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sábado, 9 de fevereiro de 2013

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A Mulher
1 A Mulher no Islam
2 A Condição da Mulher no Islam
3 A Importância da Mulher no Islam
4 O Islam Realmente Honrou a Mulher
5 Aspecto social- Direitos assegurados pelo Islam à Mulher
6 A mulher no Islam: Mito e Realidade(Dr.Sherif AbdelAzeem Mohamed)
7 A Voz da Mulher no Islam (Dr. Yusuf Al-Qaradawi)
8 Mulheres que fizeram história no islam
9 Relato de Mulheres Baianas que se converteram ao Islam

Para assegurar o direito de ter seus documentos com foto usando o hijab, faça valer os seus direitos.
Liberdade religiosa
A liberdade religiosa está assegurada expressamente pela Constituição Federal de 1988, conforme se infere do art. 5º, incisos VI e VIII, in verbis:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;”

http://www.jfse.jus.br/sentencas/constitucionais/sentedmilson200638228.htm
1-A Mulher no Islam
Tendo visto como as mulheres foram cruelmente tratadas por diferentes religiões, Civilizações e Culturas, ser-nos-á, agora, possível entender corretamente e apreciar os alcances gloriosos do Islam nesta questão, e de como ele, de fato, elevou a posição da mulher na sociedade.
Por isso, ao longo deste trabalho, tentaremos refutar as alegações das pessoas desencaminhadas contra o Islam em relação à mulher, e elaborar a sua real posição no Islam. No meio das trevas que mergulharam o mundo, a Revelação Divina ecoou, no deserto hostil da Arábia, com uma Mensagem Lúcida, nobre e Universal para a humanidade:
''Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres. Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai os laços de parentesco, porque Deus é vosso Observador.'' (Alcorão Sagrado 4:1)
O famoso sábio muçulmano, Al-Khuli Al Babi, ponderou sobre este versículo e declarou:
''É crença geral que não existe texto, quer antigo, quer moderno, que diga respeito à humanização da mulher sobre os aspectos da vida, numa tal espantosa brevidade, eloqüência, profundidade e originalidade, como no Decreto Divino."
Assim, com um simples traço magistral, o Islam removeu o estigma da ''fraqueza" e da "impureza", com as quais as religiões mundiais caracterizaram a mulher. O Islam proclama que homens e mulheres provêm da mesma essência e, por conseguinte, se a mulher podia ser tida como fraca, o homem, também, poderia ser visto como tal, ou se o homem tinha uma centelha de nobreza, então a mulher, também, a deveria possuir. A propósito, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:
''As mulheres são almas gêmeas dos homens.''
A elevação da posição da mulher e os seus respectivos direitos, patenteados nesta obra, estão garantidos pelo Próprio Deus, e podem ser facilmente encontrados nas duas mais importantes e autênticas fontes do Islam, ou seja, o Sagrado Alcorão e os Ahadith do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).
Os direitos garantidos por Reis, ou por Assembléias Legislativas, podem ser tão facilmente removidos, quão o são conferidos; mas nenhum indivíduo, ou instituição tem autoridade para eliminar, ou emendar os direitos conferidos por Deus. Todos aqueles que pretendem ser Muçulmanos, têm que aceitar, reconhecer e reforçar os direitos sancionados por Deus. Se falharem em reforçá-los, ou os violarem, o veredicto do Alcorão é inequívoco:
''Aqueles que não julgam pelos preceitos que Deus revelou são descrentes.'' (Alcorão Sagrado 5:44).
E o seguinte versículo também proclama:
''Eles são os Iníquos.'' (Alcorão Sagrado 5:45).
Um terceiro versículo do mesmo capítulo diz:
''Eles são os prevaricadores." (Alcorão Sagrado 5:47)
Por outras palavras; se as autoridades temporais consideram as suas próprias palavras e decisões como certas, e as de Deus como erradas, eles não são crentes. Se, por outro lado, eles consideram os mandamentos de Deus como certos, mas rejeitam-nos deliberadamente em favor das suas decisões, então são Iníquos. Os prevaricadores ou infratores da lei são aqueles que desrespeitam a limitação da fidelidade.
1º- Aspecto Espiritual- A mulher tem, efetivamente, alma:
Em algumas religiões durante muito tempo se acrediatava que a mulher não possuía alma, mas com a chegada do Islam este conceito foi totalmente abolido pelo Profeta Muhammad.
Nas tradições do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), encontramos uma prova clara de que a mulher tem, realmente, alma. Abdullah bin Mass'ud, reporta que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:
"De fato, a criação de cada um de vós (macho ou fêmea) foi levada a cabo conjuntamente no ventre da mãe, durante quarenta dias, sob a forma de uma semente, depois um coágulo de sangue (algo que se agarra) por igual período e, então, é-lhe enviado o anjo que assopra a respiração da vida, ou seja dá-lhe alma (o feto: macho ou fêmea). " (Bukhari e Muslim)
Fica claro, a partir desta tradição, que o feto de todo o ser humano adquire vida quando a alma, por ordem de Deus, é assoprada para ele. Uma vez mais, é do conhecimento geral que nenhum ser humano (macho ou fêmea) pode viver sem alma. Agora, será que as mulheres nem vivem, nem morrem? É então evidente que elas têm alma, tal e qual como os homens.
2º- Iman (fé):
O Islam é bastante explícito em relação ao fato da mulher ser completamente equiparada ao homem, perante Deus, em termos da fé; pois Deus diz:
''Ó fiéis, quando se vos apresentarem as fugitivas fiéis, examinai-as, muito embora Deus conheça a sua fé melhor do que ninguém; porém, se as julgardes fiéis, não as restituais aos incrédulos.'' (Alcorão Sagrado 60:10).
E também diz:
''Sabe, portanto, que não há mais divindade, além de Deus e implora o perdão das tuas faltas, assim como das dos fiéis e das fiéis, porque Deus conhece as vossas atividades e os vossos destinos. '' (Alcorão Sagrado 47:19).
Nos dois versículos anteriores, Deus, denomina-as de mulheres crentes, sendo assim, quem tem, autorização para refutar o que Deus proclama?
3º -Ibadah (Adoração):
Em termos de obrigações religiosas e de adoração, tais como as cinco orações diárias, a zakat, o jejum e a peregrinação a Makkah, a mulher não é diferente do homem. A este respeito Deus, diz:
''Os fiéis (homens e mulheres) que praticarem o bem, observarem a oração e pagarem o zakat, terão a sua recompensa no Senhor e não serão presas do temor, nem se atribularão.'' (Alcorão Sagrado 2:277).
"Ó vós que credes (homens e mulheres)! É-vos prescrito o jejum como foi prescrito aos vossos antepassados, para que possais temer a Deus." (Alcorão Sagrado 2:183).
4º - Jazaa (recompensa):
Deus promete recompensa, indiscriminadamente, para o homem e a mulher que sejam crentes e trabalhem honestamente. Ele diz:
''A quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for fiel, concederemos uma vida agradável e premiaremos com uma recompensa, de acordo com a melhor das ações. '' (Alcorão Sagrado 16:97).
''Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja.'' (Alcorão Sagrado 4:124).
"Entrai no jardim (Paraíso), vós e vossas esposas e alegrai-vos.'' (Alcorão Sagrado 43:70)
5º - Eva não é a Causa da Queda de Adão (que Deus esteja satisfeito com ambos):
De acordo com o Alcorão Sagrado, a mulher não é culpada do primeiro erro de Adão. Ambos erraram na sua desobediência a Deus, ambos se arrependeram, e ambos foram perdoados. Podemos ler o seguinte no Alcorão:
''Determinamos: Ó Adão, habita o Paraíso com a tua esposa e desfrutai dele com a prodigalidade que vos aprouver; porém, não vos aproximeis desta árvore, porque vos contareis entre os iníquos. Todavia, Satã os seduziu, fazendo com que saíssem do estado (de felicidade) em que se encontravam.'' (Alcorão Sagrado 2:35-36).
''Então, seu Senhor os admoestou: Não vos havia vedado esta árvore e não vos havia dito que Satanás era vosso inimigo declarado? Disseram: Ó Senhor nosso, nós mesmos nos condenamos e, se não nos perdoares a Te apiedares de nós, seremos desventurados! '' (Alcorão Sagrado 7:22-23).
De acordo com o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele):
"Toda a criança nasce com igual natureza...''
Tal significa que todo o recém-nascido carrega consigo (seja ele ou ela) uma igual e inocente natureza, e nunca nasce pecador, isto encontra-se em total contradição com o Credo Cristão do pecado inato.
A Condição da Mulher no Islam
Tudo que é do outro, que não faz parte da nossa realidade mais imediata, tende a nos assustar e a ser objeto de nossa rejeição. Raríssimas vezes nos detemos nas questões que nos escapam e, por isso mesmo, fazemos julgamentos apressados, superficiais, e incorporamos conceitos sempre carregados de preconceitos, porque fundamentados na ignorância dos fatos. Nos dias atuais, onde tantas questões polêmicas nos são colocadas diariamente, onde mal temos tempo de digerir o noticiário, tal a rapidez com que as coisas acontecem no mundo, vamos estabelecendo nossos julgamentos e entendimentos em bases que carecem de uma análise mais profunda. Assim é com relação ao Islam, tão incompreendido, tão desconhecido. Assim é a questão da mulher no Islam, onde preconceitos e falsas informações estão disseminados de tal forma que ocupam o imaginário dos não muçulmanos, estereotipando essas mulheres, transformando-as em personagens que nunca correspondem à realidade. Tomamos para nós alguns conceitos, que passam a ser verdade, a nossa verdade, que sequer é nossa, e engrossamos o rol desta vasta legião de meros repetidores de falsas verdades, aliás, uma característica do nosso tempo. Mas, o que é o Islam? Como o Islam trata realmente a questão dos sexos? Qual é o papel da mulher muçulmana numa sociedade islâmica? Para se falar sobre a mulher no Islam, como ela é vista, qual a sua função, qual o seu papel, quais os seus direitos e deveres, torna-se necessário comparar este mesmo papel com outras culturas, outras religiões, quais os seus direitos e deveres, quais as suas conquistas, enfim, devemos considerar todos os aspectos, sejam sociais, politícos, econômicos, éticos ou morais e não, simplesmente, nos determos em aspectos culturais isolados. Por isso, nada melhor do que enfocar a condição da mulher no Islam, levando em conta essa mesma condição no Ocidente, e, mais especificamente no Brasil, de tradições, cultura e religião tão diferentes do Oriente. No que a muçulmana é diferente da mulher ocidental? Que valores éticos, morais, sociais e religiosos regem essas duas mulheres? Que padrões comportamentais fazem essas duas mulheres tão diferentes? Há 1400 anos, o Islam afirmou que a mulher é um ser humano, que tem uma alma da mesma natureza que a do homem, e que ambos, homens e mulheres, gozam dos mesmos direitos. No Islam, a mulher é um ser responsável e não pode ser desrespeitada ou discriminada em razão de seu sexo. No ocidente, apesar dos avanços conseguidos pelos movimentos feministas, as conquistas alcançadas não representam sequer a terça parte do que o Islam já havia garantido. Sabemos que a mulher ainda é discriminada, o maior contingente de analfabetos está na população feminina, ela é vítima da violência, que começa em casa, recebe um salário menor para o exercício de funções que ela executa em igualdade de condições com o homem, etc. Em 1995, há alguns anos atrás, na Quarta Conferência Mundial da Mulher, ocorrida em Pequim, os governos participantes reconheceram a péssima condição feminina e firmaram uma Declaração, onde entre outros tópicos, afirmavam o seguinte:
“Nós, os governos que participamos da Quarta Conferência Mundial da Mulher (…) estamos convencidos de que: (…) Os direitos da mulher são direitos humanos; (…) A igualdade de direitos, de oportunidades e de acesso aos recursos, à distribuição equitativa entre homens e mulheres das responsabilidades relativas à família … são indispensáveis ao seu bem-estar e ao de sua família, assim como para a consolidação da democracia. (…) A paz global, nacional e regional só pode ser alcançada com o progresso das mulheres, que são uma força fundamental de liderança, resolução de conflitos e promoção de uma paz duradoura em todos os níveis.”
A diferença básica entre esses dois mundos, o oriental e o ocidental, é que o Islam, conforme revelado ao Profeta Mohammad, está pronto, bastando ser seguido por todos. O Islam dignifica o ser humano, garante direitos. Sua mensagem, ainda que dirigida inicialmente aos árabes, é universal e se aplica a todos os homens e mulheres, em qualquer lugar e em qualquer tempo. As origens do Islam são as mesmas que as das religiões anteriores e Mohammad foi o último profeta de Deus. Deus esclarece no Alcorão que, ao longo de toda a história da humanidade, cada povo teve o seu mensageiro, em sua própria língua, em linguagem compatível com a compreensão do ser humano, anunciando a unicidade de Deus, confirmando o Dia do Juízo Final e determinando a subordinação ao que foi legislado por Ele.
Prescreveu-vos a mesma religião que tinha instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual recomendamos a Abraão, a Moisés e Jesus (dizendo-lhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso.(cap. 14:5)
A crença nos profetas e nos livros são artigos de fé para o muçulmano. Depois de Mohammad não haverá mais nenhum profeta e nem revelação alguma será feita.
Hoje, aperfeiçoei a religião para vós; agraciei-vos generosamente e aponto o Islam por religião. (Cap. 5:3)
A Importância da Mulher no Islam
Desde tempos imemoriais que o Islam tem sido vítima de uma distorção deliberada por parte dos Não-Muçulmanos. O lado mais negativo de tal fato é o de que não foram apenas não-Muçulmanos que elaboraram falsas concepções relativas ao Islam; infelizmente um certo número de seguidores do Islam é incapaz de compreender a essência deste Delicado mas Abrangente Código de Vida, desde que ficaram sob o impacto da Civilização Ocidental.
Muito tem sido dito contra a posição da mulher no Islam por parte dos não-Muçulmanos preconceituosos e fanáticos. Como conseqüência, o Islam tem sido, impiedosa e perpetuamente, objeto de ataques violentos, baseados em falsas suposições e fatos distorcidos acerca da real posição da mulher nesta Religião.
Esta é a questão fundamental de todo o mundo não-Muçulmano, em geral, e do mundo ocidental em particular.
O Ocidente conhece o Islam há mais de 13 séculos. No entanto, esse conhecimento foi adquirido de uma forma negativa como um inimigo e uma ameaça. Por isso, não é de forma alguma surpreendente que no Ocidente o Islam tenha sido descrito como uma religião hostil, tirânica e violenta. Da mesma forma a própria Cultura Islâmica tem sido narrada com cores sombrias e tristes.
Este estado de coisas não pode continuar e torna-se um dever imperativo defender o Islam e clarificar esta questão.
Conseqüentemente, tentaremos, neste pequeno trabalho, elucidar a forma como o Islam emancipou a mulher e elevou a sua posição. Mas antes de passar um veredicto sobre um costume, é necessário que seja levada em conta não só a História daquele tempo mas, também, todas as circunstâncias então prevalecentes.
É, por isso, necessário que consultemos a História e verifiquemos, por nós próprios, quão aviltadas, desprezadas e humilhadas as mulheres foram em diferentes civilizações e religiões do mundo, antes do advento do Profeta Muhammad (que Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).
Embora não seja possível descrever, neste apontamento, todos os acontecimentos da História relacionados com esta questão, aqui ficam descritos alguns que julgamos serem oportunos e suficientemente elucidativos.
A Civilização Grega
A Civilização Grega é tida como a mais gloriosa de todas as civilizações antigas. Durante o decorrer desta Civilização, a mulher era menosprezada moral e socialmente, e não tinha quaisquer direitos legais. Os Gregos olhavam para a mulher como uma criatura sub-humana, cuja posição na sociedade era, em todos os sentidos, inferior à do homem, para o qual estava reservada a honra, bem como um lugar de superioridade.
A prostituição estava fortemente implantada na sociedade Grega, e as relações com mulheres adúlteras não eram consideradas pecaminosas, Mais tarde, os Gregos foram arrastados pelo egoísmo, bem como pela perversão sexual.
Como conseqüência, modificou-se o modo de olhar a mulher, e as adúlteras obtiveram uma tal proeminência, de que não existe paralelo na História.
As casas de prostitutas tornaram-se o centro das atenções de todas as classes da sociedade, atraindo os seus filósofos, poetas, historiadores e pensadores. Esse tipo de mulher não somente promovia funções literárias mas, também, questões políticas de grande relevo, que eram decididas sob a sua influência.
É realmente estranho que o conselho de uma mulher que não ficava ligada a um homem por mais de três noites consecutivas, fosse largamente tido em conta, sobretudo em questões de cuja solução dependia a vida, ou a morte da nação.
O homem comum considerava o matrimônio como algo desnecessário, sendo a liberdade sexual tida como perfeitamente lícita e correta. De tal forma assim era, que, estes males tomaram-se numa parte da sua religião: foi deste modo que o culto à Afrodite, a deusa do amor e da beleza, se propagou por toda a Grécia.
De acordo com a sua mitologia, esta deusa, que era esposa de um deus, desenvolveu relações ilícitas com três outros deuses, bem como com um mortal. Como resultado desta última relação ilícita nasceu um deus bastardo, Cupido, o deus do amor!
Com o louvor dos deuses (satânicos) do amor na Grécia, as casas de prostituição tornaram-se em locais de veneração.
As prostitutas eram consideradas como jovens pias dedicadas a templos, e o adultério foi elevado ao estatuto de piedade e revestido de toda a santidade religiosa. Nenhuma nação no mundo foi capaz de se elevar novamente após tal declínio moral. E tal é o que afirma Deus no Alcorão Sagrado:
''E quando temos que destruir uma cidade Nós mandamos ordens aos seus habitantes que vivem na opulência e que, a seguir, cometem abominações; então, a Palavra (do castigo) é pronunciada e, Nós, punimo-la com completa destruição.'' (Alcorão Sagrado 17:16)
A História é testemunha de que após o término do, seu período de glória, a nação Grega nunca mais obteve uma segunda oportunidade de recolher os seus passos em grandeza e orgulho. A posição da mulher na Civilização Grega pode ser resumida nas palavras de Sócrates, o grande pensador e filósofo grego:
''A Mulher é a grande fonte do caos e da ruptura no mundo. Ela é como a árvore de "dafali", cujo aspecto externo é extremamente belo mas, se os pássaros a comerem, morrerão com toda a certeza. "
Anderoosky descreve o conceito grego da mulher, nas seguintes palavras:
''É possível curar-se de uma queimadura e da mordida de cobra, mas é impossível prender a subtilidade feminina."
A Civilização Chinesa
Nas escrituras Chinesas as mulheres são apelidadas de ''águas da desgraça", que desperdiçam toda a sua boa sorte, a mulher foi sempre vista como inferior ao homem, não lhe sendo concedido qualquer tipo de direitos.
A mulher era eternamente tida como menor, não sendo as crianças olhadas como verdadeiramente suas. Sempre que quisesse, o homem podia repudiar a sua mulher, podendo mesmo chegar a vendê-la como concubina.
Após a viuvez, ela permanecia como propriedade da família do marido, sendo-lhe, praticamente, impossível voltar a casar. A par com isto estavam a escravatura e o infanticídio.
A Civilização Romana
Nesta Civilização o homem possuía todo o poder e autoridade sobre a sua família, incluindo o direito de tirar a vida à sua própria mulher. Um esposo romano podia facilmente afastar a sua mulher por mero capricho.
Entre os romanos a mulher não possuía personalidade legal. Ela nunca podia aparecer no tribunal como queixosa. Era vista como uma menor, demente, como uma pessoa incapaz de fazer ou de agir de acordo com a sua preferência.
A sua propriedade passava para as mãos do seu marido pelo casamento. Ela não podia obter ou deter qualquer tipo de propriedade.
Não podia ser testemunha, não podia comprar ou vender, nem fazer parte de qualquer contrato. Com o avanço da civilização, o conceito humano com respeito à posição da mulher sofreu uma profunda alteração. As regras que determinavam o casamento sofreram, gradualmente, uma completa "metamorfose" que as condições mudaram para pior.
O divórcio foi facilitado, e o matrimônio era efetuado com bases que eram pouco sólidas. Séneca (4 a.C. - 65 d.C.), o famoso filósofo e estadista romano, criticou os seus compatriotas pela elevada incidência do divórcio entre eles. Séneca afirmou:
"Agora, o divórcio não é mais visto como algo de vergonhoso em Roma, as mulheres calculam a sua idade pela quantidade de homens que tiveram como mandos."
Naqueles dias, as mulheres tinham por hábito casarem-se diversas vezes; S. Jerônimo (340 - 420 d.C.) menciona uma mulher maravilhosa, cujo último marido tinha sido o seu 23º, tendo sido, ela própria, a 21º mulher do seu marido.
A Flora tornou-se um desporto romano muito popular, no qual mulheres nuas competiam em concursos de raça. Homens e mulheres tomavam banho juntos nos banhos públicos.
Quando os Romanos ficaram de tal maneira absorvidos por paixões animalescas, a sua glória desapareceu por completo, sem sequer deixar rasto atrás de si.
Hinduísmo
A Asura, como forma de casamento entre os antigos hindus, nada mais era do que uma espécie de venda da filha pelo pai. A legalização só muito dificilmente salvou mulheres de mãos cruéis, uma vez que nunca herdavam qualquer tipo de propriedade.
Na Índia, nos seus primórdios (e mesmo agora, em algumas partes), as moças eram (e são) delicadas aos deuses, freqüentemente, sendo-lhes oferecidas em matrimônio para que, desta maneira, pudessem usufruir dos seus serviços da mesma forma que os maridos se serviam das suas mulheres.
Por conseqüência, elas ficavam sob a dependência dos sacerdotes ''dharmakarthas'', ou dos mandatários ligados aos templos.
Nos tempos dos Vedas, as mulheres eram tratadas como recompensas de guerra, após a vitória, as mulheres eram levadas à força e distribuídas como artigos de saque. Por isso, o tratamento dado as mulheres era o pior possível.
De acordo com Manu, mentir é uma particularidade feminina, ainda segundo a ordem de Manu, no Hinduísmo,
"Uma mulher nunca deve procurar a independência e nunca deve fazer seja o que for de acordo com a sua satisfação. "
A lei do Hinduísmo diz:
"Por uma moça por uma jovem mulher, ou até mesmo por uma idosa, nada deve ser feito independentemente, mesmo na sua própria casa. Na infância uma fêmea deve ser submetida ao seu pai, na juventude ao seu marido, e quando da morte do seu senhor, aos seus filhos; uma mulher nunca deve ser independente."
A professora Indka, no seu livro "Posição das Mulheres em Mahabharate", escreve:
"Não existe criatura mais pecadora do que a mulher. A mulher é o fogo ardente. Ela é o gume afiado da navalha. É o conjunto de tudo isto. Os homens não devem amá-las ... destruição."
