Visitantes

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Israel x Palestina: dos dois lados do muro

A reportagem do site de VEJA visita cidades palestinas e israelenses para mostrar como é a vida cotidiana num momento em que o aparato de segurança e vigilância de Israel define a vida dos dois povos

Cecília Araújo, de Jerusalém
Cidade Velha, ponto turístico e religioso de Jerusalém, vista de cima
Cidade Velha, ponto turístico e religioso de Jerusalém, vista de cima (Cecília Araújo / VEJA)
O caminho de Jerusalém a Ramallah é em parte ladeado por um muro de mais de oito metros de altura, que termina num emaranhado de arame farpado. Suas dimensões ficam mais claras quando mulheres, apequenadas, passam a pé ao seu lado. A estrutura é um fragmento da barreira que separa Israel da Cisjordânia – território palestino que abriga, no entanto, diversas colônias judaicas. Segundo os dados mais recentes do Ministério da Defesa de Israel, a barreira tem hoje 515 quilômetros de extensão. Quando estiver terminada, terá 790 quilômetros – 93% de arame, 7% de concreto. Sua construção teve início há dez anos, em meados de 2002, no auge do levante palestino conhecido como Segunda Intifada. Na época, atentados praticados por homens-bomba haviam se tornado um flagelo permanente nas cidades israelenses. Erguidos para impedir a movimentação dos terroristas, muros e cercas cumpriram sua função: em 2002, atentados mataram 450 judeus, contra 25 em 2011. Hoje, a maior parte dos ataques ao território israelense se deve aos morteiros Qassam lançados pelo Hamas, grupo fundamentalista islâmico que controla Gaza, o outro enclave dos palestinos, na fronteira com o Egito e às margens do Mediterrâneo. Arame e concreto são, no entanto, apenas a parte visível do sistema de controle que Israel consolidou na última década - e que hoje define o conflito entre judeus e palestinos.
Antes da Segunda Intifada, que teve início em 2000, o tema das fronteiras entre Israel e uma futura nação palestina era o que mobilizava as lideranças dos dois lados. Em 1993, um acordo foi firmado em Oslo, na Noruega, visando à criação de dois estados e indicando quais seriam os limites territoriais de cada um. As negociações, no entanto, logo emperraram. Nos anos seguintes, assentamentos judeus proliferaram na Cisjordânia. Em paralelo, radicais palestinos lançavam mão do terror, até que a escalada de atentados nas maiores cidades de Israel provocou a construção da barreira de segurança e marcou o fim desse momento no confronto entre os dois povos.
Como têm observado diversos analistas, o fracasso do processo político que pretendia culminar na criação de dois estados teve duas consequências. A primeira foi reforçar, na prática, o controle de Israel sobre toda a terra que se estende da margem ocidental do rio Jordão às praias do Mediterrâneo. Mesmo sem governar formalmente os territórios palestinos de Gaza e da Cisjordânia, é Israel quem define, com uma miríade de passes, autorizações e registros, quem pode entrar ou sair dessas áreas, quem nelas pode fixar residência ou exercer atividades econômicas, quais os bens que nelas podem circular.
Na viagem de Jerusalém a Ramallah, por exemplo, é necessário passar por um checkpoint, onde militares israelenses armados com fuzis fazem a fiscalização das pessoas que transitam por ali. Para quem sai de Israel e entra na Cisjordânia, o controle é um pouco menor, especialmente se os passageiros dos veículos não usam os trajes árabes. Na volta, a fila pode durar horas. "Nas passagens feitas para os colonos judeus, os carros raramente são parados", explica um taxista de origem árabe, mas portador do documento de identidade azul, que lhe dá acesso mais fácil a Jerusalém e outras áreas israelenses. A identidade verde, da maioria dos palestinos que vivem na Cisjordânia, exige de seu portador permissões específicas para cada deslocamento: por motivo religioso, de saúde, de trabalho etc.
O controle militar e burocrático, é óbvio, também se reflete na economia dos territórios palestinos. Em 2011, registrou-se um aumento de 7% no comércio entre Israel e Cisjordânia. Foi significativo o crescimento da compra de produtos palestinos pelos israelenses, segundo dados fornecidos pelo Ministério de Relações Exteriores de Israel. "Temos trabalhado intensamente nos últimos anos com os palestinos e a comunidade internacional para garantir o desenvolvimento econômico da Palestina e diminuir os obstáculos para seu progresso", diz a diretora do escritório de assuntos econômicos do Ministério de Relações Exteriores israelense, Yael Ravia-Zadok. Mas, segundo Filippo Grandi, maior autoridade da ONU em assuntos humanitários no Oriente Médio, essa evolução econômica é "artificial e inconstante". Diz ele: “O comércio depende de muitas aprovações e restrições.”
Entenda, no infográfico abaixo, como se configura a barreira israelense:
A segunda consequência do colapso dos acordos de Oslo foi trazer de volta para a dianteira o elemento étnico e cultural que sempre esteve no cerne do embate entre judeus e palestinos, mas que parecia ter ficado em segundo plano nos anos em que as negociações versavam sobre terra e fronteiras. Isso, obviamente, é uma péssima notícia. Em lutas desse tipo, há muito pouco espaço para compromissos.
Um sinal do novo peso do elemento étnico no conflito é emitido pelos árabes que vivem em Israel propriamente dito – uma minoria de cerca de 1,4 milhão de pessoas, contra 7 milhões de judeus. Legalmente, eles desfrutam de cidadania – mas reclamam continuamente de discriminação política e de receberem fatias significativamente menores do dinheiro do estado para financiar, por exemplo, educação ou moradia. Segundo um artigo recente da revista britânica The Economist, isse se traduz em descrença nas instituições de Israel e em crescente identificação com os palestinos dos territórios ocupados. Diz a reportagem: “Muitos que costumavam se identificar como árabes israelenses hoje se apresentam como ‘palestinos com cidadania de Israel’.” Conselheiro do gabinete de Ehud Barak, primeiro-ministro de Israel entre 1999 e 2001, o cientista político Menachem Klein, da universidade de Bar Illan, é um dos mais destacados defensores da tese de que segurança e etnia são hoje as questões-chave não somente para grupos minoritários, mas para a maioria da população judaica, num processo que enfraquece as bases da democracia israelense. “Ao contrário do que acontecia na década de 1990, quanto a sociedade israelense se mostrava mais aberta que nunca aos valores liberais, hoje os judeus de Israel se sentem menos inclinados a incluir os palestinos em sua esfera política”, diz ele no livro The Shift: Israel-Palestine from Border Struggle to Ethnic Conflict.
Desde sua fundação, em 1948, Israel foi alvo do ódio irracional da vizinhança muçulmana. Do Hamas na Faixa de Gaza ao regime iraniano dos aiatolás e de Mahmoud Ahmadinejad, o estado judeu permanece na mira de grupos que não aceitam que sua existência é legítima e que declaradamente buscam a sua destruição. Nessas circunstâncias, um sistema poderoso de segurança e vigilância é um imperativo. Mas, a longo prazo, manter sistemas desse tipo representa um ônus para sociedades democráticas - o que Israel sempre foi e continua sendo. É contra esse pano de fundo que o site de VEJA publica a partir deste sábado uma série de reportagens especiais, mostrando a textura da vida cotidiana para judeus e palestinos no momento atual. Em uma cidade israelense, por exemplo, brinquedos de crianças são também abrigos contra ataques com foguetes, e as mulheres não usam saltos nas ruas porque precisam estar prontas para correr a um sinal de perigo. Enquanto em um campo de refugiados palestinos, os moradores precisam de acompanhamento médico e psicológico para superar os traumas de terem suas casas invadidas e parentes presos no meio da noite.
Confira o cronograma:
SEGUNDA - Sderot, a cidade blindada que vive à espera de um ataque
TERÇA - Vidas que levam as marcas da Segunda Intifada
QUARTA - 'Não queremos nosso povo morto', afirma Defesa de Israel
QUINTA - Sobre judeus e árabes: boas cercas fazem bons vizinhos?
SEXTA - Traumas na vida de dois soldados: israelense e palestino
Israel Ontem, Hoje, Amanhã
"Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (1 Co 10.11).
Tudo o que aconteceu em e com Israel foi escrito para servir de exortação à Igreja de Jesus.

