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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

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Flertando com o inimigo - Hitler
A falsa neutralidade das Testemunhas de Jeová no período nazista
Por Wagner S. Cunha
“Triângulos roxos – as vítimas esquecidas do nazismo”. Este tem sido o tema de diversos seminários e exposições feitos pelas Testemunhas de Jeová ao redor do mundo para chamar a atenção das pessoas às perseguições que sua religião sofreu sob o regime nazista. Quem participa desses seminários, além de ficar impressionado com os horrores do Holocausto Nazista, através dos testemunhos chocantes de pessoas que sofreram nos campos de concentração, é bombardeado com a assertiva de que as Testemunhas de Jeová “não temeram em denunciar o governo zazista”, enquanto “as igrejas se calaram e colaboraram com o nazismo”1. E prosseguem: “As Testemunhas de Jeová são totalmente diferentes das religiões do mundo. Não participam nas guerras das nações...”. “...Quando Hitler estendia a guerra por quase toda a Europa, as Testemunhas de Jeová resistiam às brutais tentativas dos nazistas de fazê-las participar na orgia da matança”2.
Será que tudo isso é verdade? As Testemunhas de Jeová deveriam atentar para o ditado popular: “Quem tem teto de vidro não deve atirar pedras no telhado do vizinho”. Ou, então, para o que disse o Senhor Jesus Cristo: “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?” (Mt 7.3). Apesar de todo o alarde balbuciante das Testemunhas de Jeová em relação ao seu ataque ao nazismo, a verdade é que seus próprios líderes tentaram assumir um compromisso com Hitler ao anunciar lealdade aos princípios do governo Socialista Nacional e engajar-se no anti-semitismo.
Os livros “Testemunhas de Jeová - Proclamadores do reino de Deus” (pp. 693 e 694) e “As Testemunhas de Jeová no propósito divino”(p. 130)3 afirmam que Hitler tornou-se primeiro-ministro da Alemanha em 30 de janeiro de 1933 e, dois meses depois, mais precisamente em 4 de abril de 1933, a sede alemã das Testemunhas de Jeová, em Magdeburgo, foi confiscada. Tal confisco, no entanto, foi anulado em 28 de abril de 1933. Houve um novo confisco em 28 de Junho de 1933 e, no começo de 1934, os nazistas apreenderam 65 toneladas de literatura da seita. Em resposta à primeira invasão, Joseph F. Rutherford (segundo presidente das Testemunhas de Jeová) e Nathan Knorr escreveram uma circular (impressa no “Anuário das Testemunhas de Jeová de 1934”) chamada “Declaração de fatos”. Este ofício foi apresentado na convenção de Berlim e, após o retorno de Rutherford e Knorr a Nova Iorque, as Testemunhas de Jeová alemãs foram instruídas a distribuí-lo (mais de 2 milhões de copias).
As Testemunhas de Jeová, no entanto, alegam em suas literaturas que denunciaram Hitler e seu sistema de governo. Mas o historiador M. James Penton4, num artigo para um periódico cristão5, disse que as Testemunhas de Jeová só tomaram uma posição definitiva contra o governo nazista depois que Hitler rejeitou a “Declaração” delas6. Numa carta pessoal, que acompanhava a “Declaração”, os líderes da seita esforçaram-se para convencer o ditador de que apoiavam os “princípios” do seu governo – sem sombra de dúvida, isto era um esforço para continuarem suas atividades de venda de livros na Alemanha7. Contudo, Hitler não ficou impressionado. Na “Declaração de fatos”, Rutherford escreveu:
“O governo atual da Alemanha declarou-se enfaticamente contra os opressores do grande comércio e em oposição à influência religiosa errada nos assuntos políticos da nação. Esta é exatamente a nossa posição... ‘Longe de estarmos contra os princípios advogados pelo seu governo da Alemanha, nós apoiamos sinceramente esses princípios e sublinhamos que Jeová Deus, através de Jesus Cristo, causará a realização completa destes princípios...”8.
Pseudoneutralidade - Que vergonha!
