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sábado, 9 de fevereiro de 2013

ISRAEL NO PLANO DIVINO PARA A SALVAÇÃO
Rm 9.6 “Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas”.
INTRODUÇÃO. Em Rm 9–11, Paulo trata da eleição de Israel no passado, da sua rejeição do evangelho no presente, e da sua salvação futura. Esses três capítulos foram escritos para responder à pergunta que os crentes judaicos faziam: como as promessas de Deus a Abraão e à nação de Israel poderiam permanecer válidas, quando a nação de Israel, como um todo, não parece ter parte no evangelho? O presente estudo resume o argumento de Paulo.
SÍNTESE. Há três elementos distintos no exame que Paulo faz de Israel no plano divino da salvação.
(1) O primeiro (9.6-29) é um exame da eleição de Israel no passado. (a) Em 9.6-13, Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois a promessa era só para os fiéis da nação. Visava somente o verdadeiro Israel, aqueles que eram fiéis à promessa (ver Gn 12.1-3; 17.19). Sempre há um Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa. (b) Em 9.14-29, Paulo chama a nossa atenção para o fato de que Deus tem o direito de fazer o que Ele quer com os indivíduos e as nações. Tem o direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação, se Ele assim decidir.
(2) O segundo elemento (9.30—10.21) analisa a rejeição presente do evangelho por Israel. Seu erro de não voltar-se para Cristo, não se deve a um decreto incondicional de Deus, mas à sua própria incredulidade e desobediência (ver 10.3 nota).
(3) Finalmente, Paulo explica (11.1-36) que a rejeição de Israel é apenas parcial e temporária. Israel por fim aceitará a salvação divina em Cristo. O argumento dele contém vários passos. (a) Deus não rejeitou o Israel verdadeiro, pois Ele permaneceu fiel ao “remanescente” que permanece fiel a Ele, aceitando a Cristo (11.1-6). (b) No presente, Deus endureceu a maior parte de Israel, porque os israelitas não quiseram aceitar a Cristo (11.7-10; cf. 9.31—10.21). (c) Deus transformou a transgressão de Israel (i.e., a crucificação de Cristo) numa oportunidade de proclamar a salvação a todo o mundo (11.11,12, 15). (d) Durante esse tempo presente da incredulidade nacional de Israel, a salvação de indivíduos, tanto os judeus como os gentios (cf. 10.12,13) depende da fé em Jesus Cristo (11.13-24). (e) A fé em Jesus Cristo, por uma parte do Israel nacional, acontecerá no futuro (11.25-29). (f) O propósito sincero de Deus é ter misericórdia de todos, tanto dos judeus como dos gentios, e incluir no seu reino todas as pessoas que creem em Cristo (11.30-36; cf. 10.12,13; 11.20-24).
PERSPECTIVA. Várias coisas se destacam nestes três capítulos.
(1) Esse exame da condição de Israel não se refere à vida ou morte eterna de indivíduos após a morte. Pelo contrário, Paulo está tratando do modo como Deus lida com nações e povos do ponto de vista histórico, i.e., do seu direito de usar povos e nações conforme Ele quer. Por exemplo, sua escolha de Jacó em lugar de seu irmão Esaú (9.11) teve como propósito fundar e usar as nações de Israel e de Edom, oriundas dos dois. Nada tinha que ver com seu destino eterno, i.e., quanto a sua salvação ou condenação como indivíduos. Uma coisa é certa: Deus tem o direito de chamar as pessoas e nações que Ele quiser, e determinar-lhes responsabilidades a cumprir.
(2) Paulo expressa sua constante solicitude e intensa tristeza pela nação judaica (9.1-3). O próprio fato que Paulo ora para que seus compatriotas sejam salvos, revela que ele não admitia o ensino teológico da predestinação, afirmando que todas as pessoas já nascem predestinadas, ou para o céu, ou para o inferno. Pelo contrário, o sincero desejo e oração de Paulo reflete a vontade de Deus para o povo judaico (cf. 10.21; ver Lc 19.41, nota sobre Jesus chorando por causa de Israel ter rejeitado o caminho divino da salvação). No NT não se encontra o ensino de que determinadas pessoas foram predestinadas ao inferno antes de nascer.
(3) O mais relevante neste assunto é o tema da fé. O estado espiritual de perdido, da maioria dos israelitas, não fora determinado por um decreto arbitrário de Deus, mas, resultado da sua própria recusa de se submeterem ao plano divino da salvação mediante a fé em Cristo (9.33; 10.3; 11.20). Inúmeros gentios, porém, aceitaram o caminho de Deus, que é o da fé, e alcançaram a justiça mediante a fé. Obedeceram a Deus pela fé e se tornaram “filhos do Deus vivo” (9.25,26). Esse fato ressalta a importância da obediência mediante a fé (1.5; 16.26) no tocante à chamada e eleição da parte de Deus.
