Triângulos Roxos as vítimas esquecidas do Nazismo
“Eles me fazem acreditar na
infinita capacidade humana de amar.” Assim se expressou um professor
universitário após assistir ao Seminário Triângulos Roxos — As Vítimas
Esquecidas do Nazismo, realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo, em maio de
1999. O que o levou a tal conclusão? Qual foi o objetivo desses seminários? Por
que foram realizados no Brasil, um país tão distante do local onde ocorreu o
Holocausto? E, afinal, quem eram os “triângulos roxos”?
O objetivo dos seminários
Com o cabeçalho “Testemunhas
de Jeová relembram perseguição”, o jornal O Estado de S. Paulo esclareceu: “A
discriminação registrada entre
1933 e 1945 afetou a vida de cerca de dez mil alemães que professavam a doutrina
das Testemunhas, contrária à política belicista de Adolf Hitler, . . . e dois
mil perderam a vida.” O jornal Folha de S.Paulo acrescentou: “Os nazistas
perseguiram, além de judeus, ciganos, homossexuais e comunistas, cristãos que se
recusavam a aderir ao regime. É o que as Testemunhas de Jeová vêm procurando
divulgar e debater em vários países, incluindo o Brasil.” Nos campos de
concentração “elas recebiam uma insígnia de identificação própria: um triângulo
roxo”.
Os historiadores, escritores e sobreviventes, alguns dos quais vieram do exterior especialmente para os seminários, destacaram a importância da resistência espiritual oferecida pelas Testemunhas de Jeová ao regime nazista. A resistência delas não foi armada. Elas resistiram por se apegarem a seus princípios apesar do preconceito, da propaganda contrária e da perseguição.
Os historiadores, escritores e sobreviventes, alguns dos quais vieram do exterior especialmente para os seminários, destacaram a importância da resistência espiritual oferecida pelas Testemunhas de Jeová ao regime nazista. A resistência delas não foi armada. Elas resistiram por se apegarem a seus princípios apesar do preconceito, da propaganda contrária e da perseguição.
Vítimas por opção
Os oradores chamaram a
atenção também para o fato de as Testemunhas de Jeová terem sido vítimas por
opção. “A guerra nazista contra os judeus visava a sua aniquilação e os deixou
com poucas opções para escapar”, explicou o Dr. Abraham J. Peck, Diretor
Executivo do Museu do Holocausto de Houston, Texas, EUA. “A perseguição nazista
contra as Testemunhas de Jeová visava a erradicação da religião. Por
conseguinte, as Testemunhas de Jeová recebiam dos nazistas a oferta de
liberdade, caso renunciassem à sua fé. A maioria das Testemunhas preferiu sofrer
e enfrentar a morte junto com as outras vítimas do nazismo a apoiar a ideologia
nazista de ódio e violência.”
Como judeu polonês, o Dr. Ben Abraham, agora vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo, passou cinco anos e meio em campos de concentração onde conheceu pessoalmente várias Testemunhas de Jeová. Ele disse: “A diferença entre as Testemunhas e todos os outros prisioneiros é que, se renunciassem à sua fé e se comprometessem a denunciar os outros que praticavam a mesma crença, seriam soltas na hora. Mas preferiam permanecer presas a renunciar à fé.”
Como judeu polonês, o Dr. Ben Abraham, agora vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo, passou cinco anos e meio em campos de concentração onde conheceu pessoalmente várias Testemunhas de Jeová. Ele disse: “A diferença entre as Testemunhas e todos os outros prisioneiros é que, se renunciassem à sua fé e se comprometessem a denunciar os outros que praticavam a mesma crença, seriam soltas na hora. Mas preferiam permanecer presas a renunciar à fé.”
“Como uma pessoa poderia
renunciar à sua fé em Deus e ainda ter uma consciência livre, uma relação
verdadeira com Deus?”, argumentou Rudolf Graichen, uma Testemunha de Jeová que
sobreviveu ao ataque nazista. Outra sobrevivente, Magdalena Kusserow Reuter,
disse: “Eu me recusava a dizer ‘Heil Hitler’ e a apoiar o regime. Hitler queria
ser o Messias, e nós não o reconhecíamos como tal.” Magdalena permaneceu três
anos e meio no campo de concentração de Ravensbrück. As 800 pessoas que
assistiram aos seminários no Rio de Janeiro e em São Paulo acharam os relatos
dos sobreviventes muito comoventes.
A pesquisadora, com doutorado em ciência política, Rochelle Saidel, que tem estudado a situação das mulheres sob o regime nazista, disse no seminário que muitas prisioneiras em Ravensbrück foram mortas por tortura, fuzilamento, injeções letais e em experiências médicas. Segundo o escritor Michael Stivelman, que participou do programa, é importante resistir à tentação de “esquecer, de considerar tudo um pesadelo que acabou, que não existe mais”!
A pesquisadora, com doutorado em ciência política, Rochelle Saidel, que tem estudado a situação das mulheres sob o regime nazista, disse no seminário que muitas prisioneiras em Ravensbrück foram mortas por tortura, fuzilamento, injeções letais e em experiências médicas. Segundo o escritor Michael Stivelman, que participou do programa, é importante resistir à tentação de “esquecer, de considerar tudo um pesadelo que acabou, que não existe mais”!
