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terça-feira, 19 de junho de 2012

Meu coração está cheio de ódio





Em Jeremias 6.10, o profeta disse: "A quem falarei e testemunharei, para que ouça? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos e não podem ouvir; eis que a palavra do SENHOR é para eles coisa vergonhosa; não gostam dela". Quando o profeta disse isso, estava cheio de furor em razão de o povo não gostar da Palavra de Deus. "Pelo que estou cheio do furor do SENHOR" (v.11), completou Jeremias.

Já fui acusado por pessoas que adotam uma postura de fã de estar cheio de ódio. Isso porque tenho verberado contra heresias e modismos de seus super-pregadores e cantores-ídolos. Mas, sabe de uma coisa? Eles até que estão certos! Afinal, se o profeta Jeremias estava cheio de furor, isto é, de ira, fúria, da parte do Senhor, em razão do descaso para com a Palavra de Deus, por que eu não posso estar cheio de ódio pelo mesmo motivo?

Sim, eu também estou cheio de fúria, ira, furor, ódio... Quer saber de quê?

Tenho ódio das cantorias intermináveis, haja vista diminuírem ou suprimirem, nos cultos, o tempo destinado à exposição da Palavra de Deus. Por graça de Deus, tenho sido convidado para pregar desde os meus dezoito anos, e em alguns lugares fico com a impressão de que, se pudessem, excluiriam a pregação do programa... Entretanto, em seu ministério, Jesus pregou e ensinou muito mais do que cantou.

Ao denunciar a atitude de líderes que não respeitam a Palavra de Deus, John F. MacArthur Jr. verberou: "Eles estão consentindo que a dramatização, a música, a recreação, o entretenimento, os programas de auto-ajuda e iniciativas semelhantes eclipsem o culto e a comunhão dominical tradicionais. Aliás, na igreja contemporânea tudo parece estar na moda, exceto a pregação bíblica. O novo pragmatismo encara a pregação (particularmente, a pregação expositiva) como antiquada" (Com Vergonha do Evangelho, Editora Fiel, p.8).

Tenho ódio de shows e toda a sua parafernália, que ajuntam milhares de pessoas, levam-nas ao delírio, mas também as afastam da Palavra de Deus, da manifestação genuína dos dons espirituais, da reverência, da verdadeira adoração em espírito e em verdade, etc. "Ah, mas muitas pessoas vão à frente", alguém dirá. Oh, sim, é verdade, porém não há base bíblica para justificar erros valendo-se de supostos acertos. Já pensou se alguém passasse a noite toda com uma chamada mulher de vida fácil, e depois dissesse: "O importante é que eu a evangelizei"?

John F. MacArthur Jr. também afirmou: "A metodologia tradicional — especialmente a pregação — está sendo descartada ou menosprezada em favor de novos métodos, tais como dramatização, dança, comédia, variedades, grandiosas atrações, concertos populares e outras formas de entretenimento. Esses novos métodos são supostamente, mais 'eficazes', ou seja, atraem grandes multidões. E, visto que, para muitos, a quantidade de pessoas nos cultos tornou-se o principal critério para se avaliar o sucesso de uma igreja, aquilo que mais atrair público é aceito como bom, sem uma análise crítica. Isso é pragmatismo" (Com Vergonha do Evangelho, Editora Fiel, p.8).

Tenho ódio do novo estilo de vida "cristão", seguido pela "geração de adoradores-fãs", que citam letras de canções e chavões de animadores de auditório de cor e salteado, porém desconhecem o ABC da Bíblia. Afirmam, quando alguém os questiona: "Eu acho isso; eu acho aquilo". Nenhum deles se posiciona com base na Palavra de Deus (1 Pe 3.15; 2 Tm 2.15).

Pergunte a esses "fã-náticos" de plantão se eles sabem de fato o que é salvação, graça, misericórdia, vida cristã, evangelização, fazer discípulos, santificação, fruto do Espírito, dons espirituais, renúncia, culto racional, reverência, etc. Pergunte a eles se sabem o que é o Arrebatamento da Igreja, e o que acontecerá nesse grande Dia. Será que sabem diferençar o Tribunal de Cristo do Trono Branco? Sabem o que será a Grande Tribulação? Lêem eles a Bíblia Sagrada e oram diariamente? Freqüentam a Escola Bíblica Dominical?

Tenho ódio dessa superfluidade que impera no meio evangélico, a qual tem levado muitos crentes a valorizarem o que não tem valor, e desprezarem o que verdadeiramente é precioso.

O conceito de que a igreja precisa se tornar como o mundo a fim de ganhar o mundo para Cristo alcançou o evangelicalismo como uma tempestade súbita. Hoje, cada atração mundana contemporânea tem sua imitação "cristã". Temos grupos de motociclistas cristãos, equipes cristãs de musculação, clubes cristãos de dança, parques de diversão cristãos, e já li sobre a existência de uma colônia de nudismo cristã.

Muitos jovens, que podiam passar a noite orando e estudando a Palavra de Deus, divertem-se em bares "evangélicos". Isso graças ao relativismo e às efemeridades que aprendem de seus cantores-ídolos e super-pregadores, que não amam as Escrituras.

Tenho ódio de canções e falações humanistas ou antropocêntricas, que levam o crente a supervalorizar o poder de suas declarações de fé, esquecendo-se de depender inteiramente do Senhor e submeter-se a Ele como servo. Essa geração de "sonhadores apaixonados" não faz outra coisa a não ser profetizar isso e aquilo, na hora em que bem entendem... "Somos boca de Deus na Terra", dizem. Mas a verdadeira autoridade têm aqueles que valorizam a Palavra de Deus, e não as suas palavras mágicas (Hb 4.12; Tg 5.17).

Mas não tenho ódio de nenhuma pessoa. Não odeio nem o Diabo! Por quê? Ora, se eu odiá-lo, estarei me igualando a ele! Eu aborreço, sim, as suas obras. Por isso, sigo a Cristo e me sujeito a Ele (Tg 4.7), sendo fiel ao que a Palavra do Senhor diz em 1 João 3.8: "Quem comete pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo".

Não obstante, sei que é praticamente impossível convencer os que estão no erro. É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha... É muito mais simples para eles me considerarem um extremista, um extraterrestre, alguém que está na contramão ou coisa parecida.

Mesmo assim, insisto em dizer-lhes que é preciso voltar. "Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas" (Jr 6.16).

Trecho do livro Mais erros que os pregadores devem evitar, do pastor Ciro Zibordi

A-BD

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