Sir R. G. Bhandarkar comenta:
''A Bhagavad Geeta dá expressão à crença geral de que é somente uma alma pecadora que nasceu como mulher"
Naqueles tempos, como agora, um casamento hindu era indissolúvel, nem o adultério, nem a prostituição, nem mesmo a degeneração podiam dissolver um casamento hindu.
O que dizer da vida, se até mesmo após a morte do marido as viúvas não podiam exigir a separação. O mais cruel era a prática do sati, no qual a viúva era queimada viva juntamente com o seu esposo morto. Esta prática foi proibida somente pelos preceitos Islâmicos.
A viúva era, e ainda o é, olhada como algo repugnante, inauspicioso e que se devia evitar. A posição das viúvas que não praticassem o ''Sati'' era tão triste, que as pobres almas consideravam preferível serem queimadas vivas do que suportarem uma longa e cruel tortura nas mãos de uma sociedade fria e injusta.
Até à altura da conquista da índia pelos Muçulmanos, as mulheres hindus caminhavam quase nuas e expunham os seus atrativos sem a menor vergonha.
Budismo
O ensinamento da Nirvana (salvação) não pode ser levado a cabo na companhia de mulheres, tal fato é, suficientemente, eloqüente para nos fornecer uma visão para a atitude do Budismo em relação às mulheres.
A idéia do matrimônio, e a vida que lhe está inerente, é contrária ao objetivo do Budismo - a aniquilação do desejo - fato que promove o celibato. Por isso, para um Budista, de acordo com o célebre historiador Westermark:
''As mulheres são, das ciladas que o demônio inventou para os homens, a mais perigosa; nas mulheres estão inerentes todas as paixões que cegam a mente do mundo."
A concepção sobre a mulher no Budismo encontra-se resumida nas palavras de um sábio Budista de renome, lembradas por Bettany no seu livro "Religiões Mundiais", nos seguintes termos:
"Infelizmente profundo, como o percurso de um peixe na água é o caráter da mulher, revestido de mil artifícios, com os quais se torna difícil descortinar a verdade, para a qual uma mentira é como a verdade, e a verdade como uma mentira"
Judaísmo
De acordo com as escrituras Hebraicas, no Judaísmo a mulher encontra-se sob uma maldição eterna e Divina.
"Da mulher provém o início do pecado, e através dela todos nós morremos"
É uma crença que detém a mulher como responsável por todas as fraquezas do homem. Por isso a sua degradação na sociedade Judaica, onde ela era considerada não como uma criatura merecedora de honra, mas como alguém que podia ser sujeita, justamente, a qualquer tipo de insultos, e ser reduzida à posição de um móvel na casa.

Cristianismo
Toda a estrutura do credo Cristão baseia-se na doutrina do Pecado Original, pelo qual o Cristianismo, como o Judaísmo, responsabiliza a mulher:
''A mulher que me deste por companheiras ela me deu da árvore, e comi" (Gênesis 3:12)
Eva, segundo o Cristianismo:
''... foi a primeira a cometer o pecado e causadora da desgraça de Adão: por isso, ela era realmente responsável pelos pecados da humanidade e Deus teve que enviar o Seu único Filho, Jesus Cristo, para ser crucificado e lavar todos os pecados do mundo com o seu próprio sangue."
Esta é a suma da fé Cristã.
Mais adiante, reproduziremos algumas passagens do Novo Testamento, as quais deverão, sem a necessidade de comentário, demonstrar a posição da mulher no Cristianismo, e de como ela deverá ser evitada pelos candidatos ao Reino dos Céus:
"Porque eis que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram." (S. Lucas 23:20)
"Bom seria que o homem não tocasse em mulher.'' (I aos Corintios 7:1)
"Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo (ou seja solteiros) ... Digo, por isso, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom ficarem como eu (ou seja, solteiros). Mas se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se." (Corintios 7:9)
"O solteiro cuida nas coisas do Senhor, em como há-de agradar ao Senhor. Mas o que é casado cuida nas coisas do mundo, em como há-de agradar à mulher." (Corintios 7:32-33)
"Mas, (ele), o que a não dá em casamento, faz melhor.'' (Corintios 7:38)
As comunicações Bíblicas sobre a fraqueza da mulher só poderiam levar os primeiros Sacerdotes Cristãos a fazerem tão "piedosíssimas" difamações, sobre as quais nenhuma mulher, que tenha respeito por si própria, poderá manter-se calada.
Paulo, o primeiro santo da Cristandade, proclama:
''A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Pois primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado mas a mulher, sendo enganada caiu em transgressão.'' (I à Timóteo 2:11-14)
Diz S. Tertúlio às mulheres:
"Sabeis vós, que cada uma de vós é uma Eva; a sentença de Deus sobre este sexo das vossas vidas nesta era; a culpa tem de necessariamente viver, igualmente; vós sois o primeiro desertor da Lei Divina, vós sois aquela que o persuadiu, quando o demônio ainda não era suficientemente forte para atacar. Vós destruísses muito facilmente a imagem de Deus no homem. Por conta da vossa deserção, ou seja, morte, até o Filho de Deus teve que morrer." (De Cottu Feminarum)
Afirma S. Gregório Taumaturgo:
"Entre todos os homens, procurei a castidade apropriada a eles, e não a encontrei em nenhum. Provavelmente pode-se encontrar um homem casto entre mil, mas nunca entre as mulheres."
Segundo S. Gregório de Nazianzum:
''A ferocidade é característica do dragão e a astúcia da áspide, mas a mulher tem a malícia de ambos."
S. João Crisóstomo olhava a mulher como:
"Um demônio necessário, uma calamidade desejada, um fascinador mortífero, e uma doença camuflada."
Aos olhos de S. Clemente de Alexandria:
"Nada de calamitoso é próprio do homem, que é dotado de razão, o mesmo não se pode dizer da mulher, para a qual se è uma vergonhoso refletir sobre a sua própria natureza." (Paeds, II:, 2.83, pag. 186)
Com efeito, os construtores da Igreja Cristã, bem como os primitivos Sacerdotes, podem ser denominados de rivais concorrentes nas suas denúncias relativas à mulher. Ela foi descrita como:
"O instrumento do Demônio";
"O fundamento das armas do Diabo, cuja voz é o assobiar das serpentes";
"Um escorpião sempre pronto a picar, e a lança do demônio";
"Um instrumento que o demônio utiliza para se apoderar das nossas almas";
"A porta do Inferno, o caminho da iniqüidade, o espigo do escorpião";
"Algo impuro, uma filha da falsidade, uma sentinela do Inferno, o inimigo da paz, e, de todos os animais selvagens, o mais perigoso".
Ditos de; S. Bernardo, S. Antônio, S. Boaventura, S. Cipriano, S. Jerônimo e S. João Damasceno, respectivamente.
A mulher era tida como "algo impuro", a "impureza" da mulher levou a Igreja Cristã a denunciar até o sagrado matrimônio - essa grande instituição social da humanidade. Diz S. Gregório:
''Abençoado, é aquele que leva uma vida celibatária, e não encerra em si a imagem Divina com a obscenidade da concupiscência."
A irreparável injúria que foi infligia sobre as mulheres na Cristandade, e sobretudo durante a Idade Média, dispensa qualquer tipo de descrição.
A condição das mulheres antes do advento do Profeta Muhammad (que Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), era miserável por todo o mundo, nenhuma religião lhes permitia a igualdade, nenhuma religião lhes deu uma parte na propriedade dos seus familiares e esposos.
A mulher era vista como um demônio e como um fardo indesejado, uma fonte de desgraça e humilhação para a família.
As mulheres eram universalmente tratadas como bens e brinquedos nas mãos dos homens. Elas nunca eram vistas como parte integrante do casamento. Podiam ser obtidas num momento de prazer, e rejeitadas de uma forma puramente caprichosa; somente o coração e a bolsa podiam colocar limitações.
As mulheres não tinham uma posição independente, não possuíam qualquer propriedade, não tinham qualquer direito a herança.
Na Arábia (em particular), mesmo antes do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), a condição da mulher era simplesmente miserável de tal forma que as crianças recém-nascidas de sexo feminino eram enterradas vivas. Elas não eram olhadas como pessoas humanas, com efeito, na Arábia, a mulher permanecia algures no limbo entre o mundo animal e a humanidade.
O Islam Realmente Honrou a Mulher
O Islam exaltou generosamente a mulher, honrou-a e tratou-a com civilidade, quer como criança e adolescente, quer como esposa e mãe.
a) - Como Criança e Adolescente:
Antes do advento do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), o mundo degradou a mulher e, praticamente, baniu-a. Ela tinha sido atirada para tão profundo abismo, que parecia não haver esperança na sua redenção. O Islam lutou acirradamente contra esta injustiça, sublinhando que a vida precisava tanto do homem como da mulher. A mulher não foi criada para ser ridicularizada e banida, como o homem, a mulher tem o seu propósito e direito à existência, e a Natureza está a alcançar o seu objetivo com a ajuda de ambos, homem e mulher, conforme reza o Alcorão:
"A Deus pertence a Soberania dos céus e da terra. Ele cria o que deseja. Dá filhas a quem deseja e dá filhos a quem deseja; ou dá-lhes aos pares machos e fêmeas, e torna estéril a quem deseja, pois Ele é Sábio e Poderoso.'' (Alcorão Sagrado 42:49-50)
Onde todas as outras religiões privam a mulher de todos os direitos, até ao de viver, o Islam garante-lhe os mesmos direitos que ao homem. O Islam também avisa aqueles que pretendem retirar-lhes os seus direitos, serão, seguramente, responsáveis perante Deus no Dia do Julgamento.
''Quando as almas forem reunidas, quando a filha, sepultada vida, for interrogada: Por que delito foste assassinada?'' (Alcorão Sagrado 81:7-9).
O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), instituiu numerosas instruções a favor da mulher. Favores que ela não podia obter mesmo dos auto-denominados apoiantes modernos dos direitos da mulher. O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:
''Deus proibiu-vos a desobediência às vossas mães, a recusa a sancionar direitos, a acumulação de riqueza de qualquer maneira (halal e haram = lícito e ilícito) e o enterro de filhas vivas." (Al Bukhari).
Ele disse, igualmente:
"Um homem que tem uma filha e não a despreza, não a enterra viva, nem prefere o seu filho em detrimento da sua filha, Deus admiti-lo-á no Céu." (Abu Daud).
Sobre Fatimah o Profeta disse:
''A minha filha é a minha carne, qualquer problema com ela causará a minha dor." (Bukhari e Muslim).
Os ensinamentos Islâmicos revolucionaram o pensamento daqueles homens que enterravam as suas filhas vivas, e que não sentiam qualquer vergonha ao fazê-lo. Começaram a amar e a alimentar as suas filhas. Aqueles que no passado tinham recusado a abrigar as suas próprias filhas, tornaram-se os guardiães das filhas de terceiros.
Por ocasião da Batalha de Uhud, o pai de Jabir, disse-lhe:
"Meu filho, eu posso ser martirizado na batalha que se avizinha; se isso acontecer, aconselho-te a tomares conta das minhas filhas."
Assim aconteceu, Jabir, que ainda era novo, desposou uma viúva que tinha à sua responsabilidade as sua irmãs. O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), perguntou-lhe:
"Porque é que não casaste com uma mulher jovem?''
Ele respondeu:
"Ó Rassulullah (Mensageiro de Deus)! O meu pai foi morto na Batalha de Uhud, deixando atrás de si nove filhas, que são minhas irmãs. Por isso, escolhi tal mulher para o meu casamento que pudesse tomar bem conta delas."
O Profeta disse: "Agiste bem." (Al Bukhari).
Estes são exemplos que a história de outras religiões não podem apresentar, o Islam é a única religião que honrou a mulher, desde a sua infância até à sua morte.
b)- Como Esposa:
O casamento é a união legal entre um homem e uma mulher para toda a vida e, por conseqüência, não tem como objetivo ser uma ligação temporária. É por isso que, no Islam, o "mutah", ou seja casamento temporário, é proibido.
Assim, o casamento no Islam é compartilhado pelas duas metades da sociedade, e os seus objetivos, para além de perpetuar a vida humana, são o bem-estar emocional e a harmonia espiritual. A sua base é o amor e a misericórdia. Entre os versículos mais impressionantes do Alcorão, sobre o casamento, está o seguinte:
''Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos.'' (Alcorão Sagrado 30:21).
Esta é uma importante definição da relação existente entre esposo e esposa, através do casamento, espera-se que encontrem tranqüilidade na companhia um do outro, limitados, não somente pela relação sexual, mas, também, pelo amor e misericórdia. Tal descrição inclui carinho mútuo, consideração, respeito e afeto.
Existem numerosas tradições, particularmente as narradas por Aicha esposa do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que fornecem uma clara visão interna do modo como o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), tratava as suas esposas, e da forma como estas o tratavam.
O aspecto mais relevante, sobre este assunto, é o da evidência do cuidado e respeito mútuos das relações matrimoniais. Não existe qualquer servilismo por parte das esposas, existem quase tantas referências ao Profeta em levar a cabo determinadas ações de modo a agradar às suas esposas, como as há destas a retribuírem-lhe a atenção. O Alcorão refere-se às esposas de uma forma geral, num outro capítulo, dizendo:
''Elas são vossas vestimentas e vós o sois delas.'' (Alcorão Sagrado 2:187).
Por outras palavras, assim como o vestuário fornece calor, proteção, decência e elegância, também o marido e a esposa oferecem a cada um intimidade, conforto e proteção para não cometer adultério, ou outro tipo de ofensa.
Tudo isto vai de encontro ao que foi retirado do Alcorão, de que um dos mais importantes objetivos dos regulamentos que orientam o comportamento e relações humanas, é o de preservar a unidade familiar, de tal modo que a atmosfera de tranqüilidade, amor, misericórdia e consciência de Deus, se possa desenvolver e florescer para o benefício do marido e da esposa, bem como das crianças nascidas do matrimônio.
É evidente que, onde as outras religiões condenaram a mulher, o Islam honrou-a. O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) elevou a posição da mulher e forneceu-lhe um lugar respeitável no seio da sociedade humana.
C)- Como Mãe:
O Islam considera deveras importante a bondade para os pais a seguir à adoração de Deus. O Alcorão refere:
''O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance um deles ou ambos, em vossa companhia; não os reproveis, nem os rejeiteis; outrossim, dirigi-lhes palavras honrosas. '' (Alcorão Sagrado17:23).
Mais do que isto, o Alcorão Sagrado contém recomendações especiais relativas ao correto tratamento a ter em relação às mães.
''E recomendamos ao homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe o suporta, entre dores e dores, e sua desmama é aos dois anos. (E lhe dizemos): Agradece a Mim e aos teus pais, porque retorno será a Mim.'' (Alcorão Sagrado 31:14).
Numa família muçulmana, no que diz respeito à honra, o Islam ordenou que se honrasse a mãe mais do que o pai, a irmã mais do que o irmão, e a filha mais do que o filho.
Certo homem dirigiu-se ao Profeta perguntando: "Ó Mensageiro de Deus! Quem, de entre as pessoas, é a mais merecedora da minha companhia?" O Profeta respondeu: ''A tua mãe". O homem retorquiu: "Depois, quem mais?" Só então o Profeta Muhammad disse: "O teu pai". (Bukhari e Muslim).
Ainda existe o famoso dito do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele):
"O Paraíso encontra-se aos pés das mães" (Nassal Ibn Majah, Ibn Hanbal).
Ele também disse:
"É o generoso (em caráter) aquele que é bom para as mulheres, e é fraco aquele que as insulta".
"Deus ordena-nos que tratemos as mulheres de uma forma nobre, pois que elas são nossas mães, filhas e tias."
Aspecto Social - Direitos Assegurados Pelo Islam à Mulher
1-. Direito à Vida:
O primeiro e fundamental direito é, o direito à vida. A Lei Islâmica diz:
''Aquele que matar um ser humano (homem ou mulher) sem que ele tenha cometido homicídio ou semeado corrupção na terra, será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade.'' (Alcorão Sagrado 5:32).
"E não destruas a vida que Deus tornou sagrada a não ser em casos de justiça." (Alcorão Sagrado 6:151).
Apesar da aceitação social do infanticídio feminino entre as tribos árabes, o Islam proibiu este conhecido costume, e considerou-o um crime como qualquer outro assassinato:
''Quando as almas forem reunidas, quando a filha, sepultada vida, for interrogada: Por que delito foste assassinada?'' (Alcorão Sagrado 81:7-9).
Criticando a atitude de tais pais que rejeitam crianças do sexo feminino, Deus diz:
"Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha, o seu semblante se entristece e fica angustiado. Oculta-se do seu povo, pela má notícia que lhe foi anunciada: deixá-la-á viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Quem péssimo é o que julgam! '' (Alcorão Sagrado 16:58-59).
Além disso, o Islam requer, para ela, um tratamento amável e justo. Entre os dizeres do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), citamos o seguinte:
"Qualquer um que tenha uma filha e que não a enterra viva, que não a insulta, nem favorece o seu filho em detrimento da sua filha, Deus fá-lo-á entrar no Paraíso." (Ibn Hanbal).
2 – Individualidade
No Islam, a mulher não é produto do diabo ou a semente do mal. No Islam, o homem não ocupa o lugar de senhor absoluto da mulher, que, sem outra alternativa, tem que se render ao seu domínio. No Islam só nos submetemos a Deus e só a Ele nos rendemos e prestamos contas. No Islam, ao contrário de outras crenças e sistemas religiosos, a mulher tem alma e é dotada de qualidades espirituais. O Islam não considera Eva a única responsável pelo pecado original de toda a humanidade e, por consequência, pelo sacrifício na cruz de Jesus(swas) para redimir a humanidade do pecado original. O Alcorão esclarece que tanto Adão como Eva erraram, ambos foram tentados, ambos pecaram e ambos foram perdoados por Deus após ter manifestado arrependimento.
Allah salienta no Alcorão que Adão foi o único responsável por seu erro.
"Havíamos firmado o pacto com Adão, porém, ele esqueceu-se dele; e não vimos nele firme resolução" (Alcorão 20:115)
"E ambos comeram (os frutos) da árvore, ... Adão desobedeceu a seu Senhor e foi seduzido. Mas logo o seu Senhor o elegeu, absolvendo-o e encaminhando-o." (Alcorão 20:121-122)
Portanto, não há nada na doutrina islâmica ou no Alcorão que considere a mulher como responsável pela expulsão de Adão do Paraíso ou pela miséria da humanidade.
A mulher na lei islâmica é igual ao homem. Ela é tão responsável por seus atos como o homem o é. Seu testemunho é solicitado e valido na corte. Suas opiniões são buscadas e seguidas, o Profeta (sas) consultou sua esposa, (Um Salama) sobre uma das mais importantes questões para a comunidade muçulmana.
O Alcorão menciona, especificamente, que aqueles que buscavam informação das esposas do Profeta podiam fazê-lo, desde que atendidas determinadas condições.
"... E se desejardes perguntar algo a elas (suas esposas), fazei-o detrás de cortinas." (Alcorão 33:53)
Na medida em que perguntas exigem respostas, as Mães dos crentes ofereciam fatwas àqueles que perguntavam e narravam ahadiss a todo aquele que desejasse transmiti-los. Além do mais, as mulheres estavam acostumadas a questionar o Profeta (sas) mesmo na presença dos homens. Nem elas ficavam constrangidas por se fazerem ouvir nem o Profeta as impedia de indagar. Mesmo no caso de Omar, quando ele foi desafiado por uma mulher durante o seu sermão no minbar, ele não retrucou, pelo contrário, admitiu que ela estava certa e ele errado e disse: "Todo mundo é mais instruído do que Omar."
Um outro exemplo alcorânico de uma mulher falando em público é o mencionado no versículo 28:23. Além desse, o Alcorão relata a conversa entre Salomão e a Rainha de Sabá, assim como entre ela e seus subordinados. Todos esses exemplos demonstram que as mulheres podem expressar suas opiniões publicamente porque o que quer que tenha sido prescrito a elas antes de nós está prescrito para nós, a não ser que seja unanimente rejeitado pela doutrina Islâmica.
Portanto, a única proibição é a mulher se comportar de modo a se insinuar ou tentar o homem. Isto está expresso no Alcorão, onde Allah diz:
"Ó esposas do Profeta, vós não sois como as outras mulheres; se sois tementes, não sejais insinuantes na conversação, para evitardes a cobiça daquele que possui morbidez no coração, e falai o que é justo." (Alcorão 33:32)
Assim, o que é proibido é o falar insinuante que induz aqueles que têm os corações doentes a se comportarem de forma inadequada. Mas, isto não quer dizer que toda conversa com as mulheres seja proibida, porque Allah completa o versículo
"... mas falai o que é justo." (Alcorão 33:32)
O homem é testado mais por suas bênçãos do que por suas tragédias.
E Allah diz:
"... e vos provaremos com o mal e com o bem." (Alcorão 21:35)
Em apoio a este argumento Allah diz no Alcorão que as duas maiores bênçãos da vida, riqueza e filhos, são provas.
"E sabei que tanto vossos bens como vossos filhos são para vos pôr à prova" (Alcorão 8:28)
Uma mulher, não obstante as bênçãos que ela espalha em seu ambiente, também pode ser uma prova, posto que ela pode desviar um homem de sua obrigação para com Allah. Assim, Allah cria a consciência de como as bênçãos podem ser extraviadas a ponto de se tornarem maldições. Os homens podem usar suas esposas como uma desculpa para não cumprir a jihad ou para fugir do sacrifício de produzir riqueza. No Alcorão Allah avisa:
"Ó fiéis, em verdade, tendes adversários entre as vossas mulheres e os vossos filhos" (Alcorão 64:14)
A advertência é a mesma para aqueles abençoados com riqueza e descendência abundantes (63:9). Além disso, o hadiss diz: "Por Deus não receio a pobreza para vós, mas sim que o mundo vos seja abundante como o foi para aqueles antes de vós e assim que luteis pela abundância da mesma forma que aqueles antes de vós lutaram e assim que sejais destruídos assim como eles foram destruídos." Este hadiss não quer dizer que o Profeta encorajasse a pobreza.
A pobreza é uma maldição contra a qual o Profeta buscava refúgio em Allah. Ele não pretendia que sua Ummah se privasse da riqueza e da abundância- "O melhor da boa riqueza é para o justo." As mulheres também são um presente para o justo, porque o Alcorão diz que o muçulmano e a muçulmana, o crente e a crente, são ajuda e conforto um para o outro, aqui e no além. O Profeta não condenou as bênçãos que Allah propiciou para a sua Ummah. Antes pelo contrário, ele desejava afastar os muçulmanos e a sua Ummah dos caminhos escorregadios, cujo fosso insondável é uma lama de crueldade e desejo. A mulher é reconhecida no Islam como a parceira completa do homem e igual a ele na procriação da humanidade. Ele é o pai e ela é a mãe e ambos são essenciais para vida. O papel da mulher não é menos vital do que o do homem. Nesta parceria as partes são iguais em cada aspecto, têm direitos e responsabilidades iguais e são dotadas das mesmas qualidades, seja homem ou mulher. No Islam, a mulher se iguala ao homem ao ser responsável por seus atos. Ela possui uma personalidade independente, dotada de qualidades humanas e digna de aspirações espirituais. Sua natureza humana não é nem inferior nem superior à do homem. Homens e mulheres têm as mesmas obrigações e responsabilidades sociais, morais e religiosas e devem enfrentar a consequência de seus atos.
Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja. (Cap. 4:124)
No Islam, a mulher é independente economicamente, uma vez que ela pode ser proprietária, com direito a administrar seus bens e ninguém, pai, marido ou irmão, tem ingerência no trato de questões financeiras.
3. Educação e instrução.
Ela se iguala ao homem na busca pelo conhecimento e educação. Quando o Islam conclama os muçulmanos para a busca do conhecimento, ele não faz distinção entre os sexos. A educação não é somente um direito, mas uma responsabilidade de todos os homens e mulheres porque essa é a melhor forma de se aproximar de Allah (swt). Ela passa a ter os seus horizontes abertos, e a sua fé passa a ser uma fé consciente, enraizada na mente e no coração. A mulher é a base da sociedade, pois ela é a mãe "é a melhor das escolas"; é com ela que aprendemos tudo o que se refere aos princípios morais e boas maneiras. Logo, se a mãe é sábia e virtuosa, seus filhos assim crescerão, e a sociedade será consolidada na verdade e na virtude, Mohammad, há 14 séculos atrás, foi muito claro ao afirmar que a busca do conhecimento é uma obrigação para todo o muçulmano, seja homem ou mulher. Durante muito tempo foi negado à mulher o direito de expor suas opiniões. Em Coríntios I 14:34/35, São Paulo diz: “Como em todas as congregações de santos, as mulheres devem permanecer caladas nas igrejas. Não é permitido a elas falar e devem ser submissas, como a lei diz. Se elas quiserem perguntar sobre alguma coisa que perguntem a seus maridos em casa, porque é vergonhoso para uma mulher falar nas igrejas.” Em Timóteo I 2:11-14, ele escreveu: “Eu não permito a uma mulher ensinar ou ter autoridade sobre um homem; ela deve ser calada, porque Adão foi feito primeiro, e depois Eva. E Adão não foi o que perdeu, foi a mulher que perdeu e se tornou pecadora”.
O Islam entende que uma mulher não pode se instruir se não lhe é permitido falar. O Islam entende que uma mulher não pode crescer intelectualmente se ela é obrigada a um estado de completa submissão. O Islam entende que uma mulher não tem vida própria se sua única fonte de informação é o marido em casa.
4. Liberdade de Expressão: Por isso, no Islam ela tem direito à liberdade de expressão, tanto quanto o homem. Suas opiniões são levadas em consideração e não podem ser desrespeitadas sob a alegação de serem provenientes de uma mulher. Há diversos relatos a respeito da participação efetiva das mulheres, não só expressando sua opinião como também questionando e participando de discussões sérias com o Profeta. A propósito, o Alcorão tem a seguinte passagem: Em verdade, Deus escutou a declaração daquela que discutia contigo, acerca do marido, e se queixava em oração a Deus. Deus ouviu vossa palestra, porque Ele é Oniouvinte.
Aqueles, dentre vós, que repudiam as suas mulheres através do zihar, saibam que elas não são suas mães. Estas são as que os geraram; certamente, com tal juramento, eles proferiram algo iníquo e falso; porém, Deus é Absolvedor, Indulgentíssimo. (Cap. 58:1-2)
Este relato se refere Khawlah, esposa de Auss Ibn Assámet, que havia se divorciado dela, seguindo um costume idólatra, apesar de ele ser muçulmano. O expediente era conhecido como zihar e consistia em dizer para a esposa que a partir daquele momento ela era considerada sua mãe. Isto liberava o marido de qualquer responsabilidade conjugal sem dar, no entanto, liberdade para ela abandonar o lar ou contrair novo matrimônio. Tendo ouvido estas palavras de seu marido, a mulher foi ter com o Profeta, na esperança de que ele resolvesse o seu caso. O Profeta era de opinião que ela deveria ser paciente, desde que parecesse que não havia outro caminho. No entanto, ela continuou questionando Mohammad quando veio a revelação que constitui os versículos acima. Portanto, como vemos, a mulher no Islam tem o direito de argumentar, mesmo que seja com o Profeta do Islam. Ninguém tem o direito de instruí-la a se calar.
Vida na participação de Direito Em primeiro lugar, deve ser esclarecido que o Islam entende que o papel da mulher na sociedade como mãe e esposa, é o mais sagrado de todos. Nenhuma babá ou empregada pode substituir a mãe no seu papel de educadora de uma criança. A regra geral na vida política e social é a participação e a colaboração de homens e mulheres nas questões públicas. O Islam não exige, como algumas pessoas pensam, que a mulher fique confinada em sua casa até a morte. Em toda a história do Islam há relatos suficientes que comprovam a participação da muçulmana nas questões públicas, nas funções administrativas, na erudição e ensinamentos e mesmo nos campos de batalha, ao lado do Profeta.. Não há no Alcorão, ou nas sunas do Profeta, qualquer texto que impeça a mulher de exercer qualquer posição de liderança, exceto na condução da prece, por motivos óbvios que serão vistos mais adiante, e na liderança do estado. Um chefe de estado não é apenas decorativo. Ele exerce funções inerentes ao cargo, viaja, negocia com outras autoridades, participa de encontros confidenciais com tais autoridades. São atividades, muitas das vezes, não são condizentes com as diretrizes traçadas pelo Islam para a interação entre os sexos. Registros históricos comprovam que as mulheres participavam da vida pública em igualdade de condições com os muçulmanos, principalmente em tempos de emergência. Elas combatiam nas guerras, cuidavam dos feridos, preparavam suprimentos, ajudavam os guerreiros, consultavam diretamente o Profeta a respeito de assuntos pessoais e até íntimos, etc. Jamais houve qualquer barreira que impedisse a integração da mulher na sociedade islâmica. Jamais foram consideradas criaturas desprovidas de alma ou de qualquer mérito. O aconselhamento, o ensinamento religioso, a educação espiritual são atividades exercidas pelas mulheres desde os primórdios do Islam.
5) Direito ao Emprego:
Quanto ao direito da mulher de procurar emprego, deveria tornar-se claro que o Islam vê o seu papel na sociedade como mulher e mãe, um papel sagrado e essencial. Nem as empregadas, nem as amas podem substituir a mãe no seu papel de educadora de uma criança. Tal papel, tão nobre e vital, que afeta largamente o futuro das nações, não pode ser levado de uma forma tão "leviana".
Não obstante, não existe qualquer regra no Islam que proíba a mulher de procurar o emprego sempre que para tal haja necessidade, tendo em conta as normas islâmicas de castidade, e assegurando-se que estas estão a ser respeitadas e, especialmente, em cargos que se coadunem com a sua própria natureza, onde a sociedade dela mais necessita.
Mesmo então, o Islam ensina o princípio da divisão do trabalho, destina trabalho algo enérgico e duro, fora da casa, ao homem, tornando-o responsável pela manutenção da família. Olha para o lar como a principal preocupação da mulher, delegando-lhe o cuidado da casa, a responsabilidade da educação e a vigilância das crianças um encargo que forma o mais importante item na tarefa da construção de uma nação. E ambos devem trabalhar em espírito de harmonia simpatia e amor. Ao fim e ao cabo, ambos têm a sua parte a desenvolver na vida, sendo a da mulher mais relevante tanto em importância como em nobreza. Pois que, se o homem se gaba de ganhar dinheiro, fabricar computadores, aviões, foguetes e mísseis, a mulher deverá, logicamente, silenciá-lo ao lembrar-lhe que ela é a parceira indispensável no criação do próprio Homem. Assim sendo, torna-se evidente que o aspecto econômico da mulher é mais seguro no Islam do que em qualquer outra religião.
O Seu Dever Sagrado
A mulher, na verdadeira acepção Islâmica, é um relicário de santidade em contraste com o Cristianismo, onde ela é olhada como fonte do mal. Com uma só palavra o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) elevou-a ao mais alto pedestal, quando disse: ''A mulher é a rainha da casa" e decerto "O Céu encontra-se sob os pés da tua mãe".
Sob os ensinamentos do Cristianismo, se a primeira mulher (Eva) trouxe o Inferno eterno, no Islam ela abriu a porta do Paraíso! Durante os últimos anos, tem havido luta permanente entre os dois sexos, relativamente aos seus respectivos direitos e obrigações; mas, poderão os advogados do Movimento Modernista reivindicar melhor posição para a mulher, do que já lhe foi concedida pelo Islam?
O Mundo deve saber e aceitar a verdade de que nenhuma outra fé, ou cultura, deu à mulher tantos direitos e preservou a sua honra e castidade, como o Islam o fez. Pierre Crabbites, no seu artigo sobre "Coisas que Muhammad fez pela mulher'' observa:
''A mulher muçulmana é uma força canalizadora, modelada por Muhammad há 13 séculos atrás, que assegurou às mães, mulheres e filhas do Islam, uma ordem e dignidade que ainda não está geneticamente assegurada às mulheres, pelas leis do Ocidente.''.
6- Direito de Posse Independente:
De acordo com a Lei islâmica ,o Islam decretou o direito da Mulher ao seu dinheiro, aos seus bens de raiz, ou às suas outras propriedades. O Islam garante à mulher direitos iguais para contratar, para assumir empreendimentos, para ter ganhos e posses independentemente Este direito não é dependente de ela ser solteira, ou casada. Ela retém todos os direitos para comprar, vender, amortizar, ou alugar qualquer das suas propriedades. A este respeito, o Alcorão observa:
''Não ambicioneis aquilo com que Deus agraciou uns, mais do que aquilo com que (agraciou) outros, porque aos homens lhes corresponderá aquilo que ganharem; assim, também as mulheres terão aquilo que ganharem. Rogai a Deus que vos conceda a Sua graça, porque Deus é Onisciente.'' (Alcorão Sagrado 4:32).
É por causa deste direito de posse independente, que ambos os mandamentos de Zakat e de Hajj se tornaram obrigatórios para as mulheres que possam ter recursos para esses efeitos.
. Somente no século passado a Europa reconheceu o direito da mulher de contrair obrigações. No Islam, vida, propriedade, honra são tão sagrados para ela quanto para o homem. Se ela cometer qualquer falta sua pena não é maior ou menor do que para o homem, em casos semelhantes, estabelecida pela shariah islâmica. Conta a tradição que certa vez alguém veio ter com o Profeta solicitando a sua intercessão para a filha de uma autoridade que havia sido apanhada praticando roubo. O Profeta então respondeu que ainda que fosse Fátima, sua filha muito amada, que estivesse naquela situação, ele não poderia impedir que a lei fosse aplicada. No Islam, a lei é igual para todos e não exime ninguém em razão de sua posição social. Estes direitos não estão estabelecidos de uma forma apenas retórica. O Islam tomou medidas para salvaguardá-los e colocá-los em prática como artigos de fé. O Islam não tolera o preconceito contra a mulher ou a discriminação entre os sexos. O Islam reprova todo aquele que considera a mulher inferior ao homem.
7- Direito à Herança
Além do reconhecimento da mulher como um ser independente, considerada como essencial para a sobrevivência da humanidade, o Islam deu à mulher o direito à herança herança e de dispor dos seus bens como quiser. Diz Allah (swt), o Altíssimo: *Não ambicioneis aquilo com que Allah (swt) agraciou uns, mais do que aquilo com que (agraciou) outros, porque aos homens lhes corresponderá aquilo que ganharem assim, também as mulheres terão aquilo que ganharem. Rogai a Allah (swt) que vos conceda a Sua graça, porque Allah (swt) é Onisciente.* (4: 32). Este direito dado a mulher no estatuto muçulmano a 1400 anos atrás, só foi conquistado pela mulher no Brasil em 1962, quando teve os direitos de assinar contratos e receber herança se a autorização do marido. Na Inglaterra, só em 1882 lhe foi assegurado o direito de dispor do seu dinheiro. . Antes do Islam, ela não só era privada desta participação como era considerada propriedade do homem. Seja ela esposa ou mãe, irmã ou filha, a mulher tem participação na herança, e esta participação depende do seu grau de relação com o morto e o número de herdeiros. Esta quota é dela e ninguém tem poder para negar-lhe esta participação, ainda que o morto quisesse deserdá-la. Qualquer um pode, legalmente, dispor de 1/3 dos seus bens, não afetando, assim, o direito de herdeiros, sejam homens ou mulheres. Em alguns casos, o homem recebe 2 quotas na herança ao passo que a mulher fica com uma. Isto não é sinal de preferência ou supremacia do homem sobre a mulher. Eis algumas razões que justificam a medida: No Islam o homem assume as responsabilidades financeiras da completa manutenção de sua esposa e família. É sua obrigação perante a lei assumir todos os encargos financeiros e manter seus dependentes adequadamente. Isto significa que ele herda mais, mas ele é responsável financeiramente por outras mulheres: filhas, esposas, mãe e irmãs.,em alguns casos ele é responsável por seus parentes com certas necessidades, especialmente os do sexo feminino. Esta responsabilidade não é nem, renunciada, nem reduzida, por causa da saúde da sua mulher, ou devido ao seu acesso a alguma remuneração proveniente do trabalho, renda, lucro, ou de outros meios legais.
. A mulher no Islam está protegida e segura do ponto de vista material. Se ela é esposa, o marido é o provedor. Se ela é mãe, cabe ao filho o encargo. Se ela é filha, o pai se reponsabiliza por sua manutenção, se ela é irmã, o irmão, e assim por diante. Quando ela é sozinha, não tem ninguém, é evidente que não tem herança a ser recebida e ela passa a ser responsabilidade da sociedade como um todo, cabendo, portanto, ao Estado, prover sua mantença através de ajuda, arrumando trabalho para que ela ganhe seu próprio sustento.
O Islam garantiu, o direito à herança de seus pais, parentes, marido e descendentes. O Alcorão diz:
''Aos filhos varões corresponde uma parte do que tenham deixado os seus pais e parentes. Às mulheres também corresponde uma parte do que tenham deixado os pais e parentes, quer seja exígua ou vasta, uma quantia obrigatória. '' (Alcorão Sagrado 4:7).
Aqui, a partilha é absolutamente dela e ninguém pode reclamar alguma coisa da mesma, inclusive o seu pai e os seus parentes; nem mesmo o seu marido. A sua parte é, na maioria dos casos, metade da parte do esposo, sem qualquer implicação de que ela seja inferior ao homem. Esta variação nos direitos hereditários é apenas consistente com as variações nas responsabilidades financeiras do homem e da mulher, de acordo com a Lei Islâmica.
A mulher, por outro lado, está muito mais segura economicamente, e encontra-se muito menos sobrecarregada em relação a reclamações sobre as suas riquezas. Os seus bens, pré e pós matrimoniais, não são transferidos para o seu marido, e ela até mantém o seu nome de solteira. Após o casamento, ela não tem qualquer obrigação de gastar dos seus bens, ou dos seus rendimentos, seja com ela, seja com sua família. A metade da partilha dos bens que a mulher herda pode, deste modo, ser considerada generosa, visto que se destina só para ela.
Para elucidar este ponto, tomemos um exemplo: um pai de dois filhos - um rapaz e uma moça - faleceu e deixou 300 reais. De acordo com a Lei Islâmica da Herança, na ausência de outros herdeiros legais, a filha será titular de 100 reais, e o filho de 200 reais. Quando atingirem a maioridade e pensarem em casar, o jovem rapaz será obrigado a pagar um dote à sua mulher. Neste caso, ele terá que gastar parte do dinheiro da sua herança, e fica, ainda, obrigado a manter a sua família e a incorrer em todas as despesas neste sentido.
Em relação à jovem, (irmã do jovem rapaz referido) quando se casar, será intitulada a receber um dote de seu marido; previamente ela já tinha herdado 100 reais (da herança do pai falecido) e, agora, receberá mais algo proveniente do dote do seu marido, perfazendo um total bastante razoável. E, nunca será obrigada a gastar nada do seu dinheiro, por muito rica que ela seja, uma vez que o seu marido é responsável por a manter e aos seus filhos, enquanto ela for sua esposa. Será contraditório afirmar que o seu dinheiro aumentou, enquanto o do seu irmão diminuiu, ou desapareceu Completamente? Então, quem realmente beneficiou mais da herança? O filho, ou a filha?
Dificilmente se, poderá negar que, um exame minucioso à Lei Islâmica da herança, dentro do estudo geral dos princípios da Chari'ah, não só revela justiça mas, também, uma certa abundância de compaixão pela mulher.
Conclusão: Quando o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) tomou posse do Ofício Profético em 610 (Era Cristã), a maioria das nações Européias debatiam arduamente a natureza da mulher:
"Será que ela era realmente humana? Terá alma? Poderá Ter fé? Poderá ela adorar? Poderá ela ser recompensada por Deus da mesma forma que o homem? Poderá ela ser admitida no Paraíso? Poderá ela possuir bens? Poderá ela ter direito à herança? Em resumo, deverá ela ser tratada como um ser humano, ou apenas como um boneco nas mãos do homem?"
Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) o Guia da humanidade, que numa época em que nenhum país, nenhum sistema, e nenhuma religião dava qualquer direito, ou respeito à Mulher, solteira ou casada, esposa ou mãe; que num país onde o nascimento de uma filha era considerado uma calamidade, assegurou à mulher direitos que, à mulher Ocidental, no século XX, são concedidos de uma forma relutante e sob pressão, pelo Ocidente "civilizado"; e isso merece a gratidão da humanidade.
Se Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) nada mais tivesse feito do que emancipar a mulher, a sua reivindicação para ser o maior benfeitor da humanidade teria sido incontestável. Não será, então, malícia por parte de alguns críticos Ocidentais para com o salvador da espécie feminina (que devolveu à mulher a sua posição devida na sociedade), tornando-o como seu inimigo?
Dizemos isto porque, mesmo hoje, no século XX, como no ano 610 quando Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) tomou a seu cargo o Ofício Profético, as pessoas desviadas do Ocidente continuam a proferir pensamentos maléficos sobre o Islam.
8-Direito ao "Mahr" (Dote):
Para além de todas as precauções para a sua proteção na altura do casamento, o Islam decretou, especificamente, que a mulher tem o pleno direito ao seu "mahr" (dote), um presente matrimonial que lhe é oferecido pelo seu marido, sendo incluído no contrato nupcial, e que tal posse não se transmite ao seu pai, irmão, ou esposo.
O conceito de "mahr'' no Islam não é nem um preço atual, nem um preço simbólico da mulher (como, foi o caso em certas culturas), mas será, antes de mais, um presente simbolizando de amor e afeto.
O "mahr" no Islam não é como o velho dote Europeu, que era ofertado por um pai à filha na altura do casamento, tornando-se propriedade do futuro marido.
Nem o "mahr" Muçulmano é semelhante ao "preço" da nora Africana, que era pago pelo noivo ao pai da noiva, como forma de pagamento ou compensação.
Pelo contrário, o "mahr" Muçulmano é um presente matrimonial do noivo à noiva, ficando este presente como exclusiva propriedade dela.
O Alcorão diz:
''Concedei os dotes que pertencem às mulheres.'' (Alcorão Sagrado 4:4).
9– Privilégios
A mulher no Islam usufrui de certos privilégios. Durante o período menstrual ela está isenta das preces e do jejum. Ela está isenta, também, de todas as responsabilidades financeiras. Ela não precisa trabalhar ou dividir com o marido as despesas domésticas. Todos os bens de família que ela leva para o casamento são seus e o marido não tem qualquer direito sobre aqueles pertences. Cabe notar que somente no século passado a Europa reconheceu o direito de propriedade à mulher casada, em igualdades de condições com as solteiras, viúvas e divorciadas, com a Lei da Propriedade da Mulher Casada, de 1879. Nenhuma mulher casada é obrigada a gastar um tostão de seus bens para manter a casa. Em geral, a muçulmana tem garantido o sustento em todas as fases de sua vida, seja como filha, esposa, mãe ou irmã. Como filha e irmã ela tem garantido o sustento pelo pai ou irmão respectivamente. Ela também é livre para trabalhar, se assim o quiser, e participar com o seu trabalho das responsabilidades familiares. Não ohá no Alcorão ou na Suna qualquer texto explícito que categoricamente proíba a muçulmana de procurar um emprego lícito. Inclusive, algumas podem ser forçadas a buscar emprego a fim de sobreviverem, principalmente em países onde inexistam medidas que assegurem a estabilidade financeira das viúvas ou divorciadas. A mulher muçulmana foi privilegiada por Allah (swt) em relação aos pais, pois a posição da mãe é três vezes superior a do pai. O profeta disse: " O paraíso jaz aos pés das mães ". Portanto, a obediência aos pais é uma obrigação do muçulmano, principalmente a mãe, pois ela é a base da família e ela sofreu as dores do nosso parto, de nos educar e sofrer para o nosso bem. Assim também, o Islam respeita a mulher como filha e ordena que pai e mãe zelem pela educação das meninas e prometeu o paraíso para o muçulmano que educar uma filha e a ensinar os bons modos islâmicos após terem difundido na Arábia pré-islâmica que ter uma filha era motivo de vergonha e desonra. Diz o Alcorão Sagrado: *E atribuem filhas a Allah (swt)! Glorificado seja! E anseiam , para si, somente o que desejam. Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha, o seu semblante se entristece e fica angustiado. Oculta-se do seu povo, pela má notícia que lhe foi anunciada: deixa-la-á viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Quem péssimo é o que julgam!* (16:57-59)
10 . Direito Quanto ao casamento.
A mulher tem o direito de escolher com quem irá casar e também manter o seu nome de solteira após o casamento, pois o nome é parte da identidade e da personalidade da pessoa e, uma das formas de aprisionar a mulher e colocá-la sob o domínio do homem, foi fazê-la adotar o nome do marido após o casamento, como um objeto que é passado de uma pessoa para a outra. A primeira mulher a ir contra essa agressão foi Lucy Stones, em 1885.
De acordo com a Lei Islâmica, a mulher não pode ser forçada a casar sem o seu consentimento, não é legal que um tutor force uma moça adulta a casar-se. Ninguém, nem mesmo o pai, ou o soberano, pode, legalmente, casar uma mulher adulta sem a permissão desta, seja ela virgem, ou divorciada.
Ibn 'Abbas narrou que uma jovem dirigiu-se ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) e relatou que o seu pai a tinha forçado a casar-se sem o seu consentimento. O Profeta deu-lhe a escolher entre aceitar o casamento, ou invalidá-lo. (Ibn Hanbal).
