àquele país o seu primeiro missionário. Tratava-se do Rev. João Marques da Mota Sobrinho, um português que viera para o Brasil aos treze anos, converteu-se através do testemunho de um sapateiro, tornou-se pastor presbiteriano e casou-se com uma filha do Rev. Belmiro de Araújo César. O casal trabalhou em Portugal de 1911 a 1922. Muito ousado e dinâmico, Mota Sobrinho fez conferências, fundou congregações em Santo Amaro e Figueira da Foz e criou dois periódicos. Teve de voltar ao Brasil por absoluta falta de recursos. Por mais de quarenta anos foi pastor, educador, homem de imprensa, pioneiro na evangelização pelo rádio e poeta. Escreveu o hino do Instituto JMC e 24 hinos do Hinário Evangélico.
Em 1924, a Assembléia Geral decidiu encerrar o trabalho em Portugal, mas o Rev. Erasmo Braga, seu pai, Rev. Carvalho Braga, Álvaro Reis e outros amigos formaram a Sociedade Missionária Brasileira de Evangelização em Portugal. Convidaram o Rev. Paschoal Luiz Pita e sua esposa Odete para continuarem o trabalho de Mota Sobrinho. O dinâmico casal trabalhou em Portugal de 1925 a 1940, muitas vezes sofrendo grandes privações financeiras (história da sopa de pão velho com cabeça de peixe). O Rev. Pita caracterizava-se pela presença de espírito e bom humor (história do homem que disse que a igreja estava cheia de hipócritas). O casal retornou ao Brasil por três razões: as limitações impostas aos evangélicos pela nova constituição portuguesa, problemas de saúde e, mais uma vez, a crônica falta de recursos.
Em 1940, foi organizada a Junta Mista de Missões Nacionais, com representantes da IPB e das missões americanas. De 1940 a 1958, a Junta ocupou 15 regiões, com cerca de 150 locais de pregação em todo o Brasil. Em 1950 foi criada a Missão Presbiteriana da Amazônia. Em 1944, o Supremo Concílio encampou a Sociedade Brasileira de Evangelização e autorizou a criação da Junta de Missões Estrangeiras. A Junta enviou a Portugal três outros missionários: Natanael Emerique (1944), Aureliano Lino Pires (1946) e Natanael Beuttenmuller (1947). Foi formado o Presbitério de Lisboa, com dez pastores e cinco igrejas, e um seminário teológico. Outro obreiro foi o Rev. Teófilo Carnier. Mais tarde a IPB também atuou no Chile, com os Revs. Rubem Alberto de Souza e João Emerique de Souza, no Paraguai e na Bolívia, entre outros países.
A obra presbiteriana no Paraguai foi iniciada em 1970 pelo Rev. Evandro Luiz da Silva e sua esposa Maria de Lourdes. Como resultado desse esforço, foi fundada uma igreja em Concepción e mais duas congregações em outros locais. Dois paraguaios vieram estudar no Seminário de Campinas, um deles o Rev. Buenaventura Gimenez.
2. Batistas: em 1907, organizou-se a Convenção Batista Brasileira, inspirada por uma visão missionária. Na primeira reunião da Convenção, a Junta de Missões Estrangeiras declarou: "Cremos que o tempo já chegou para os crentes batistas do Brasil iniciarem o movimento para auxiliar a pregar Cristo além das fronteiras nacionais e em todas as partes do mundo." Em 1908, o Pr. Salomão L. Ginsburg, secretário executivo da Junta de Missões Estrangeiras, visitou o Chile, que já tinha algumas igrejas batistas. Como conseqüência, de 1908 a 1917 a CBB apoiou financeiramente um missionário americano e um obreiro chileno que trabalhavam naquele país, até que os batistas do sul dos Estados Unidos assumiram a responsabilidade pelo trabalho.
Também em 1908, Zachary Taylor foi para Portugal, onde organizou a primeira igreja batista na cidade do Porto. Três anos depois, João Jorge de Oliveira, um português que veio para o Brasil com onze anos, e sua esposa, filha de portugueses residentes em Pernambuco, foram para Portugal como missionários. João assumiu o pastorado da igreja batista do Porto, construiu o templo da igreja, treinou obreiros leigos, fundou um colégio, um jornal e uma editora, e abriu novas igrejas. Em 1930, João saiu de Portugal devido a problemas econômicos nos Estados Unidos (de onde vinha seu sustento desde 1922) e foi para esse país, onde trabalhou entre pessoas de língua portuguesa.
Outros missionários enviados a Portugal pela Junta de Missões Estrangeiras da CBB foram Achiles e Djanira Barbosa (1927), Helena e W. Hatcher (1933) e Eduardo e Herodias Gobira (1937). Em 1983, os batistas brasileiros tinham 83 missionários (com os casais representando uma unidade) em 17 campos estrangeiros.