Israel ontem

A eleição e escolha de Israel aconteceu única e exclusivamente pela vontade de Deus: "Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra. Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito" (Dt 7.6-8).
Deus, em Sua sabedoria e onisciência, escolheu justamente esse pequeno povo. Ele o libertou com mão poderosa da escravidão no Egito. Em nome do Senhor, Moisés disse a Faraó: "Deixa ir o meu povo, para que me sirva" (Êx 9.1). Por isso Ele lhe deu também Sua Palavra no Sinai: "Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim" (Êx 19.4). A tarefa primordial de Israel era ouvir a Palavra de Deus, para poder fazer Sua vontade: "Então, Deus falou todas estas palavras..." (Êx 20.1). "Ouve, Israel..." (Dt 6.4).

Com que finalidade fomos escolhidos?

Encontramos a resposta em 1 Tessalonicenses 1.9-10: "...deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho..."
Do correto servir faz parte o correto ouvir. Por essa razão, é tão importante ler diariamente a Palavra de Deus. Pois através dela o Senhor fala aos nossos corações, e por meio da oração nós falamos com Ele. Se a Palavra não tem a maior prioridade para nós, então Jesus Cristo também não ocupa o primeiro lugar em nossas vidas, e corremos grande risco de nos tornarmos escravos do espírito de nossa época.
A Palavra de Deus também precisa ter a mais absoluta primazia nas famílias dos crentes. Deus disse a Israel: "Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te" (Dt 6.6-7). De que maneira nossos filhos poderão defender-se e ser vitoriosos diante das influências da época em que vivemos, se em seus pensamentos e em suas mentes não estiver gravada a Palavra de Deus? Através da Palavra de Deus o Espírito Santo dá forças para enfrentar o espírito que domina o mundo ao nosso redor. Cada um de nossos filhos precisa, porém, tomar sua própria decisão de obedecer à Palavra de Deus.

Aprendendo de Israel

Em Ezequiel 36 temos diante de nós o Israel de ontem, de hoje e de amanhã. No versículo 16 está escrito: "Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo". Deus falou pessoalmente a Ezequiel. Também nós fazemos bem em dar atenção a essas palavras.
Continuamos lendo: "Filho do homem, quando os da casa de Israel habitavam na sua terra, eles a contaminaram com os seus caminhos e com as suas ações; como a imundícia de uma mulher em sua menstruação, tal era o seu caminho perante mim. Derramei, pois, o meu furor sobre eles, por causa do sangue que derramaram sobre a terra e por causa dos seus ídolos com que a contaminaram" (vv. 17-18). Israel havia sido eleito e escolhido para seguir pelo caminho indicado pelo Senhor. Mas ele andou por seus próprios caminhos e fez aquilo que achava certo segundo seu raciocínio humano. Os israelitas colocaram-se acima da Palavra de Deus e não queriam diferenciar-se dos povos vizinhos. Por isso também adotaram os ídolos estranhos, mesmo sabendo que deveriam servir somente a Deus. Seus pensamentos são expressos de uma maneira muito clara nos dias de Samuel: "...constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe como o têm todas as nações" (1 Sm 8.5). Essa foi e continua sendo, até aos dias de hoje, a grande tragédia de Israel.
Como cristãos renascidos somos chamados, somos "raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus", a fim proclamarmos "as virtudes daquele que" nos "chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2.9). Essa é a razão porque não podemos abrir-nos para o espírito que domina tudo ao nosso redor e caracteriza a época em que vivemos. Pelo contrário, para nós vale o que está escrito em Romanos 12.2: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".
Se bem que, por terem recebido o Espírito Santo, os crentes da Nova Aliança poderiam evitar os mesmos erros que o povo de Israel cometeu no passado, muitos acabam caindo neles. Com muita facilidade a vontade de Deus é ignorada e deixada de lado. Mesmo nos trabalhos da igreja, muitos deixam-se nortear por aquilo que está de acordo com a razão humana ou combina mais com os sentimentos e as emoções, ao invés de se manterem firmes nas diretrizes claras da Palavra de Deus. Com todo o seu ativismo, o que muitos cristãos buscam é satisfazer o próprio "eu". Por essa razão, Jesus disse palavras muito duras sobre as atividades religiosas meramente humanas: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mt 7.21).
Na vida de um cristão neotestamentário ainda podem existir ídolos como aqueles que o povo de Israel adorava? Infelizmente, sim! Tudo aquilo que amamos mais do que Jesus Cristo, tudo que tem valor superior a Ele em nossa vida, é um ídolo. Ídolos em nossas vidas podem ser nossos pais, nosso marido ou esposa, nossos filhos. Será que não devemos amá-los? É claro que sim! Mas somente depois que Jesus tiver ocupado o primeiro lugar em nosso coração, poderemos amar nossos pais, nossa esposa ou esposo, e nossos filhos da maneira correta. Uma bela casa, um automóvel novo, uma conta bancária polpuda e muitas outras coisas podem tornar-se ídolos para nós: "...onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6.21). "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (v. 24). Uma coisa exclui a outra.
Mas o ídolo mais difundido entre os crentes é a vontade própria, e quando ela domina, o ídolo está assentado no trono. Todas as coisas passam a girar em torno dele, todos têm de fazer o que eu quero e o que agrada a mim. Entretanto, não existe vida mais feliz e mais cheia de satisfação do que quando buscamos exclusivamente a vontade de Deus.

De Deus não se zomba!

O povo de Israel, por não obedecer à vontade de Deus, foi disperso pelo mundo todo: "Espalhei-os entre as nações, e foram derramados pelas terras; segundo os seus caminhos e segundo os seus feitos eu os julguei" (Ez 36.19). Também aqui aplica-se o que diz a Palavra: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6.7). Desobediência e indiferença para com a Palavra de Deus significam a perda da bênção.
Em Ezequiel 36.20-21 lemos de Israel: "Em chegando às nações para onde foram, profanaram o meu santo nome, pois deles se dizia: São estes o povo do Senhor, porém tiveram de sair da terra dele. Mas tive compaixão do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi". Também nós ofendemos ao Deus de amor quando não nos comportamos como salvos, quando o nosso andar não condiz com nossa elevada vocação, e quando passamos a adaptar nosso comportamento aos descrentes e aos seus padrões: "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tg 4.4). João alerta: "...o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 Jo 2.17).

Israel hoje

O que temos observado nas últimas décadas em Israel e com relação a Israel só pode ser obra da intervenção divina
O que temos observado nas últimas décadas em Israel e com relação a Israel só pode ser obra da intervenção divina: "Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra" (Ez 36.24). Por quê? "...Não é por amor a vós que faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome... Lavrar-se-á a terra deserta, em vez de estar desolada aos olhos de todos os que passam. Então, as nações que tiverem restado ao redor de vós saberão que eu, o Senhor, reedifiquei as cidades destruídas e replantei o que estava abandonado. Eu, o Senhor, o disse e farei" (vv. 22,34,36). O Senhor, em Sua fidelidade, começou a cumprir essas palavras diante de nossos olhos!