Para além de todas as prevenções relativas à sua proteção durante o tempo do matrimônio, o Islam decreta, especificadamente, que a mulher tem todo o direito ao seu "Mahr" (dote). As regras para a vida de casado no Islam são claras e encontram-se em harmonia com a verdadeira natureza humana. No tocante aos aspectos psicológico e fisiológico do homem e da mulher, cada um possui iguais direitos e exigências sobre o outro, à exceção de um tipo de responsabilidade o do chefe. Este é um assunto natural de qualquer vida em comum, e que é consistente na natureza do homem. Por isso, o Alcorão declara:
"E elas (as mulheres) têm direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas, condignamente; mas os maridos conservam um grau (de primazia) sobre elas.'' (Alcorão Sagrado 2:228).
Tal grau é "Qiwamah" (a manutenção e a proteção), isto refere-se à diferença natural entre os sexos, que sujeita o sexo fraco à proteção. Tal não implica qualquer tipo de superioridade, ou de vantagem, perante a lei. Todavia, o papel masculino de chefe em relação à sua família, não significa a prepotência do marido sobre a sua esposa.
Para além dos seus deveres básicos como esposa, existe o direito que é, vivamente, recomendado pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) e vem sublinhado no Alcorão, o tratamento amistoso e companheirismo.
''Harmonizai-vos entre elas, pois se as menosprezardes, podereis estar depreciando seres que Deus dotou de muitas virtudes.'' (Alcorão Sagrado 4:19).
O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) disse:
"O Melhor entre vós é aquele que for melhor para a sua família; e eu sou o melhor entre vós para a minha família."
"Os Crentes mais perfeitos são os melhores em conduta, e os melhores de entre vós são aqueles que são melhores para as suas esposas." (Ibn Hanbal).
"Quanto mais cívico e amistoso for um Muçulmano para com a sua esposa mais perfeita é a sua fé. " (Tirmidhi).
''A mulher" - disse ele - ''É a rainha da sua casa."
Para o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) a mulher não é "um instrumento do Demônio", mas, sim, uma "Muhsanah" (uma fortaleza contra Satanás).
Antes do advento do Islam, a união matrimonial do homem e da mulher tinha sido vista com desaprovação, tendo sido considerada como depreciativa para o homem em algumas religiões. Mas o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) deitou abaixo todas estas considerações, de uma vez por todas:
"O casamento está no meu destino, e quem declinar este meu caminho, não é meu apoiante (ou seja não é meu seguidor).'' (Bukhari e Muslim).
Assim como é reconhecido o direito à mulher de decidir sobre o seu casamento, também é reconhecido o seu direito a procurar finalizar um matrimônio mal sucedido.
11-.Direito ao Divórcio.
Apesar de, no Islam, o casamento não ser uma relação temporária, sendo considerado para durar toda a vida, a sua dissolução será inevitável se ele falhar ao servir os seus propósitos. É nessa altura que surge o divórcio.
Devemos esclarecer que, no Islam, o divórcio é o último recurso quando todos os esforços conciliatórios falharem. A propósito do divórcio, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) avisou com veemência:
"De todas as coisas legais, o divórcio é a mais detestável aos olhos de Deus. "
O Islam não confina o direito ao divórcio só ao homem ou à mulher, se a mulher não se sente segura, ou feliz com o seu marido, ou se este é cruel para ela, ou se tornou impossível viver a o seu lado, ela tem o direito de procurar o divórcio através de um Tribunal Muçulmano, sendo tal tipo de divórcio denominado de "Khul'ah". Em qualquer dos casos, mesmo que o divórcio seja concedido, ela deve ser tratada amistosamente. O Alcorão diz:
''O divórcio revogável só poderá ser efetuado duas vezes. Depois, tereis de conservá-las convosco dignamente ou separar-vos com benevolência. Está-vos vedado tirar-lhes algo de tudo quanto lhes haveis dotado'' (Alcorão Sagrado2:229).
Islam garantiu aos casais o direito ao divórcio. Aqui cabem algumas explicações a respeito do assunto, uma vez que também o divórcio é objeto de falsas interpretações. Não é verdade que a qualquer tempo basta um marido dizer à sua esposa “Eu quero o divórcio” e pronto, ele está divorciado, largando a mulher (e provavelmente os filhos) à própria sorte, em menos de 1 minuto. O sistema de divórcio no Islam é o mais justo que existe. Se o casal decide se separar, o marido pede o divórcio dizendo “Eu quero o divórcio”. A partir de então, começa um tempo de espera que dura 3 períodos menstruais para que seja certificado que a mulher não está grávida. Este períodoo permite ao casal ter um tempo para pensar sobre o que estão fazendo e se é isso mesmo que eles querem. Durante este período, o marido é obrigado a alimentar, vestir e abrigar a esposa. Não há ninguém, nem mesmo advogado, envolvido nesta questão. Findo os três meses, e comprovado que a mulher não está grávida, o divórcio se consuma. Se, por um acaso, a mulher estiver grávida, o marido é obrigado a prover a ex-esposa do necessário até o período do desmame, normalmente 2 anos. Como podemos observar, não há como comparar as diferentes abordagens, uma vez que o comum no ocidente, pelo menos no Brasil, é a mulher sair sempre lesada de uma separação, sem garantia de direitos mínimos para a sua sobrevivência. Pior, até bem pouco tempo atrás, ela entrava nessa sociedade conjugal com seus próprios bens, que acabava perdendo pelo instituito da comunhão universal de bens, no caso de separação. Somente em 1977, com a lei do divórcio é que a dissolução do casamento favoreceu um pouco mais a mulher, com a introdução do regime da comunhão parcial de bens. Mas, ainda assim, prevalece o conceito de que a obrigação alimentar devida pelo ex-marido fica diretamente relacionada à “conduta moral” da esposa, o que no Brasil, como bem sabemos, quer dizer, essa mulher não pode se casar de novo.
Por outro lado, só a partir de 1962, com a Lei 4.121, conhecida como o Estatuto da Mulher Casada, é que a mulher brasileira alcançou sua capacidade jurídica plena. Até então, ela era considerada relativamente incapaz, do ponto de vista jurídico.
O casamento no Islam é uma bênção santificada, que não deve ser quebrado, exceto por razões relevantes. Os casais são instruídos a procurar salvar a instituição do casamento, por todos os meios possíveis. O divórcio não é comum, a não ser que não haja outra solução. Em outras palavras, o Islam reconhece o divórcio mas não o encoraja. O Islam dá à mulher muçulmana o direito de pedir o divórcio pois reconhece que ela não pode ser refém de um mau marido. Finalmente, é bom lembrar que o divórcio só muito mais tarde foi introduzido na Europa e, no Brasil, há apenas muito pouco tempo, através da Lei nº 65l5, de 26.12.77, do Sen. Nelson Carneiro.
12-Vida sexual
O Islam garantiu a mulher o direito ao prazer sexual, direito que a ocidental só conquistou após a revolução sexual, pois antes a mulher que demonstrava sentir prazer era considerada prostituta. No Islam é diferente, é estabelecido o casamento como único entre homem e mulher e, dentro das regras do casamento o profeta Muhammad (sallallaahu `alayhi wa sallam) disse: "Não tenhais relações com vossas esposas como os animais. Que haja entre vós uma ligação! Perguntaram-lhe: Que ligação é essa? Então disse: O beijo e a conversa.
O Islam não nega, em hipótese alguma, a sexualidade do ser humano. O Islam não advoga a supressão do anseio sexual através do celibato ou do monasticismo. O homem é dotado por seu Criador de impulsos que o impelem às várias atividades que garantem a sua sobrevivência. O principal objetivo do sexo é a própria espécie. O Islam reconhece que o ser humano é tomado por emoções inexplicáveis que o atraem irresistivelmente para o sexo oposto e, por isso mesmo, normatiza as relações entre homens e mulheres. O Islam reconhece a importância do instinto sexual, mas só admite a sua realização através do casamento lícito, proibindo rigorosamente o sexo fora do casamento e tudo aquilo que possa conduzir à sua prática de modo ilícito. Há uma tradição do Profeta onde ele menciona que a relação sexual entre um casal é recompensada por Deus. Os companheiros ficaram espantados: como era possível ter os desejos e prazeres completamente satisfeitos e, ainda assim, obter recompensa divina? O Profeta, então, respondeu que da mesma forma que uma relação extraconjugal era punida. O Islam se baseia na crença na revelação divina. A sua lei e a sua moral estão baseadas nos mandamentos divinos. Dentro desse contexto, homens e mulheres devem obedecer a certas regras de comportamento e disciplina, a fim de evitar que o ilícito seja praticado. O Islam tem imposto, recomendado e encorajado certos hábitos com o fim de reduzir as oportunidades para a prática do ilícito. Além disso, toma as precauções necessárias e possíveis, no tocante a sanções materiais, tais como, proibição da promiscuidade, dos encontros reservados entre pessoas do sexo oposto sem a presença de terceiros, etc. O fato de a mulher ficar atrás do homem durante as orações não indica que ela seja inferior ao homem. Faz parte da disciplina da oração o muçulmano se colocar em fila, ombro a ombro com o seu irmão. As preces islâmicas envolvem atos, movimentos, posturas de prostração, genuflexões que ocasionam contatos corporais e toque involuntário na pessoa que está ao lado, diminuindo a concentração daquele que está em prece. Além do mais, seria inapropriado e desconfortável para uma mulher ficar em tal posição, prostra-se, inclinar-se e colocar a testa no chão, tendo atrás de si uma fileira de homens. Assim, para evitar qualquer embaraço de ambas as partes, o Islam ordenou a organização de filas, homens na frente, e mulheres atrás. O que deve ser ressaltado é que as proibições são dirigidas a ambos os sexos. O que o Islam proíbe para a mulher, também o faz para o homem. A modéstia é recomendada tanto para homens como para mulheres. A castidade até a realização do casamento é imperativo para homens e mulheres, igualmente. O adultério é proibido tanto para homens como para as mulheres. Em suma, a forma como Islam encara o sexo é uma linha muito estreita entre dois extremos. O primeiro é desqualificá-lo ao ponto de sua total abstenção, através do celibato ou monasticismo, negando a própria natureza humana, e o segundo é achar que é muito natural fazer sexo com quem quer que seja, em qualquer lugar, sempre que se quiser. Enquanto no ocidente a sensualidade, o amor entre um homem e uma mulher, atributos humanos concedidos por Deus, são reduzidos à sua condição mais baixa e se transformam em libertinagem, pornografia, o Islam não aceita, em hipótese nenhuma, a superexposição do sexo, o sexo pelo sexo, com qualquer um, em qualquer lugar.
13-Direito ao Voto
A mulher muçulmana também pode votar. Enquanto ela teve este direito há 1400 anos, nos Estados Unidos, a mulher só conseguiu esse direito em 1916, e no Brasil, em 1932.
14- Dignidade Humana:
Como ser humano, a mulher é perfeitamente igual ao homem, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), declarou:
"Na verdade, as mulheres são as irmãs dos homens."
Tal implica que ambos, homem e mulher, provêem dos mesmos pais, ou seja, de Adão e Eva, sendo assim, como pode a mulher ser inferior ao homem, se ela surge dos mesmos pais? Realçando o mesmo, o Alcorão Sagrado observa:
''Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea ... Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado. '' (Alcorão Sagrado 49:13).
Por outras palavras, a honra perante o Criador nunca será dependente do sexo, mas sim da piedade.
15- Direito à Justiça:
Uma igualdade absoluta entre homem e mulher foi estabelecida no Islam, no que diz respeito às leis civis e penais, a Lei Islâmica não reconhece qualquer distinção entre elas no tocante à proteção da vida e da propriedade, da honra e da reputação, Deus diz:
"E elas (as mulheres) têm mesmos direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas.'' (Alcorão Sagrado 2:228).
''Ó fiéis (homens e mulheres), sede firmes em observardes a justiça, atuando de testemunhas, por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los. Portanto, não sigais os vossos caprichos, para não serdes injustos; e se falseardes o vosso testemunho ou vos recusardes a prestá-lo, sabei que Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis.'' (Alcorão Sagrado 4:135).
A Lei Islâmica dita a pena de morte ao assassino, tenha ele morto um homem ou uma mulher, uma vez que a vida desta é tão sagrada quanto a daquele. Se uma mulher perdoar o assassino de um parente, os outros familiares não têm autoridade para anular o seu consentimento no perdão.
16- Igualdade Perante a Lei:
No que diz respeito à prescrição das penas, o Islam condena da mesma forma, seja homem ou mulher, tomemos três exemplos: assassinato, roubo e adultério. Vejamos quais as penas que o Islam aplica ao homem e à mulher. No Alcorão Sagrado podemos ler:
''Ó fiéis, está-vos preceituado o talião para o homicídio: livre por livre, escravo por escravo, mulher por mulher. Mas, se o irmão do morto perdoar o assassino, devereis indenizá-lo espontânea e voluntariamente. Isso é uma mitigação e misericórdia de vosso Senhor. Mas quem vingar-se, depois disso, sofrerá um doloroso castigo. '' (Alcorão Sagrado 2:178).
''Quanto ao ladrão e à ladra, decepai-lhes a mão, como castigo de tudo quanto tenham cometido.'' (Alcorão Sagrado 5:38).
''Quanto à adúltera e ao adúltero, vergastai-os com cem vergastadas, cada um; que a vossa compaixão não vos demova de cumprir a lei de Deus, se realmente credes em Deus e no Dia do Juízo Final. Que uma parte dos fiéis testemunhe o castigo.'' (Alcorão Sagrado 24:2).
Assim, a partir dos versículos acima citados, fica perfeitamente patente que a Lei Islâmica aplica, indiscriminadamente, os mesmos castigos a ambos os transgressores, homem e mulher.
CONCLUSÃO
A mulher pode exercer qualquer função que não vá contra os princípios do Islam, que não agrida a sua natureza feminina e que não a ocupe totalmente, fazendo com que descuide da família, pois isso causa sérios prejuízos a sociedade, pois acarreta na não educação materna, no abandono dos filhos que serão entregues as "mães artificiais". No Islam, a mulher tem o direito de ser sustentada pelo pai, irmão ou marido, visto ser uma injustiça querer que ela trabalhe dentro e fora de casa.
A mulher tem grande importância dentro do Islam, pois Allah (swt) é justo e distribui os direitos e deveres de acordo com sua plena justiça.
E por incrível que pareça, o Islam cresce mais entre as mulheres, e as novas muçulmanas alegam ter encontrado no Islam o respeito que procuravam e os seus direitos garantidos sem segundas intenções.
Os direitos conquistados pela mulher têm custado para a mulher ocidental o que não custou para a mulher muçulmana. A mulher no ocidente está a cair numa verdadeira armadilha. Dizem a ela: "Nós vamos te libertar, você vai ser livre e ter os seus direitos". Porém, estes direitos não garantem o principal direito: o respeito a mulher como ser humano, como mãe, como esposa , como irmã, como filha, como educadora.
Em nome da liberdade, a mulher é usada e manipulada na sociedade. Seu corpo é vendido; é usado como uma estátua para enfeitar os programas de auditório; a mulher é comparada a objetos em comerciais, por acaso não lembram dos comerciais de cerveja na TV, em um deles perguntam: O que o brasileiro mais gosta, mulher, cerveja, praia ou futebol? Em outra propaganda aparece um senhor ao lado de duas moças com o seguinte slogan: "troquei" uma de 51 por duas de 21. Comparar a mulher a futebol e cerveja e trocá-la faz parte dos seus direitos?! Se a mulher tem um corpo formoso e belo é valorizada e considerada, se não é mais uma! A moda que difundem na sociedade tende a expor cada vez mais o corpo da mulher, e a convenceram de que isto é liberdade, está sendo usada e assediada e acredita que isto lhe trará respeito e dignidade, não percebe que assim ela está sendo submissa ao homem e está a atender aos seus desejos e impulsos ilimitados.
Ao garantir os direitos da mulher devemos nos preocupar em não prejudicá-la em nome deste direito, a sobrecarregando e impondo a ela junto com estes direitos deveres que não fazem parte de sua natureza. A condição da mulher no Islam é algo ímpar, novo, sem qualquer semelhança com qualquer outro sistema. Se olharmos para as nações democráticas do ocidente, vamos perceber que a mulher não desfruta dessa posição. Ela é mais subjugada a padrões e regras de comportamento do que se supõe que a mulher muçulmana o seja. Ela é o reflexo do poder masculino, onipresente na sociedade ocidental cristã, que tem por objetivo delimitar o papel das mulheres, normatizar seus corpos e almas, esvaziá-las de qualquer saber ou poder ameaçador. A mídia exerce hoje o monopólio, antes exercido pela Igreja, na construção (desconstrução) dessa mulher, impondo valores, regulamentando o cotidiano das pessoas, determinando o uso do corpo de uma perspectiva escatológica. No ocidente, a mulher é compelida a perseguir noções abstratas de beleza , e, muitas das vezes, não percebe que está sendo manipulada pelas companhias de cosméticos, indústrias de roupas e remédios. É um produto tão descartável quanto qualquer mercadoria de supermercado. O rótulo (a aparência) da mulher ocidental tem que obedecer a regras impostas de cima e ingenuamente ela supõe que é livre para escolher a sua roupa, o seu sapato, a cor do seu cabelo. A mulher ocidental, desde criança, é ensinada que o seu valor é proporcional à sua beleza, aos seus atrativos. Só consegue um lugar ao sol aquela que se veste assim, que fala assado, que vai ao lugar tal. No Brasil, por exemplo, só consegue emprego quem tem “boa aparência”. A mulher, desde cedo é empurrada para um mercado de trabalho selvagem, deslealmente competitivo, tendo de se submeter a toda sorte de humilhações para conseguir o seu sustento. Foi através de muita luta que a mulher ocidental alcançou esse esboço de liberdade. Foram séculos de uma árdua luta para a mulher conquistar o direito de aprender, de trabalhar, de ganhar o seu próprio sustento, de ter a sua própria identidade, de ter personalidade e capacidade jurídica. Esta mulher pagou um alto preço para provar sua condição de ser humano, provido de alma. A posição que a mulher ocidental de nossos dias desfruta foi conquistada pela força e não por um processo de mútuo entendimento. Ela abriu o seu caminho à força, a custa de muitos sacrifícios, abrindo mão de sonhos e ideais. Muitas vezes as circunstâncias a empurraram para um campo de batalha até então desconhecido. E apesar disso tudo, de toda essa guerra, de tão pesados sacrifícios e lutas dolorosas, ela ainda não conquistou o que o Islam estabeleceu para a mulher muçulmana por decreto divino. De tudo o que foi dito, podemos inferir que a condição das mulheres nas sociedades islâmicas atuais é a ideal? É compatível com o que estabelece o Islam? Não, é claro que não. Mas, rotular a condição da mulher no mundo muçulmano de hoje como “islâmica” está tão longe da verdade quanto imaginar que a condição da mulher ocidental é de total liberdade para usufruir direitos. Sabemos que em muitas partes do mundo muçulmano ainda proliferam as condições opressivas e injustas. Os erros de alguns muçulmanos na condução dos destinos de suas respectivas sociedades apenas provam que o ser humano tem suas limitações. É absurdo tomar como regra geral islâmica o que não passa de interpretações pessoais, contaminadas por todo um contexto sócio-cultural. Os muçulmanos não podem ser julgados com base nas ações de uns poucos e nem esses poucos são amostras significativas do verdadeiro significado do Islam. O que precisa ficar claro é que não é o Alcorão que necessita ser reexaminado, ou a Suna, e sim a prática humana, que muitas vezes reflete aspectos culturais tão enraizados que distorcem o que foi decretado por Deus. É preciso confrontar o passado e rejeitar práticas e costumes que se contraponham aos preceitos do Islam. Assim, por exemplo, a condição da mulher no Afganistão, que está condenada a ficar reclusa dentro de casa, não reflete os ensinamentos do Alcorão nem tão pouco o exemplo de milhares de muçulmanas, que através da História, tiveram participação efetiva em suas respectivas comunidades. A mulher na Arábia Saudita está proibida de dirigir? Sim, está, mas esta é uma lei saudita, humana, que não vigora no Irã, por exemplo. O que devemos compreender é que existe uma imensa diferença entre a crença propriamente dita, conforme revelada no Alcorão, e a prática de algumas sociedades supostamente islâmicas. Tais práticas atendem muito mais a aspectos culturais específicos, a interesses particulares, e não representam necessariamente o Islam e nem podem servir de base para se denegrir o verdadeiro sentido do Islam. O Islam ainda tem muito a oferecer à mulher de hoje, em termos de respeito, dignidade, reconhecimento. Basta que ela tenha consciência disso e lute para implantar os ensinamentos islâmicos. Para isso, ela tem todos os os instrumentos à sua disposição.

A MULHER NO ISLAM: MITO E REALIDADE
Dr.Sherif AbdelAzeem Mohammed
Há 5 anos atrás, li no Toronto Star, edição de 3.7.90, um artigo intitulado "O Islam não está sozinho nas doutrinas patriarcais", de Gwyne Dyer. O artigo descrevia as reações furiosas das participantes de uma conferência sobre mulheres e poder, realizada em Montreal, aos comentários da famosa feminista egípcia, Dra. Nawal Saadawi.
Suas declarações "politicamente incorretas", incluíam: "os elementos mais restritivos em relação às mulheres, podem ser encontrados, primeiro no Judaísmo, Velho Testamento, depois no Cristianismo e, finalmente, no Alcorão"; "todas as religiões são patriarcais porque elas provêm de sociedades patriarcais"; e "o véu das mulheres não é uma prática especificamente islâmica mas, sim, um herança cultural antiga, com analogia nas religiões irmãs". As participantes não puderam ficar sentadas, enquanto suas crenças estavam sendo igualadas ao Islam. Assim, a Dra. Saadawi recebeu uma avalanche de críticas. "Os comentários da Dra. Saadawi eram inaceitáveis. Suas respostas revelavam uma falta de compreensão acerca da fé das outras pessoas" , declarou Bernice Dubois, do Movimento Mundial de Mães. "Eu tenho que protestar", disse a participante Alice Shalvi, da televisão feminina de Israel, "não existe o conceito do véu no Judaísmo". O artigo atribuía esses furiosos protestos a uma forte tendência no Ocidente de culpar o Islam por práticas que são muito mais uma parte da própria herança cultural do Ocidente.
"As feministas cristãs e judias não irão se sentar para discutir, em igualdade de condições, com as más muçulmanas", escreveu Gwyne Dyer.