Uma importante missionária enviada pela CBB foi Valnice Milhomens, que mais tarde desligou-se da Convenção. Valnice nasceu em 1947, converteu-se em 1963 e no ano seguinte, com o falecimento de uma professora que muito admirava, tomou o propósito de ocupar o seu lugar servindo ao Senhor onde ele a mandasse. Em 1971, foi para Lourenço Marques (hoje Maputo), em Moçambique, trabalhando entre igrejas de imigrantes portugueses. Em seguida, foi para Beira, a fim de trabalhar com os próprios africanos. Foi tão grande a sua identificação com o povo que em 1975, época da revolução comunista, todos os estrangeiros, missionários e pastores nacionais foram expulsos ou aprisionados, e somente ele permaneceu.
Hoje, a Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira tem 525 missionários em 52 campos na América, Europa, África e Ásia.
3. Outros: outras denominações evangélicas têm sido bastante atuantes no esforço missionário transcultural, como é o caso das Assembléias de Deus. Sua grande organização missionária, a SENAMI, é formada basicamente por um movimento de missões a partir das igrejas locais (ou dos ministérios) e ela apenas credencia os missionários que as igrejas enviam. Outra igreja com forte ímpeto missionário transcultural é a Igreja Universal do Reino de Deus, que tem iniciado trabalhos em muitos países ao redor do mundo. É de se lamentar, no entanto, que a teologia dessa igreja não seja das mais equilibradas.
II. Missões Interdenominacionais:
O Congresso de Ação Cristã na América Latina (Panamá, 1916), a Comissão Brasileira de Cooperação (Rio de Janeiro, 1917) e a liderança do Rev. Erasmo Braga contribuíram para o surgimento de algumas importante iniciativas missionárias cooperativas. A mais importante foi a:
1. Missão Evangélica Caiuá: foi idealizada pelo Rev. Albert S. Maxwell e sua esposa Mabel, da Missão do Leste do Brasil. Em 1928, foi organizada em São Paulo a Associação Evangélica de Catequese dos Índios, mais tarde conhecida como Missão Evangélica Caiuá. Foi um esforço cooperativo da Missão Leste (PCUS), IPB, IPI, Igreja Metodista e Igreja Episcopal. Mais tarde, os Maxwell foram substituídos pelo Rev. Orlando Andrade e D. Loide Bonfim Andrade. Loide Andrade nasceu na Bahia e veio para São Paulo com os pais, que pouco depois faleceram. Foi morar no lar de um casal missionário, os Cooper, em Suzano. Ali conheceu muitos missionários que trabalhavam entre os índios do Mato Grosso. Loide trabalhou por algum tempo como professora no Mato Grosso, cursou o Instituto Bíblico Eduardo Lane (Patrocínio) e em 1938 foi trabalhar na Missão Caiuá. Mais tarde, cursou enfermagem em Anápolis, Goiás. Nos anos 70, fez o curso de Direito. Orlando era natural de Lavras, Minas. Estudou no Instituto JMC e conheceu Loide quando participava de trabalhos evangelísticos em Suzano. Formou-se no Seminário de Campinas. Em novembro de 1942 casaram-se e foram juntos para a Missão Caiuá. Loide, irrequieta e dinâmica, foi ao Texas em 1954 (junho-dezembro) e fez uma campanha bem-sucedida em favor da Missão. Em 1963, foi inaugurado o Hospital e Maternidade Porta da Esperança. Em 1985 foi concluída a tradução do Novo Testamento para a língua caiuá pelo Instituto Linguística de Verão.
2. Outras missões:
  • Missão Evangélica da Amazônia (MEVA): foi organizada em 1948. Um dos seus principais líderes foi Nilo Hawkins, que chegou ao Brasil com sua esposa Mary em 1942. Por muitos anos, o casal trabalhou entre os índios de Roraima. No período 1959-1961, foram acusados pelo governo de estar roubando minérios valiosos da selva. O caso foi levado até o Conselho de Segurança Nacional. Foram absolvidos e puderam retornar à tribo, mas perceberam que o trabalho missionário entre os índios tinha de ser feito por brasileiros. Em 1963, Nilo começou a visitar as igrejas do sul para mobilizar as igrejas. Passou a lecionar missões no Instituto Palavra da Vida e outras escolas. Nilo faleceu em 1982.
  • Mocidade Para Cristo (MPC, 1952)
  • Missão Novas Tribos do Brasil (1953)
  • Organização Palavra da Vida (1957)
  • Aliança Bíblica Universitária (ABU, 1963)
  • A Missão de Evangelização Mundial (AMEM, 1963): essa missão começou a enviar brasileiros para o exterior em 1975. Com sede em Belo Horizonte, a missão tem trabalhado pelo despertamento de igrejas, bem como o preparo e envio de obreiros para a África e a Europa.
  • Asas de Socorro (1964)
  • Missão Evangélica Betânia (1964)
  • Missão Evangélica aos Índios do Brasil (1967)
  • Missão Antioquia (1975): criada em Cianorte, no Paraná, por um grupo de professores do Instituto Bíblico Presbiteriano. Seu principal fundador foi o Pr. Jonathan dos Santos. A primeira missionária, Maria Pires da Luz, foi preparada e enviada para Portugal em 1976, tendo implantado duas igrejas no norte daquele país. Depois ela foi para Angola. Outros missionários foram para Israel, Portugal, África e Àsia.