Que princípios advogavam a Alemanha quando sob o comando de Hitler? No livro das Testemunhas de Jeová, denominado “Aproximou-se o reino de Deus de mil anos” (pp. 8 e 9) diz:
“Pouco tempo depois de os Estados Unidos mergulharem na Segunda Guerra Mundial, obteve-se a informação sobre este plano nazista de documentos nazistas apreendidos e de agentes alemães presos, bem como de diversas outras fontes. Este plano tinha por objetivo uma ordem mundial nazista que Hitler imporia impiedosamente à humanidade se fosse bem-sucedido na Segunda Guerra mundial... (Ele) evidentemente no Santo Império Romano, germânico... De qualquer modo, não houve nenhum restabelecimento do Santo Império Romano, conforme muitos da religião de Hitler haviam esperado”.
Embora seja evidente que a Sociedade Torre de Vigia não acreditava no nazismo, a “Declaração”, no entanto, revela que as Testemunhas de Jeová são tão culpadas quanto as outras religiões que elas acusam de ter apoiado o nazismo. Não obstante as Testemunhas de Jeová citarem com freqüência em sua literatura o livro The Nazi State na The New Religions (O Estado nazi e as novas religiões), da historiadora Christine King (Reitora da Universidade de Stafforshire, na Inglaterra)9 para apoiar sua pseudoneutralidade, não mencionam, porém, o que a dra. King escreveu sobre a “Declaração de fatos”. Por exemplo, numa breve avaliação desse documento, ela faz uma observação que é, se encarada do ponto de vista das Testemunhas de Jeová, extremamente incriminatória. Ela declara:
“O documento é uma obra-prima no gênero e digna das outras quatro seitas (Os Cientistas Cristãos, os Santos dos Últimos Dias, os Adventistas do Sétimo Dia e membros da Nova Igreja Apostólica), tendo todas elas apoiado, de uma maneira ou de outra, o Estado Nazi”10.
Noutro parágrafo, ela diz:
“Tentando assegurar às autoridades, pela ‘Declaração de fatos’, que eram bons cidadãos, tendo interpretado e explicado os seus ensinos de um modo que, dadas às preocupações do regime, pretendia acalmar medos e oferecer uma certa medida de compromisso, as Testemunhas parecem ter esperado que daí em diante não teriam mais incômodos”11.
Em uma total demonstração de desonestidade, os líderes das Testemunhas de Jeová, após condenarem o clero religioso por ter apoiado o nazismo, proclamaram:
“Contudo, houve um grupo na Alemanha que defendeu corajosamente os princípios cristãos. Esse grupo foi as Testemunhas de Jeová. Contrariamente ao clero e aos seus seguidores, as Testemunhas recusaram-se a colaborar com Hitler e com os Nazis. Elas recusaram-se a violar os mandamentos de Deus. Elas não quebrariam a sua neutralidade cristã em assuntos políticos... Elas não atribuíram Heil, ou salvação, a Hitler, como fez a maioria dos rebanhos do clero”.12
Rastros de lama
Mentiras, desonestidades, hipocrisia! É este rastro que acompanha cada período da história das Testemunhas de Jeová.
A quem se referia Rutherford quando mencionou os “opressores do grande comércio”, em sua “Declaração de Fatos?” Ele próprio responde:
“Foram os homens de negócios judeus do Império anglo-americano que estabeleceram e têm mantido os grandes negócios como meio de explorar e oprimir muitas nações... Este fato é tão manifesto na América que existe um provérbio a respeito da cidade de Nova Iorque que diz: ‘Os judeus são donos dela, os católicos irlandeses governam-na e os americanos pagam as faturas”.13
Durante a primeira e a segunda grandes guerras mundiais, as Testemunhas de Jeová e sua liderança criticaram todos os governos, inclusive o alemão, por terem sido manipulados pela Igreja Católica, a quem identificaram com a “Grande prostituta de Babilônia”.14 Apesar disto, a “Declaração de fatos” expõe a hipocrisia das Testemunhas de Jeová:
“(Os) Estudantes da Bíblia estão lutando pelos mesmos objetivos e ideais elevados e éticos que o Reich alemão nacional proclamou a respeito do relacionamento do homem com Deus...não existem pontos de vista conflitantes...mas antes, pelo contrário, no que diz respeito aos objetivos puramente religiosos e apolíticos...estes estão em harmonia completa com...o Governo Nacional do Reich alemão.”15
Conforme vimos anteriormente na publicação das Testemunhas de Jeová, intitulada “Aproximou-se o reino de Deus de mil anos (p. 9), “muitos da religião de Hitler” ficaram desapontados quando este plano falhou. Que havemos de pensar sobre este comentário, sabendo que as próprias Testemunhas de Jeová disseram que estavam “em harmonia completa” com as posições apolíticas e religiosas do terceiro Reich?16 Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento histórico sabe quais eram os “objetivos apolíticos” de Hitler. Só um louco como este ditador poderia orquestrar a aniquilação sistemática de mais de seis milhões de judeus e considerar tal massacre como um ato da vontade divina!
