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domingo, 30 de janeiro de 2011

 História
Falar da história dos perfumes é falar da história da vida sobre a Terra. Muito antes que o homem, tal como o conhecemos hoje, povoasse este nosso planeta, animais(hoje extintos) já tinham o olfato como o sentido mais aguçado, reconhecendo as plantas pelo perfume que desprendiam-etólogos e zoólogos observavam como alguns animais se extasiavam cheirando determinada flor e que algumas plantas os animais comiam e outras não. Sabemos, hoje, que os aromas têm um importante efeito sobre as pessoas: estimulam a memória, acalmam os nervos, curam as enfermidades, excitam desejos, intensificam a espiritualidade e transportam a estados difíceis de serem definido. O perfume, propriamente dito, não era usado apenas para perfumar o corpo, mas também como um elemento de magia, para dar proteção, auxiliar nas meditações, contribuir para o aumento e equilìbrio das energias.

 Aroma e Perfume Bíblicos
Relatos bíblicos contam que o Senhor orientou Moisés a produzir óleo e incenso sagrados: "...e você, arranje para mim perfumes de primeira qualidade"(Êxodo 30:22-25).Contam também que Aarão e seus filhos foram ungidos com óleo, bem como que a unção com óleo de mira purificava as mulheres judias. Até o tempo de Salomão sabe-se que foi construído com madeiras especiais, entre as quais o cedro aromático. Também não podemos nos esquecer de que, entre os presentes dos três reis magos ao Jesus Menino, estavam a mirra e o incenso e que, antes da última ceia, "Maria,tomando uma medida de perfume de nardo, ungiu aos pés de Jesus..."(João 12:3).

 Egito - As essências Aromáticas
Todas as dinastias egípcias dignificaram o perfume. Recipientes e restos de ungüentos com mais de 3.000 anos foram encontrados na tumba de Tutancâmon, enquanto na lápide de Tutmés há referências de que o incenso e libações de azeite eram ofertados a um deus com o corpo de leão. Toda a arte egípcia - suas gravuras e pinturas - mostra uma vasta seqüência de atividades ritualísticas nas quais se denota o uso dos perfumes pelo fumegante conteúdo dos objetos semicirculares que os sacerdotes portam em suas mãos.(Jarros e ânforas egípcios são até hoje objetos de decoração muito valorizados.) Os papiros de Ebers, da 18ª dinastia, citam mirra e o incenso. Os egípcios valorizavam a tal ponto as plantas aromáticas, tão fartamente produzida pelas férteis margens do Nilo, que para tê-las em outras variedades exigiam-nas como tributo dos povos conquistados e, assim, obtinham o incenso, o sândalo, a mirra e a canela. Madeiras aromáticas eram oferecidas em grandes quantidades aos deuses pelos faraós. Consta, inclusive, que Ramsés II fez uma oferenda de 82 molhos de canela e 3.036 troncos de plantas aromáticas. Também, a expedição de Hatshepsut(1500 a.C.), em busca de mirra, mostra a importância dos aromas para o povo egípcio. Quando se trata do povo egípcio, páginas e páginas poderiam ser escritas, pois poucos povos se esmeraram tanto na elaboração e utilização dos perfumes.

 Referências Do Extremo Oriente
Vestígios da utilização de perfumes e da importância de seus aromas sao encontrados nos legendários jardins chineses de inspiração taoísta e nas lendas relacionadas com a mística budista. O perfume foi, inclusive, um dos principais elementos dos cosméticos, que começaram a aparecer na 12ª dinastia chinesa - como prova disso temos os vasos e jarrinhas de pedra que continham cosméticos e ungüentos aromáticos. Perfumes também não faltavam na Índia, desde a sua mais remota história. Há contos e mais contos celebrando esse mágico elemento, bem como referências de deuses e deusas que tinham uma relação especial com os perfumes e sua utilização. A tão antigma medicina ayurvédica já mencionava 700 plantas e seus aromas...