Não me surpreendeu que as participantes da conferência tivessem uma tal visão negativa do Islam, especialmente por envolver questões femininas. Acredita-se, no Ocidente, que o Islam é o símbolo da subordinação das mulheres por excelência. A fim de compreendermos como está enraizada tal crença, basta mencionar que o Ministro da Educação da França, a terra de Voltaire, recentemente ordenou a expulsão das escolas francesas, de todas as jovens muçulmanas que vestissem o Hijab! Na França é negado a uma jovem muçulmana, que usa um lenço, o direito à educação, enquanto que estudantes católicos podem usar uma cruz ou um estudante judeu pode usar o solidéu. A cena de policiais franceses, impedindo jovens muçulmanas com as cabeças cobertas de entrarem no colégio, é inesquecível. Este fato nos traz à memória outra cena igualmente triste, a do Governador George Wallace, do Alabama, em l962, em pé, defronte ao portão da escola, tentando bloquear a entrada de estudantes negros, a fim de impedir a desagregação das escolas do Alabama. A diferença entre as duas cenas é que os estudantes negros tiveram a simpatia de muitas pessoas nos EUA e no mundo inteiro. O presidente Kennedy enviou a Guarda Nacional Americana para forçar a entrada dos estudantes negros. As moças muçulmanas, por outro lado, não receberam a ajuda de ninguém. Sua causa parece ter muito pouca simpatia, tanto dentro da França como fora. A razão é a incompreensão e o medo de tudo que seja islâmico no mundo atual
O que mais me intrigou sobre a conferência de Montreal foi uma questão: As declarações feitas por Saadawi, ou qualquer de suas críticas, são verdadeiras? Em outras palavras, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islam têm o mesmo conceito sobre as mulheres? São tais conceitos diferentes? O Judaísmo e o Cristianismo, na verdade, oferecem às mulheres um tratamento melhor do que o Islam? Qual é a verdade?
Não é tarefa fácil pesquisar e encontrar respostas para estas questões difíceis. A primeira dificuldade é que a pessoa tem que ser honesta e objetiva ou, pelo menos, fazer o máximo para o ser. Isto é o que o Islam ensina. O Alcorão instruiu os muçulmanos a dizerem a verdade, mesmo que aqueles que estejam próximos a eles não gostem disso:
"... e se falardes, sede justo, mesmo que se refira a um parente próximo" (6:152);
"Ó aqueles que creram, erijam a justiça na partilha, como testemunhas de Alá, ainda que contra vós mesmos, ou seus pais ou seus parentes, ..."
A outra grande dificuldade é o fôlego irresistível do assunto. Por essa razão, durante os últimos anos, passei muitas horas lendo a Bíblia, a Enciclopédia da Religião e a Enciclopédia Judaica, na busca de respostas. Também li muitos livros que discutem a posição das mulheres nas diferentes religiões, escritos por exegetas, apologistas e críticos. O material apresentado nos capítulos seguintes representa as descobertas importantes dessa humilde pesquisa. Eu não sou objetivo, absolutamente. Isto está além da minha limitada capacidade. Tudo que posso dizer é que tentei, através dessa pesquisa, me aproximar do ideal alcorâmico de "falar imparcialmente".
Gostaria de enfatizar nesta introdução, que minha proposta para este estudo não é denegrir o Judaísmo ou o Cristianismo. Como muçulmanos, acreditamos nas origens divinas de ambos. Ninguém pode ser muçulmano sem acreditar em Moisés e Jesus como grandes profetas de Deus. Meu intento é somente afirmar o Islam e pagar um tributo para a última mensagem verdadeira de Deus para a raça humana. Também gostaria de enfatizar que me preocupei somente com a Doutrina, isto é, minha preocupação é, principalmente, a posição das mulheres nas três religiões, como aparece em suas fontes originais, e não como é praticada por seus milhões de seguidores no mundo hoje. Por causa disso, a maior parte das evidências citadas vêm do Alcorão, dos ditos do Profeta Mohammad, da Bíblia, do Talmud e dos ditos de alguns dos mais influentes padres da Igreja, cujos pontos de vista contribuíram imensamente para definir e desenhar o Cristianismo. Muitas pessoas confundem cultura com religião, e outras não sabem o que seus livros religiosos dizem, e outras ainda, sequer se preocupam com disso.
1. O ERRO DE EVA?
As três religiões concordam com um fato básico: Tanto as mulheres como os homens foram criados por Deus, o Criador de todo o Universo. Contudo, a divergência começa logo após a criação do primeiro homem, Adão, e da primeira mulher, Eva. A concepção judaico-cristã da criação de Adão e Eva está narrada detalhadamente em (Gênesis, 2:4-3:24). Lá está dito que Deus proibiu o homem de comer do fruto da árvore proibida. O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: "Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas, da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer". Também deu a mesma ordem à mulher. A serpente seduziu Eva para que o comesse. E a mulher respondeu à serpente: "Do fruto das árvores do jardim, Deus nos disse 'não comais dele nem sequer o toqueis, do contrário morrereis." A serpente replicou à mulher: "De modo algum morrereis 5 É que Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal". E Eva, por sua vez, seduziu Adão para comer com ela. (Gênesis 6) A mulher notou que era tentador comer da árvore, pois era atraente aos olhos e desejável para se alcançar inteligência. Colheu o fruto, comeu-o e deu também ao marido, que estava junto. E ele comeu. E quando Deus repreendeu Adão pelo que ele havia feito, ele colocou a culpa em Eva. (Gênesis 11) Disse-lhe Deus: "E quem te disse que estavas nu? Então, comeste da árvore, de cujo fruto te proibi?"12 E o homem disse: "A mulher que me destes por companheira, foi ela que me fez provar do fruto da árvore e eu o comi". Consequentemente, Deus disse a Eva Gênesis 16: "Multiplicarei os sofrimentos de tua gravidez. Em meio a dores darás à luz os filhos, a paixão arrastar-te-á para o marido e ele te dominará". Para Adão Ele disse (Gênesis 17) "Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, de onde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar".
O conceito islâmico da primeira criação é encontrado em muitas passagens do Alcorão, como por exemplo:
"E dissemos ó! Adão, mora tu e tua zauj (mistura companheira) no Paraíso e comam dele prosperamente onde lhes aprouver, e não vos aproximeis desta árvore e então sereis dos injustos." (Alcorão 2:35).
Então, Satanás sussurrou para eles, a fim de revelar a ambos o que lhes havia sido ocultado de SAUÉTIHIMÉ (suas ambas e outras igualmente presentes, invisíveis, não bons atributos) e, então, disse: "Não vos proibiu a ambos, Vosso Senhor, desta árvore senão de seres ambos convertidos em anjos ou de serem ambos dentre os imortais". E jurou-lhes que era um conselheiro sincero. Assim, a ambos, DALLÉHUMÉ (indicou a ambos em confiança, porém, com enganos, arrancando-os e enviando-os para baixo, no que intencionou). Quando ambos provaram da árvore, divisaram ambos suas SAUÉTIHIMÉ e começaram a cobrir-se com folhas do paraíso. E seu Senhor chamou a ambos: "Eu não vos havia proibido daquela árvore e dito a ambos que Satanás é vosso inimigo declarado?" Eles disseram: "Senhor Nosso. Nós injustiçamos a nós mesmos e se Tu não nos perdoares, Te apiedares de nós, certamente estaremos dentre os perdedores." (7:20:23).
Um exame mais cuidadoso dos dois relatos sobre a Criação, revela algumas diferenças essenciais. O Alcorão, ao contrário da Bíblia, coloca a culpa igualmente em Adão e Eva pelo erro de ambos. Não há no Alcorão a mais leve sugestão de que Eva tentou Adão, ou mesmo que ela tenha comido do fruto antes dele. Eva, no Alcorão, não é insinuante, sedutora ou vencida. Além do mais, Eva não pode ser culpada pelas dores do parto. Deus, de acordo com o Alcorão, não pune ninguém pelas faltas do outro. Ambos, Adão e Eva, cometeram um pecado e então pediram a Deus o perdão, e Ele os perdoou.
2. O LEGADO DE EVA
A imagem de Eva na Bíblia, como uma mulher sedutora, teve um impacto extremamente negativo para as mulheres através da tradição judaico-cristã. Acreditava-se que todas as mulheres haviam herdado de sua mãe, a bíblica Eva, tanto a sua culpa como a sua astúcia. Consequentemente, as mulheres não eram dignas de confiança, eram moralmente inferiores e más. Menstruação, gravidez e parto eram considerados punições justas para uma culpa eterna do amaldiçoado sexo feminino.
A fim de examinarmos como foi negativo o impacto da Eva bíblica sobre sua descendência feminina, temos que olhar para os escritos de alguns do mais importantes judeus e cristãos de todos os tempos. Comecemos pelo Velho Testamento, e olhemos para alguns excertos da chamada Literatura da Sabedoria, onde encontramos: "Eu acho a mulher um pouco pior do que a morte, porque ela é uma armadilha, cujo coração é um alçapão e cujas mãos são cadeias. O homem que agrada a Deus foge dela, mas ao pecador ela o aprisionará ... enquanto eu estava procurando, e não estava encontrando, achei um homem correto entre mil, mas não encontrei uma só mulher correta entre todas elas" (Eclesiastes 7:26-28).
Em outra parte da literatura hebraica, que é encontrada na bíblia católica, nós lemos: "Nenhuma maldade está mais próxima do que a maldade de uma mulher" ... "O pecado começa com a mulher e, graças a ela, todos nós devemos morrer". (Eclesiastes 25:19,24).
Os rabinos judeus listaram nove maldições infligidas às mulheres, como resultado da Queda:
"Para a mulher Ele deu nove maldições e a morte: o peso do sangue da menstruação e o sangue da virgindade; o peso da gravidez; o peso do parto; o peso de educar crianças; sua cabeça é coberta como no luto; ela fura a orelha como uma escrava permanente, ou escrava que serve ao seu senhor; ela não deve ser tomada por testemunha; e depois de tudo -- a morte". (2)
Nos dias atuais, judeus ortodoxos, em suas preces matinais diárias, recitam "Abençoado seja Deus, Rei do universo que não nos fez mulher". As mulheres, por outro lado, agradecem a Deus cada manhã por "me fazer de acordo com Tua vontade". (3) Outra oração encontrada em muitos livros de preces judeus: "Louvado seja Deus que não me criou gentio. Louvado seja Deus que não me criou mulher. Louvado seja Deus que não me criou ignorante". (4)
A Eva bíblica desempenhou um papel mais importante no Cristianismo do que no Judaísmo. Seu pecado foi a base de toda a fé cristã, porque a concepção cristã da razão da missão de Jesus Cristo na terra provém da desobediência de Eva. Ela pecou e, então, seduziu Adão para segui-la em seu propósito. Consequentemente, Deus expulsou a ambos do céu para a terra, que foi amaldiçoada por causa deles. Eles herdaram seus pecados, os quais não foram perdoados por Deus e, por isso, todos os humanos nascem em pecado. A fim de purificar os seres humanos do "pecado original", Deus teve que sacrificar, na cruz, Jesus, que é considerado o filho de Deus. Em razão disso, Eva é culpada de seu próprio pecado, do pecado de seu marido, do pecado original de toda a humanidade e da morte do Filho de Deus. Em outras palavras, uma só mulher, agindo por conta própria, causou toda a queda da humanidade (5). O que dizer sobre suas filhas? Elas são pecadoras como Eva e devem ser tratadas como tal. Ouçam o tom severo de São Paulo no Novo Testamento: Uma mulher deve aprender em calma e total submissão. Eu não permito a uma mulher ensinar ou ter autoridade sobre um homem; ela deve ser calada. Porque Adão foi feito primeiro, e depois Eva. E Adão não foi o que perdeu, foi a mulher que perdeu e se tornou pecadora (I Timóteo 2:11-14).
São Tertuliano foi mais brando que São Paulo, quando falava "às queridas irmãs" na fé. Ele dizia (6): "Vocês sabem que cada uma de vocês é uma Eva? A sentença de Deus sobre o sexo de vocês subsiste até agora: a culpa necessariamente subsiste também. Vocês são a porta de entrada para o Diabo: Vocês são a marca da árvore proibida: Vocês são as primeiras desertoras da divina lei: Vocês são aquelas que persuadiram o homem de que o diabo não precisava ser atacado. Vocês destruíram tão facilmente a imagem de Deus, o homem. Por causa de sua deserção, o Filho de Deus teve que morrer".
Santo Agostinho foi fiel ao legado de seus antecessores. Ele escreveu a um amigo: "Qual é a diferença, seja uma esposa ou uma mãe, ainda assim é da Eva tentadora que devemos nos precaver em qualquer mulher. Eu não consigo ver qual o uso que uma mulher pode ter para um homem, exceto a função de dar à luz crianças".
Séculos mais tarde, São Tomás de Aquino ainda considerava a mulher como um defeito: "Com relação à natureza individual, a mulher é defeituosa e mal feita, porque a força ativa na semente masculina tende para a produção de uma perfeita semelhança no sexo masculino; enquanto que a produção da mulher provém de um defeito na força ativa ou de alguma indisposição material, ou mesmo de algumas influências externas".
Finalmente, o famoso reformador Martinho Lutero não conseguia ver qualquer benefício em uma mulher, a não ser trazer ao mundo tantas crianças quanto possível, apesar das conseqüências: "Se elas se cansarem ou mesmo morrerem, isto não é problema. Deixe-as morrer no parto, é para isso que estão aqui".
Muitas vezes as mulheres foram denegridas por causa da imagem de Eva como a tentadora, graças ao relato em Gênesis. Para resumir, a concepção judaico-cristã sobre as mulheres foi envenenada pela crença na natureza pecaminosa de Eva e de sua descendência feminina.
Se agora voltarmos nossa atenção para o que o Alcorão diz sobre as mulheres, logo perceberemos que a concepção islâmica sobre elas é radicalmente diferente daquela encontrada no conceito judaico-cristão. Deixemos que o Alcorão fale por si mesmo:
"Quanto aos muçulmanos e muçulmanas, aos fiéis e às fiéis, aos devotados e às devotadas, aos verdadeiros e às verdadeiras, aos homens e mulheres que são perseverantes, aos homens e mulheres que são humildes, para os homens e mulheres que fazem a caridade, para os homens e mulheres que jejuam, aos homens e mulheres que guardam a castidade, e aos homens e mulheres que se comprometem em louvar Alá, para todos eles Alá preparou o perdão e uma grande recompensa" (33:35).
"Os crentes, homens e mulheres, são protetores uns dos outros: usufruem do que é justo e proíbem o mal, observam as preces regulares, praticam a caridade regularmente e obedecem a Alá e Seu Mensageiro. Sobre eles Alá despejará Sua Misericórdia: porque Alá é Exaltado em poder e sabedoria" (9:71)
"E seu Senhor respondeu a eles: Verdadeiramente, jamais perderei a obra de qualquer um de vós, seja homem ou mulher, porque procedeis uns do outros" (3:195)
"Quem cometer uma iniquidade será pago na mesma moeda e aquele que praticar o bem, seja homem ou mulher, e é um crente, entrará no Jardim de felicidade" (40:40).
"Quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for fiel, concederemos uma vida agradável e premiaremos com uma recompensa, de acordo com o melhor de suas ações" (16:97).
Está claro que a visão do Alcorão a respeito da mulher não difere da do homem. Ambos são criaturas de Deus e têm como sublime meta adorar seu Senhor, fazer boas ações e evitar o mal e por isso serão avaliados harmoniosamente. O Alcorão jamais menciona que a mulher é a porta de entrada para o mal ou que ela é uma enganadora por excelência. O Alcorão também jamais menciona que o homem é a imagem de Deus. Homens e mulheres são suas criaturas e só.
De acordo com o Alcorão, o papel da mulher na terra não está limitado somente ao parto. Dela se exige fazer boas ações, tanto quanto é exigido dos homens. O Alcorão nunca diz que jamais existiu uma mulher correta. Pelo contrário, o Alcorão instruiu a todos os crentes, homens e mulheres, a seguir o exemplo daquelas mulheres , tais como a Virgem Maria e a esposa do Faraó:
"E Deus dá, como exemplo aos fiéis, o da esposa do Faraó, que disse: Ó Senhor meu, construí, junto a ti, uma morada no Paraíso e livra-me do Faraó e de suas ações, e salva-me dos iníquos! E com Maria, filha de Imram, que conservou seu pudor e a qual alentamos com o Nosso Espírito; e ela testemunhou a verdade das palavras de seu Senhor e de Suas revelações e era uma das devotas" (66:11/13).
3. FILHAS VERGONHOSAS?
Realmente, a diferença entre a atitude bíblica e a alcorâmica, em relação ao sexo feminino, começa logo que a mulher nasce. Por exemplo, a Bíblia estabelece que o período do ritual materno da impureza é duas vezes mais longo no caso do nascimento de uma menina do que no de um menino (Levítico 12:2-5) . A Bíblia Católica estabelece explicitamente que: "O nascimento de uma filha é uma prejuízo" (Eclesiastes 22:3). Em contraste com essa absurda declaração, os meninos recebem especial louvor: "Um homem que educa seu filho será invejado por seu inimigo" (Eclesiastes 30:3).
Os rabinos judeus tornaram uma obrigação para os homens produzirem uma descendência, a fim de propagar a raça. Ao mesmo tempo, eles não escondiam sua preferência por meninos: "É bom para aqueles cujas crianças são meninos, mas é mau para aqueles cujas crianças são meninas", " no nascimento de um menino tudo é alegria ... no nascimento de uma menina tudo é tristeza", e "Quando um menino chega ao mundo, a paz chega ao mundo ... Quando uma menina chega ao mundo, nada chega". (7)
Uma filha é considerada um peso doloroso, uma fonte potencial de vergonha para seu pai: "Sua filha é teimosa? Mantenha um olhar firme para que ela não faça de você um motivo de gargalhada para seus inimigos, de falatório na cidade, objeto de fofocas e coloque você em situação de vergonha pública" (Eclesiastes 42:11). Mantenha uma filha teimosa sob firme controle ou ela abusará de qualquer indulgência que receba. Mantenha vigilância sobre seu olho sem-vergonha, não se surpreenda se ela o desgraçar" (Eclesiastes 26:10-11). Foi esta mesma idéia de tratar as filhas como fonte de vergonha, que levou os árabes pagãos , antes do advento do Islam, a praticar o infanticídio feminino. O Alcorão condena vigorosamente esta prática hedionda:
"Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha o seu semblante se entristece e fica angustiado. Oculta-se do seu povo, pela má notícia que lhe foi anunciada: deixá-la-á viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Que péssimo é o que julgam." (16:58/59).
Deve ser dito que, este crime sinistro, jamais teria parado na Arábia, não fora a força dos termos que o Alcorão usou para condenar tal prática (l6:59, 43:17, 8l:8/9).
Além disso, o Alcorão não faz distinção entre meninos e meninas. Em contraste com a Bíblia, o Alcorão considera o nascimento de uma mulher como um presente e uma bênção de Deus, da mesma forma que o nascimento de um menino.O Alcorão sempre menciona o presente do nascimento feminino primeiro:
"A Alá pertence o domínio dos céus e da terra. Ele cria o que lhe apraz. Concede filhas a quem quer e filhos a quem lhe apraz" (42:49).
A fim de apagar qualquer traço do infanticídio feminino na nascente sociedade muçulmana, o Profeta Mohammad prometeu àqueles que fossem abençoados com filhas uma grande recompensa, se eles as tratassem gentilmente: "Aquele que se ocupa da educação das filhas e as trata benevolentemente, estará protegido contra o Inferno" (Bukhari e Muslim). "Aquele que mantém duas meninas, até que elas atinjam a maturidade, ele e eu chegaremos no dia da ressurreição desse modo: e ele juntou seus dedos" (Muslim).
4. A EDUCAÇÃO FEMININA?
A diferença entre os conceitos bíblicos e os alcorânicos sobre a mulher não está limitada apenas ao seu nascimento, ela vai muito mais longe. Comparemos suas atitudes em relação à mulher, tentando aprender sua religião. O coração do judaísmo é a Tora, a lei. Contudo, de acordo com o Talmud, "as mulheres estão isentas de estudarem a Tora". Alguns rabinos declaram firmemente "é preferível que as palavras da Tora sejam destruídas pelo fogo a serem partilhadas com uma mulher", e "aquele que ensina a sua filha a Tora é como se ele lhe ensinasse obscenidade" (8).
A atitude de São Paulo no Novo Testamento não é mais inteligente: "Como em todas as congregações de santos, as mulheres devem permanecer caladas nas igrejas. Não é permitido a elas falar, e devem ser submissas, como a lei diz. Se elas quiserem perguntar sobre alguma coisa, devem perguntar aos seus maridos em casa; porque é vergonhoso para uma mulher falar nas igrejas". (I Coríntios 14:34/35)
Como pode a mulher se instruir se não lhe é permito falar? Como pode uma mulher crescer intelectualmente se ela é obrigada a um estado de completa submissão? Como pode ela delinear seus horizontes, se sua única fonte de informação é seu marido em casa?
Agora, para ser gentil, devemos perguntar: A posição alcorânica é diferente? Uma pequena estória narrada no Alcorão resume sua posição concisamente. Khawlah era uma muçulmana, cujo marido Aws declarou, em um momento de raiva: "Para mim você é como as costas de minha mãe". Isto era tomado como uma declaração de divórcio pelos árabes pagãos e liberava o marido de qualquer responsabilidade conjugal, mas não deixava a esposa livre para deixar a casa do marido ou para se casar de novo. Tendo ouvido estas palavras de seu marido, Khawlah estava numa triste situação. Ela foi direto ao Profeta do Islam para apelar para o seu caso. O Profeta era de opinião que ela deveria ser paciente, desde que parecesse que não havia outro caminho. Khawlah continuou questionando o Profeta, na esperança de salvar o seu casamento. Rapidamente, o Alcorão interveio e o apelo de Khawlah foi aceito. O veredicto divino aboliu este costume iníquo. Um capítulo inteiro (Capítulo 58) do Alcorão, intitulado A Discussão, ou "A mulher que questionou", foi nomeado após este incidente:
"Alá ouviu e aceitou a declaração da mulher que apela a você (o Profeta) acerca de seu marido e leva sua queixa à Alá e Alá ouve os argumentos entre vocès, porque Alá ouve e vê todas as coisas ..." (58:1)
A mulher na concepção alcorânica, tem o direito de argumentar, mesmo com o Profeta do Islam. Ninguém tem o direito de instruí-la a ficar calada. Ela não é obrigada a considerar seu marido como a única referência em matéria de lei e religião.
5. A MULHER SUJA E IMPURA
As leis e regulamentos judaicos, referentes à mulher menstruada, são extremamente restritivos. O Velho Testamento considera qualquer mulher menstruada impura e suja. Além disso, sua impureza "infecta" outras pessoas também. Qualquer um ou qualquer coisa tocada por ela torna-se sujo por um dia: "Quando uma mulher tem seu fluxo regular de sangue, a impureza de seu período mensal durará por sete dias e qualquer um que a toque estará sujo até a noite. Qualquer lugar onde ela se deite, durante o seu período, ficará sujo e qualquer lugar onde ela se sente ficará sujo. Qualquer um que toque sua cama precisa lavar suas roupas e banhar-se com água e ele ficará sujo até a noite. Qualquer um que toque qualquer lugar onde ela se senta deve lavar suas roupas e banhar-se com água e ele estará sujo até a noite. Se for a cama ou qualquer coisa que ela estava sentada, que alguém tocou, ele ficará sujo até a noite" (Levítico 15:19/23).