Durante o verão de 1918, os líderes das Testemunhas de Jeová insistiram para que os “estudantes da Bíblia” comprassem War Bonds (Ações de guerra)17. E chegaram ao ponto de apoiar um “Dia de oração nacional” para que a Alemanha fosse derrotada rapidamente18. Não obstante, num artigo da revista A Sentinela (1985, p. 6), atacaram a “cristandade” por ter orado pelo fim da Primeira Guerra Mundial. Sua alegação é que, “em 1914, as tropas alemãs entraram na Bélgica usando um cinto com a inscrição Got mit uns (Deus está conosco). Em ambos os lados, a Igreja foi prolífera em orações pela vitória e mordaz nos insultos ao inimigo”. As Testemunhas de Jeová estão sempre com o dedo em riste, através de propaganda agressiva, acusando os outros, mas, ao mesmo tempo, ignoram suas próprias inconsistências gritantes.
As Testemunhas de Jeová têm feito de tudo para colocar “debaixo do tapete” estes vergonhosos acontecimentos. Dizem que uma Testemunha de Jeová alemã, chamada Mutze, acusou Paul Balzereit (o responsável pela filial alemã das Testemunhas de Jeová) de ter alterado a “Declaração” ao atenuar sua linguagem, e que Balzereit foi quem escreveu a carta a Hitler, o que teria sido supostamente feito sem o conhecimento de Rutherford.19 No entanto, o historiador M. James Penton questionou isso:
“Independente de quem escreveu, editou ou ‘enfraqueceu’ a ‘Declaração’, o fato é que foi publicada como um documento oficial da Sociedade Torre de Vigia. Conseqüentemente, os líderes americanos (das Testemunhas de Jeová)... e o juiz Rutherford, em particular, foram diretamente responsáveis por aquele anti-semitismo descarado com a franca disposição de comprometer os seus anunciados princípios de ‘neutralidade cristã’ com o objetivo de continuar o seu trabalho de publicação e pregação na Alemanha...” 20
E tem mais. O dr. Penton descobriu um relato de proporções chocantes feito por uma testemunha ocular. Konrad Franke, uma adepta alemã, fez o seguinte comentário que apimentava ainda mais o escândalo Testemunhas de Jeová X Hitler: “... tive o privilégio de viajar com o irmão Albert Wandres de Wiesbaden para Berlim... mas ficamos chocados quando chegamos ao Tennis Hall (sede da seita em Magdeburg) na manhã seguinte... Quando entramos, vimos o lugar enfeitado com bandeiras suásticas... quando a reunião começou, foi precedida por uma canção que nós já não cantávamos há muitos anos... as notas eram da melodia de Deustschland, Deustschland, uber alles – Alemanha, Alemanha, acima de tudo. Era o hino nacional alemão. 21
Desculpas esfarrapadas
A Sociedade Torre de Vigia tenta esquivar-se do uso da melodia do hino alemão dizendo o seguinte: “Realmente, o congresso começou com ‘a gloriosa esperança de Sião’, cântico 64 do cancioneiro religioso das Testemunhas de Jeová. A letra desse cântico foi adaptada à música composta por Joseph Haydn, em 1797. O cântico 64 já estava no cancioneiro dos ‘Estudantes da Bíblia’ pelo menos desde 1905. Em 1922, o governo alemão adotou a melodia de Haydn com a letra de Hoffmann Von Fallersleben como hino nacional.”22
Existem vários pontos nos quais a Sociedade Torre de Vigia mente neste relato. Vejamos um deles:
1. O cancioneiro que os ‘Estudantes da Bíblia’ usavam em 1933 não era o mesmo de 1905.
A reunião em que foi adotada a resolução e se entoou o “cântico 64” ocorreu em 1933. Nessa época, as Testemunhas de Jeová usavam o cancioneiro lançado em 1928 (veja o livro “Proclamadores do reino de Deus”, p. 241), portanto seis anos depois de a Alemanha ter escolhido aquela melodia de haydn para o hino alemão.