 Grécia - Os perfumes dos Deuses
Perfumes relacionados aos deuses do Olimpo - assim a grécia conferiu especial importância aos perfumes e aromas. Muitas das receitas de perfumes medicinais aparecem gravadas nas lápides de mármore dos diversos templos dedicados a Esculápio e a Afrodite. A civilização grega, assim como a egípcia, tinham o hábito de ungir os mortos, queimar incenso e perfumar especialmente seus corpos, nos quais a beleza muscular tinha de ser tanto vista quanto sentida, ou seja, precisava-se exalar a beleza, o que era conseguido com os aromas. Jardins floridos sempre rodeavam as casas gregas. Os gregos também tinham o costume de lavar a cabeça com folhas de parreira e de confeccionar guirlandas de rosas para mitigar a enxaqueca. Em uma cultura assim, é natural que o perfumista fosse a pessoa de singular importância. Um certo Megalus é mencionado na história como o criador de um perfume especial à base da canela, mirra e incenso misturados ao óleo de uma árvore aromática. Mirra e incenso eram queimados no oráculo de Delfos, onde as sacerdotisas lançavam flores sobre grandes túnicas brancas para depois macerá-las. E a maior herança cultural dessa civilização, as Olimpíadas, mostra que a maior recompensa de um vencedor ´e uma coroa de louro.

 Do Império Romano - À Sabedoria Árabe
Os romanos herdaram dos gregos a paixão pelos perfumes. Os escritores romanos ,na antiguidade, esmeraram-se e gastaram muita tinta para contar as excelências dos perfumes - e aqui destacamos especialmente o Ovídio e o seu tratado de cosmética intitulado Medicomina Faciei. César foi o responsável pelos registros da extensa farmacopéia dos druidas - na guerra da Gália, os sacerdotes celtas faziam os seus preparados nas panelas sagradas e realizavam uma cerimônia especial para a colheita do agárico, planta à qual atribuíam inúmeras propriedades. As Mil e uma Noites nos falam reiteradamente do uso e importância dos aromas nos palácios e haréns, mas a etapa de esplendor do perfume é conquistada graças ao sábio sufi denominado a Abu Ali al-Husain Ibn Abdallah Ibn Sina, conhecido no ocidente como Avicena(980-1037). Foi Avicena quem inventou o processo de destilação e tornou famosa a água-de-rosas, elaborada com a rosa centifólia, que chegou à Europa com os cruzados, em meio a lembranças místicas e a ordens secretas de cavaleiros que, mais tarde, incorporaram-na em seus escudos.

 A Europa dos Alquimitas
Na França do século XII, Felipe Augusto confere reconhecimento oficial aos perfumistas europeus e, nesse mesmo século,Hildegarda de Bingen fala de duzentas plantas em seu livro De Arboris, mencionando-lhes os aromas. Os arquitetos da Idade Média também prestaram tributo aos aromas por meio dos capitéis de folhas e flores, que eram tidos como emissores energéticos para curar a consciência.(Fulcanelli,no seu célebre O Mistério das Catedrais,identifica, nos tetos desses templos, estruturas moleculares de estranhas combinações químicas, de complexidade similar à dos perfumes. As virtudes ocultas das flores, bem como a relação entre o secreto e o divino, foram estudadas por Paracelso, que também estudou a cor e o perfume das flores, mencionando-lhes as virtudes e qualidades. Goethe,maçom,poeta e alquimista,também megulhou no mundo das plantas e das flores, buscando a flor primordial,enquanto Hahnemann, no século XVIII, criou a homeopatia, reafirmando a importância das plantas, das flores e dos aromas.

 E por Falar em Flores...
Os perfumes têm nos acompanhado desde a mais remota antiguidade, oferecendo-nos uma mensagem secreta, escrita em combinações moleculares, que nos fala de força, de energia, de poder curativo, de magia e de importância tal que ainda não conseguimos resgatar para o mundo atual.

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