Devido à sua natureza "contaminadora", uma mulher menstruada era "banida" algumas vezes, a fim de evitar qualquer possibilidade de contato com ela. Ela era mandada para um lugar especial, chamado "a casa das impuras", por todo o período de sua impureza (9). O Talmud considera a mulher menstruada como "fatal", mesmo que não haja qualquer contato físico: "Nossos rabinos ensinaram: ... se uma mulher menstruada passar entre 2 (homens), se ela estiver no início de suas regras, ela matará um deles e se estiver no final de suas regras ela causará briga entre eles" (bPes. 111a.)
Além disso, o marido de uma mulher menstruada era proibido de entrar na sinagoga, se ela o tivesse feito ficar impuro, mesmo que pela poeira de seus pés. Um pastor, cuja esposa, filha ou mãe estivessem menstruadas, não podia recitar as bênçãos na sinagoga (10) . Não espanta que muitas mulheres judias se refiram à menstruação como "a maldição".
O Islam não considera a mulher menstruada como possuída por qualquer espécie de "sujeira contagiosa". Ela não é nem "intocável" nem "amaldiçoada". Ela pratica sua vida normal, apenas com algumas restrições. Um casal não pode ter relações sexuais durante o período menstrual. Qualquer outro contato físico entre eles é permitido. Uma mulher menstruada está isenta de alguns rituais, tais como as preces diárias e o jejum durante o seu período.
6. DAR O TESTEMUNHO
Outra questão, na qual o Alcorão e a Bíblia discordam, é a que se refere ao testemunho da mulher. Na verdade, o Alcorão instruiu os crentes a fazerem transações financeiras com o testemunho de 2 homens ou 1 homem e 2 mulheres (2:282). Contudo, é também verdade que o Alcorão, em outras situações, aceita o testemunho da mulher tão igual quanto ao do homem. Realmente, o testemunho da mulher pode mesmo invalidar o do homem. Se um homem acusa sua esposa de falta de castidade, exige-se dele um juramento solene pelo Alcorão, por 5 vezes, como evidência da culpa de sua esposa. Se a esposa nega e jura igualmente 5 vezes, ela não é considerada culpada e em qualquer dos casos o casamento é dissolvido (24:6/11).
Por outro lado, as primeiras sociedades judaicas (12) não permitiam o testemunho feminino . Os rabinos contavam entre as 9 maldições infligidas às mulheres por causa da queda, a de não ser capaz de prestar testemunho (ver a seção "Legado de Eva"). Hoje, em Israel, as mulheres não podem apresentar provas em cortes rabínicas (13). Os rabinos justificam o fato de as mulheres não poderem prestar testemunho, citando o Gênesis 18:9/16, onde está estabelecido que Sara, esposa de Abraão, havia mentido. Por causa desse incidente, os rabinos desqualificaram o testemunho feminino. Deve-se notar que esta estória narrada em Gênesis 18:9/16 foi mencionada mais de uma vez no Alcorão, sem qualquer sugestão de que Sara houvesse mentido (11:69/74, 5l:24/30). No ocidente cristão, as leis civis e eclesiásticas proibiam as mulheres de dar testemunho até o final do século passado (14).
Se um homem acusa sua mulher de infidelidade, seu testemunho, segundo a Bíblia, não será considerado de maneira nenhuma. A esposa acusada tinha que ser submetida a um julgamento penoso. Neste julgamento, a esposa enfrentava um ritual complexo e humilhante, no qual se supunha provar sua culpa ou inocência (Números 5:11/31). Se ela fosse culpada ela seria sentenciada à morte. Se ela fosse inocente, seu marido seria inocentado de qualquer injustiça. Além disso, se um homem toma uma mulher como esposa e, então, ele a acusa de não ser virgem, o testemunho dela não será levado em conta. Seus pais tinham que trazer provas de sua virgindade ante os mais velhos da cidade. Se os pais não pudessem provar a inocência de sua filha, ela seria apedrejada até a morte na soleira da casa de seus pais. Se os pais não fossem capazes de provar sua inocência, o marido seria obrigado a pagar uma multa e não poderia se divorciar da esposa enquanto ele vivesse: "Se um homem toma uma esposa e, após deitar com ela, se desagrada dela e a difama chamando-a por nomes feios, dizendo, "Eu me casei com esta mulher, mas quando eu me aproximei dela eu não encontrei provas de sua virgindade", então os pais da moça deverão trazer para os mais velhos da cidade a prova de que ela era virgem. O pai da moça dirá aos mais velhos, "Eu dei minha filha em casamento a este homem, mas ele se antipatizou com ela. Agora, ele está difamando-a e diz "eu não encontrei a sua filha virgem". Mas, aqui está a prova da virgindade da minha filha". Então, seus pais exibirão a roupa perante os anciãos da cidade e eles punirão o homem. Eles o multarão em 100 moedas de prata e as darão ao pai da moça, porque esse homem deu um nome mau para uma virgem israelita. Ela continuará a ser sua esposa e ele não poderá se divorciar dela enquanto viver. Se, contudo, a acusação for verdadeira e nenhuma prova da virgindade da moça puder ser encontrada, ela será trazida à porta da casa de seu pai e lá, os homens da cidade a apedrejarão até a morte. Ela fez uma coisa vergonhosa para Israel, sendo promíscua enquanto estava na casa de seu pai. O mal deve ser expurgado de entre vocês." (Deuteronômio 22:13/21)
7. O ADULTÉRIO
O adultério e a fornicação são considerados pecados em todas as religiões. A Bíblia decreta a sentença de morte para ambos os adúlteros (Levítico 20:10). O Islam, igualmente, pune tanto o adúltero como a adúltera (24:2). Contudo, a definição alcorânica é muito diferente da definição bíblica. O adultério, de acordo com o Alcorão, é o envolvimento de um homem casado ou uma mulher casada em um caso extraconjugal. A Bíblia somente considera adultério o caso extraconjugal de uma mulher casada. (Levítico 20:10, Deuteronômio 22:22. Provérbios 6:20/7:27).
"Se um homem é encontrado dormindo com a esposa de outro homem, ambos devem morrer. Deve-se expurgar o mal de Israel" (Deuteronômio 22:22).
"Se um homem comete adultério com a esposa de outro homem, ambos, adúltero e adúltera devem ser colocados para morrer" (Levítico 20:10).
De acordo com a definição bíblica, se um homem casado dorme com uma mulher solteira, isto não é considerado crime de forma nenhuma.
O homem casado, que tem relações extraconjugais com mulheres solteiras, não é um adúltero e as mulheres solteiras envolvidas com ele não são consideradas adúlteras. O crime de adultério é cometido somente quando um homem, seja casado ou solteiro, dorme com uma mulher casada. Neste caso, o homem é considerado adúltero, mesmo que ele não seja casado, e a mulher é considerada adúltera. Em resumo, o adultério é qualquer ato sexual ilícito envolvendo mulher casada. O caso extraconjugal de um homem casado não é, de per si, um crime na Bíblia. Por que este padrão moral duplo? De acordo com a Enciclopédia Judia, a esposa era considerada como posse de seu marido e o adultério constituía a violação do exclusivo direito do marido sobre ela; a esposa, como posse do marido, não tinha direito sobre ele (15). Quer dizer, se um homem tinha uma relação sexual com uma mulher casada, ele estaria violando a propriedade de outro homem e, assim, deveria ser punido.
Nos dias atuais em Israel, se um homem casado se entrega a um caso extraconjugal com um mulher solteira, seus filhos com esta mulher são considerados legítimos. Mas, se uma mulher casada tem um caso com outro homem, seja casado ou solteiro, seus filhos com este homem são considerados ilegítimos e bastardos e são proibidos de casar com qualquer outro judeu, exceto com os convertidos e com outros bastardos. Este impedimento cessa após a 10a. geração, quando se presume que a mancha do adultério enfraqueceu-se (16).
O Alcorão, por outro lado, nunca considera uma mulher como posse de qualquer homem. O Alcorão eloqüentemente descreve a relação entre os esposos dizendo:
"E entre os Seus sinais está que Ele criou para vós companheiros de entre vós mesmos, os quais vós podeis habitar em tranqüilidade com eles e Ele colocou amor e misericórdia em vossos corações: verdadeiramente, nisto há sinais para aqueles que refletem" (30:21).
Este é o conceito alcorâmico de casamento: amor, misericórdia e tranqüilidade, não posse e padrões duplos.
8. JURAMENTOS
De acordo com a Bíblia, um homem deve cumprir quaisquer juramentos que ele faça a Deus. Ele não pode quebrar a sua palavra. Por outro lado, o juramento de uma mulher não cria necessariamente uma obrigação para ela. Deve ser aprovado pelo seu pai, se ela está morando em sua casa, ou por seu marido, se ela for casada. Se um pai/marido não endossa os juramentos de sua filha/esposa, todas as garantias feitas por ela tornam-se nulas e inócuas: "Mas, se seu pai a proíbe quando ele a ouve fazer o juramento, nenhum de seus juramentos ou garantias pelas quais ela se obrigava, permanecerão ... Seu marido pode confirmar ou anular qualquer juramento que ela faça ou qualquer garantia prometida para negar-lhe" (Números 30:2/15).
Por que a palavra de uma mulher não a sujeita de per si? A resposta é simples: porque ela é propriedade de seu pai, antes do casamento, ou de seu marido após o casamento. O controle paterno sobre sua filha era absoluto até o ponto em que, se ele o desejasse, poderia vendê-la! Está indicado nos escritos dos rabinos que: "O homem pode vender sua filha, mas a mulher não pode vender sua filha; o homem pode contratar casamento para a sua filha, mas a mulher não pode fazê-lo para sua filha". (17). A literatura rabínica também indica que o casamento representa a transferência de controle do pai para o marido: "o noivado, fazendo da mulher a posse sacrossanta - a propriedade inviolável -- do marido ..."; Obviamente, se a mulher é considerada propriedade de alguém, ela não pode dar qualquer garantia que seu dono não aprove.
É de interesse notar que esta instrução bíblica, relativa aos juramentos das mulheres, teve repercussões negativas sobre as mulheres judias e cristãs até o início deste século. Uma mulher casada, no mundo ocidental, não tinha status legal. Nenhum ato seu tinha qualquer valor legal. Seu marido podia repudiar qualquer contrato, comércio ou negócio feito por ela. As mulheres no ocidente (as maiores herdeiras do legado judaico-cristão) eram tidas como incapazes de cumprir contratos porque elas eram praticamente a posse de alguém. As mulheres ocidentais sofreram por quase 2 mil anos por causa da postura bíblica em relação à posição da mulher, vis-a-vis seus pais e maridos (18).
No Islam, o juramento de cada muçulmano, homem ou mulher, o/a sujeita. Ninguém tem o poder de repudiar as garantias de quem quer que seja. Falhar na manutenção de um juramento solene, feito por um homem ou uma mulher, tem que ser expiado conforme indicado no Alcorão: "Ele (Deus) vos chamará pelos vossos juramentos deliberados: como expiação, alimentai dez pessoas indigentes, da maneira como alimentais vossa família,. ou vesti-os, ou libertai um escravo. Se isso estiver além de vossas posses, jejuai por 3 dias. Esta é a expiação para os vossos perjúrios. Mantenham, pois, vossos juramentos" (5:89).
Os companheiros do Profeta Mohammad, homens e mulheres, costumavam apresentar seus juramentos de submissão a ele pessoalmente. As mulheres, tanto quanto os homens,vinham livremente até ele e prestavam seus juramentos: "Ó Profeta, quando as mulheres crentes vierem a ti para fazer um acordo contigo de que elas não atribuirão parceiros a Deus, nem roubarão, ou fornicarão, ou matarão seus próprios filhos, não matarão ninguém, nem desobedecerão a ti em qualquer assunto, então tome este compromisso com elas e peça a Deus o perdão para os pecados delas. Na verdade, Deus é Perdoador e o mais Misericordioso (60:12).
Um homem não pode fazer um juramento por conta de sua filha ou esposa. Nem pode um homem repudiar o juramento feito por quaisquer de suas parentes femininas.
9. PROPRIEDADE DA ESPOSA?
As três religiões dividem uma fé inabalável na importância do casamento e da vida familiar. Elas também concordam na liderança do marido sobre a família. No entanto, diferenças gritantes existem entre as três religiões, com relação aos limites dessa liderança. A tradição judaico-cristã, diferente do Islam, virtualmente estende a liderança do marido até o direito de posse de sua esposa.
A tradição judaica, com referência ao papel do marido em relação a sua esposa, origina-se do conceito de que ele a possui como sua escrava (19). Este conceito foi a razão que norteou o padrão duplo nas leis do adultério e na capacidade de o marido anular os juramentos de sua esposa. Este conceito foi também o responsável para se negar à esposa qualquer controle sobre sua propriedade ou ganhos. Assim que a mulher judia se casava, ela perdia completamente qualquer controle sobre sua propriedade e ganhos para o seu marido. Os rabinos judeus afirmavam que o direito do marido sobre a propriedade de sua esposa era um corolário de sua posse sobre ela: "Desde que alguém entre na posse da mulher não deveria entrar na posse de sua propriedade também?" , e "Desde que ele tenha adquirido a mulher, não deve ele adquirir sua propriedade também?" (20). Assim, o casamento determinava que a mulher mais rica ficasse praticamente sem um tostão. O Talmud descreve a situação financeira da esposa como se segue:
"Como pode uma mulher ter alguma coisa; o que quer que seja dela, pertence ao seu marido? O que é dele é dele e o que é dela é também dele ... Seus ganhos, e o que ela possa encontrar nas ruas, também são dele. Os artigos domésticos, mesmo as migalhas de pão sobre a mesa, são dele. Ter um convidado em sua casa e alimentá-lo é roubar de seu marido ..." (San. 71a, Git. 62a.).
A questão é que a propriedade da mulher judia significava atrair pretendentes. A família judia fixava para sua filha uma quota representativa do estado de seu pai, a ser usada como dote em caso de casamento. Era este dote que tornava as filhas judias um peso inoportuno para seus pais. O pai tinha que educar sua filha por anos e então prepará-la para o casamento, providenciando um grande dote. Assim, a moça na família judia era uma obrigação e não um direito (21). Esta responsabilidade explica por que o nascimento de uma filha não era celebrado com alegria nas antigas sociedades judias (ver a seção "Filhas Vergonhosas?". O dote era o presente de casamento apresentado ao noivo sob os termos de contrato. O marido agia como o proprietário do dote mas não podia vendê-lo. A noiva perdia qualquer controle sobre o dote no momento do casamento. Além disso, esperava-se dela trabalhar após o casamento e todos os seus ganhos tinham que ir par seu marido, como paga por sua manutenção, a qual era obrigação dele. Ela poderia ter de volta sua propriedade somente em duas situações: divórcio ou a morte do marido. Se ela morresse primeiro, ele herdaria sua propriedade. No caso da morte do marido, a esposa poderia retomar sua propriedade de antes do casamento, mas não se habilitava a herdar qualquer cota de propriedade do marido falecido. Deve-se acrescentar que o noivo também tinha que apresentar seu presente de casamento à noiva, contudo, de novo, ele era praticamente o proprietário deste presente enquanto eles permanecessem casados. (22).
O cristianismo, até recentemente, seguiu a mesma tradição judaica. No império cristão romano (após Constantino), tanto as autoridades civis como as religiosas, exigiam um acordo sobre a propriedade, como condição para o reconhecimento do casamento. As famílias ofereciam às suas filhas aumento dos dotes e, como resultado, os homens tendiam a se casar mais cedo, enquanto que as famílias retardavam o casamento delas até o máximo. (23). Pela lei canônica, uma esposa se habilitava à restituição de seu dote se o casamento fosse anulado, a menos que ela fosse culpada de adultério. Neste caso, ela perdia seu direito ao dote, o qual permanecia nas mãos do marido (24). Pelas leis canônica e civil, uma mulher casada, na Europa cristã e na América, até o final do séc. XIX e início do séc. XX, perdia os direitos a sua propriedade. Os direitos da mulher inglesa, por exemplo, foram compilados e publicados em l632. Estes "direitos" incluíam: "Aquilo que o marido possui é seu. Aquilo que a esposa tem é do marido" (25)
A esposa não somente perdia sua propriedade após o casamento, como perdia sua personalidade também. Nenhum ato jurídico dela tinha valor legal. Seu marido podia repudiar qualquer compra ou presente feito por ela como sendo nulo de qualquer valor legal. A pessoa com quem ela tivesse contratado era tomado como um criminoso por ter participado de uma fraude. Além disso, ela não podia processar, sequer seu marido, nem ser processada (26). Uma mulher casada era praticamente tratada como uma criança aos olhos da lei. A esposa simplesmente pertencia a seu marido e, por isso, ela perdia sua propriedade, sua personalidade jurídica e seu nome de família (27)
O Islam, desde o séc. VII d.C, garantiu às mulheres casadas personalidade independente, conquista essa que as mulheres ocidentais se viram privadas até muito recentemente. No Islam, a noiva e sua família não têm obrigação de presentear o noivo. A moça, numa família muçulmana, não é responsável. Uma mulher é tão dignificada no Islam que ela não precisa presentear ninguém, a fim de atrair maridos em potencial. É o noivo que precisa presentear a noiva com um presente de casamento. Este presente é considerado sua propriedade e, nem o noivo nem a família da noiva têm qualquer direito ou controle sobre tal presente. Em algumas sociedades muçulmanas de hoje, um presente de casamento no valor de US$100.000,00 não é incomum. A noiva fica com o seu presente de casamento, mesmo que mais tarde ela se divorcie. Não é permitida a participação do marido na propriedade de sua esposa, a não ser que ela a ofereça a ele por sua livre e espontânea vontade (29). O Alcorão estabelece sua posição a esse respeito muito claramente:
"E concedei os dotes que pertencem às mulheres; mas se elas, de boa vontade, conceder-vos uma parte, aceitai-o e desfrutai-o com bom proveito" (4:4).
A propriedade e os ganhos da esposa estão sob seu completo controle e para seu uso somente, uma vez que a sua manutenção e a das crianças é responsabilidade do marido (30). Não importa quão rica seja a esposa, ela não é obrigada a agir como co-provedora para a família, a menos que, voluntariamente, escolha fazê-lo. O casal herda entre si. Além disso, uma mulher casada no Islam conserva sua personalidade legal independente e o nome se sua família (3l). Um juiz americano, certa vez, comentando sobre os direitos das mulheres muçulmanas, disse: "Uma muçulmana pode se casar 10 vezes, mas sua individualidade não é absorvida pela de seus vários maridos. Ela é um planeta solar, com um nome e uma personalidade jurídica própria" (32).
10. DIVÓRCIO
As três religiões têm diferenças importantes em suas posições em relação ao divórcio. O cristianismo abomina o divórcio complemente. O Novo Testamento, inequivocamente, advoga a indissolubilidade do casamento. Atribui-se a Jesus o ter dito, "mas eu digo a vocês que qualquer que se divorcie de sua esposa, exceto pôr infidelidade, transforma a mulher em adúltera, e qualquer um que se case com uma mulher divorciada comete adultério" (Mateus, 5:32). Este ideal intransigente é, sem dúvida, irreal. Ele pressupõe um estado de perfeição moral que as sociedades humanas jamais alcançaram. Quando um casal percebe que sua vida conjugal não tem mais jeito, negar o divórcio em nada irá ajudá-lo. Forçar casais, que não se dão bem, a viverem juntos contra suas vontades não produz qualquer efeito, além de não ser razoável. Não espanta que o mundo cristão tenha sido obrigado a sancionar o divórcio.
O judaísmo, por outro lado, permite o divórcio, mesmo sem qualquer razão ou causa. O Velho Testamento dá ao marido o direito de se divorciar de sua esposa, mesmo que ele apenas se antipatize por ela: "Se um homem se casa com uma mulher que venha a se tornar desagradável a ele, porque ele descobre alguma coisa indecente sobre ela, ele assina o certificado de divórcio e o dá para a esposa e a manda embora de sua casa. E se, depois que ela deixar a sua casa, e se tornar a esposa de um outro homem, e esse segundo marido não a quiser mais, se ele emitir o certificado de divórcio, e a mandar embora de sua casa, ou se ele morrer, aquele primeiro marido, que havia se divorciado dela, não pode mais se casar com ela" (Deuteronômio 24:1/4).
Os versos acima, causaram alguns debates consideráveis entre os exegetas judeus, por causa da discordância com o significado das palavras "desagradar", "indecência" e "antipatizar", mencionadas neles. O Talmud registra suas diferentes opiniões: "A escola de Shamai entendeu que um homem não deve se divorciar de sua esposa, a menos que ela seja culpada de alguma má conduta sexual, enquanto que a escola de Hillel diz que ele pode se divorciar, mesmo que ela simplesmente tenha quebrado um prato. O Rabino Akiba diz que o homem pode se divorciar dela simplesmente porque ele encontrou uma mulher mais bonita do que sua esposa" (Gittin 90 a-b).
O Novo Testamento segue a opinião dos Shamaitas, enquanto que a lei judaica tem seguido a opinião dos Hillelitas e a do Rabino Akiba (33).
Desde que o ponto de vista dos Hillelitas tem prevalecido, a tradição da lei judaica, de permitir o divórcio sem uma causa forte, foi quebrada. O Velho Testamento não só dá ao marido o direito ao divórcio de uma esposa "desagradável", como considera o divórcio de uma "esposa má" uma obrigação: "Uma esposa má traz humilhação, olhar abatido e coração ofendido. Mãos frouxas e joelhos fracos tem o homem cuja mulher falhou em fazê-lo feliz. A mulher é a origem do pecado e é por causa dela que nós todos vamos morrer".
"Não deixe que o vazamento da cisterna goteje, nem permita que uma esposa má diga do que ela gosta. Se ela não aceitar o seu controle, divorcie-se dela e mande-a embora" (Eclesiastes 25:25).
O Talmud registrava uma série de atos das esposas, pelos quais os maridos eram obrigados a se divorciar delas: "se ela comeu na rua, se ela bebeu avidamente na rua, se ela amamentou na rua, em cada caso, o Rabino Meir diz que ela deve deixar seu marido" (Git. 89a). O Talmud também torna obrigatório o divórcio de uma mulher estéril (que não gera filhos por um período de 10 anos): "Nossos rabinos ensinaram: Se um homem tomou uma esposa e viveu com ela por 10 anos e ela não gerou filhos, ele deve se divorciar dela (Yeb.64a).