É irônico que o livro “Proclamadores do reino de Deus” diga:
“1928: Cânticos de Louvor a Jeová. 337 cânticos, uma mistura de hinos novos, escritos pelos ‘Estudantes da Bíblia’, e de outros mais antigos. Na letra, um esforço especial de afastar-se de sentimentos da religião falsa e da adoração de criaturas.”23
Por que seis anos depois de a Alemanha estar usando aquela melodia como hino nacional, as Testemunhas de Jeová decidiram manter no seu cancioneiro uma melodia inconfundivelmente ligada ao hino nacional alemão que glorificava a “Alemanha acima de tudo” (“Deutschland, uber alles”)? Por que, dentre os 337 cânticos que existiam no cancioneiro, tiveram logo de escolher um cântico que qualquer pessoa identificaria com o hino alemão? A razão para a escolha é evidente!
Pela forma como a revista Despertai! (8/07/1998) descreve a “melodia de Haydn”, o leitor fica com a impressão de que tal cântico não passa de mais uma das melodias de Haydn. A verdade é que a revista Despertai preferiu esconder de seus leitores que a melodia, desde a sua origem, é um hino imperial em honra do Kaiser Francisco II.24
“Em 1797, Haydn deu à nação austríaca a empolgante canção Gott erhalte Franz den Kaiser (Deus, salve o Imperador Francisco)”25. A revista Despertai não mostra a seus leitores que a “melodia Haydn” tinha sido, durante mais de 100 anos, o hino da Áustria (1797-1918).26
Quando a Sociedade Torre de Vigia decidiu incluir essa melodia no seu cancioneiro de 1905, ela já possuía uma longa história de mais de um século como hino do Império Austríaco, e também como hino patriótico da Alemanha. No cancioneiro de 1928, a Sociedade decidiu manter a “melodia de Haydn”, ainda que ciente que a mesma tinha sido adotada como hino da Alemanha em 1922.27
Hoje em dia, as Testemunhas de Jeová são proibidas, por seus líderes, de saudar as bandeiras nacionais e de cantar o hino patriótico. Será que as Testemunhas de Jeová alemãs agiam de forma diferente naquele tempo? Vejamos o que livro “O paraíso restabelecido para a humanidade – pela teocracia”, de 1972 (1974 em português), p. 334, comenta:
“(As Testemunhas de Jeová) Discerniram sua comissão do Deus Altíssimo de modo mais claro do que anteriormente e escolheram o proceder apostólico: ‘Temos de obedecer a Deus como governante antes que os homens’, Atos 5.29 ...Apegaram-se a este proceder mesmo no meio da Segunda Guerra Mundial. Apegaram-se a uma estrita neutralidade cristã para as controvérsias internacionais”.
Se Rutherford tinha sido o autor de dois livros defendendo a proeminência profética dos judeus,28 como conciliar sua postura na circular anti-semita alemã, a “Declaração”?