Israel amanhã

O que vemos hoje em Israel é apenas uma amostra, pois o Senhor diz: "Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis" (Êx 36.25-27). Pela graça e fidelidade de Deus, Israel tem um futuro maravilhoso diante de si!
Aquilo que está reservado para Israel no futuro já pode ser realidade hoje para todos que abrirem seu coração a Jesus. Deus dá o seu perdão e o Seu Espírito com alegria a quem estiver disposto a confessar seus pecados e a receber o Filho de Deus como seu Salvador e Senhor (veja 1 Jo 1.7-9; Tt 3.4-8). Pelo Seu Espírito, Ele deseja renovar a vida de qualquer pessoa, por mais estragada e perdida que esteja! Ele também quer restaurar os crentes que se deixaram enganar pelo espírito da época e profanaram Seu nome.
O grande anseio de Jesus Cristo era fazer a vontade do Pai. Ele disse: "A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra" (Jo 4.34).

Nosso maior desejo

Deus quer ver esse mesmo anseio também na vida de Seus filhos, pois para isso Ele colocou o Espírito Santo em seus corações. Por isso, fazer continuamente a vontade de Deus deveria ser sempre nosso maior anseio. Só então poderemos cumprir a ordem missionária (Mc 16.15-16) e seguir o exemplo de Jesus: "Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer" (Jo 17.4).
Pelas nossas próprias forças não conseguiremos fazê-lo, mas Ele próprio realiza em nós e através de nós aquilo que Lhe agrada: "porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2.13). Precisamos reconhecer o quanto antes nossa própria incapacidade de fazer Sua vontade e nossa total dependência dEle. O Senhor diz: "...sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5).
A promessa direta de Deus a Israel é: "Eu, o Senhor, o disse e o farei" (Ez 36.36). E para cada membro da Igreja de Jesus tem validade as palavras: "Fiel é o que vos chama, o qual também o fará" (1 Ts 5.24).
Temos um Senhor maravilhoso, que só planeja o melhor para cada um de Seus filhos. Tenha a coragem de entregar-se completa e totalmente a Ele e de colocar-se inteiramente à Sua disposição. Ele quer fazer o melhor também por você! (Werner Beitze - http://www.chamada.com.br)

Sinagoga Pequena -- Rabino Shamai Ende (Histórias)

[GUIA PE] Sinagoga Kahal Zur Israel - Recife (PE) Brasil

2. Descobrindo a Porta Dourada - Rodrigo Silva


ESTATUA DO REI DAVI E DESFILE DO EXERCITO ISRAELENSE JERUSALEM POR DUONE...


Entrevista com Brasileiros e Seus Familiares que Serviram o Exercito de ...


Colinas de Golan - Norte de Israel (Gabriel palestra sobre a Guerra dos ...


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Vaso de Alabastro
0 comentários
Faltavam poucos dias para a páscoa e Jerusalém fervilhava. O povo chegava de toda a parte para celebrar a grande festa. Na época de Jesus havia cerca de 50 mil habitantes em Jerusalém. Este número aumentava para cerca de 200 mil na época da páscoa. Jesus decidiu se afastar daquela confusão, e foi passar a noite em Betânia, cidade situada cerca de 3 km a leste de Jerusalém. Lá, Jesus visitou Simão, antes conhecido como “o leproso”, que o recebeu com prazer e lhe serviu uma boa refeição. Nesta época era comum as mesas serem baixas, pouco acima do chão. Por isso, as pessoas se sentavam no chão, e reclinavam-se à mesa. E lá estava Jesus, reclinado à mesa e cercado de amigos.
Marta servia a todos, enquanto seu irmão Lázaro estava sentado junto com seu amigo Jesus. De repente, Maria, entrou no lugar onde Jesus estava. Ela se aproximou de Jesus carregando um vaso de alabastro contendo uma libra de nardo puro (Jo. 12:3) e quebrou o vaso, derramando o bálsamo sobre a cabeça Dele (Mc. 14:3). Ato tão inisperado que deixou a todos estasiados.

O perfume era tão intenso que encheu toda a casa (Jo. 12:3). O nardo era um bálsamo raro extraído de uma planta nas regiões do Himalaia (Índia), e sendo um produto importado de longa distância era um artigo
caro e raro. A quantidade citada na Bíblia (“uma libra”) equivale a cerca de 326 gramas. Este bálsamo poderia ter sido vendido por 300 denários (Mc. 14:5). Naquela época, um trabalhador recebia um denário por um dia de trabalho. Assim, o nardo derramado por Maria valia praticamente o salário de um ano de trabalho. Com este ato,Maria estava declarando que Jesus é mais precioso do que o mais puro nardo.

Mas o valor do vaso não era calculado simplesmente em dinheiro. Ele valia muito mais que simples denários.
O vaso de alabastro era uma variação do gesso, podia medir até 14 cm de altura, e era selado no gargalo, de forma que para tirar o perfume fosse preciso quebra-lo. As mulheres judias naquela época tinham a cultura de pendurar o pequeno vaso no pescoço como colar,e toda mulher judia tinha esse pequeno vaso.Na noite de núpcias ela quebrava este vaso e aspergia o nardo em seus lençóis. E aquele momento era muito especial para ela. Agora da pra imaginar o que significava e o preço que custava?

“Maria quebrou o vaso e derramou o nardo que era para ser usado para o momento mais especial da sua vida, o seu casamento, preferindo aspergir sobre o corpo de Cristo. Ungido o Senhor.”

Essa reflexão nos leva a imaginarmos como o vaso de alabastro. Todos nós temos esse bálsamo dentro de nós. Somos o suave perfume de Cristo. 2 Co 2.15. Que precisa ser compartilhado sem reservas. Não podemos escondê-lo ou dedicá-lo a coisas vãs, ao invés de dedicá-lo a Deus.

Precisamos também deixar que o vaso seja quebrado, para que o bálsamo seja derramado. Só assim, todos sentirão o nosso suave perfume.

Não devemos lamentar quando somos quebrados. Nem tão pouco pela quebra do velho vaso. Pois sendo Cristo o oleiro e as tribulações fogos que refinam o nosso caráter. É necessário passar por provações para entrarmos no reino dos céus (Atos 14:22)

Charles Haddon Spurgeon: disse que, "Ao nos esquivarmos de uma provação, estamos procurando evitar uma bênção."

E para encerrar reflitamos nas três lições dessa história:

1º Ela ofereceu tudo e o melhor que tinha.
Ela não foi buscar prosperidade, cura, fazer uma barganha com Jesus, ela estava ali para oferecer, ela levou o seu sacrifício. O que estamos levando para ser apresentado ao Senhor. “Para haver o adorado tem que haver adorador”.
O que estamos oferecendo a Deus é o melhor?
Veja a resposta do rei Davi sobre esse quesito "Não oferecerei a Deus sacrifícios que não me custem nada"- 2Sm. 24:24 .

2º Para uma perfeita adoração é preciso quebrar o vaso.
O vaso de alabastro, assim como o nardo o perfume,tinha um altíssimo valor.
O simbolismo do vaso de alabastro aponta para a necessidade de quebrar o coração diante do Deus Vivo. Salmos 51.17b – “a um coração quebrantado e contrito não desprezarás.
“Mas à hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim O adorem. Deus é Espírito, e importa que os que O adoram, O adorem em espírito e verdade.” (Jo 4.23,24)
Adoração para o servo de Deus é um estilo de vida.
Tudo o que fazermos deve ser para glorificar a Deus. Tudo é tudo mesmo. O andar, o vestir, o comer, o falar, o pensar, o agir…Até a morte (João 21:19)
3º Nossa adoração não é um desperdício
Muitas vezes somos criticados e até mal entendido por algumas ações que temos e valorizamos na obra do Senhor.
Esta mulher ela foi criticada por sua ação...
Marcos 14.3-7 - Para que se fez este desperdício de ungüento? Porque podia vender-se por mais de trezentos dinheiros e dá-lo aos pobres. E bramavam contra ela. Jesus, porém, disse: Deixai-a, para que a molestais? Ela fez-me boa obra. Porque sempre tendes os pobres convosco e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim nem sempre me tendes”.

Nada que é gasto para o reino de Deus é desperdício, Adorar a Deus nunca é desperdício. Seu louvor, seu sacrifício, seu tempo dedicado na obra nada é desperdício.

