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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

26/01/2011 - 15h06 / Atualizada 26/01/2011 - 15h56

Pelo menos 860 pessoas são detidas durante manifestações no Egito

Do UOL Notícias*
Em São Paulo

Manifestantes entraram em confronto com a polícia no Egito pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira (26), desafiando a proibição de passeatas imposta pelo governo. Autoridades do serviço de segurança do país afirmaram à agência de notícias AP que 860 pessoas foram detidas em diversos pontos do Egito desde ontem.

Protestos no Egito

Foto 22 de 32 - 26.jan.2011 - Policiais e manifestantes voltaram a se enfrentar nesta quarta-feira no centro do Cairo e na cidade de Suez, a leste da capital, no segundo dia de protestos contra o governo Mubarak, no poder há três décadas, e apesar da proibição decretada pelas autoridades Ben Curtis/ AP
Os manifestantes começaram a se reunir nos arredores da Corte Suprema e do Sindicato de Jornalistas às 15h30 (11h30 de Brasília), entre fortes medidas de segurança.

Os enfrentamentos se intensificaram uma hora depois quando os participantes bloquearam a via principal e as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha, como a Agência Efe pôde constatar.

Após o ataque da Polícia, que perseguiu os manifestantes com paus e jatos de água, muitos correram para se refugiar na estação de metrô mais próxima, Nasser, cujo nome presta homenagem ao ex-presidente Gamal Abdel Nasser.

A enorme quantidade de pessoas colapsou as entradas da estação, cujas portas ficaram seriamente danificadas, da mesma forma que os veículos estacionados na avenida e o comércio de rua.

Os egípcios pedem a saída do ditador Hosni Mubarak, 82, há décadas no poder, e criticam os altos preços, as condições sociais no país e o desemprego. Segundo analistas e manifestantes, os protestos tiveram inspiração nas manifestações da Tunísia, onde passeatas e demonstrações populares derrubaram o ditador Ben Ali.
  • Arte UOL
Depois das manifestações de ontem, o ministério do Interior já havia anunciado que não permitiria “nenhum ato de provocação, reunião de protesto ou passeata", mas grupos organizados divulgaram pela internet que sairiam às ruas nesta quarta mesmo com a advertência das autoridades.
A Bolsa de Valores do Egito encerrou a sessão de hoje com queda de 6,1%, em meio ao aumento das tensões políticas no país.

Anseio de mudanças

Em ano eleitoral, muitas pessoas no Egito entendem estes eventos como sinais da vulnerabilidade do presidente, há quase 30 anos no poder, e que recentemente tem sofrido problemas de saúde. Especula-se que Mubarak tentará impor seu filho Gamal como sucessor, apesar da oposição da população e de parte do exército. O controle imposto pelo governante nos últimos anos impede o surgimento de uma oposição.
Para Catherine Ashton, chefe da diplomacia da União Europeia, as manifestações são um "sinal" do anseio de milhares de egípcios por uma "mudança política" no país.
"Milhares de egípcios se concentraram nas ruas do Cairo para expressar seu desejo de uma mudança política. A UE acompanha de perto estas passeatas (...), que são um sinal dos anseios de muitos egípcios, após os acontecimentos na Tunísia", declarou Ashton nesta quarta-feira.
Além disso, destacou que as autoridades egípcias deveriam "escutar" os manifestantes, "respeitando e protegendo o direito" do povo de "manifestar suas aspirações políticas através de passeatas pacíficas".
A Casa Branca disse na terça-feira que o governo egípcio deve ser "sensível" às aspirações da população, e afirmou que o presidente deve "levar a cabo reformas políticas econômicas e sociais".
A França, por sua vez, lamentou as mortes ocorridas durante as manifestações, enquanto Israel disse esperar que a rebelião egípcia não influencie negativamente as relações entre os dois países.
*Com agências internacionais

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