O que significa "cristãos novos"?
A pergunta já foi respondida e bem. De ualquer forma há vários pormenores interessantes.
O termo é geralmente aplicado a familias cristãs convertidas ao catolicismo em época de D Manuel I de Portugal, por influencia e exigencia dos reis católicos espanhóis, através de alianças sucessivas com a coroa portuguesa. As famílias judaicas tinham assim a oportunidade de ficarem em Portugal e de não serem perseguidas pela Inquisição e seus inumeros apoiantes.
Reza a História que estando D Manuel em Alcácer do Sal, para onde ia frequentemente, após ter proibido perseguições aos judeus em Lisboa e em todo o seu reino, começaram tumultos populares em Lisboa e, nas costas do rei, queimaram-se muitos judeus. Felizmente para muitos acusados de judaísmo, antes de serem atados para a queima, conseguiram mostrar as partes podengas exibindo o sexo não circuncisado e safando-se assim de uma morte atroz. O povo em fúria, sempre solicito no amor ao próximo, aproveitava para acusar de judaísmo os vizinhos de que não gostava ou com os quais tinha dívidas.
O rei teve de ir à pressa para a capital pondo assim fim ao massacre.
Coisas destas eram mais vulgares do que se pensa. Muitas famílias para assim escaparem à fúria católica do povoléu, adotava nomes de santos ou mesmo de Jesus, para que não houvessem dúvidas sobre as boas intenções dos recém conversos. Nomes como Jesus, de Deus, da Paixão, eram então adotados para designar famílias. Na minha família há por exemplo os seguintes nomes ou apelidos: da Paixão Ramos; de Deus Ramos; ou ooutros designando animais ou plantas como Coelho, Oliveira e ooutros O misterioso é como algumas famílias conseguiram manter nomes judaico ( na minha isso sucedeu num dos ramos familiares em que mantiveram David).
Como o judeu não come carne de porco, muitos cristãos novos inventaram maneiras de parecer que comiam essa carne. Nasceu assim a célebre alheira transmontana em que originalmente era feita com arroz no seu interior e não tinha porco mas tinha a mesma forma que a chouriça essa sim tradicionalmente confecionada com carne de porco e posta nos fumeiros familiares ( grandes lareiras onde eram penduradas as carnes e os enchidos durante o ano para serem consumidos ao longo de todo o ano. Entrando ou espreitando para as casas dos cristãos novos viam-se assim os mesmos enchidos pendurados nas lareiras sossegando os vizinhos católicos mais preocupados.
Das familias cristãs novas umas ficaram convertidas de facto outras tornaram-se marranos, isto é, falsos cristãos que continuavam a praticar o judaísmo às escondidas ou secretamente. Na maior parte das famílias perderam-se as memórias dessas épocas, talvez para evitar que as crianças acabassem por dixzer algo que colocasse em risco a vida dos próprios pais. Ficaram os nomes familiares para acender uma luz na pequena história familiar.
Abraço
gabcoe
O termo é geralmente aplicado a familias cristãs convertidas ao catolicismo em época de D Manuel I de Portugal, por influencia e exigencia dos reis católicos espanhóis, através de alianças sucessivas com a coroa portuguesa. As famílias judaicas tinham assim a oportunidade de ficarem em Portugal e de não serem perseguidas pela Inquisição e seus inumeros apoiantes.
Reza a História que estando D Manuel em Alcácer do Sal, para onde ia frequentemente, após ter proibido perseguições aos judeus em Lisboa e em todo o seu reino, começaram tumultos populares em Lisboa e, nas costas do rei, queimaram-se muitos judeus. Felizmente para muitos acusados de judaísmo, antes de serem atados para a queima, conseguiram mostrar as partes podengas exibindo o sexo não circuncisado e safando-se assim de uma morte atroz. O povo em fúria, sempre solicito no amor ao próximo, aproveitava para acusar de judaísmo os vizinhos de que não gostava ou com os quais tinha dívidas.
O rei teve de ir à pressa para a capital pondo assim fim ao massacre.
Coisas destas eram mais vulgares do que se pensa. Muitas famílias para assim escaparem à fúria católica do povoléu, adotava nomes de santos ou mesmo de Jesus, para que não houvessem dúvidas sobre as boas intenções dos recém conversos. Nomes como Jesus, de Deus, da Paixão, eram então adotados para designar famílias. Na minha família há por exemplo os seguintes nomes ou apelidos: da Paixão Ramos; de Deus Ramos; ou ooutros designando animais ou plantas como Coelho, Oliveira e ooutros O misterioso é como algumas famílias conseguiram manter nomes judaico ( na minha isso sucedeu num dos ramos familiares em que mantiveram David).
Como o judeu não come carne de porco, muitos cristãos novos inventaram maneiras de parecer que comiam essa carne. Nasceu assim a célebre alheira transmontana em que originalmente era feita com arroz no seu interior e não tinha porco mas tinha a mesma forma que a chouriça essa sim tradicionalmente confecionada com carne de porco e posta nos fumeiros familiares ( grandes lareiras onde eram penduradas as carnes e os enchidos durante o ano para serem consumidos ao longo de todo o ano. Entrando ou espreitando para as casas dos cristãos novos viam-se assim os mesmos enchidos pendurados nas lareiras sossegando os vizinhos católicos mais preocupados.
Das familias cristãs novas umas ficaram convertidas de facto outras tornaram-se marranos, isto é, falsos cristãos que continuavam a praticar o judaísmo às escondidas ou secretamente. Na maior parte das famílias perderam-se as memórias dessas épocas, talvez para evitar que as crianças acabassem por dixzer algo que colocasse em risco a vida dos próprios pais. Ficaram os nomes familiares para acender uma luz na pequena história familiar.
Abraço
gabcoe
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