Dê o seu melhor pra Deus...
Clipe Vaso de Alabastro

Poderá também gostar de:

JUANRIBE PAGLIARIN - O TABERNÁCULO (COMPLETO)


Você é o que come..........


Não se meta com quem não ora.........





LIÇÃO 14, A VIDA PLENA NAS AFLIÇÕES

Lições Bíblicas do 3º Trimestre de 2012 - CPAD - Jovens e Adultos

Vencendo as Aflições da Vida - "Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas”
(Salmos 34:19).

Comentários da revista da CPAD: Pr. Eliezer de Lira e Silva

Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto

Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva

QUESTIONÁRIO




TEXTO ÁUREO

"Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fp 4.12,13).




VERDADE PRÁTICA

As tribulações levam-nos a amadurecer em CRISTO, capacitando-nos a desfrutar de uma vida espiritual plena.




LEITURA DIÁRIA

Segunda - At 9.5,16 O padecimento do apóstolo

Terça - 2 Tm 4.9-11 A solidão do apóstolo

Quarta - Mt 7.4; 2 Tm 2.4 O caminho que leva à vida

Quinta - 2 Co 2.4 Sofrimentos e angústias

Sexta - Fp 4.12 Instruído na provação

Sábado - Fp 4.13 Podemos tudo naquEle que nos fortalece




LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Filipenses 4.10-13

10 Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade. 11 Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. 12 Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. 13 Posso todas as coisas naquele que me fortalece.


4.11 APRENDI A CONTENTAR-ME. O segredo do contentamento, da satisfação, é reconhecermos que DEUS nos concede, em cada circunstância, tudo quanto necessitamos para uma vida vitoriosa em CRISTO (1 Co 15.57; 2 Co 2.14; 1 Jo 5.4). Nossa capacidade de viver vitoriosamente acima das situações instáveis da vida provém do poder de CRISTO que flui em nós e através de nós (v. 13; ver 1 Tm 6.8). Isso não ocorre de modo natural; precisamos aprender na dependência de CRISTO.
4.13 POSSO TODAS AS COISAS NAQUELE... O poder e a graça de CRISTO permanecem no crente para capacitá-lo a fazer tudo quanto Ele o mandou fazer.
4.16 MANDASTES O NECESSÁRIO. A igreja filipense era uma igreja missionária, que supria as necessidades de Paulo durante suas viagens (1.4,5; 4.15-17). Sustentar os missionários no seu
trabalho em prol do evangelho, é obra dignificante e aceita por DEUS, "como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível" a Ele (v. 18). Por isso, aquilo que damos para o sustento do missionário fiel, é considerado oferta apresentada a DEUS. Tudo que é feito a um dos irmãos, por pequeno que seja, é feito como ao próprio Senhor (Mt 25.40).
4.19 SUPRIRÁ TODAS AS VOSSAS NECES-SIDADES. Paulo enfatiza o cuidado amoroso de DEUS Pai pelos seus filhos. Ele suprirá todas as nossas necessidades (materiais e espirituais), à medida que as apresentarmos diante dEle. O suprimento das nossas necessidades vem "por CRISTO JESUS". Somente em união com CRISTO e na comunhão com Ele é que podemos experimentar o provimento da parte de DEUS.
Entre as muitas promessas das Escrituras que confere esperança e encorajamento ao povo de DEUS, no tocante ao seu cuidado, provisão e socorro, temos: Gn 28.15; 50.20; Êx 33.14; Dt 2.7; 32.7-14; 33.27; Js 1.9; 1 Sm 7.12; 1 Rs 17.6,16; 2 Cr 20.17; Sl 18.35; 23; 121; Is 25.4; 32.2; 40.11; 41.10; 43.1,2; 46.3,4; Jl 2.21-27; Ml 3.10; Mt 6.25-34; 14.20;
23.37; Lc 6.38; 12.7; 22.35; Jo 10.27,28; 17.11; Rm 8.28,31-39; 2 Tm 1.12; 4.18; 1 Pe 5.7.


Carta do apóstolo Paulo aos Filipenses (Pr.Odilon dos Santos Pereira-http://www.bsnet.com.br/usr/odilonsp/Filipenses.html-)

A cidade de Filipos – Era uma cidade importante no Império Romano por causa de sua localização geográfica na região montanhosa entre a Ásia e Europa.

O apóstolo Paulo visita Filipos pela primeira vez, por ocasião de sua Segunda viagem missionária, como descrito em Atos 16. A visão que Paulo teve em Troas, era Deus convocando o apóstolo a passar ao continente europeu, dando-se ali, em Filipos, as primeiras conversões na Europa e, por isso, Filipos tem sido chamada o "berço do cristianismo europeu".

"De noite apareceu a Paulo esta visão: estava ali em pé um homem da Macedônia, que lhe rogava: Passa à Macedônia e ajuda-nos. E quando ele teve esta visão, procurávamos logo partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciarmos o evangelho. Navegando, pois, de Trôade, fomos em direitura a Samotrácia, e no dia seguinte a Neápolis; e dali para Filipos, que é a primeira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana; e estivemos alguns dias nessa cidade." (Atos 16:9-12)

A igreja em Filipos cresceu e se fortaleceu e trouxe muitas alegrias ao coração do apóstolo. Paulo escreve esta carta, muitos anos mais tarde quando, na prisão em Roma, em condições subumanas, mas que não puderam tirar o gozo do servo de Deus. A igreja de Filipos amava muito a seu pai na fé, e mostra-lhe muito afeto, enviando-lhe uma carta viva na pessoa de seu representante Epafrodito. Não esqueceu, também, de enviar-lhe algum dinheiro para alguma necessidade temporal.

"Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus." (4:18)

Características da carta – Notamos três características principais nesta carta. Primeiramente, é uma carta bem pessoal, indicando a profundidade da amizade e fraternidade entre o apóstolo e a igreja. Outra marca desta carta é a centralidade da pessoa de Jesus Cristo e o Seu senhorio. Nesta carta temos um dos mais belos hinos sobre a humilhação e exaltação de Cristo como Senhor absoluto.

"Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai." (Filip. 2:5-11)

Mas, sem dúvida, uma outra grande característica de Filipenses é o destaque que o apóstolo dá ao gozo reinante no seu coração, apesar de estar ele em circunstâncias humanas tão tristes na prisão. Só Deus pode, pelo Seu Espírito, colocar "alegria" no coração de Seus servos em "qualquer tempo" e sob "quaisquer circunstâncias".

A nota dominante – Esta é a mais "alegre" carta do Novo Testamento. Do início ao final a alegria é a nota dominante.

Alegria (CHARA) aparece 5 vezes.

"Fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com ALEGRIA" (1:4)

"E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para vosso progresso e GOZO na fé" (1:25)

"Completai o meu GOZO, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa" (2:2)

"Recebei-o, pois, no Senhor com todo o GOZO, e tende em honra a homens tais como ele" (2:29)

"Portanto, meus amados e saudosos irmãos, minha ALEGRIA e coroa, permanecei assim firmes no Senhor, amados." (4:1)

O verbo regozijai-vos (CHAIREIN) onze vezes:

"Mas que importa? contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me REGOZIJO, sim, e me REGOZIJAREI" (1:18)

"Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, FOLGO e me REGOZIJO com todos vós" (2:17)

"E pela mesma razão FOLGAI vós também e REGOZIJAI-VOS comigo." (2:18)

"Por isso vo-lo envio com mais urgência, para que, vendo-o outra vez, vos REGOZIJEIS, e eu tenha menos tristeza." (2:28)

"Quanto ao mais, irmãos meus, REGOZIJAI-VOS no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança." (3:1)

"REGOZIJAI-VOS sempre no Senhor; outra vez digo, REGOZIJAI-VOS." (4:4)

"Ora, muito me REGOZIJO no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade." (4:10).


