OS JUDEUS, O MUNDO E O DINHEIRO

Os judeus tiveram um papel importante no mundo das finanças, principalmente no século XII. Na Idade Média, a começar do ano mil e durante três séculos, associava-se todo judeu a um credor, e todo cristão a de um devedor. Os judeus funcionaram como os únicos emprestadores de dinheiro na Europa. Eles deflagaram o capitalismo europeu.
O "Talmud" permite os empréstimos a juros, proibidos pelas outras religiões. O cristianismo interditou os empréstimos com juros, e a idéia de vinculação de emprestadores de dinheiro ao diabo partiu de cristãos em falta com os credores.
O protestantismo reencontrou valores judeus: redescobriu o valor do dinheiro, e esse valor não é maléfico; liberou os empréstimos com juros. O protestantismo teria sido a origem capitalismo, mas Attali considera esse tese absurda: o capitalismo começou muito antes do protestantismo, surgido, no mínimo, no século XII.
No século XIV, os cristãos começaram a ter o direito de atuar como emprestadores, e foi desaparecendo, a partir daí, a importância dos judeus. Essa importância reapareceu um pouco com a forte presença dos bancos judeus nos EUA, onde concorriam judeus e protestantes. Mas essa forte presença durou cinquenta anos, entre 1860 e 1910. Os judeus passaram a investir no setor de espetáculos, e graças aos empresários judeus nasceram os grandes estúdios, como Fox, MGM, Universal, Warner Brothers.
A grande idéia judia, segundo Attali, é a de propor o fim do ciclo da violência: não opor a vingança à violência, ou seja, a negação da Lei do Talião. O judaísmo substitui a vingança por uma indenização monetária. O dinheiro se torna um modo de pacificação.
O "tsedaka" é um tipo de imposto de renda: toda pessoa deve destinar, voluntariamente, 20% de seus ganhos aos pobres. Mas o grau mais elevado da caridade consiste não em dar dinheiro a alguém, mas em emprestar o bastante para a pessoa nunca mais ter necessidade de pedir novamente, ensinou Maimonide.
O dinheiro só tem sentido se é colocado a serviço de um projeto maior, e se é um instrumento a serviço do bem-estar coletivo, e não do bem-estar individual, interpreta Attali sobre a ética do capitalismo judeu. A riqueza não é um fim, mas um meio de servir a Deus.
Os judeus não financiaram guerras. Na guerra das potências européias contra Napoleão, os Rotschild financiaram a defesa contra invasores, esclarece Attali. Ele reconhece: os Rotschild fizeram fortuna com esse financiamento.
O caráter nômade do povo judeu justifica o seu apego às formas líquidas de riquezas. A existência de Israel não representa o fim do nomadismo. O povo judeu sempre se verá, por muito tempo, na dualidade entre Israel e a Diáspora. O povo judeu deverá desaparecer, matematicamente, num século, por fusão com outros povos. Mais de 52% dos casamentos judeus são uniões mistas, conclui Attali, fundador do "Planet Finance", projeto de microcréditos, destinado a ajudar as pessoas a ter o suficiente para não ter de depender mais da caridade.
RELIGIÃO & NEGÓCIOS - No judaísmo (os judeus representam 0,2% da população mundial), negócios e comércio não são considerados pecaminosos ou indecorosos, se forem conduzidos moralmente. Dos 613 preceitos do Torá (os cinco livros bíblicos de Moisés), 100 se relacionam a dinheiro e a negócios. O princípio central da ética judaica é: "Não faça aos outros aquilo que você abomina".
No islamismo (os muçulmanos representam 19,6% da população mundial), Alá permitiu o comércio e proibiu os juros. O Alcorão, livro sagrado, revelado ao profeta Maomé há de mais 1.400 anos, fala claramente contra o "riba" (o juro pré-fixado). Conciliar as normas religiosas com o sistema financeiro mundial é um duro desafio para milhões de muçulmanos do mundo moderno. No Paquistão, os empresários têm sido ajudados pelo crescimento do "leasing" (a taxa mensal é realmente o pagamento de aluguel de ativo, consideram os estudiosos islâmicos).
BODE EXPIATÓRIO - O Poder Judiciário nem agora, nem jamais haverá de se prestar ao papel de bode expiatório para a pantomima nacional, afirmou em 09.mai.2003 o ministro Marco Aurélio Mello, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Há falhas, reconhece ele, mas longe de uma situação aguda ou emergencial a demandar intervenções de qualquer espécie.
O controle externo do Judiciário já existe e é exercido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pelo Ministério Público, na qualidade de fiscal da lei e titular da ação penal, e pelos advogados.
As decisões do Poder Judiciário têm a transparência determinada pelo princípio da publicidade, e a possibilidade de revisão por duas instâncias - e às vezes até por três - representa garantia de controle das sentenças. A organização do Judiciário em instâncias visa essencialmente à revisão das sentenças por colegiados superiores, com base em critérios legais, observa o ministro Marco Aurélio.
Os poderes constituídos, os alicerces do Estado democrático de Direito, devem merecer nossa reverência ou, quando menos, a presunção de honorabilidade, pontifica o ministro Marco Aurélio.
Os judeus, para expurgar as culpas individuais e coletivas, depois de ouvidas as confissões de cada um dos habitantes da comunidade, sagravam dois animais: um viria a ser imolado; ao outro segredavam-se as vergonhas confessadas e, depois, o abandonavam em pleno deserto para perambular até morrer, a fim de expiar os pecados de todos, explicou o ministro Marco Aurélio.
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