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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ARTIGOS INTERESSANTES
A Escola Dominical dos Ateus
Eles se Reúnem Semanalmente para Aprender a Combater os Ensinamentos Bíblicos
"Nas manhãs de domingo, a maioria dos pais que não acredita no Deus dos cristãos, ou em qualquer deus, provavelmente estará tomando café da manhã ou numa divertida partida de futebol com as crianças, ou fazendo alguma tarefa doméstica ou, com sorte, dormindo. Sem religião, não há nenhuma necessidade por igreja, certo? Talvez. Mas alguns não crentes estão começando a achar que necessitam de algo para os seus filhos. 'Quando você tem crianças', diz Julie Willey, uma engenheira de design, 'você começa a notar que seus colegas de trabalho ou amigos têm uma igreja e se reúnem para ajudar a ensinar os valores às crianças'. Assim, todas as semanas, Willey, que é budista e nunca acreditou em Deus, e o marido dela colocam suas quatro crianças em uma minivan azul e vão ao Centro da Comunidade Humanista de Palo Alto, Califórnia, para a escola dominical ateísta."

Assim inicia a matéria intitulada Sunday School for Atheist (Escola Dominical Ateísta), publicada na revista americana Time, que traz à evidência uma prática relativamente recente entre ateus norte-americanos, que é a escola dominical para os filhos de não crentes. O programa pioneiro ocorreu em Palo Alto, Califórnia, com expectativas de abertura de novos trabalhos em Phoenix, Albuquerque, Portland e outras localidades dos Estados Unidos. Segundo a revista, o movimento crescente de instituições para crianças de famílias de ateus também incluía acampamentos de verão em cinco estados mais Ontario, e a Academia Carl Sagan, na Flórida, a primeira escola pública humanista do país, que abriu com 55 crianças no outono de 2005.

O Programa Palo Alto Family, registra a revista, usa música, arte e discussão para encorajar expressão pessoal, curiosidade intelectual e colaboração. Em um domingo de outono, destacam, pode-se encontrar até uma dúzia de crianças de até 6 anos de idade e vários pais que tocam instrumentos de percussão e cantam hinos como Ten Little Indians, em substituição a canções como Jesus me ama. Em vez de ouvirem histórias da Bíblia, a classe lê parábolas seculares.

Como se percebe, vários pais não crentes entenderam a importância de levarem seus filhos a escolas dominicais localizadas em centros humanistas onde possam, segundo eles, aprender a refutar os argumentos religiosos dos cristãos. Assim, a ED ateísta nasceu com o principal propósito de ensinar às crianças como responder à maioria dos cristãos, segundo princípios humanistas e seculares.

Ao tomarmos conhecimento desse fato, nós, cristãos, somos inundados por um sentimento de estranheza e perplexidade, é claro. Isso porque, bem sabemos, a essência dessa instituição está intimamente relacionada ao cristianismo, ao ensino bíblico e à crença inabalável em um Deus que criou todas as coisas.

Apesar disso, tal acontecimento deve ser observado de modo reflexivo, a fim de tirarmos algumas conclusões, tendo por base a indagação. Por que até os ateus também estão adotando escolas dominicais?


A Nova Perspectiva Ateísta
Em um primeiro enfoque, é preciso assentar que a ED ateísta é decorrência de uma nova perspectiva por parte dos antiteístas (incrédulos, ateus e céticos anti-Deus) da atualidade. O ateísmo (pós) moderno difere-se em muito do ateísmo de um passado não muito distante. Se outrora eles não faziam questão de expor abertamente suas idéias, hoje estão a defendê-las de maneira ostensiva, baseados em uma visão de mundo eminentemente secularizada.

Com efeito, vislumbra-se no atual contexto uma espécie de ativismo ateu. Nesse sentido, podemos citar um dos seus principais precursores, o ateu Richard Dawkins, o qual, por exemplo, encabeçou recentemente uma campanha publicitária em que a frase "Provavelmente Deus não existe; então, pare de se preocupar e aproveite sua vida" foi estampada em centenas de ônibus no Reino Unido (
veja aqui). Dawkins, inclusive, em seu livro "Deus, um delírio", não satisfeito em simplesmente defender suas idéias, faz questão ainda de tecer duras críticas direcionadas aos cristãos, chegando ao ponto de escrever que "Deus é um delinquente psicótico, inventado por pessoas loucas, iludidas".

Nesse foco, uma ala mais fanática dos ateus está a defender sua descrença com contornos de verdadeira religiosidade, tanto é assim que Alister McGrath, no livro O Delírio de Dawkins, escreve que "tal como um evangelista, Dawkins prega a seus devotos o ódio a Deus, os quais se deliciam com o bombardeio retórico e erguem as mãos, prazenteiros (...) os verdadeiros cientistas rejeitam a fé em Deus! Aleluia!".