BEP - CPAD

A PROVIDÊNCIA DIVINA E O SOFRIMENTO HUMANO. A revelação bíblica demonstra que a providência de DEUS não é uma doutrina abstrata, mas que diz respeito à vida diária num mundo mau e decaído.

(1) Toda pessoa experimenta o sofrimento em certas ocasiões da vida e daí surge a inevitável pergunta “Por quê?” (cf. Jó 7.17-21; Sl 10.1; 22.1; 74.11,12; Jr 14.8,9,19). Essas experiências alvitram o problema do mal e do seu lugar nos assuntos de DEUS.

(2) DEUS permite que os seres humanos experimentem as conseqüências do pecado que penetrou no mundo através da queda de Adão e Eva. José, por exemplo, sofreu muito por causa da inveja e da crueldade dos seus irmãos. Foi vendido como escravo pelos seus irmãos e continuou como escravo de Potifar, no Egito (37; 39). Vivia no Egito uma vida temente a DEUS, quando foi injustamente acusado de imoralidade, lançado no cárcere (39) e mantido ali por mais de dois anos (40.1—41.14). DEUS pode permitir o sofrimento em decorrência das más ações do próximo, embora Ele possa soberanamente controlar tais ações, de tal maneira que seja cumprida a sua vontade. Segundo o testemunho de José, DEUS estava agindo através dos delitos dos seus irmãos, para a preservação da vida (45.5; 50.20).

(3) Não somente sofremos as conseqüências dos pecados dos outros, como também sofremos as conseqüências dos nossos próprios atos pecaminosos. Por exemplo: o pecado da imoralidade e do adultério, freqüentemente resulta no fracasso do casamento e da família do culpado. O pecado da ira desenfreada contra outra pessoa pode levar à agressão física, com ferimentos graves ou até mesmo o homicídio de uma das partes envolvidas, ou de ambas. O pecado da cobiça pode levar ao furto ou desfalque e daí à prisão e cumprimento de pena.

(4) O sofrimento também ocorre no mundo porque Satanás, o deus deste mundo, tem permissão para executar a sua obra de cegar as mentes dos incrédulos e de controlar as suas vidas (2Co 4.4; Ef 2.1-3). O NT está repleto de exemplos de pessoas que passaram por sofrimento por causa dos demônios que as atormentavam com aflição mental (e.g., Mc 5.1-14) ou com enfermidades físicas (Mt 9.32,33; 12.22; Mc 9.14-22; Lc 13.11,16).
Dizer que DEUS permite o sofrimento não significa que DEUS origina o mal que ocorre neste mundo, nem que Ele pessoalmente determina todos os infortúnios da vida. DEUS nunca é o instigador do mal ou da impiedade (Tg 1.13). Todavia, Ele, às vezes, o permite, o dirige e impera soberanamente sobre o mal a fim de cumprir a sua vontade, levar a efeito seu propósito redentor e fazer com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que lhe são fiéis (ver Mt 2.13; Rm 8.28.

O RELACIONAMENTO DO CRENTE COM A PROVIDÊNCIA DIVINA. O crente para usufruir os cuidados providenciais de DEUS em sua vida, tem responsabilidades a cumprir, conforme a Bíblia revela.

(1) Ele deve obedecer a DEUS e à sua vontade revelada. No caso de José, por exemplo, fica claro que por ele honrar a DEUS, mediante sua vida de obediência, DEUS o honrou ao estar com ele (39.2, 3, 21, 23). Semelhantemente, para o próprio JESUS desfrutar do cuidado divino protetor ante as intenções assassinas do rei Herodes, seus pais terrenos tiveram de obedecer a DEUS e fugir para o Egito (ver Mt 2.13). Aqueles que temem a DEUS e o reconhecem em todos os seus caminhos têm a promessa de que DEUS endireitará as suas veredas (Pv 3.5-7).

(2) Na sua providência, DEUS dirige os assuntos da igreja e de cada um de nós como seus servos. O crente deve estar em constante harmonia com a vontade de DEUS para a sua vida, servindo-o e ajudando outras pessoas em nome dEle (At 18.9,10; 23.11; 26.15-18; 27.22-24).

(3) Devemos amar a DEUS e submeter-nos a Ele pela fé em CRISTO, se quisermos que Ele opere para o nosso bem em todas as coisas (ver Rm 8.28).
Para termos sobre nós o cuidado de DEUS quando em aflição, devemos clamar a Ele em oração e fé perseverante. Pela oração e confiança em DEUS, experimentamos a sua paz (Fp 4.6,7), recebemos a sua força (Ef 3.16; Fp 4.13), a misericórdia, a graça e ajuda em tempos de necessidade (Hb 4.16; ver Fp 4.6). Tal oração de fé, pode ser em nosso próprio favor ou em favor do próximo (Rm 15.30-32; ver Cl 4.3).



A VIDA DO APÓSTOLO PAULO




“Ele era um homem de pequena estatura”, afirmam os Atos de Paulo, escrito apócrifo do segundo século, “parcial-mente calvo, pernas arqueadas, de compleição robusta, olhos próximos um do outro, e nariz um tanto curvo.”

Se esta descrição merecer crédito, ela fala um bocado mais a respeito desse homem natural de Tarso, que viveu quase sete décadas cheias de acontecimentos após o nascimento de Jesus. Ela se encaixaria no registro do próprio Paulo de um insulto dirigido contra ele em Corinto. “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra desprezível” (2 Co 10:10).

Sua verdadeira aparência teremos de deixar por conta dos artistas, pois não sabemos ao certo. Matérias mais importantes, porém, demandam atenção — o que ele sentia, o que ele ensinava, o que ele fazia.

Sabemos o que esse homem de Tarso chegou a crer acerca da pessoa e obra de Cristo, e de outros assuntos cruciais para a fé cristã. As cartas procedentes de sua pena, preservadas no Novo Testamento, dão eloqüente testemunho da paixão de suas convicções e do poder de sua lógica.

Aqui e acolá em suas cartas encontramos pedacinhos de autobiografia. Também temos, nos Atos dos Apóstolos, um amplo esboço das atividades de Paulo. Lucas, autor dos Atos, era médico e historiador gentio do primeiro século.

Assim, enquanto o teólogo tem material suficiente para criar intérminos debates acerca daquilo em que Paulo acreditava, o historiador dispõe de parcos registros. Quem se der ao trabalho de escrever a biografia de Paulo descobrirá lacunas na vida do apóstolo que só poderão ser preenchidas por conjeturas.

A semelhança de um meteoro brilhante, Paulo lampeja repentinamente em cena como um adulto numa crise religiosa, resolvida pela conversão. Desaparece por muitos anos de preparação. Reaparece no papel de estadista missionário, e durante algum tempo podemos acompanhar seus movimentos através do horizonte do primeiro século. Antes de sua morte, ele flameja até entrar nas sombras além do alcance da vista.


Sua Juventude:


Antes, porém, que possamos entender Paulo, o missionário cristão aos gentios, é necessário que passemos algum tempo com Saulo de Tarso, o jovem fariseu. Encontramos em Atos a explicação de Paulo sobre sua identidade: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia” (At 21:39). Esta afirmação nos dá o primeiro fio para tecermos o pano de fundo da vida de Paulo.

A) Da Cidade de Tarso. No primeiro século, Tarso era a principal cidade da província da Cilícia na parte oriental da Ásia Menor. Embora localizada cerca de 16 km no interior, a cidade era um importante porto que dava acesso ao mar por via do rio Cnido, que passava no meio dela.

Ao norte de Tarso erguiam-se imponentes, cobertas de neve, as montanhas do Tauro, que forneciam a madeira que constituía um dos principais artigos de comércio dos mercadores tarsenses. Uma im­portante estrada romana corria ao norte, fora da cidade e através de um estreito desfiladeiro nas montanhas, conhecido como “Portas Cilicianas”. Muitas lutas militares antigas foram travadas nesse passo entre as montanhas.

