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quarta-feira, 30 de abril de 2014


          Judaísmo em Curitiba
A história da diáspora judaica se deu por razões que ameaçavam a existência do povo judeu: perseguições, guerras, preconceitos. O que o levou, em diversos momentos, buscar melhores condições de sobrevivência em novos lugares, dentre eles, o chamado Novo Mundo.

No Brasil temos o registro da presença dos judeus desde o século XVII, e especificamente no Paraná os primeiros judeus chegaram por volta de 1880. Segundo pesquisas, eles eram oriundos da Galícia Austríaca, com cinco homens e três mulheres da família Flacks, e dois irmãos da família Rosenmann. Eles se estabeleceram na recém criada colônia agrícola de Tomás Coelho, hoje Barigui.

Ao se instalarem em solo paranaense, a semelhança do que ocorreu no restante do Brasil, os judeus se dedicaram às atividades comerciais, vendendo principalmente produtos agrícolas, em especial os cereais, o que facilitou a relação com os agricultores de Tomás Coelho. Os Flacks e os Rosenmann uniram-se e organizaram um armazém de secos e molhados, onde comercializavam os gêneros agrícolas dos camponeses.

Ao deixar a colônia de Tomás Coelho, apenas Max Rosenmann foi para o centro urbano da cidade de Curitiba. Os Flacks retornaram à Europa a fim de casarem seus filhos com pessoas da comunidade judaica, para que assim garantissem a continuidade de suas tradições. Rosenmann instalou, no centro de Curitiba, um moinho a vapor, e, com o passar dos anos, foi se estabelecendo, tornando-se um líder da pequena comunidade que já se formava. Passou a exercer um papel de elemento congregador, que buscava preservar a identidade do grupo, organizando as principais cerimônias do rito religioso judaico, como o Shabat (dia do descanso para os judeus que se reúnem para rezar), o Seder de Pessah (festa religiosa referente a páscoa judaica que relembra a saída da condição de escravo do povo hebreu do Egito), o Rosh Hashaná (ano novo judaico) e o Yom Kipur (Dia do Perdão), dentre outras. Ele também se preocupava com os ritos referentes ao nascimento (Brit Milá, cerimônia de circuncisão da criança menino) e a morte (Chevra Kadisha, serviços funerários).

Pouco a pouco a comunidade foi crescendo, e havia a necessidade de se criar grupos de ajuda mútua para o auxílio aos refugiados de guerra na Europa e na integração dos novos imigrantes, que começavam a aportar em Curitiba. Assim, em 1917, surge um Comitê Feminino formado pelas esposas dos imigrantes pioneiros, que tinha como objetivo integrar os novos imigrantes que chegavam à cidade. Com o aumento desse grupo houve a tentativa de se criar, de maneira mais efetiva, uma Kehilá (comunidade), que pudesse congregar a todos. Tal tentativa culminou com a organização do Centro Israelita do Paraná, no ano de 1920. Em seguida, o esforço foi para adquirir uma propriedade onde pudessem construir uma sinagoga e também um Centro Cultural e Social, para preservar e difundir a tradição e a cultura judaica.

Após a criação do Centro Israelita, outras instituições foram organizadas, tendo em vista as necessidades desse grupo. Em 1925, a comunidade recebeu autorização para construir um pequeno cemitério, anexo ao Cemitério Municipal, no bairro Água Verde. Hoje a comunidade possui outros dois cemitérios, um no bairro Santa Cândida e outro no Embu. Em um segundo momento criou-se a escola israelita, em 1927. Pouco tempo depois, conseguiu uma sede própria, sendo o terreno doado por um dos líderes da comunidade, Salomão Guelmann, no ano de 1935. A escola ganhou o nome do seu benfeitor e, inicialmente, localizava-se na Rua Lourenço Pinto, sendo transferida na década de 1970, para a sua sede atual, na Rua Nilo Peçanha. Com a escola tinha-se o objetivo de manter a educação, as tradições, os costumes e a cultura judaica, além da preocupação com o estudo da Torá ( o livro sagrado para os judeus), a literatura, principalmente em idish (língua com elementos do alemão e do hebraico).

Com a nova sede da escola e do clube, nos anos de 1970, pôde-se organizar melhor a vida comunitária, e em 2009 a comunidade comemorou 120 anos no Paraná. Como parte dessa comemoração houve vários eventos, dentre eles, o concerto musical da cantora de origem judaica, Fortuna, e o Coro de Canto Gregoriano de São Paulo. A comunidade autorizou o projeto de uma nova Sinagoga e o Memorial do Holocausto, que fará parte do conjunto onde se localiza a escola e o Centro Israelita do Paraná (CIP). Os serviços religiosos já estão ocorrendo neste novo local, juntamente com as ações sociais e culturais.

Os judeus, em Curitiba, podem também se reunir no Beit Chabad, que é ligado ao um movimento mundial chamado Chabad – Lubavitch, que representa uma vertente ortodoxa do judaísmo. Desde a década de 1980 estão organizados na cidade e possuem uma sinagoga, que além de se congregarem para o estudo da Torá (livro sagrado para os judeus), desenvolvem atividades culturais, sociais e de assistência, buscando sempre atender as necessidades de todos que compõem a comunidade.

Atualmente, a Comunidade Judaica Paranaense conta com aproximadamente 1.000 famílias, que em sua maioria vivem em Curitiba. O CIP representa a vertente conservadora do judaísmo, em maior número na cidade, e o Beit Chabad congrega os judeus da vertente ortodoxa.



Fonte: Centro Israelita do Paraná

Escola Israelita Salomão Guelmann

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