As esposas, por outro lado, não podiam iniciar o divórcio de acordo com a lei judaica. A esposa judia, contudo, poderia reclamar o direito ao divórcio perante uma corte judia, desde que apresentasse uma forte razão para tal. São muito poucas coisas que uma esposa podia apresentar para pedir o divórcio: um marido com defeitos físicos ou doença de pele, um marido que não cumprisse suas responsabilidades conjugais, etc. A Corte pode ajudar na reclamação da esposa, mas não pode dissolver o casamento. Somente o marido pode fazê-lo. A corte podia açoitar, mandar prender e excomungar o marido para obrigá-lo a conceder o certificado de divórcio. Contudo, se o marido é teimoso o suficiente, ele pode se recusar a garantir o direito de divórcio à sua esposa e mantê-la amarrada a ele indefinidamente. Pior ainda, ele pode deserdá-la sem lhe garantir o divórcio e deixá-la descasada e sem estar divorciada. Ele pode se casar com outra mulher, ou mesmo morar com qualquer mulher solteira fora do lar e ter filhos desta última (estas crianças são consideradas legítimas pela lei judaica). A esposa deserdada, por outro lado, não pode se casar com ninguém, porque ela será considerada adúltera e os filhos de uma futura união são considerados ilegítimos por 10 gerações. Uma mulher em tal situação é chamada de "agunah" (mulher presa) (34).
Nos USA, hoje, há aproximadamente de 1000 a 1500 mulheres judias que são "agunot", enquanto que em Israel o seu número pode estar acima dos 1600. Os maridos podem extorquir milhares de dólares dessas mulheres presas em troca de um divórcio de acordo com a lei judaica (35).
O Islam ocupa o meio termo entre o Cristianismo e o Judaísmo, com relação ao divórcio. O casamento no Islam é uma bênção santificada, que não deve ser quebrada, exceto por razões relevantes. Os casais são instruídos a procurar todos os remédios possíveis, sempre que seus casamentos estiverem sob ameaça. O divórcio não é para ser usual, exceto quando não há qualquer outro caminho ou solução. Resumidamente, o Islam reconhece o divórcio, contudo ele o desencoraja por todos os meios possíveis.
O Islam reconhece o direito de ambos os parceiros terminarem suas relações matrimoniais. O Islam dá ao marido o direito ao divórcio. Além disso, o Islam, diferentemente do Judaísmo, garante à esposa o direito de dissolver o casamento através do que é conhecido como "Khula" (36). Se o marido dissolve o casamento, ele não pode retirar qualquer dos presentes de casamento que ele tenha dado a ela. O Alcorão explicitamente proíbe aos maridos divorciados de terem de volta os presentes de casamento, não importando quanto eles tenham custado.
"Mas, se vos decidirdes tomar outra esposa no lugar da primeira, mesmo que vós tenhais dado à primeira o maior tesouro como dote, não o diminua em um pedaço. Tomá-lo-íeis de volta, com uma falsa imputação de erro manifesto?" (4:20).
No caso de ser a esposa a escolher o fim do casamento, ela pode devolver os presentes a seu marido. Retornar os presentes de casamento é uma compensação para o marido que gostaria de manter a esposa, enquanto que ela escolheu deixá-lo. O Alcorão instruiu os muçulmanos a não tomar de volta os presentes que eles deram às esposas, exceto no caso de a esposa escolher dissolver o casamento:
"Não é lícito para vós (homens) tomar de volta quaisquer dos presentes, exceto quando ambas as partes temerem não ser capazes de manter os limites ordenados por Alá. Não há culpa para qualquer um de vós se ela der alguma coisa por sua liberdade. Tais são os limites ordenados por Alá, assim não os transgridam" (2.229).
Certa vez uma mulher veio ao Profeta procurando a dissolução de seu casamento. Ela disse ao Profeta que não tinha qualquer queixa contra o marido, com relação ao caráter ou aos modos. Seu único problema era que ela, honestamente, não gostava dele a ponto de ser capaz de viver com ele por muito tempo. O Profeta lhe perguntou. "Você lhe daria seu quintal de volta" (o presente de casamento que ela havia recebido) e ela disse: "Sim". O Profeta então orientou o homem a tomar de volta o seu quintal e a aceitar a dissolução de seu casamento (Bukhari). Em alguns casos, uma esposa muçulmana pode querer manter seu casamento, mas se acha obrigada a pedir o divórcio por causa de alguns motivos relevantes, tais : crueldade do marido, deserção sem razão, um marido que não preenche suas responsabilidade conjugais, etc. Nestes casos, a corte muçulmana dissolve o casamento (37).
Em resumo, o Islam tem oferecido à mulher muçulmana alguns direitos inigualáveis: ela pode terminar o casamento através da "Khula" e pedir o divórcio. Uma esposa muçulmana não pode nunca se tornar prisioneira de um marido recalcitrante. Foram esses direitos que seduziram as mulheres judias, que viviam nas primeiras sociedades islâmicas do séc. VII, d.C., a procurarem obter os certificados de divórcio de seus maridos judeus nas cortes muçulmanas. Os rabinos declararam aqueles certificados nulos e inválidos. A fim de terminar esta prática, os rabinos deram novos direitos e privilégios às mulheres judias, na expectativa de enfraquecer o encanto das cortes muçulmanas. Não se ofereciam às mulheres judias, que viviam nos países cristãos, qualquer privilégio semelhante onde a lei romana de divórcio, então praticada, não era mais atraente do que lei judia (38).
Agora focalizemos nossa atenção sobre como o Islam desencoraja o divórcio. O Profeta do Islam disse aos crentes que: "entre todos os atos lícitos, o divórcio é o mais odiado por Deus" (Abu Dawood). Um muçulmano não deve se divorciar de sua esposa, apenas porque ele não se simpatiza mais com ela. O Alcorão orienta o muçulmano a ser gentil com suas esposas, mesmo em caso de emoções fortes ou sentimentos de desagrado: "Vivei com elas (vossas esposas) em bases de gentileza e equidade. Se vós vos antipatizais delas pode ser que estejais antipatizando com alguma coisa que Alá colocou como um grande bem" (4:19). O Profeta Mohammad deu uma orientação semelhante: "Um crente não deve odiar uma crente. Se ele não gosta de alguma coisa, ele poderá se agradar de outras" (Muslim). O Profeta também enfatizou que os melhores muçulmanos eram aqueles que eram os melhores para as suas esposas: "Os crentes que mostram a fé mais perfeita são aqueles que têm o melhor caráter e o melhor dentre vocês é aquele que é o melhor com suas esposas" (Tirmidthi).
Contudo, o Islam é uma religião prática e reconhece que há algumas circunstâncias nas quais o casamento chega à beira do colapso.Em tais casos, o simples conselho de gentileza ou autocontrole não é a solução viável. Assim, o que fazer a fim de salvar o casamento nesses casos? O Alcorão oferece alguns conselhos práticos para os casais cujo parceiro é o injusto. Para o marido, cuja má-conduta da esposa está ameaçando o casamento, o Alcorão dá 4 tipos de conselho, como detalhado nos versos seguintes:
"... Quanto àquelas, de quem suspeitais deslealdade, admoestai-as (na primeira vez), abandonai os seus elitos (na segunda vez) e castigai-as (na terceira vez); porém, se vos obedecerem, não procureis meios contra elas. Sabei que Deus é Excelso, Magnânimo.
E se temerdes desacordo entre ambos (esposo e esposa), apelai para um árbrito da família dele e outro da dela. Se ambos desejarem se reconciliar, Deus os reconciliará, porque é Sapiente, Inteiradíssimo."(4:34/35).
Os três primeiros devem ser tentados primeiro. Se não funcionar, então a ajuda das famílias envolvidas deve ser procurada. Deve-se notar que à luz dos versículos acima, bater numa esposa rebelde é uma medida temporária e que está colocada em terceiro lugar para os casos de extrema necessidade, na esperança de que isto possa remediar a esposa injusta. Se isto funcionar, não se permite ao marido, sob qualquer meio, de continuar a molestar. Se não funcionar, não deve usar esta medida por muito tempo e o passo final da reconciliação, assistida pela família, deve ser explorada. O Profeta Mohammad orientou os maridos muçulmanos a não recorrerem a tais medidas, exceto em casos extremos, tais como atos lascivos cometidos pela esposa. Mesmo nestes casos, a punição deveria ser branda e, se a esposa desistisse, o marido não deveria irritá-la. "No caso de elas serem culpadas de lascívia, vós podeis deixá-las sozinhas em suas camas e infligir a eles punição branda. Se elas forem obedientes, não procurais motivos de aborrecimento contra elas." (Tirmidthi). Além disso, o Profeta do Islam condenou qualquer surra injustificada. Algumas esposas muçulmanas se queixaram a ele de que seus maridos lhes batiam. Ouvindo isso, o Profeta categoricamente estabeleceu: "Aqueles que fazem isso (bater nas esposas) não são os melhores dentre vós" (Abu Dawood). Deve ser lembrado também que o Profeta disse, com relação a essa questão: "Os melhores dentre vós são aqueles que são os melhores com sua família, e eu sou o melhor dentre vós para a minha família" (Tirmidthi). O Profeta aconselhou uma muçulmana, de nome Fatimah bint Qais, a não se casar com um determinado homem porque ele era conhecido por bater em mulheres: "Eu fui ao Profeta e disse: Abul Jahm e Mu´awiah me propuseram casamento. O Profeta (a titulo de conselho) disse: Quanto a Mu´awiah, ele é muito pobre, e quanto a Abul Jahm, ele está acostumado a bater em mulheres" (Muslim).
Deve-se notar que o Talmud sanciona a surra na esposa, como castigo com fins disciplinares (39). O marido não fica restrito àqueles casos de lascívia. Ele pode bater em sua esposa, mesmo que ela se recuse a fazer seus serviços domésticos. Além disso, ele não se limita apenas àqueles casos de punição leve. Ele pode quebrar a teimosia da esposa com chibatadas ou deixando-a com fome (40).
Para a esposa, cuja a má conduta do marido é causa para o fim do casamento, o Alcorão oferece os seguinte conselho: "Se a esposa teme a crueldade ou a deserção em sua parte, não há mal que eles façam um acordo amigável entre si; e tal acordo é o melhor" (4:128). Neste caso, aconselha-se à mulher a procurar a reconciliação com seu marido (com ou sem a assistência familiar). É de se notar que o Alcorão não aconselha a esposa a valer-se da abstenção do sexo. A razão para este disparate pode ser para proteger a esposa de uma reação física violenta pelo já raivoso marido.
Tal reação física violenta será muito pior, tanto para o marido quanto para a esposa, além de prejudicar mais ainda o casamento. Alguns exegetas têm sugerido que a corte pode aplicar aquelas medidas contra o marido em nome da esposa. Quer dizer, a corte primeiro repreende o marido rebelde e, então, proíbe-o de deitar-se com ela e, finalmente, executa uma surra simbólica (4l).
Em resumo, o Islam oferece aos casais muçulmanos conselhos muito mais viáveis para salvar-lhes o casamento em caso de problemas e tensão. Se uma das partes prejudica a relação matrimonial, a outra parte é aconselhada pelo Alcorão a fazer o que for possível e efetivo para salvar esta sagrada bênção. Se todas as providências falharem, o Islam permite aos casais se separarem pacífica e cabalmente.
11. MÃES
Em muitas passagens, o Velho Testamento recomenda tratamento gentil e atencioso aos pais e condena aqueles que os desonram. Por exemplo, "Se alguém amaldiçoa seu pai ou sua mãe, ele deve morrer" (Levítico 20:9) e "Um homem sábio traz alegria para seu pai, mas um homem tolo despreza sua mãe" (Provérbios 15:20). Embora honrar o pai somente seja mencionado em alguns lugares, por exemplo, "Um homem sábio presta atenção às instruções de seu pai" (Provérbio (13:1), a mãe nunca é mencionada. Além disso, não há ênfase especial para o tratamento gentil à mãe, como um sinal de apreço pelo seu grande sofrimento pelo parto e pela amamentação. Por outro lado, as mães não herdam nada de seus filhos, como seus pais herdam (42).
É difícil falar sobre o Novo Testamento como uma escritura que se lembre de honrar a mãe. Pelo contrário, tem-se a impressão de que o Novo Testamento considera o tratamento gentil às mães como um impedimento para o caminho de Deus. De acordo com o Novo Testamento, ninguém pode tornar-se um bom cristão, digno de tornar-se um discípulo de Cristo, a menos que ele odeie sua mãe. Atribui-se a Jesus ter dito: "Se alguém vem a mim e não odeia seu pai e sua mãe, sua esposa e filhos, seus irmãos e irmãs - sim, mesmo sua própria vida - ele não pode ser meu discípulo" (Lucas 14:26).
Além disso, o Novo Testamento pinta um quadro de Jesus como indiferente, ou mesmo desrespeitoso, em relação a sua própria mãe. Por exemplo, quando ela chegou procurando por ele, enquanto ele pregava para multidão, ele não se preocupou em ir ter com ela: "Então, a mãe e os irmãos de Jesus chegaram. Em pé, do lado de fora, eles pediram a alguém para chamá-lo. Uma multidão estava sentada em volta dele e eles lhe disseram: Sua mãe e seus irmãos estão lá fora procurando-o. Quem são minha mãe e meus irmãos?, ele perguntou. Então ele olhou para aqueles que estavam sentados à volta dele e disse: Estes são minha mãe e meus irmãos! Quem quer que faça a vontade de Deus é meu irmão e irmã e mãe" (Marcos 3:3l/35)
Alguém pode argumentar que Jesus estava tentando ensinar a seus ouvintes uma importante lição de que os laços religiosos não são menos importantes do que os laços familiares. Contudo, ele podia ter ensinado aos seus ouvintes a mesma lição sem mostrar uma tal absoluta indiferença para com sua mãe. A mesma atitude desrespeitosa aparece quando ele se recusou a endossar uma declaração feita por um membro de sua audiência, abençoando o papel de sua mãe, que o havia gerado e alimentado: "Como Jesus dissesse estas coisas, uma mulher na multidão o chamou ,"abençoada seja a mãe que lhe deu à luz e o alimentou". Ele respondeu: "Abençoados antes sejam aqueles cujos corações ouvem a palavra de Deus e obedecem" (Lucas 11:27/28);
Se uma mãe, com a estatura da virgem Maria, foi tratada com tal descortesia, conforme relatado no Novo Testamento, por um filho da estatura de Jesus Cristo, o que dizer então do tratamento dispensado pelos filhos cristãos comuns às suas mães cristãs?
No Islam, a honra, o respeito e a estima pela maternidade é sem paralelo. O Alcorão coloca a importância da gentileza para com os pais vindo em segundo lugar, após a adoração a Deus, o Poderoso:
"O teu Senhor decretou que não adoreis ninguém a não ser Ele, que sejais indulgentes com os vossos pais, mesmo que a velhice alcance a um deles ou a ambos, em vossa companhia: não os reproveis, nem os rejeiteis;outrossim, dirigi-lhes palavras honrosas. E estende sobre eles a asa da humildade e dizei: Ó Senhor meu, tenha misericórdia de ambos, como eles tiveram de mim, criando-me desde pequeno" (17:23/24).
O Alcorão em muitas outras partes dá ênfase especial para o grande papel da mãe que dá à luz e alimenta o filho:
"E recomendamos ao homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe o suporta entre dores e sua desmama é aos dois anos. Mostre gratidão a Mim e a seus pais" (31:14)
Este lugar muito especial para as mães no Islam, foi descrito eloqüentemente pelo Profeta: "Um homem perguntou ao Profeta: "A quem deve honrar mais?" O Profeta respondeu: "Sua mãe". "E quem vem depois?" perguntou o homem. O Profeta respondeu: "Sua mãe". "E quem vem depois?" perguntou o homem. O Profeta respondeu: "Sua mãe". E que vem depois?", perguntou o homem. O profeta respondeu: "Seu pai". (Bukhari e Muslim).
Entre os poucos preceitos do Islam, que os muçulmanos ainda observam fervorosamente até os dias atuais, é o tratamento atencioso para com as mães. A honra que as mães muçulmanas recebem de seus filhos e filhas é exemplar. As relações afetuosas entre as mães muçulmanas e seus filhos, e o profundo respeito com que os homens se aproximam de suas mães, deixa os ocidentais espantados (43).
12. A HERANÇA FEMININA
Uma das diferenças mais importantes entre o Alcorão e a Bíblia é a que se refere ao direito de herança à propriedade de parentes mortos. A postura bíblica foi sucintamente descrita pelo Rabino Epstein: "As rígidas tradições desde os tempos bíblicos não dão aos membros femininos de uma casa, esposa e filhas, o direito de sucessão ao patrimônio familiar. Nos esquemas mais primitivos de sucessão, os membros femininos da família eram considerados parte do patrimônio e tão remoto seu direito na herança quanto o de um escravo. Ao passo que na lei Mosaica, as filhas eram admitidas na sucessão, no caso de não haver homem com esse direito, embora a esposa não tivesse reconhecido esse direito, mesmo em condições semelhantes." (44) . Por que as mulheres eram consideradas como parte do patrimônio familiar? O Rabino Epstein respondeu: "Elas são propriedades dos pais, antes do casamento; e depois, dos maridos." (45)
As regras bíblicas de herança estão sublinhadas em Números 27:1/11. Uma esposa não tem participação no patrimônio de seu marido, enquanto que ele é seu primeiro herdeiro, mesmo antes de seus filhos. Uma filha pode herdar somente no caso de não existir herdeiros masculinos. A mãe não é herdeira, enquanto que o pai é. Viúvas e filhas, no caso de existirem meninos, ficavam por conta dos herdeiros masculinos para o seu sustento. Por isso que as viúvas e órfãs estavam entre os membros mais destituídos da sociedade judaica.
O cristianismo seguiu estes padrões por muito tempo. Tanto as leis civis como as eclesiásticas impediam as filhas de dividirem com seus irmãos o patrimônio do pai. Além disso, as viúvas eram privadas de qualquer direito à herança. Estas leis iníquas sobreviveram até o final do século passado (46).
Entre os árabes pagãos antes do Islam, os direitos de herança eram confinados exclusivamente aos parentes masculinos. O Alcorão aboliu todos esses costumes injustos e deu a todos os parentes femininos participação na herança:
"Às mulheres também corresponde uma parte do que tenham deixado os pais e parentes, quer seja pequena quer seja grande, uma quantia determinada" (4:7).
As mães muçulmanas, esposas, filhas e irmãs receberam o direito à herança 1300 anos antes de os europeus reconhecerem sequer que aqueles direitos existiam. A divisão da herança é um assunto vasto, com uma grande quantidade de detalhes (4:7,11, 12, 176). A regra geral é que a parte da mulher é a metade do que o homem recebe, exceto nos casos em que a mãe recebe parte igual a do pai. Se tomada isoladamente, esta regra geral referente a homens e mulheres pode parecer desfavorável. A fim de compreendermos a razão por detrás desta regra, devemos ter em conta o fato de que as obrigações financeiras do homem muçulmano excedem em muito às obrigações das mulheres (ver a seção "A Propriedade da Esposa"). Um noivo deve providenciar para sua noiva o presente de casamento. Este presente se torna posse exclusiva da noiva e permanece assim, mesmo que mais tarde venha a se divorciar. A noiva não tem obrigação de presentear seu noivo. Além disso, os maridos muçulmanos são onerados com a manutenção de sua esposa e filhos. A esposa, por outro lado, não é obrigada a socorrê-lo no cumprimento daquela obrigação. Sua propriedade e ganhos são para seu uso exclusivo, a não ser que ela voluntariamente os ofereça a seu marido. Além disso, todo mundo percebe que o Islam advoga veementemente a vida familiar. Ele encoraja fortemente os jovens a se casarem, desencoraja o divórcio e não vê o celibato como uma virtude. Numa verdadeira sociedade islâmica, a vida familiar é a norma e a vida de solteiro é uma exceção rara. Quer dizer, todos os homens e mulheres em idade de se casarem são casados na sociedade islâmica. À luz desses fatos, pode-se perceber que o homem muçulmano, em geral, tem uma grande responsabilidade financeira e que, por isso, as regras de herança significam uma compensação para este desequilíbrio, de forma que a sociedade possa viver livre de todas as lutas de classe ou de sexo. Após uma simples comparação entre os direitos e deveres financeiros da mulher muçulmana, uma muçulmana inglesa concluiu que o Islam tratou as mulheres não só favoravelmente, mas também generosamente (47).
13. A CONDIÇÃO DAS VIÚVAS O
Velho Testamento não reconhecia o direito de herança a elas, e por isso as viúvas eram as mais vulneráveis entre a população judaica. Os parentes masculinos, que herdavam todo o patrimônio do marido morto, sustentavam a mulher com a administração desse patrimônio. Contudo, as viúvas não tinha meios de se assegurarem que esta provisão estava sendo cumprida e, por isso, viviam pela misericórdia dos outros. Assim, as viúvas estavam situadas entre as classes mais baixas da antiga Israel e a viuvez era considerada um símbolo de grande degradação (Isaías 54:4). Mas, a condição da viúva na tradição bíblica ia mesmo além de sua exclusão na propriedade do marido.
De acordo com o Gênesis 38,. as viúvas sem filhos deviam se casar com o irmão de seus maridos, mesmo que ele já fosse casado, pois, dessa maneira, ele podia providenciar uma descendência para o seu irmão morto e, assim, assegurar que o nome do irmão não morresse. Judá disse a Onan, "Deite-se com a esposa de seu irmão e cumpra com o seu dever para com ela como um cunhado, a fim de gerar descendência para o seu irmão". (Gênesis 38:8).
O consentimento da viúva para este casamento não era exigido. A viúva era tratada como parte da propriedade do marido morto e sua principal função era assegurar a posteridade para o seu marido. Esta lei bíblica ainda hoje é praticada em Israel (48). Uma viúva sem filhos em Israel é legada ao irmão de seu marido. Se o irmão é muito jovem para casar, ela tem que esperar até ele atingir a idade. Se o cunhado se recusar a casar com ela, então ela fica livre para se casar com um homem de sua escolha. Não é incomum em Israel que as viúvas sejam submetidas à chantagem por parte de seus cunhados a fim de ganharem a sua liberdade.
Os árabes pagãos antes do Islam, tinham práticas semelhantes. Uma viúva era considerada uma parte da propriedade do marido a ser legada aos herdeiros masculinos e comumente ela era dada em casamento ao filho mais velho do marido falecido com outra esposa. O Alcorão sarcasticamente atacou e aboliu este costume degradante:
"Não vos caseis com as mulheres que desposaram vossos pais - exceto fato consumado no passado - porque realmente é um costume vergonhoso, odiento e abominável (4:22).