(4) A oportunidade de salvação está perante a nação de Israel, se ela largar sua incredulidade (11.23). Semelhantemente, os crentes gentios que agora são parte da igreja de Deus são advertidos de que também correm o mesmo risco de serem cortados da salvação (11.13-22). Eles devem sempre perseverar na fé com temor. A advertência aos crentes gentios em 11.20-23, pelo fato da falha de Israel, é tão válida hoje quanto o foi no dia em que Paulo a escreveu.
(5) As Escrituras estão repletas de promessas de uma futura restauração de Israel ao aceitarem o Messias. Tal restauração terá lugar ao findar-se a Grande Tribulação, na iminência da volta pessoal de Cristo (ver Is 11.10-12 nota; 24.17-23 nota; 49.22,23 nota; Jr 31.31-34; Ez 37.12-14 nota; Rm 11.26 nota; Ap 12.6 nota).
Bibliografia Bíblia de Estudo Pentecostal
A TRISTEZA DE PAULO (Rm 9.1-3)
Nestes versículos o apóstolo Paulo declara seu amor por sua gente, os judeus. Ele começa declarando: “Em Cristo digo a verdade, não minto”. Visto que era conhecido como judeu zeloso, sua conversão a Cristo o tornou antipá­tico para os judeus, que o viam como “um traidor de sua gente”. Entretanto, Paulo garante que seus sentimentos são sinceros e que sua consciência tinha o testemunho do Espírito Santo, conforme o texto diz: “dando-me testemu­nho a minha consciência no Espírito Santo” (v 1). Esse texto mostra que sua consciência agia sob a orientação ilu­minada do Espírito Santo.
No versículo 2, Paulo ainda declara dizendo: “Que te­nho grande tristeza e contínua dor no meu coração”. É uma expressão de profundo sentimento de amor e respeito pela sua gente, e não de traição. A despeito da hostilidade dos judeus contra a pregação do Evangelho e contra a sua pessoa, Paulo diz que, se fosse possível ele mesmo ser sepa­rado de Cristo, para salvar “seus parentes segundo a car­ne”, ele o faria por amor a eles. Essa linguagem é bem típi­ca de quem ama profundamente e é capaz de dar sua vida para salvar outras. No AT podemos lembrar Moisés (Êx 24.16,17).
- Por que essa tristeza de Paulo para com seus irmãos de sangue? A resposta é simples e objetiva: o repúdio do povo judeu para com Jesus Cristo. Sua tristeza tem duas razões específicas: Primeira, Paulo declara que os judeus são seus “parentes” segundo a carne, mas não querem ser seus irmãos segundo o espírito. Segunda, pelo fato de que os judeus, possuindo privilégios especiais como nação, re­jeitaram o “privilégio maior”, que é a salvação em Cristo.
OS ESPECIAIS PRIVILÉGIOS DE ISRAEL (9.4,5)
Há pelo menos 8 privilégios distintos apresentados por Paulo nesta Carta. - Quais são esses privilégios?
1. (9.4) “...dos quais é...” - (De quem? Dos “israeli­tas”.) Pertence a eles a adoção, como promessa di­vina, visto que foram feitos filhos ou povo peculiar de Deus, tirado do meio das nações. (Êx 4.22; Os 11.1).
2. Pertence a eles a glória que se refere a “Shekinâ” que significa a presença de Deus visível no tabernáculo e no templo (Êx 40.34,35).
3. Pertencem a eles as alianças feitas com Israel. En­tre todas as alianças destaca-se a aliança feita no monte Sinai (Êx 24.8). Porém, podemos lembrar uma ordem nas “alianças”: feita com Abraão (Gn 15.18; 17.4); nos dias de Moisés (Êx 24.8; 34.10; Dt 29.1); nos dias de Josué, o sucessor de Moisés (Dt 27.2; Js 8.30; 24.25); nos dias de Davi: (2 Sm 23.5; Sl 89.28). Subentende-se que Paulo destaca o privilégio de sua gente como nação peculiar de Deus, de receber toda a atenção de Jeová.
4. Pertence a eles a Lei (9.4), mui especialmente a lei outorgada através de Moisés, que se tornou base de jurisprudência mundial (Êx 20). A concretização da aliança feita com o aparecimento da Lei concretiza a preocupação divina com a vida cotidiana do povo judeu. A Lei trouxe os requisitos de obediência para o povo, na sua vida cotidiana, no seu culto a Deus e no relacionamento com o próximo.