Seu novo conceito sobre o povo judeu era o prelúdio da doutrina do “Israel espiritual/grande multidão”. Daí por diante, Rutherford e outros líderes das Testemunhas de Jeová passaram a espiritualizar muitas promessas bíblicas feitas ao povo judeu afirmando que, agora, tais promessas aplicavam-se à sua “classe ungida.”29 Portanto, como a Sociedade Torre de Vigia poderia continuar apoiando os judeus? Como um anti-semita poderia ser “fiel e discreto”, considerando o fato de que o Rei dos reis é um judeu? Embora a organização das Testemunhas de Jeová, na pessoa de seu primeiro presidente, Charles Taze Russell, apoiasse fortemente o Sionismo30 , Rutherford aboliu esta posição cerca de 16 anos depois da morte de Russell. Vejamos o que Rutherford escreveu:
“...durante a (Primeira) Guerra Mundial os judeus receberam reconhecimento das nações gentias. Em 1917, surgiu a ‘Declaração Balfour’, patrocinada pelos governos pagãos da organização de Satanás, que deu reconhecimento aos judeus e concedeu-lhes grandes favores...Os judeus receberam mais atenção do que realmente mereciam.”31
Isto representa um mudança tremenda em relação aos seus escritos anteriores. No seu livro Life (Vida), Rutherford afirmou que a “Declaração Balfour” era parte do plano divino de Deus para trazer de volta o Israel carnal ao seu favor.32 A “Declaração Balfour” preparou o caminho para a pretensão de Israel de voltar à terra da Palestina, que (supostamente) Deus havia lhe dado há milhares de anos. Contudo, Rutherford deixou de acreditar que os judeus tivessem qualquer parte no plano de Deus, conforme se pode ver no seu livro intitulado “Inimigos”:
“...O clero protestante... juntamente com os rabinos da organização religiosa judaica, seguem a organização Católica Romana agindo de plena harmonia. Todos eles praticam a religião, cujo autor é o diabo.”33
Embora sejam traídas por sua própria literatura, as Testemunhas de Jeová continuam distorcendo e negando o que foi impresso por elas. E escrevem a respeito de si mesmas:
“Coerentes com isso (neutralidade), nunca se meteram tampouco na política de qualquer nação, nem participaram nela, na qual há tanta vituperação e incitação e muitas hostilidades e ódios divisórios.”34
Rutherford, um hipócrita
Considerando a imensa hipocrisia de Rutherford, é possível que as declarações seguintes possam provocar “hostilidades e ódios divisórios” entre a comunidade judaica?
* “Atualmente, os assim chamados ‘protestantes’ e o clero judeu cooperam abertamente e são controlados pelas mãos da hierarquia Católica Romana, como simplórios palermas...”35
* “Entre os instrumentos que ela (a ‘Prostituta de Babilônia’) usa estão os homens ultra-egoístas chamados ‘judeus’, que só procuram o lucro pessoal.”36
Será que Rutherford alguma vez leu Romanos 11, quando Paulo previne os crentes contra o orgulho sobre o estado de desgraça do Israel natural:
“Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também. Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira! (vv. 19-24).
Os fatos mostram que Rutherford estava bem familiarizado com esse texto, visto que tece longo comentários a respeito em seu livro Deliverance (Retribuição), dizendo que ainda havia esperança para o Israel carnal.37 Mas acabou mudando de idéia, teve uma “nova luz”. Embora não duvidemos da sincera dedicação das Testemunhas de Jeová às ordens da Sociedade Torre de Vigia, desconfiamos, porém, da honra e da integridade dos membros do Corpo Governante (liderança máxima dessa seita). Por que não praticaram o que obrigaram os outros a pregar? Por que permitiram que centenas de adeptos morressem nos campos de concentração depois de eles mesmos (membros do Corpo Governantes) terem cortejado as boas graças do Fuher? Vejamos o que escreveram:
“Atualmente, os governantes, em particular o clero, não estão orgulhosos do seu registro durante a Guerra Mundial, e quando as Testemunhas de Jeová chamam a atenção para as ações infiéis e iníquas cometidas nesse tempo e continuamente desde então, o clero e os seus aliados sentem uma vergonha que os atormenta porque são denunciados e, por isso, tentam impedir a publicação da verdade...no que diz respeito aos seus atos durante a guerra, à sua infidelidade a Deus e à sua ligação com o diabo. Eles não encontram nenhuma glória no registro que fizeram e que continuam a fazer.”38
Duas ex-Testemunhas de Jeová alemãs, Mehmet Aslan e Grenzach-Wyhlen, disseram acertadamente que os métodos usados pelos líderes dessa seita fazem lembrar, em muito, os métodos do sistema político de Hitler: atropelam os direitos humanos por restringir a liberdade de expressão. Expulsam de seu meio qualquer pessoa que tenha idéia contraria à liderança. Liberdade de expressão só é possível dentro dos limites impostos pelo Corpo Governante.
