Quem gosta de imitar, deve fazer
bem feito. O João Alexandre tem uma posição muito clara a esse respeito. A
maioria das igrejas evangélicas não tem o seu louvor usando ritmos brasileiros.
Pelo contrário, diz ele. Quando copiamos, o fazemos com uma qualidade bem
inferior ao original. Pelo que vejo atualmente, acabou o tempo dos xerox
da Integrity Music, Ron Kenoly e Don Moen. Ainda que um ou outro grupo mantenha
as versões feitas das músicas deles, esse movimento arrefeceu
muito.
Depois veio o tempo da Hillsong e o “reinado”
da Darlene Zsche. Talvez ela mesma
não tenha tanta culpa assim, mas houve um tempo que ela e sua música estavam
presentes em quase todos os cultos das igrejas brasileiras. Perdi a conta de
quantas vezes toquei e cantei Aclame ao
Senhor. E cada novo grupo que regravava essa música colocava
seu toque especial: era o tom que aumentava igual à gravação original, ou
aumentava no meio da repetição do coro, mudava uma palavra aqui, outra ali e...
só dava Aclame ao Senhor
nos cultos.
No meio disso tudo, começou uma
onda de imitar os judeus em muitas das festas que eles ainda fazem hoje.
Lembro-me de ficar encafifado – meu pai usava essa palavra – quando uma igreja
do Paraná celebrou uma Festa dos
Tabernáculos.
Na época eu questionava onde estava essa festa na Bíblia, e onde estava a
recomendação de celebrá-la. Mas essa influência judaizante não parou por aí.
Mais e mais grupos foram surgindo em volta dessa prática e mais grupos já
formados começaram a aderir a isso.
Depois foi um tal de gravar CD em
Israel e muitos viajavam para a terra santa a fim de vivenciar um momento
“mágico” em suas vidas. Então eram músicas com ritmos judaicos, temáticas
judaicas e até o uso de instrumentos judaicos. Até aí nada contra. O problema é
quando os evangélicos começaram a dar uma dimensão espiritual para o instrumento
em si. E não só para o instrumento, mas também pra o
ritual.
Alguns grupos evangélicos passaram
a usar kipá, talit e a tocar o shofar em seus cultos. O ministério Casa de Davi e a igreja
liderada pela “apóstola” Valnice Milhomens entraram
de cabeça nisso, judaizando o culto a Deus. Passaram a dar um valor espiritual a
essas coisas que a Bíblia não dá mais, uma vez que Jesus Cristo pôs um fim para
a antiga relação do homem com a lei. E aquilo que nem os judeus fazem hoje nas
suas sinagogas, os evangélicos passaram a fazer em seus
cultos.
Só para se ter uma idéia, os
judeus tocam o shofar apenas no mês que antecede o ano
novo judaico, como uma prática para se lembrar dos atos que foram cometidos no
ano que está acabando e fazendo alusão ao que acontecia nos tempos bíblicos. A
kipá, também chamada de solidéu, é
usada pelo judeu para ele se lembrar que Deus está acima dele. O
talit (xale) é usado somente durante as
rezas e tem a intenção de fazer o judeu se lembrar que ele tem que cumprir todos
os mandamentos de Deus. Além disso, a sua colocação não deve ser feita de
qualquer jeito. A maneira como ele deve ser colocado e guardado está toda
descrito na literatura judaica. Será que os membros da Casa de David e da igreja
da Valnice seguiram todos esses rituais. Pois, se é para copiar que se faça bem
feito.
Hoje fiquei sabendo que na igreja
do Robson Rodovalho eles
comemoraram a Festa de
Purim. Essa
festa está relacionada com o livro de Ester. Nessa festa celebra-se os
acontecimentos da vida de Ester e como ela atuou na sobrevivência do povo judeu.
Mas o mais pitoresco (ridículo até!) é que a cópia é muito ruim. Primeiro, o
pessoal da Sara Nossa Terra está mais de um mês atrasado – a festa foi
comemorada pelos judeus em 26 de fevereiro e eles comemoraram apenas agora, dia
2 de abril. Além disso, se você observar as fotos,
não há nenhuma fantasia, o que vai contra a tradição judaica. Chega a ser
patética a cópia.
Eu não sei onde isso vai parar. Eu
leciono no maior colégio judaico de São Paulo, a Nova Escola Judaica. Lá, as
festas são celebradas, as comidas especiais são servidas, o shofar é tocado na época certa, os homens
que rezam usam suas vestimentas, eles cantam e rezam em hebraico... tudo dentro
da tradição. E o que é pior, os evangélicos se quer fazem parte disso, pelo
contrário, muitos dos meus colegas se sentem ofendidos quando esses símbolos são
usados pelos que não são judeus.
Eu gostaria muito que a Valnice, o
Robson Rodovalho, o Mike Shea entre outros, fossem até o colégio conversar com
os professores da área judaica. Eles aprenderiam muito sobre a tradição judaica,
seus ritos e costumes. Certamente eles fariam a imitação bem mais adequada, se é
que nós, evangélicos, precisam imitar os judeus em alguma
coisa.
Por Marcosdavidm
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