Como anotou Ravi Zacharias, infelizmente o ateísmo está vivo e é mortal. Mais perigoso ainda agora com nuanças de religiosidade materialista para quem o homem é o seu próprio deus e a lógica científica a única forma de revelação. E assim como uma igreja que possui escola para a instrução, ensino e fortalecimento da fé de todos os seus membros, o ateísmo da atualidade tem buscado também formas de educar as crianças segundo a visão ateísta.

Ora, se o ateísmo contemporâneo adquiriu características de religião, a criação de ED para o ensino do pensamento ateu é realmente uma decorrência lógica (apesar de triste) dessa nova onda de incredulidade. É a educação para a descrença!


Escola Dominical: Modelo a ser Copiado
Sob um outro enfoque, porém, a utilização do modelo de ensino cristão por parte dos ateus revela algo positivo: a importância da Escola Dominical. A sua existência histórica tem se mostrado tão válida e necessária que até mesmo os ateus copiaram o padrão educacional cristão a fim de instruírem seus próprios filhos. Idealizada por Robert Raikes, a ED cresceu, multiplicou e deu tantos frutos que é impossível não tê-la como um padrão de sucesso educacional e digna de ser seguida. Como escreveu a missionária Ruth Doris Lemos: "No mundo, há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem, sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres, analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo".

Mas, é importante ressalvar com o pastor Antônio Gilberto em seu livro A Escola Dominical (citado por César Moisés), que a ED é uma instituição moderna da maneira como a conhecemos, mas que o seu princípio fundamental, ou seja, o do ensino bíblico determinado por Deus ao povo de Israel como aos gentios, remonta a alguns milênios. Esse fato, por aí só, é um excelente ponto de análise para aqueles que sempre olharam a ED com desconfiança ou a têm como desnecessária. A sua importância, vale dizer, não é somente histórica, mas, sobretudo, prática. Ken Hemphill, no livro Redescobrindo a alegria das manhãs de domingo, lembra que "a Escola Dominical não é um dinossauro, o que existe é uma compreensão equívocada sobre a forma como ela deve ser mantida, de modo que nossa intenção não deve ser preservá-la por simples nostalgia; temos de descobrir ferramentas e organizações que nos capacitem a cumprir a Grande Comissão da maneira mais eficiente possível".

Em outros termos, a Escola Dominical deve ser mantida não somente por se tratar de algo histórico e que vem sendo utilizado ao longo dos anos; mas, sim, em razão da enorme e crescente necessidade de genuíno e sadio alimento espiritual que só pode ser obtido pelo estudo claro, metódico, continuado e progressivo da Palavra de Deus.



A Valorização dos Cristãos à ED
Outro ponto que deve ser considerado acerca da matéria da Time, diz respeito à importância que os pais ateus dão à educação de seus filhos. Essa observação faz-nos refletir acerca de como os cristãos, principalmente os pais, têm valorizado a educação de seus filhos, a ED e até que ponto existe verdadeiro investimento nela. Afinal, se os ateus começaram agora a valorizar o modelo educacional da ED, mais ainda devem fazê-lo os cristãos, que conhecem de perto o seu valor.

Como bem anota Renato Vargens, "154 anos se passaram desde que os Kalley organizaram a EBD no Brasil, e de lá pra cá muita água passou debaixo da ponte. Sem titubeios, afirmo que inúmeras gerações foram impactadas pelo ensino das doutrinas bíblicas nas salas de aula das escolas dominicais esparramadas pelo nosso imenso território nacional". Entretanto, escreve ele: "Hoje, em detrimento a pós-modernidade, o que era absoluto foi relativizado. Os que outrora pregavam sobre a importância da ED não o fazem mais. Para piorar a situação, os crentes optaram por fazer do domingo o seu dia de lazer deixando em segundo plano o estudo da Palavra de Deus".

Portanto, além de outros elementos, a evidenciação da ED ateísta remete-nos a uma reflexão sobre o valor que temos dado à nossa Escola Dominical, afinal é nela que o cristão recebe alimento substancial para a sua caminhada cristã. Como arremata Antonio Gilberto: "É evidente que se a igreja de hoje cuidasse devidamente do ensino bíblico junto à crianças e aos novos convertidos, teríamos uma igreja muito maior. Pecadores se convertem aos milhares, mas poucos permanecem porque lhes falta o apropriado ensino bíblico que lhes cimente a fé. Falta-lhes a raiz ou base sólida e profunda. A planta da parábola morreu, não porque o sol crestou-a, mas, sim, principalmente, porque não tinha raiz (Mt 13.6)".


Fonte: Revista Ensinador Cristão
Obs: Valmir Nascimento Milomem Santos é graduado e pós-graduado em Direito, presbítero da AD em Cuiabá (MT) e editor dos blogs www.comoviveremos.com e www.ensinodominical.com.br

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