Tarso era uma cidade de fronteira, um lugar de encontro do Leste e do Oeste, e uma encruzilhada para o comércio que fluía em ambas as direções, por terra e por mar. Tarso possuía uma preciosa herança. Os fatos e as lendas se entremesclavam, tornando seus cidadãos ferozmente orgulhosos de seu passado.

O general romano Marco Antônio concedeu-lhe o privilégio de libera civitas (“cidade livre”) em 42 a.C. Por conseguinte, embora fizesse parte de uma província romana, era autônoma, e não estava sujeita a pagar tributo a Roma. As tradições democráticas da cidade-estado grega de longa data estavam estabelecidas no tempo de Paulo.

Nessa cidade cresceu o jovem Saulo. Em seus escritos, encontramos reflexos de vistas e cenas de Tarso de quando ele era rapaz. Em nítido contraste com as ilustrações rurais de Jesus, as metáforas de Paulo têm origem na vida citadina.

O reflexo do sol mediterrânico nos capacetes e lanças romanos teriam sido uma visão comum em Tarso durante a infância de Saulo. Talvez fosse este o fundo histórico para a sua ilustração concernente à guerra cristã, na qual ele insiste em que “as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Co 10:4).

Paulo escreve de “naufragar” (1 Tm 1:19), do “oleiro” (Rm 9:21), de ser conduzido em “triunfo” (2 Co 2:14). Ele compara o “tabernáculo terrestre” desta vida a um edifício de Deus, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5:1). Ele toma a palavra grega para teatro e, com audácia, aplica-a aos apóstolos, dizendo: “nos tornamos um espetáculo (teatro) ao mundo” (1 Co­ 4:9).

Tais declarações refletem a vida típica da cidade em que Paulo passou os anos formativos da sua meninice. Assim as vistas e os sons deste azafamado porto marítimo formam um pano de fundo em face do qual a vida e o pensamento de Paulo se tornaram mais compreensíveis. Não é de admirar que ele se referisse a Tarso como “cidade não insignificante”.

Os filósofos de Tarso eram quase todos estóicos. As idéias estóicas, embora essencialmente pagãs, produziram alguns dos mais nobres pensadores do mundo antigo. Atenodoro de Tarso é um esplêndido exemplo.

Embora Atenodoro tenha morrido no ano 7 d.C., quando Saulo não passava de um menino pequeno, por muito tempo o seu nome permaneceu como herói em Tarso. E quase impossível que o jovem Saulo não tivesse ouvido algo a respeito dele.

Quanto, exatamente, foi o contato que o jovem Saulo teve com esse mundo da filosofia em Tarso? Não sabemos; ele não no-lo disse. Mas as marcas da ampla educação e contato com a erudição grega o acompanham quando homem feito. Ele sabia o suficiente sobre tais questões para pleitear diante de toda sorte de homens a causa que ele representava. Também estava cônscio dos perigos das filosofias religiosas especulativas dos gregos. “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens... e não segundo Cristo”, foi sua advertência à igreja de Colossos (Cl 2:8).

B) Cidadão Romano. Paulo não era apenas “cidadão de uma cidade não insignificante”, mas também cidadão romano. Isso nos dá ainda outra pista para o fundo histórico de sua meninice.

Em At 22:24-29 vemos Paulo conversando com um centurião romano e com um tribuno romano. (Centurião era um militar de alta patente no exército romano com 100 homens sob seu comando; o tribuno, neste caso, seria um comandante militar.) Por ordens do tribuno, o centurião estava prestes a açoitar Paulo. Mas o Apóstolo protestou: “Ser-vos-á porventura lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?” (At 22:25). O centurião levou a notícia ao tribuno, que fez mais inquirição. A ele Paulo não só afirmou sua cidadania romana mas explicou como se tornara tal: “Por direito de nascimento” (At 22:28). Isso implica que seu pai fora cidadão romano.

Podia-se obter a cidadania romana de vários modos. O tribuno, ou comandante, desta narrativa, declara haver “comprado” sua cidadania por “grande soma de dinheiro” (At 22:28). No mais das vezes, porém, a cidadania era uma recompensa por algum serviço de distinção fora do comum ao Império Romano, ou era concedida quando um escravo recebia a liberdade.

A cidadania romana era preciosa, pois acarretava direitos e privilégios especiais como, por exemplo, a isenção de certas formas de castigo. Um cidadão romano não podia ser açoitado nem crucificado.

Todavia, o relacionamento dos judeus com Roma não era de todo feliz. Raramente os judeus se tornavam cidadãos romanos. Quase todos os judeus que alcançaram a cidadania moravam fora da Palestina.

C) De Descendência Judaica. Devemos, também, considerar a ascendência judaica de Paulo e o impacto da fé religiosa de sua família. Ele se descreve aos cristãos de Filipos como “da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu” (Fp 3:5). Noutra ocasião ele chamou a si próprio de “israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Rm 11:1).

Dessa forma Paulo pertencia a uma linhagem que remontava ao pai de seu povo, Abraão. Da tribo de Benjamim saíra o primeiro rei de Israel, Saul, em consideração ao qual o menino de Tarso fora chamado Saulo.

A escola da sinagoga ajudava os pais judeus a transmitir a herança religiosa de Israel aos filhos. O menino começava a ler as Escrituras com apenas cinco anos de idade. Aos dez, estaria estudando a Mishna com suas interpretações emaranhadas da Lei. Assim, ele se aprofundou na história, nos costumes, nas Escrituras e na língua do seu povo. O vocabulário posterior de Paulo era fortemente colorido pela linguagem da Septuaginta, a Bíblia dos judeus helenistas.

Dentre os principais “partidos” dos judeus, os fariseus eram os mais estritos (veja o capítulo 5, “Os Judeus nos Tempos do Novo Testamento”). Estavam decididos a resistir aos esforços de seus conquistadores romanos de impor-lhes novas crenças e novos estilos de vida. No primeiro século eles se haviam tornado a “aristocracia espiritual” de seu povo. Paulo era fariseu, “filho de fariseus” (At 23.6). Podemos estar certos, pois, de que seu preparo religioso tinha raízes na lealdade aos regulamentos da Lei, conforme a interpretavam os rabinos. Aos treze anos ele devia assumir responsabilidade pessoal pela obediência a essa Lei.

Saulo de Tarso passou em Jerusalém sua virilidade “aos pés de Gamaliel”, onde foi instruído “segundo a exatidão da lei. . .“ (At 22:3). Gamaliel era neto de Hillel, um dos maiores rabinos judeus. A escola de Hilel era a mais liberal das duas principais escolas de pensamento entre os fariseus. Em Atos 5:33-39 temos um vislumbre de Gamaliel, descrito como “acatado por todo o povo.”

Exigia-se dos estudantes rabínicos que aprendessem um ofício de sorte que pudessem, mais tarde, ensinar sem tornar-se um ônus para o povo. Paulo escolheu uma indústria típica de Tarso, fabricar tendas de tecido de pêlo de cabra. Sua perícia nessa profissão proporcionou-lhe mais tarde um grande incremento em sua obra missionária.

Após completar seus estudos com Gamaliel, esse jovem fariseu provavelmente voltou para sua casa em Tarso onde passou alguns anos. Não temos evidência de que ele se tenha encontrado com Jesus ou que o tivesse conhecido durante o ministério do Mestre na terra.

Da pena do próprio Paulo bem como do livro de Atos vem-nos a informação de que depois ele voltou a Jerusalém e dedicou suas energias à perseguição dos judeus que seguiam os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Paulo nunca pôde perdoar-se pelo ódio e pela violência que caracterizaram sua vida durante esses anos. “Porque eu sou o menor dos apóstolos”, escreveu ele mais tarde, “. . . pois persegui a igreja de Deus” (1 Co 15:9). Em outras passagens ele se denomina “perseguidor da igreja” (Fp 3:6), “como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gl 1:13).