5. Pertence a eles o culto (Rm 9.4) a Deus, com todos os rituais e cerimoniais. Paulo diz literalmente: “deles é o culto”, no sentido de que foi privilégio particular da nação israelita cultuar ao Deus verda­deiro, visto que as demais nações não conheciam esse Deus verdadeiro. Hoje, pela graça do Senhor Jesus, todos quantos o aceitam têm direito de cul­tuar a esse Deus.
6. Pertencem a eles as promessas (9.4) (-Quais pro­messas? - Todas!) Desde Abraão Deus tem feito promessas à sua descendência e todas as promessas messiânicas feitas a Davi e através dele acerca do vindouro reino messiânico (Is 55.1; At 13.23,32-34).
Todas as promessas a Israel, desde Abraão, repre­sentam o horizonte escatológico para o qual Israel está sendo conduzido. A revelação de Deus através do cumprimento histórico e futuro dessas promes­sas chegará ao seu clímax no reino messiânico.
7. Pertencem a eles os pais (9.5), que são os patriarcas de Israel. A estes Deus fez promessas, que represen­tam toda a esperança de Israel. É impossível deixar de reconhecer os “pais da antiguidade”: Abraão, Isaque e Jacó, que revestiram de glória todas as ge­rações dos judeus até o presente (Êx 3.6,13; Lc 20.37). Nestas referências a identificação patriarcal é com Abraão, Isaque e Jacó.
8. Pertence a eles a descendência de Cristo (9.5). “E dos quais é Cristo segundo a carne”. Note-se que Paulo deixou por último “a Cristo” por ser o mais eminente dos privilégios dos judeus. Os que negam a divindade de Cristo, utilizam a expressão “segun­do a carne” para rejeitar o testemunho que a Escri­tura dá a respeito da divindade de Cristo. Na sequência do texto está escrito: “...o qual é sobre to­dos, Deus bendito eternamente” (9.5). É indiscutí­vel o fato de que o Cristo, o Ungido, é o “Verbo divi­no que se fez carne” (Jo 1.1,14) e “habitou entre nós”. Como Deus bendito, Cristo nasceu como ho­mem, “segundo a carne”, descendendo dos judeus. Sua humanização não afetou em nada a sua divin­dade. Paulo faz um tributo à divindade de Cristo, quando diz que Ele é “sobre todos”, isto é, exalta-o e o coloca em sua real posição de supremacia. Ainda mais, Paulo o trata como “Deus bendito eterna­mente” (9.5). Esse tratamento é identificado no AT, quando o salmista precede o nome de Deus com a palavra “bendito” (Sl 68.35; 72.18). Pode-se en­contrar esse mesmo tratamento paulino em 2 Co 11.31; Rm 1.25, etc. Finalmente, entende-se que Cristo descendeu dos judeus “segundo a carne” para revelar-se ao mundo todo como o Redentor de todos os homens (Mt 1.1; Jo 1.14; Hb 2.16).
A ELEIÇÃO DE ISRAEL SEGUNDO A SOBERA­NIA DE DEUS (9.6-13)
Inicialmente, precisamos considerar as razões que levaram Paulo a escrever esta Carta aos crentes romanos. Havia na igreja, na comunidade de crentes existentes em Roma, dois grupos distintos, um formado por judeus, e ou­tro por gentios. Essa diferença racial e religiosa promoveu um litígio doutrinário quanto aos privilégios espirituais. O problema foi levantado pelo grupo de judeus que não acei­tava o ensino de Paulo quanto à salvação, pelo fato de Pau­lo apresentar o novo pacto (a graça), como capaz e superior ao velho pacto (a Lei) para salvar o homem.
Daí, então, a preocupação de Paulo em explicar de modo claro e especial nos capítulos 9, 10 e 11, a posição dos judeus no plano divino da salvação.
Aquele grupo de judeus entendia que, pelo fato de seu povo ser chamado “povo escolhido de Deus” não se consi­derava necessitado de salvação. O judeu cria que Deus ha­via eleito seu povo e por isso a sua salvação estava pré-ordenada e determinada. Entendia o judeu que tinha di­reito à salvação. Pelo fato de Jesus ter nascido judeu, e por direito de sangue, a salvação lhes pertencia. E chegavam ao absurdo de achar que os gentios não tinham direito à salvação e à eleição. Foi aí que Paulo resolveu mostrar e es­clarecer a verdade. O apóstolo focalizou com destaque que a eleição para a salvação, na Nova Aliança, é feita segundo, a graça de Deus para todos os homens. Mostrou ainda que a eleição pela graça é feita mediante a fé, e não pelas obras, para que ninguém se glorie.