Mas os eventos não tiveram por objetivo apenas recordar as atrocidades cometidas pelo nazismo. Os exemplos positivos que eles destacaram sobre a capacidade humana de resistir ao mal e de amar são lições para as novas gerações. Em todas as partes do mundo, muitos jovens se confrontam com uma escolha difícil: seguir a maioria ou apegar-se a seus princípios. É por isso que os exemplos dos que resistiram durante o nazismo são tão valiosos − até mesmo em países que não presenciaram o Holocausto!
Um dos pontos altos dos seminários foi a exibição do documentário em vídeo intitulado As Testemunhas de Jeová Resistem ao Ataque Nazista. A edição especial desse vídeo para salas de aula, apresentada por James Pellechia, representante da sede mundial das Testemunhas de Jeová, em Nova York, contém 28 minutos de comentários históricos e relatos de sobreviventes de campos de concentração. Uma cópia do vídeo e sugestões sobre como usá-lo nas salas de aula estão sendo fornecidas gratuitamente aos professores.
A reação
Os eventos foram muito bem
recebidos pelas autoridades e pelos educadores. Num telegrama, o governador do
Estado do Rio de Janeiro escreveu: “Eventos como esse [que] servem para formar
novas consciências e evitar novas agressões aos direitos da humanidade terão
sempre o meu total apoio.” E o Secretário de Saúde daquele Estado disse que é
‘de suma importância manter viva na memória os crimes hediondos cometidos contra
a humanidade. Desta forma, se transmitirá às novas gerações referências éticas
para sua formação e escolha de valores na construção de um mundo mais fraterno e
humanitário’.
Alguns na assistência nunca tinham ouvido a história dos triângulos roxos. Uma professora admitiu: “Eu desconhecia essas peculiaridades sobre as Testemunhas de Jeová. Saber isso foi positivo e interessantíssimo.” Assim como ela, muitos educadores perceberam prontamente o enorme potencial de ajuda aos jovens que tais exemplos positivos podem fornecer. Na mesma semana, uma professora que assistiu ao seminário no Rio usou uma aula inteira para discutir o assunto com os alunos e exibiu o vídeo As Testemunhas de Jeová Resistem ao Ataque Nazista. O professor mencionado no início deste artigo, Francisco C. T. Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), exibiu o vídeo para mais de 200 estudantes universitários e professores que assistiram a um seminário sobre totalitarismo. E o Reitor Jacques Marcovitch, da Universidade de São Paulo (USP), assistiu ao vídeo com a família e elogiou o material didático acompanhante.
Sem dúvida, os seminários Triângulos Roxos — As Vítimas Esquecidas do Nazismo provam que o espírito humano pode triunfar sobre o autoritarismo. Como disse Napoleão Bonaparte: “Existem apenas dois poderes no mundo: o espírito e a espada. A longo prazo, a espada sempre será conquistada pelo espírito.”
Alguns na assistência nunca tinham ouvido a história dos triângulos roxos. Uma professora admitiu: “Eu desconhecia essas peculiaridades sobre as Testemunhas de Jeová. Saber isso foi positivo e interessantíssimo.” Assim como ela, muitos educadores perceberam prontamente o enorme potencial de ajuda aos jovens que tais exemplos positivos podem fornecer. Na mesma semana, uma professora que assistiu ao seminário no Rio usou uma aula inteira para discutir o assunto com os alunos e exibiu o vídeo As Testemunhas de Jeová Resistem ao Ataque Nazista. O professor mencionado no início deste artigo, Francisco C. T. Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), exibiu o vídeo para mais de 200 estudantes universitários e professores que assistiram a um seminário sobre totalitarismo. E o Reitor Jacques Marcovitch, da Universidade de São Paulo (USP), assistiu ao vídeo com a família e elogiou o material didático acompanhante.
Sem dúvida, os seminários Triângulos Roxos — As Vítimas Esquecidas do Nazismo provam que o espírito humano pode triunfar sobre o autoritarismo. Como disse Napoleão Bonaparte: “Existem apenas dois poderes no mundo: o espírito e a espada. A longo prazo, a espada sempre será conquistada pelo espírito.”
(Fonte: g99 8/11)
A exposição
Os seminários Triângulos
Roxos no Brasil incluíram uma exposição de 61 painéis, com 360 fotos e 112
documentos, preparada para ajudar a atual geração a compreender as condições que
propiciaram o aparecimento do nazismo. Os painéis contam os eventos em ordem
cronológica: iniciando com o irrompimento da Primeira Guerra Mundial, em 1914,
descrevem a ascensão de Hitler e a perseguição das Testemunhas de Jeová.
A exposição, que é itinerante, deverá percorrer o país. No mês de agosto/99 ela ficou exposta em São Paulo no Centro Universitário Maria Antonia, da USP, onde foi vista por mais de 9.000 pessoas. Novas mostras já estão agendadas para universidades em outras localidades.
A exposição, que é itinerante, deverá percorrer o país. No mês de agosto/99 ela ficou exposta em São Paulo no Centro Universitário Maria Antonia, da USP, onde foi vista por mais de 9.000 pessoas. Novas mostras já estão agendadas para universidades em outras localidades.
Se desejar conhecer melhor as Testemunhas de Jeová
visite o site oficial:
Quando a
exposição passou por Joinville em 2001, tive o privilégio de ser um dos
monitores voluntários. Nem imaginava que um ano depois estaria cursando o curso
de História da Univille (local do evento). Em 2007, tive a oportunidade de
visitar a exposição fixa na sede - Betel do Brasil no estado de São Paulo (Local
das fotos).
Mais fotos da exposição...
Fotos de Rafael Vicente
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