  • Jovens Com Uma Missão (JOCUM, 1976)
  • Aliança Batista Missionária da Amazônia (ALBAMA, 1976): tinha sede em Belém; começou com 15 casais e um missionário solteiro.
  • Associação Lingüística Evangélica Missionária (ALEM, 1983): foi formada em Brasília por iniciativa da Associação Wycliffe de Tradutores da Bíblia.
  • Projeto América do Sul (PAS, 1984): resultou da visão missionária de Edison Queiroz de Oliveira, pastor da Igreja Batista de Santo André, em São Paulo. Ele impressionou-se com o fato de que havia cinco países na América Latina com um reduzido número de evangélicos. No mesmo ano, 14 obreiros foram treinados e enviados para o Uruguai e o Paraguai. No primeiro país, foram fundadas duas igrejas e reativadas outras duas. No Paraguai foi fundada uma igreja, apesar de forte oposição. Em 1985, mais um grupo saiu para o Peru, a Colômbia e a Venezuela.
III. Cooperação Missionária:
O movimento missionário evangélico brasileiro adquiriu maior ímpeto a partir de 1970 e alguns acontecimentos contribuíram para isso.
1. Congressos missionários: além dos grandes congressos internacionais como a Conferência Mundial de Evangelização (Lausanne, 1974), ocorreram congressos similares no Brasil. Um deles foi o Congresso Missionário de Curitiba, promovido pela ABUB em 1976.
2. Associação de Missões Transculturais Brasileiras: é uma entidade que agrega missões brasileiras, isto é, organizações que tenham sede no Brasil e enviem missionários brasileiros para campos transculturais. Seu primeiro encontro foi realizado no Rio de Janeiro em 1976, sob o patrocínio da Missão Informadora do Brasil (MIB). Esta organização, por sua vez, foi formada em 1964 por iniciativa da União Evangélica Sul-Americana (UESA) com o objetivo de diminuir a competição inconsciente e pouco sábia entre as sociedades missionárias estrangeiras no Brasil e promover a cooperação entre elas. A AMTB foi organizada oficialmente em 1982, quando o Pr. Jonathan dos Santos foi eleito seu primeiro presidente. Membros: organizações missionárias para-eclesiásticas e juntas missionárias denominacionais (Convenção Batista Independente, IPB, IPI, Convenção Batista Brasileira, Assembléia de Deus, Igreja Luterana, Igreja Metodista Wesleyana, etc.).
3. Líderes missionários: alguns nomes têm se destacado na liderança das iniciativas missionárias cooperativas no Brasil. Alguns deles são: Jonathan dos Santos, Bárbara Burns, Gilberto Pickering, Achiles Barbosa Jr., Edison Queiroz, Elben Lenz César, Bertil Ekström e outros.
4. Associação de Professores de Missões (APMB): organizada oficialmente em 1992, sendo seu primeiro presidente o Dr. Timóteo Carriker e secretária geral a Dra. Barbara Burns.
IV. O Trabalho Missionário Atual na IPB:
A Junta de Missões Nacionais da IPB tem 170 campos espalhados pelo território nacional, nos quais atuam mais de 200 missionários.
Em 1998, a Junta de Missões Estrangeiras mantinha 74 missionários em 25 países. Os campos dos últimos seis anos são os seguintes:
Paraguai (Concepción, Santa Rita, San Lorenzo e Asunción)
Bolívia (Cochabamba, Quillacollo, Puerto Suarez, Villa Galindo)
Áustria (e países Comunidade de Estados Independentes)
Portugal (Barreiro, Carnaxide, Marco dos Canaveses, Lisboa)
Espanha (Huelva, Barcelona, Extremadura, La Línea)
Inglaterra
Nova Zelândia (Hill Wanganui)
Estados Unidos (Massachusetts, Mineola, Mercedes, Marlboro, Texas)
Moçambique (Maputo, Beira, Nampula) – Rev. Labieno Moura P. Filho
Peru (Huancayo)
Turquia (Bursa)
Japão (Osaka, Minakuchi, Toyohashi-Shi)
Índia
Gana (Akra) – Rev. Ronaldo Lidório e Rossana
Filipinas (Cebu City)
Oriente Médio
África do Sul (Benoni)
Angola (Lubango)
Escócia (Edinburgh)
Senegal (Dakar)
Itália
Norte da África
Austrália
Canadá (Mississauga, Quebec)
Romênia (Bucaresti)
Guiné-Bissau
Argentina
O presidente da JME-IPB, Pb. Azor Ferreira, certamente trará informações mais atualizadas sobre o trabalho dessa organização da nossa igreja.
Fontes:

  • Júlio Andrade Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, 2 vols., 2ª ed. (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992).
  • Bárbara Burns, "Missões Brasileiras: O Gigante Começa a Despertar...", em Ruth A. Tucker, "... Até aos Confins da Terra": Uma História Biográfica das Missões Cristãs, 2ª ed.(São Paulo: Vida Nova, 1996), 499-531.
  • Bertil Ekström, "Uma Análise Histórica dos Objetivos da AMTB e seu Cumprimento."Dissertação.
  • Boletins da Junta de Missões Estrangeiras da IPB.