1. Deus é fiel (v 6)
“Não que a Palavra de Deus haja falhado”. Paulo declara que Deus não é infiel às suas promessas, conforme os versículos 4 e 5 do mesmo capítulo nos mostram. O esta­do atual dos judeus não significa que as promessas divinas tenham se desviado ou deixado de se cumprir. Paulo le­vanta uma questão muito forte para os judeus quando diz: “...porque nem todos os que são de Israel são israelitas” (v 6). A eleição divina é soberana e Deus tem o direito de fa­zer e estabelecer o seu modo de escolha, mas Deus jamais escolhe com parcialidade. Subentende-se, então, que há o Israel segundo a carne e o Israel segundo o Espírito. Este versículo faz a distinção entre a filiação carnal e a espiri­tual. Só pelo fato de ter nascido da semente de Abraão não dá direito à promessa de Deus. Por exemplo: os filhos de Abraão nascidos de Hagar e Quetura são filhos segundo a carne (Gn 16.1-16; 25.14), mas Isaque, filho de Sara, foi nascido segundo a promessa.
O que Paulo destaca aqui é que não basta ser judeu para ser chamado filho de Deus, pois essa escolha não é se­gundo a carne, mas segundo o Espírito.
2. A verdadeira reivindicação (v 7)
“Nem por serem descendência de Abraão são to­dos filhos”. Abraão teve 7 filhos, mas só Isaque foi contado segundo a promessa de Deus. Os judeus não podiam, se­gundo Paulo, basear sua reivindicação à “eleição” no pa­rentesco carnal com Abraão. Os filhos de Deus não são fi­lhos da carne, mas filhos da promessa. Note que Paulo ilustra Abraão, Isaque e Jacó para ensinar que as promes­sas foram feitas segundo a fé desses homens. Isaque foi es­colhido em lugar dos outros filhos, porque nasceu da pro­messa divina.
3. Os filhos da promessa (vv 8-10)
“Mas os filhos da promessa são contados como descendência”. Que entendemos neste versículo? Paulo menciona a palavra promessa referindo-se historicamente à promessa de um filho a Abraão na sua velhice. Sara, hu­manamente falando, não tinha mais condições de ter filhos, porque além de estar velha, era estéril. Mas o Senhor daria essa alegria a Sara intervindo milagrosamente pelo seu poder divino para fazer cumprir a promessa. Por isso, esse filho, Isaque, é o eleito segundo a promessa. Portanto, quando Paulo diz que são os filhos da promessa que são contados como descendência, queria dizer que, os que nas­cem segundo o Espírito é que podem ser chamados filhos de Deus com direito às promessas.
9.9,10. Estes versículos estão implícitos no comentário do versículo 8.
4. Porque Jacó e não Esaú (vv 10-13)
Deus escolheu Jacó em lugar de Esaú. Os ju­deus poderiam replicar a argumentação de Paulo dizendo serem filhos de Isaque, por isso Deus não os rejeitaria. Pau­lo mostra que Deus faz sua escolha dentro de um propósito espiritual. A história que mostra que Esaú era displicente quanto ao direito de primogenitura. Esse direito implicava em ter a liderança espiritual da família, quando o pai mor­resse. Era um direito seu por ser o mais velho. - Por que, então, Deus preferiu Jacó? Exatamente porque Jacó sabia avaliar melhor aquela responsabilidade, com a qual seu ir­mão Esaú não se importava (Rm 9.11,12).
No versículo 11 podemos conhecer o propósito divino na eleição. Em Romanos 8.29 Paulo apresenta esse propó­sito, nestas palavras: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho afim de que ele seja o primogênito entre mui­tos irmãos”. A ênfase está em “...os que dantes conhe­ceu...” - Portanto, qual é o propósito divino? É constituir uma família de filhos espirituais segundo a fé. Paulo mos­tra que a eleição segundo a Lei tem alguns privilégios, mas a eleição segundo a promessa é a que dá direito de ser filho de Deus.
A eleição divina elegeu “os que creem” em Cristo. A fé é o requisito essencial para todos os homens, sem acepção de raça, cor, cultura ou língua, na eleição divina. A sobera­nia de Deus está implícita no fato de que Ele elegeu os que creem como Abraão, e endureceu os que rejeitam crer, como fez com Faraó (vv 15-17).
Bibliografia E. Cabral

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