sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Deus continua vivo?
O avanço da ciência e da técnica não melhorou a compreensão do mistério do ser supremo para a vida do homem. Os homens primitivos identificavam Deus nas forças naturais que não conheciam a origem. O homem moderno, detentor de tantos conhecimentos, procura as palavras da ciência para caracterizar o ser supremo: é uma força, é uma energia, etc.
O fenômeno religioso é comum a todos os povos e não existe sociedade, atual ou primitiva, que não apresente a crença em um ou mais seres superiores ao homem. A religião nasce quando a crença se estrutura e estabelece seus ritos e doutrinas, fazendo parte da formação cultural de um povo. Toda religião sofre o desafio de conviver com o seu tempo e de fornecer respostas às indagações dos homens.
Não há dúvida que as religiões são construções humanas e como tais existem porque o homem necessita delas. A civilização ocidental foi marcada pela hegemonia do cristianismo de tal modo que toda crítica a religião pode ser dirigida diretamente às igrejas cristãs e, mais particularmente, a igreja católica.
O cristianismo é uma religião cuja doutrina emana de um período histórico especial, vivido nos primeiros cem anos da era cristã e que está relatada no novo testamento. O cristianismo difere das demais religiões monoteístas pois o Jesus Cristo não foi apenas um profeta que indicou caminhos da relação dos homens com Deus e dos homens entre si. Jesus era o próprio Deus que se historicizou. Ou seja, saiu da eternidade e entrou no tempo.
As religiões cuidam de indicar o modo de relação do homem com Deus e com seus semelhantes. Como construções humanas, também se afastam ou extrapolam nesta tarefa. Quando isto ocorre - e a história tem exemplo em todas as religiões - a crítica pode ser dirigida a própria religião ou a seu fundamento último: Deus
A promulgação da morte de Deus, pela constatação de falta de espaço em nossa cultura, mostrou-se filosoficamente instigante, mas sem respaldo na realidade atual. Há uma grande quantidade e diversidade de religiões, com suas igrejas e seitas. O fenômeno religioso adquiriu outras formas mas não se acabou.
O ateísmo apresenta construções teóricas bem erigidas mas sem conseqüências práticas. Reconhecer a religião como construção humana não é o mesmo que reconhecer Deus como invenção dos nossos antepassados. A existência de Deus não comporta provas científicas ou matemáticas, ele faz parte da experiência humana singular e pode ser sentido mais próximo ou distante da vida.
Deus continua vivo para os que acreditam e para os que não acreditam. Há várias mediações para contatá-lo e quem não estiver satisfeito com as existentes pode criar a própria. De minha parte, prefiro a mediação proposta no cristianismo adaptada ao nosso tempo pela igreja católica.
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