Uma referência autobiográfica na primeira carta de Paulo a Timóteo jorra alguma luz sobre a questão de como um homem de consciência tão sensível pudesse participar dessa violência contra o seu próprio povo. “. . . noutro tempo era blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (1 Tm 1:13). A história da religião está repleta de exemplos de outros que cometeram o mesmo erro. No mesmo trecho, Paulo refere a si próprio como “o principal” dos pecadores” (1 T 1:15), sem dúvida alguma por ter ele perseguido a Cristo e seus seguidores.

D) A Morte de Estevão. Não fora pelo modo como Estevão morreu (At 7:54-60), o jovem Saulo podia ter deixado a cena do apedrejamento sem comoção alguma, ele que havia tomado conta das vestes dos apedrejadores. Teria parecido apenas outra execução legal.

Mas quando Estevão se ajoelhou e as pedras martirizantes choveram sobre sua cabeça indefensa, ele deu testemunho da visão de Cristo na glória, e orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7:60).

Embora essa crise tenha lançado Paulo em sua carreira como caçador de hereges, é natural supor que as palavras de Estevão tenham permanecido com ele de sorte que ele se tornou “caçado” também —caçado pela consciência.

E) Uma Carreira de Perseguição. Os eventos que se seguiram ao martírio de Estevão não são agradáveis de ler. A história é narrada num só fôlego: “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (Atos 8:3).


A Conversão:


A perseguição em Jerusalém na realidade espalhou a semente da fé. Os crentes se dispersaram e em breve a nova fé estava sendo pregada por toda a parte (cf. Atos 8:4). “Respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor” (Atos 9:1), Saulo resolveu que já era tempo de levar a campanha a algumas das “cidades estrangeiras” nas quais se abrigaram os discípulos dispersos. O comprido braço do Sinédrio podia alcançar a mais longínqua sinagoga do império em questões de religião. Nesse tempo, os seguidores de Cristo ainda eram considerados como seita herética.

Assim, Saulo partiu para Damasco, cerca de 240 km distante, provido de credenciais que lhe dariam autoridade para, encontrando os “que eram do caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém” (Atos 9:2).

Que é que se passava na mente de Saulo durante a viagem, dia após dia, no pó da estrada e sob o calor escaldante do sol? A auto-revelação intensamente pessoal de Romanos 7:7-13 pode dar-nos uma pista. Vemos aqui a luta de um homem consciencioso para encontrar paz mediante a observância de todas as pormenorizadas ramificações da Lei.

Isso o libertou? A resposta de Paulo, baseada em sua experiência, foi negativa. Pelo contrário, tornou-se um peso e uma tensão intoleráveis. A influência do ambiente helertístico de Tarso não deve ser menosprezada ao tentarmos encontrar o motivo da frustração interior de Saulo. Depois de seu retorno a Jerusalém, ele deve ter achado irritante o rígido farisaísmo, muito embora professasse aceitá-lo de todo o coração. Ele havia respirado ar mais livre durante a maior parte de sua vida, e não poderia renunciar à liberdade a que estava acostumado.

Contudo, era de natureza espiritual o motivo mais profundo de sua tristeza. Ele tentara guardar a Lei, mas descobrira que não poderia fazê-lo em virtude de sua natureza pecaminosa decaída. De que modo, pois, poderia ele ser reto para com Deus?

Com Damasco à vista, aconteceu uma coisa momentosa. Num lampejo cegante, Paulo se viu despido de todo o orgulho e presunção, como perseguidor do Messias de Deus e do seu povo. Estevão estivera certo, e ele errado. Em face do Cristo vivo, Saulo capitulou. Ele ouviu uma voz que dizia: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues;. . . levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (At 9:5-6). E Saulo obedeceu.

Durante sua estada na cidade, “Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu nem bebeu” (Atos 9:9). Um discípulo residente em Damasco, por nome Ananias, tornou-se amigo e conselheiro, um homem que não teve receio de crer que a conversão de Paulo’ fora autêntica. Mediante as orações de Ananias, Deus restaurou a vista a Paulo.






PAULO, PRESO E JULGADO




Os cristãos de Jerusalém ficaram felizes ao ouvir o relatório de Paulo sobre a divulgação da fé cristã. Contudo, alguns cristãos judeus duvidaram da sinceridade de Paulo. Para mostrar seu respeito pela tradição judaica, Paulo juntou-se a quatro homens que cumpriam um voto de nazireu no templo. Alguns judeus da Ásia agarraram Paulo e falsamente o acusaram de introduzir gentios no templo (At 21:27-29). O tribuno da guarnição romana levou Paulo em custódia para impedir um levante. Ao saber que Paulo era cidadão romano, o tribuno retirou-lhe as cadeias e pediu aos judeus que convocassem o Sinédrio para interrogá-lo.

Paulo percebeu que a multidão enfurecida poderia matá-lo. Assim, ele disse ao Sinédrio que fora preso por ser fariseu e crer na ressurreição dos mortos. Esta afirmação dividiu o Sinédrio em suas facções de fariseus e saduceus, e o comandante romano teve de salvar Paulo de novo.

Ouvindo dizer que os judeus tramavam uma emboscada contra Paulo, o comandante enviou-o de noite a Cesaréia, onde ficou guardado no palácio de Herodes. Paulo passou dois anos presos aí.

Quando os acusadores de Paulo chegaram, acusaram-no de haver tentado profanar o templo e de ter criado uma revolta civil em Jerusalém (At 24:1-9). Félix, procurador romano, exigiu mais provas do tribuno em Jerusalém. Mas antes que estas chegassem, Félix foi substituído por um novo procurador, Pórcio Festo. Este novo oficial pediu aos acusadores de Paulo que viessem de novo a Cesaréia. Ao chegarem, Paulo fez valer os seus direitos como cidadão romano de apresentar seu caso perante César.

Enquanto aguardava o navio para Roma, Paulo teve oportunidáde de defender a sua causa perante o rei Agripa II que visitava Festo. O capítulo 26 de Atos registra o discurso de Paulo no qual ele contou de novo os eventos de sua vida até aquele ponto.

Festo entregou Paulo aos cuidados de um centurião chamado Júlio, que estava levando um navio carregado de prisioneiros para a cidade imperial. Após uma viagem acidentada, o navio naufragou na ilha de Malta. Três meses depois, Paulo e os demais prisioneiros tomaram outro navio para Roma.

Os cristãos de Roma viajaram quase cinqüenta quilômetros para dar as boas-vindas a Paulo (At 28:15). Em Roma Paulo foi posto sob prisão domiciliar, e em At 28:30 lemos que ele alugou uma casa por dois anos enquanto aguardava que César ouvisse o seu caso.

O Novo Testamento não nos fala da morte de Paulo. Muitos estudiosos modernos crêem que César libertou o apóstolo, e que ele empenhou-se em mais trabalho missionário antes de ser preso pela segunda vez e executado.3

Dois livros escritos antes do ano 200 d.C. — a Primeira Epístola de Clemente e os Atos de Paulo — asseveram que isso aconteceu. Indicam que Paulo foi decapitado em Roma perto do fim do reinado do imperador Nero (c. 67 d.C.).




A personalidade do Apostolo:

As epístolas de Paulo são o espelho de sua alma. Revelam seus motivos íntimos, suas mais profundas paixões, suas convicções fundamentais. Sem a sobrevivência das cartas de Paulo, ele seria para nós uma figura vaga, confusa.

Paulo estava mais interessado nas pessoas e no que lhes acontecia do que em formalidades literárias. A medida que lemos os escritos de Paulo, notamos que suas palavras podem vir aos borbotões, como no primeiro capítulo da carta aos Gálatas. As vezes ele irrompe abruptamente para mergulhar numa nova linha de pensamento. Nalguns pontos ele toma um longo fôlego e dita uma sentença quase sem fim.

