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terça-feira, 4 de setembro de 2012

A Sinagoga

Maputo













“E me farão um Santuário, e morarei entre eles”. (Êxodo 25:8)

Uma sinagoga é qualquer edifício ou sala destinada para servir de um lugar para rezar. Isto sempre foi, e continua a ser, o seu objectivo primordial. No entanto, em toda a literatura rabínica, é apenas uma vez, que é referida como uma Casa de Orações (Guitin 39b – Beit Tefilá). Desde os seus primórdios, depois da destruição do Primeiro Templo, em 586 a.e.c., até hoje, ela é denominada Beit Kenesset, que quer dizer, literalmente, Casa de Congregação, Cada de Reunião.
O termo grego para uma casa judia de orações – onde deriva a palavra sinagoga – é, com efeito, uma tradução literal de Beit Kenesset.
O próprio nome ressalta que a sinagoga servia a objectivos além do de ser um lugar de culto público.

O seu papel adicional mais importante é o de ser um centro de estudos religiosos, especialmente para adultos. É por isso que Beit Midrash, Casa de Estudos, se tornou quase sinónimo de Beit Kenesset. O Beit Midrash pode ter sido uma sala separada, anexada ao Beit Kenesset, ou um só lugar que servia para ambas as finalidades.
O judaísmo tem sempre incentivado o estudo da Torá, durante a vida inteira, sendo o estudo considerado mais importante do que até a reza (“e o estudo da Torá equivale a todos os mandamentos”).
Portanto o estudo da Torá não se tornou apenas parte integrante do serviço das orações, mas é cultivado em grupos que se reúnem antes ou logo depois das orações, para estudar a Torá.
O papel da sinagoga como um Beit Midrash, um lugar para a contínua educação dos judeus, se manteve constante e inalterado.
A leitura pública da Torá, o sermão semanal (“drashá”) ou palestra proferida pelos sábios, que é uma tradição que remonta ao início da era talmúdica, fazem parte do programa de estudos, que se tornou parte integrante do serviço.
Ademais, a ordem das rezas contém passagens através de cujas leituras cumpre-se o dever mínimo do estudo diário da Torá.

A sinagoga tem servido frequentemente como um centro de educação formal de crianças e jovens. O Talmud relata que “havia em Jerusalém 480 sinagogas, e cada uma tinha uma escola primária (Beit Sêfer) e uma escola secundária (Beit Talmud). No Beit Sêfer ensinava-se a Bíblia e no Beit Talmud, a Mishná”. Esta função variava, através dos séculos, de país para país e de comunidade para comunidade.
Como uma extensão de suas funções educativas, as sinagogas ofereciam, também, os serviços de uma biblioteca. Há uma lei que preceitua que “os habitantes de uma cidade podem obrigar-se mutuamente... a comprar um Rolo da Torá e os Livros dos Profetas e das Escrituras, a fim de possibilitar a sua leitura a quem desejar lê-los.
Nos nossos dias, em que há livros impressos..., pode-se obrigar a comprar os livros necessários, como toda a Bíblia com o comentário de Rashi, a Mishná, o Talmud inteiro, o Código de Maimônides, as quatro partes do Shulchan Aruch, para que qualquer pessoa que assim o desejar poder estudar por eles”.

Era na sinagoga ou no Beit Midrash que tal biblioteca religiosa estava localizada, para o uso do público.

A sinagoga foi também, por deliberação ou porque, era via de regra, o único edifício público da comunidade, o lugar onde se realizavam reuniões comunitárias e assembleias e onde se deliberava sobre os assuntos rotineiros da comunidade.

A sinagoga servia, também, como o órgão de assistência social, angariando fundos, dispensando auxílio aos pobres, empréstimos aos necessitados e providenciando hospitalidade aos viajantes.
A sinagoga era, frequentemente, a sede do Tribunal Rabínico (Beit Din).

A denominação Beit Kenesset, Casa de Reunião, reflecte mais precisamente o escopo largo de actividades tradicionais oferecidas pela sinagoga, do que Beit Tefilá, Casa das Orações.
No entanto, a tradição atribui à sinagoga não apenas grande importância como também grande santidade.
Os nossos sábios consideraram a sinagoga segunda em importância ao Templo de Jerusalém, referindo-se a ela (e a locais de estudo, em geral) como um “Mikdash Meat”, um pequeno Santuário (Meguilá 29a). Eles derivaram esta designação do Livro de Ezequiel, 11,16, onde está escrito “e fui para eles um pequeno Santuário”.

A Presença Divina na sinagoga é continuamente ressaltada. É típica a interpretação dada ao Salmo 82, 1: “D-us está na congregação de D-us”, no sentido de que a Presença Divina está na sinagoga.
Rezar na sinagoga é mais meritório do que rezar em qualquer outro lugar.
A sinagoga é tratada com grande respeito e carinho pelos nossos sábios. Não há dúvida de que ela desempenhou um papel vital não apenas na promoção e no fortalecimento da fé de Israel, mas também, como uma força social unificadora da comunidade.

Por mais central que a instituição da sinagoga tenha sido sempre na vida judaica, nunca foi um sinónimo de judaísmo. Há sinagogas, porém não existe A Sinagoga como a instituição autêntica da fé. O Judaísmo tem a sua expressão na Torá Escrita e Oral, e não em instituição alguma. Antigamente o Sinedrin, o Supremo Tribunal Religioso, exercia uma autoridade centralizada. Porém, há dezoito séculos essa autoridade está dispersada entre os dirigentes rabínicos das suas respectivas comunidades.

A sinagoga é um lugar sagrado apenas por motivo do uso ao qual se destina – oração e estudo religioso. Como uma instituição, ela preenche certas funções que a fé exige, isto é, rezas, estudo, assuntos comunitários e actividades de assistência social. A sua função é também incentivar a vida religiosa da comunidade judaica e contribuir para a sua coesão. A sinagoga é apenas um instrumento da fé judaica.

Ademais, o funcionamento de uma sinagoga não depende de um clérigo. Todo o serviço religioso pode ser e geralmente é conduzido por leigos, que têm os necessários conhecimentos e a capacidade para tal.
A administração e manutenção são geralmente da responsabilidade de leigos, voluntários ou eleitos para os respectivos cargos de liderança, embora seja usual e desejável, que a congregação contrate um rabino para ser o guia religioso, dar orientações e ser o líder espiritual.
Existem sinagogas, especialmente as pequenas, que funcionam sem um rabino.

Tradicionalmente, um rabino servia uma comunidade e não uma sinagoga.

Os ideais religiosos do judaísmo e a sua consciência social não precisam ser necessariamente expressos através da instituição de uma Casa de Culto. Eles podem ser, e frequentemente são, expressos através de outros órgãos da comunidade judaica. Nem é necessário que sejam expressos por um líder oficial da sinagoga ou um funcionário religioso, para serem expressões oficiais do judaísmo.
A medida em que a sinagoga é representativa do judaísmo – além de sua função de local de reunião para as orações – é determinado, em grande parte, pelo calibre dos membros da sua liderança (tanto rabinos como leigos) e pelo calibre e compromisso da própria congregação

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