Em vista de tudo isso, não podemos deixar de enfatizar, mais uma vez: pessoas com telhado de vidro jamais deveriam publicar qualquer tipo de literatura ou tratado que ajude os outros a apanhá-las em sua falta! A tendência é a máscara cair.
Notas:
1 Brochura, “Holocausto, Sociedade Torre de Vigia”, pp. 22-30.
2 Id. p.31
3 “Despertai!” – 22/08/1995
4 Foi por quatro gerações Testemunha de Jeová, é professor de História e Estudos Religiosos na Universidade Lethbridge (Canadá) e autor do livro: “Apocalypse Delayed” (Apocalipse adiado), um dos melhores livros sobre a história das Testemunha de Jeová.
5 M.J. Penton, “A Story of Attemmpted Compromise: Jehovah’s Witnesses, Anti-semitism, and the Third Reich “(Uma história da tentativa de compromisso: As Testemunhas de Jeová, o anti-semitismo e o terceiro reich), Christian Quest Journal, Vol. 3, n° 1, primavera 1990, Ed. M. James Penton (Pub. Robert S. Righetti, Idyllwild, Ca)
6 id. p. 39.
7 Ib. pp. 37-38,42
8 Anuário das Testemunhas de Jeová de 1934, “Declaração de fatos”, pp. 135-136.
9 Despertai! 22/08/1995 , A Sentinela 1/10/1984.
10 Christine Elizabeth King, The Nazi State and The New Religions: Five Case Studes in Non-Conformity (O Estado Nazi e as Novas Religiões: Cinco casos de Estudo de inconformismo) [New York & Toronto: The Edwin Mellen Press, 1982), pp. 151 e152.
11 Ib.
12 Despertai! 8/06/1985, p. 10.
13 Ib. p. 134.
14 Despertai! – 22/08/95.
15 Anuário das Testemunhas de Jeová de 1934.
16 No Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975, p. 111, diz: “Muitos ficaram desapontados com a ‘Declaração’, visto que, em muitos pontos, deixara de ser tão forte como muitos irmãos esperavam.”
17 Watchtower (A Sentinela) 15/05/1918, pp. 152,153, Junho de 1918, pp. 168, 169 (edição em Inglês).
18 Watchtower , 1918, p. 6271.
19 Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975, pp. 110 e111.
20 Christian Quest Journal, Vol. 3, p. 42
21 Franke Conrad, altamente reconhecido pela comunidade das Testemunhas de Jeová como um líder fiel. Na revista A Sentinela 15/02/31, p. 31, sob o título “Morre um fiel ‘guerreiro’ na Alemanha”; Conrad serviu como superintendente de filial e, até a ocasião de sua morte, como membro da Comissão na filial alemã das Testemunhas de Jeová.
22 Despertai! 8/07/1998, 13.
23 “Proclamadores do reino de Deus, 1993, p. 241.
24 Encyclopedia Britannica, “Haydn, Joseph”
25 ib.
26 ib.
27 A Áustria era a terra Natal do “Fuher”, constituindo a “melodia de Haydn” um som sem dúvida agradável a Hitler. Por outro lado, tendo ele se naturalizado alemão, também se deleitaria em ouvir aquele que era o antigo e agora ressurgido hino do Reich.
28 Vida, em 1929 e Conforto Para os Judeus, 1925.
29 livro “Vindicação”, Vol. 2, 1932, pp. 257-258.
30 Movimento político e religioso judaico iniciado no século XIX visando o restabelecimento, na Palestina, de um Estado judaico, fato ocorrido em maio de 1948, quando foi proclamado o Estado de Israel.
31 J. F. Rutherford, “Vindicação”, vol. 2, p. 258.
32 J.F.Rutherford, Life (“Vida”), 1929, pp. 125-144.
33 J. F. Rutherford, “Inimigos”, 1937, p. 184.
34 “Está próxima a salvação do homem da aflição mundial!”, 1976 , p. 178, parágrafo 13 .
35 J.F. Rutherford ,“Inimigos”, 1937, p.194
36 Ib. p. 245.
37 J. F. Rutherford, Deliverance (“Retribuição”), 1926, pp. 329-331.
38 Jehovah’s Witnesses In the Divine Purpose (“As Testemunhas de Jeová no propósito divino”, 1959, p.143)

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