Temos em 2 Co 10:10 uma pista de como as epístolas de Paulo eram recebidas e consideradas. Mesmo seus inimigos e críticos reconheciam o impacto do que ele tinha para dizer, pois sabemos que comentavam: “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes.. (2 Co 10:10).

Líderes fortes, como Paulo, tendem a atrair ou repelir os que eles buscam influenciar. Paulo tinha tanto seguidores devotados quanto inimigos figadais. Como conseqüência, seus contemporâneos mantinham opiniões variadíssimas a seu respeito.

Os mais antigos escritos de Paulo antedata a maioria dos quatro Evangelhos. Refletem-no como um homem de coragem (2 Co 2:3), de integridade e elevados motivos (vv. 4-5), de humildade (v. 6), e de benignidade (v. 7).

Paulo sabia diferençar entre sua própria opinião e o “mandamento do Senhor” (1 Co 7:25). Era humilde bastante para dizer “se­gundo minha opinião” sobre alguns assuntos (1 Co 7:40). Ele estava bem cônscio da urgência de sua comissão (1 Co 9:16-17), e do fato de não estar fora do perigo de ser “desqualificado” por sucumbir à tentação (1Co 9.27). Ele se recorda com pesar de que outrora perseguia a Igreja de Deus (1Co 15.9).

Leia o capítulo 16 da carta aos Romanos com especial atenção à atitude generosa de Paulo para com os seus colaboradores. Ele era um homem que amava e prezava as pessoas e tinha em alto apreço a comunhão dos crentes. Na carta aos Colossenses vemos quão afetivo e amistoso Paulo poderia ser, mesmo com cristãos com os quais ainda não se havia encontrado. “Gostaria, pois, que saibais, quão grande luta venho mantendo por vós. . . e por quantos não me viram face a face”, escreve ele (Cl 2:1).

Na carta aos Colossenses lemos também a respeito de um homem chamado Onésimo, escravo fugitivo (Cl 4:9; Fm 10), que evidentemente havia acrescentado ao furto o crime de abandonar o seu dono, Filemom. Agora Paulo o havia conquistado para a fé cristã e o persuadira de voltar ao seu senhor. Mas conhecendo a severidade

do castigo imposto aos escravos fugitivos, o apóstolo desejava convencer a Filemom a tratar Onésimo como irmão. Aqui vemos Paulo, o reconciliador. E tudo isso ele fez a favor de um homem que estava no degrau mais baixo da escada da sociedade romana. Contraste essa atitude com o comportamento do jovem Saulo guardando as vestes dos apedrejadores de Estevão. Observe quão profundamente Paulo havia mudado em sua atitude para com as pessoas.

Nesses escritos vemos Paulo como amigo generoso, afetivo, um homem de grande fé e coragem— mesmo em face de circunstâncias extremas. Ele estava totalmente comprometido com Cristo, quer na vida, quer na morte. Seu testemunho é profundamente firmado nas realidades espirituais: “Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:12-13).

O Mundo do Novo Testamento


http://www.vivos.com.br/164.htm




INTERAÇÃO

Professor, chegamos ao final de mais um trimestre, este foi um pouquinho mais longo devido o fato do ano ser bissexto e ganharmos mais uma lição.

Vivemos tempos onde somos diuturnamente tentados a trocarmos a essência do verdadeiro Evangelho pela artificialidade das mensagens que nos são convidativas. Prega-se o fim do sofrimento em detrimento do sofrimento por CRISTO; o antropocentrismo em detrimento do cristocentrismo; o triunfalismo em detrimento da simplicidade de CRISTO JESUS. Mas, somos convidados, mesmo em tempos difíceis, prezado professor, a não perdermos de vista a simplicidade e o equilíbrio do Evangelho. Por isso, tende bom ânimo! Porque Ele, JESUS CRISTO, venceu o mundo!


OBJETIVOS- Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Descrever as aflições da vida do apóstolo Paulo.

Explicar como se contentar em CRISTO apesar das necessidades.

Saber que precisamos amadurecer pela suficiência de CRISTO, o nosso Senhor.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Prezado professor, antes de iniciar a lição de hoje, faça uma revisão dos temas estudados neste trimestre. A revisão do conteúdo programático das lições é muito importante para você concluir as lições. O objetivo do trimestre foi demonstrar ao aluno que, apesar dos percalços da vida, é possível ter uma vida plena da graça de DEUS. Após a revisão das lições, inicie a última aula explicando aos alunos que, apesar dos sofrimentos cotidianos, como na vida de Paulo, podemos desfrutar da graça e do amor de DEUS respectivamente. Não esqueça de agradecer a DEUS pela conclusão de mais um trimestre.


RESUMO DA LIÇÃO 14, A VIDA PLENA NAS AFLIÇÕES

I. VIVENDO AS AFLIÇÕES DA VIDA

1. As aflições de Paulo.

2. Deixado por seus filhos na fé.

3. A tristeza do apóstolo.

II. CONTENTANDO-SE EM CRISTO

1. Apesar da necessidade não satisfeita.

2. Livre da opressão da necessidade.

3. Contente e fundamentado em CRISTO.

III. AMADURECENDO PELA SUFICIÊNCIA DE CRISTO

1. Através das experiências.

2. Não pela autossuficiência.

3. Tudo posso naquele que me fortalece.


SINÓPSE DO TÓPICO (1) A provação do apóstolo dos gentios é assim sintetizada: o homem que perseguia os cristãos é perseguido; aquele que afligia, é afligido; o que consentia na morte dos outros, tem a sua consentida.

SINÓPSE DO TÓPICO (2) Apesar de muitas vezes o apóstolo Paulo não ter suas necessidades satisfeitas, ele se viu livre da opressão da necessidade, contentando-se em JESUS CRISTO

SINÓPSE DO TÓPICO (3) Através das experiências obtidas na vida cristã, não nos tornamos autossuficientes, mas amadurecemos pela suficiência de CRISTO.




AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO - Subsídio Bibliológico

"O consolo divino e o consolo comunitário

Paulo enfatiza o conceito de consolo. 'O DEUS de toda a consolação' (2 Co 1.3). DEUS Pai não é apenas um DEUS que se compadece de nós nas nossas tribulações, mas aquEle que alivia nossos sofrimentos com o bálsamo de consolação do seu ESPÍRITO (Is 40.1; 66.13). A força da palavra consolo está no termo grego parák[l]etos utilizado em o Novo Testamento em referência à pessoa do ESPÍRITO SANTO, como 'o outro consolador' prometido por JESUS, antes de ascender ao seu lugar no céu (Jo 14.16; 16.13,14). No versículo 4, Paulo dá um caráter bem pessoal com a frase: 'Aquele que nos consola' referindo-se especialmente à sua experiência pessoal vivida naqueles dias com as perseguições e calúnias contra a sua pessoa. Tanto ele quanto seus companheiros de ministério tinham passado por tribulações no mundo, mas tinham também o consolo e a paz de CRISTO JESUS (Jo 14.27; 16.33). Na sequência do versículo 4, Paulo diz que o consolo que recebemos de DEUS em meio às tribulações tem por objetivo servir de bênçãos para nós mesmos, que aprendemos a lidar com as circunstâncias, e nos tornar canais de consolo para outros. Na verdade, esse texto nos fala da responsabilidade do crente em relação aos seus irmãos em CRISTO, quando enfrentam tribulações" (CABRAL, Elienai. A Defesa do Apostolado de Paulo: Estudo na Segunda Carta aos Coríntios. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.36).


VOCABULÁRIO

Gélida: Extremamente fria; gelada, glacial.

Abrolhos: Espinho de qualquer planta.


BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

CABRAL, Elienai. A Defesa do Apostolado de Paulo: Estudo na Segunda Carta aos Coríntios. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

SAIBA MAIS PELA Revista Ensinador Cristão, CPAD, nº 51, p.42.