As viúvas e as mulheres divorciadas eram tão mal vistas na tradição bíblica que um sacerdote não podia se casar com uma viúva, uma divorciada ou uma prostituta: "A mulher com quem ele (sacerdote) se casar deve ser virgem. Ele não deve se casar com uma viúva, uma divorciada ou uma mulher corrompida pela prostituição, mas somente com uma virgem de seu próprio povo e assim ele não conspurcará sua descendência entre o seu povo" (Levítico 2l:13/15)
Atualmente em Israel, um descendente da casta Cohen (os sacerdotes dos dias do Templo) não pode se casar com uma divorciada, uma viúva ou uma prostituta (49). Na legislação judaica, uma mulher que enviuvou três vezes, com todos os três maridos morrendo de causa natural, é considerada "fatal" e proibida de casar de novo (50). O Alcorão, por outro lado, não reconhece castas ou pessoas fatais. Viúvas e divorciadas têm liberdade para se casarem com quem quer que seja que elas escolham. Não há estigma ligado ao divórcio ou à viuvez no Alcorão:
"Quando vos divorciardes das mulheres e elas tenham cumprido o seu período (três menstruações), tomai-as de volta eqüitativamente ou libertai-as eqüitativamente. Não as tomeis de volta com o intuito de injuriá-las injustamente, porque quem tal o fizer errará por sua própria conta. Não trateis dos sinais de Alá como zombaria" (2:23l)
"Se algum de vós vier a falecer e deixar viúvas, elas deverão aguardar quatro meses e dez dias. Quando elas tiverem cumprido seu período, não sereis responsáveis pelo que elas fizerem de suas vidas honestamente" (2.240)
14. POLIGAMIA
Passemos agora para a importante questão que é a poligamia. A poligamia é uma prática muito antiga, encontrada em muitas sociedades humanas. A Bíblia não condenou a poligamia. Pelo contrário, o Velho Testamento e os escritos rabínicos freqüentemente atestam a legalidade da poligamia. Dizem que o Rei Salomão teve 700 esposas e 300 concubinas (Reis 11:3). Também o Rei Davi teve muitas esposas e concubinas (2 Samuel 5:13). O Velho Testamento tem algumas injunções em como distribuir a propriedade de um homem entre seus filhos de diferentes mulheres (Deuteronômio 22:7). A única restrição com relação à poligamia é a proibição de tomar uma irmã da esposa como uma esposa rival (Levítico 18:18). O Talmud aconselha a um máximo de 4 esposas (51). Os judeus europeus continuaram a praticar a poligamia até o século XVI.
Os judeus orientais praticavam a poligamia regularmente até a chegada a Israel, onde ela foi proibida por lei. Contudo, na lei religiosa, que sobrepuja a lei civil em tais casos, a poligamia é permitida (52).
E com relação ao Novo Testamento? De acordo com o padre Eugene Hilman, em seu penetrante livro, a poligamia é reconsiderada, "Em parte alguma do Novo Testamento há uma orientação expressa de que o casamento deve ser monogâmico ou qualquer orientação que proíba a poligamia". (53). Além disso, Jesus não falou contra a poligamia, embora ela fosse praticada pelos judeus de sua época. O padre Hillman chama a atenção para o fato de que a Igreja de Roma proibiu a poligamia, a fim de se adequar à cultura Greco-romana (que prescrevia somente uma esposa legal, enquanto que tolerava o concubinato e a prostituição). Ele citou Santo Agostinho, "Agora, em nosso tempo, e de acordo com o costume romano, não é mais permitido tomar uma outra esposa" (54). As igrejas africanas e os cristãos africanos muitas vezes lembram a seus irmãos europeus que a proibição da poligamia é mais uma tradição cultural do que uma autêntica injunção cristã.
O Alcorão também permitiu a poligamia, mas não sem algumas restrições: "Se vós temeis não serdes capazes de conviver justamente com os órfãos, casai com mulheres de sua escolha, 2 ou 3 ou 4 vezes; mas se temerdes que que não sereis capazes de conviver justamente com elas, então casai somente com uma" (4:13). O Alcorão, ao contrário da Bíblia, limitou o número de esposas a 4, sob a estrita condição de que as esposas sejam tratadas igualmente. Isto não deve ser entendido como uma exortação a que os crentes pratiquem a poligamia, ou que a poligamia seja considerada como um ideal. Em outras palavras, o Alcorão "tolera" ou "permite" a poligamia, e não mais, mas por que? Por que a poligamia é permitida? A resposta é simples: há lugares e épocas em que razões morais e sociais compelem para a poligamia. Como os versos do Alcorão acima indicam, a questão da poligamia no Islam não pode ser entendida como parte das obrigações da comunidade com relação aos órfãos e viúvas. O Islam, como uma religião universal, aplicável para todos os lugares e tempos, não poderia ignorar essas pressões.
Em muitas sociedades humanas, as mulheres superam os homens em quantidade. Em um país como a Guiné, há 122 mulheres para cada 100 homens. Na Tanzânia, há 95,1 homens para 100 mulheres (55). O que uma sociedade deve fazer para resolver esse desequilíbrio? Existem várias soluções, e alguns podem sugerir o celibato, outros preferem o infanticídio feminino (que ainda acontece no mundo de hoje em alguns lugares). Outros, ainda, podem achar que a única saída é a sociedade tolerar todas as formas de permissividade sexual: prostituição, sexo fora do casamento, homossexualismo, etc. Para outras sociedades, como a maior parte das sociedades africanas de hoje, a saída mais honrosa é permitir o casamento poligâmico, como uma instituição culturalmente aceita e socialmente respeitada. A questão, que é muitas vezes incompreendida no ocidente, é que muitas mulheres de outras culturas necessariamente não vêm a poligamia como um sinal de degradação da mulher. Por exemplo, muitas jovens noivas africanas, sejam cristãs ou muçulmanas, prefeririam se casar com um homem casado, que tenha provado a ele mesmo, ser um marido responsável.
. Muitas esposas africanas persuadem seus maridos a tomar uma segunda esposa e assim eles não se sentem sozinhos (56). Uma pesquisa realizada na segunda maior cidade da Nigéria com 600 mulheres, com idades entre 15 e 59 anos, mostrou que 60% dessas mulheres não se importariam que seus maridos tivessem uma outra esposa. Somente 23% expressaram raiva ante a idéia de dividirem seus maridos com outras mulheres. 76% das mulheres que se manifestaram numa pesquisa realizada no Quênia, viram a poligamia positivamente. Em outra pesquisa realizada no campo, 25 de 27 mulheres consideraram a poligamia melhor do que a monogamia.
Estas mulheres sentiram que a poligamia pode ser uma experiência feliz e benéfica se as co-esposas cooperarem umas com as outras (57). A poligamia, na maior parte das sociedades africanas é uma instituição tão respeitada, que algumas igrejas protestantes começaram a tolerá-la, "Embora a monogamia possa ser ideal para a expressão do amor entre o marido e a esposa, a igreja deve considerar que em certas culturas a poligamia é socialmente aceitável e que a crença de que a poligamia é contrária ao cristianismo não se sustenta por muito tempo". (58) Depois de um cuidadoso estudo sobre a poligamia africana, o Reverendo David Gitari, da Igreja Anglicana, concluiu que a poligamia, como idealmente praticada, é mais cristã do que o divórcio e o novo casamento, porque há uma preocupação com as esposas e crianças abandonadas. (59) Eu pessoalmente conheço algumas esposas africanas, finamente educadas, que apesar de terem vivido no Ocidente por muitos anos, não fazem qualquer objeção à poligamia. Uma delas, que mora nos USA, solenemente estimula seu marido a tomar uma segunda esposa para ajudá-la na criação das crianças.
O problema do desequilíbrio entre os sexos começa na verdade nos problemáticos tempos de guerra. Os índios nativos americanos costumavam sofrer com essa desigualdade de número entre homens e mulheres, principalmente após as perdas dos tempos de guerra. As mulheres dessas tribos, que na verdade desfrutavam de uma alta posição, aceitavam a poligamia como a melhor proteção contra a tolerância por atividades indecentes. Os colonos europeus, sem oferecerem qualquer outra alternativa, condenavam a poligamia indiana como "incivilizada" (60).
Após a segunda guerra mundial, havia na Alemanha 7.300.000 mais mulheres do que homens (3.3 milhões delas eram viúvas). Havia 100 homens na idade de 20 a 30 anos para cada 167 mulheres naquele mesmo grupo de idade. (6l) Muitas dessas mulheres necessitavam de um homem, não apenas como uma companhia mas, também, como um mantenedor para a casa, num tempo de miséria e injustiça sem precedentes. Os soldados do exército aliado vitorioso exploravam a vulnerabilidade dessas mulheres. Muitas jovens e viúvas tinham ligações com membros das forças de ocupação. Muitos soldados americanos e britânicos pagavam por seus prazeres com cigarros, chocolates e pães. As crianças ficavam felizes com os presentes que os estrangeiros traziam. Um menino de 10 anos, vendo esses presentes com outras crianças, desejava ardentemente um "inglês" para a sua mãe e assim, ela não precisaria passar fome por tanto tempo (62). Devemos perguntar para nossa consciência sobre esta questão: O que dignifica mais uma mulher? Uma segunda esposa, aceita e respeitada, ou uma prostituta virtual, como no caso da abordagem "civilizada" das forças aliadas na Alemanha? Em outras palavras, o que dignifica mais uma mulher, a prescrição alcorâmica ou a teologia baseada na cultura do império romano?
É interessante notar que, em uma conferência da juventude internacional, acontecida em Munique, em 1948, o problema alemão do desequilíbrio no número de homens e mulheres foi discutido. Quando ficou claro que não havia solução consensual, alguns participantes sugeriram a poligamia. A reação inicial da reunião foi uma mistura de choque e repugnância. Contudo, após um estudo cuidadoso da proposta, os participantes concordaram que a poligamia era a única solução possível. Consequentemente, a poligamia estava incluída entre as recomendações finais da conferência. (63)
Atualmente, o mundo possui mais armas de destruição em massa do que jamais houve em qualquer tempo e as igrejas européias podem, mais cedo ou mais tarde, se ver obrigadas a aceitar a poligamia como o único caminho. O Padre Hillman, após muito pensar, admitiu este fato, "É quase concebível que aquelas técnicas genocidas (nuclear, biológica, química...) podem produzir um desequilíbrio tão drástico entre os sexos que o casamento plural poderia ser um meio necessário de sobrevivência... Em tal situação, os teólogos e os líderes das igrejas deveriam rapidamente produzir razões importantes e textos bíblicos que justifiquem um novo conceito de casamento". (64)
Nos dias atuais, a poligamia continua a ser a solução viável para alguns males das sociedades modernas. As obrigações comunitárias a que o Alcorão se refere, juntamente com a permissão da poligamia, são mais perceptíveis atualmente nas sociedades ocidentais do que na África. Por exemplo, nos USA de hoje, há uma séria crise na comunidade negra. Um em cada 20 jovens rapazes negros podem morrer antes de atingir a idade de 2l anos. Para aqueles que estão entre os 20 e 35 anos, o homicídio lidera a causa da morte (65). Além disso, muitos rapazes negros estão desempregados, na prisão ou são viciados (66). Como conseqüência, um em 4 mulheres negras, na idade de 40 anos, nunca se casaram, enquanto que este número é de 1 para 10 mulheres brancas (67). Além do mais, muitas jovens negras se tornam mães solteiras antes dos 20 anos e se encontram na situação de serem mantidas. O resultado final dessas trágicas circunstâncias é que há um aumento no número de mulheres negras comprometidas com "homem-partilhado" (68). Isto é, muitas dessas infelizes mulheres negras solteiras estão envolvidas em casos com homens casados. As esposas muitas vezes não têm consciência do fato de que outras mulheres estão dividindo seus maridos com elas. Alguns observadores da crise do "homem-partilhado" na comunidade africana na América têm recomendado a poligamia consensual, como uma resposta temporária para a diminuição do número de homens negros, até que reformas mais abrangentes na sociedade americana sejam tomadas (69). Esses observadores entendem poligamia consensual como a poligamia sancionada pela comunidade e na qual todas as partes envolvidas concordem, em oposição ao segredo dos casos com homens casados, os quais sempre prejudicam tanto a esposa como a comunidade em geral.
O problema do "homem-partilhado" na comunidade africana da América foi ponto de discussão em um painel realizado na Universidade de Temple, na Filadélfia, em 27.01.93 (70). Alguns dos palestrantes recomendaram a poligamia como um remédio potencial para a crise. Eles também sugeriram que a poligamia não podia ser banida por lei, particularmente em uma sociedade que tolera a prostituição e o concubinato.. O comentário de uma das mulheres participantes, de que os negros americanos precisavam aprender com a África, onde a poligamia era praticada responsavelmente, conseguiu entusiásticos aplausos.
Philip Kilbride, um antropólogo americano, de tradição católica romana, em seu livro provocativo, "Casamento Plural para o Nosso Tempo", propõe a poligamia como solução para alguns dos males da sociedade americana. Ele argumenta que o casamento plural pode servir como uma alternativa potencial para o divórcio em muitos casos,a fim de eliminar o impacto danoso do divórcio sobre as crianças. Ele afirma que muitos divórcios foram causados pelo excessivo número de casos extraconjugais ocorridos na sociedade americana. De acordo com Kilbride, transformar um caso extraconjugal em um casamento poligâmico, ao invés do divórcio, é melhor para as crianças. Além disso, ele sugere que outros grupos também se beneficiarão do casamento plural, tais como: mulheres mais velhas, que enfrentam uma crônica diminuição de homens e os negros americanos, que estão envolvidos com o "homem-partilhado". (7l)
Em 1987, uma votação conduzida por um estudante de jornalismo da Universidade de Berkeley, perguntava aos estudantes se eles concordavam que os homens poderiam ser autorizados, por lei, a terem mais de uma esposa, tendo em vista a visível diminuição do número de candidatos masculinos para o casamento na Califórnia. Quase todos os votantes aprovaram a idéia. Uma estudante chegou a declarar que o casamento poligâmico preencheria suas necessidades físicas e emocionais, porque lhe daria maior liberdade do que uma união monogâmica (72). Na verdade, o mesmo argumento foi usado por alguns poucos remanescentes das mulheres fundamentalistas Mormom, que ainda praticam a poligamia nos USA.
Elas acreditam que a poligamia é um caminho ideal para a mulher ter, tanto profissão como crianças, uma vez que as esposas se ajudam umas às outras no cuidado com os filhos.
Deve-se acrescentar que a poligamia no Islam é questão de consenso mútuo. Ninguém pode forçar a mulher a se casar com um homem casado. Além disso, a esposa tem o direito de estipular que seu marido não deve se casar com outra mulher (74). A Bíblia, pôr outro lado, algumas vezes vale-se da poligamia forçada. Uma viúva sem filhos deve se casar com o seu cunhado, mesmo que ele já seja casado (ver a seção "A condição das Viúvas") e independente de seu consentimento (Gênesis 38:8/10).
Deve-se notar que, em muitas sociedades muçulmanas de hoje, a prática da poligamia é rara, uma vez que a diferença entre os sexos não é grande. Pode-se dizer que o número de casamentos poligâmicos no mundo muçulmano é muito menor do que o de casos extraconjugais no ocidente. Em outras palavras, os homens no mundo muçulmano são muito mais monogâmicos do que os homens no mundo ocidental.
Billy Grahan, o eminente evangélico cristão, reconheceu este fato: "O cristianismo não pode se comprometer com a questão da poligamia. Se hoje o cristianismo não pode fazer isso, é em seu próprio detrimento. O Islam permitiu a poligamia como uma solução para os males sociais e reconheceu um certo grau de latitude da natureza humana, mas, somente dentro da estrutura estritamente definida na lei.
Os países cristãos fazem um estardalhaço sobre a monogamia, mas, na verdade, eles praticam a poligamia. Ninguém ignora a existência das amantes na sociedade ocidental. A esse respeito, o Islam é fundamentalmente uma religião honesta, que permite a um muçulmano se casar uma segunda vez se ele precisa, mas proibe rigorosamente todas as associações clandestinas, a fim de salvaguardar a probidade moral da comunidade". (75)
Releva notar que muitos países no mundo de hoje, muçulmanos ou não, proibiram a poligamia. Tomar uma segunda esposa, ainda que com o livre consentimento da primeira, é uma violação da lei. Por outro lado, trair a esposa, com ou sem o seu conhecimento e/ou consentimento, é perfeitamente legítimada. Qual é a sabedoria legal por detrás de tal contradição? A lei foi feita para premiar a decepção e punir a honestidade? Este é um dos paradoxos fantásticos de nosso mundo "civilizado".

15. HIJAB
Finalmente, vamos esclarecer o que é considerado no ocidente como o maior símbolo de opressão e servidão da mulher, o véu, ou a cabeça coberta. É verdade que não existe algo como o véu na tradição judaico-cristã? Façamos o registro correto. De acordo com o Rabino Dr. Menachem M. Brayer (Professor de Literatura Bíblica na Universidade de Yeshiva) em seu livro, "A Mulher Judia na Literatura Rabínica", era um costume judeu a mulher ir aos lugares públicos com a cabeça coberta, e, em alguns casos, com todo o rosto coberto, deixando apenas um olho de fora (76). Ele cita alguns famosos ditos rabinícos antigos, "Não é bom para as filhas de Israel andarem na rua com suas cabeças descobertas" e "Amaldiçoado seja o homem que permite que o cabelo de sua esposa seja visto... uma mulher que expõe seus cabelos como adorno traz a pobreza". A lei rabínica proibe a recitação de bênçãos e orações na presença de mulheres casadas com a cabeça descoberta, uma vez que o cabelo é considerado "nudez" (77). O Dr. Brayer também menciona que "Durante o período Tannaitic a mulher judia com sua cabeça descoberta era considerada uma afronta à sua modéstia. Quando sua cabeça estava descoberta ela podia ser multada em 400 zuzim por esta ofensa". O Dr. Brayer também explica que o véu da mulher judia nem sempre era considerado como um sinal de modéstia. Algumas vezes, o véu simbolizava mais um estado de distinção e de luxúria do que modéstia. O véu personificava a dignidade e superioridade das mulheres nobres. Também podia representar a inacessibilidade da mulher, como posse santificada de seu marido (78),
O véu significava o auto-respeito de uma mulher e um status social. As mulheres das classes mais baixas vestiam o véu para dar a impressão de uma posição mais elevada. O fato de o véu significar sinal de nobreza foi a razão de não se permitir às prostitutas cobrirem seus cabelos, na antiga sociedade judaica. Contudo, as prostitutas muitas vezes usavam um lenço especial, a fim de parecerem respeitáveis (79). As mulheres judias na Europa continuaram a usar o véu até o século XIX, quando suas vidas se tornaram interrelacionadas com o meio cultural. As pressões externas da vida européia no século XIX, obrigaram as mulheres a saírem com as cabeças descobertas. Algumas judias achavam mais conveniente substituir o tradicional véu por peruca, como uma outra forma de cobrir a cabeça. Atualmente, muitas mulheres judias pieddosas não cobrem mais suas cabeças, exceto quando se encontram nas sinagogas (80). Algumas delas, tais como as da citada Hasidic, ainda usam peruca (81).
O que dizer a respeito da tradição cristã? É sabido que as freitas católicas usaram suas cabeças cobertas por centenas de anos, mas isto não é tudo. São Paulo, no Novo Testamento, fez algumas declarações muito interessantes a respeito do véu: "Agora eu quero que vocês percebam que a cabeça de cada homem é o Cristo e a cabeça da mulher é o homem e a cabeça do Cristo é Deus. Cada homem que reza ou vaticina com a cabeça coberta desonra a sua cabeça. Cada mulher que ora ou vaticina com a cabeça descoberta desonra sua cabeça - é como se sua cabeça estivesse raspada. Se a mulher não cobrir sua cabeça, ela deve ter os seus cabelos cortados: e para não cair na desgraça de ter os cabelos cortados ou raspados ela deve cobri-los. Um homem não deve cobrir sua cabeça uma vez que ele é a imagem e glória de Deus; mas a mullher é oriunda do homem; o homem não foi criado da mulher, mas a mulher foi criada do homem. Por esta razão, e por causa dos anjos, a mulher deve ter um símbolo da autoridade sobre sua cabeça" (I Coríntios 11:3/10.
As razões apresentadas por São Paulo, para que a mulher se cubra, é que o véu significa um sinal de autoridade do homem, o qual é a imagem e glória de Deus sobre a mulher, que foi criada dele e para ele. São Tertuliano, em seu famoso tratado "Sobre o véu das virgens", escreveu "jovens mulheres, vocês se cobrem quando nas ruas, assim, vocês devem se cobrir quando na igreja, vocês se cobrem quando estão entre pessoas estranhas, portanto vocês devem se cobrir quando estiverem entre seus irmãos..." Entre as leis canônicas da Igreja Católica de hoje, há uma lei que exige que as mulheres cubram suas cabeças quando estiverem na igreja (82). Algumas denominações cristãs, tais como os Amish e os Menonitas, por exemplo, matêm suas mulheres cobertas até hoje. A razão para o véu, conforme explicado pelos líderes da Igreja, é que "a cabeça coberta é um símbolo da sujeição feminina ao homem e a Deus", o que, no final, significa a mesma lógica apresentada por São Paulo no Novo Testamento (83).
De todas as evidências acima, é óbvio que o Islam não inventou a cabeça coberta. Contudo, o Islam endossa a tese. O Alcorão obriga homens e mulheres a baixarem seus olhos e guardarem suas modéstias e, com relação às mulheres, determina que suas cabeças sejam cobertas, além do pescoço e seios:
"Diga às crentes que elas devem baixar seus olhos e guardar sua modéstia; que elas não devem exibir sua beleza e adornos, exceto o que comumente aparece; que elas devem puxar seus véus sobre os seios... " (24:30/3l)
O Alcorão é bem claro no que se refere ao véu como essencial para a modéstia. Mas, por que a modéstia é importante? O Alcorão é ainda mais claro: "Ó Profeta, dize às tuas esposas e filhas, e às crentes, que elas devem se cobrir com suas mantas (quando na rua) a fim de que elas se distingam das demais e não sejam molestadas" (33:59). Esta é a questão principal, a modéstia é prescrita para proteger as mulheres de serem molestadas, isto é, a modéstia é proteção.
Assim, a única proposta do véu no Islam é a proteção. O véu islâmico, diferentemente do véu na tradição cristã, não é sinal da autoridade do homem sobre a mulher, nem é um sinal de sua sujeição ao homem. O véu islâmico, diferentemente da tradição judaica, não é um sinal de luxúria ou de distinção de algumas mulheres casadas nobres. O véu islâmico é simplesmente um sinal de modéstia, com a proposta de proteger as mulheres, todas as mulheres. A filosofia islâmica é que é sempre melhor prevenir do que remediar. Realmente, o Alcorão é tão preocupado com a proteção dos corpos das mulheres e sua reputação, que um homem que se atrever a acusar falsamente uma mulher de não ser casta, será severamente punido:
"E aqueles que difamarem as mulheres castas, sem apresentarem 4 testemunhas, infligí-lhes oitenta chibatadas e nunca mais aceiteis os seus testemunhos por que tais homens são transgressores".
Compare-se esta posição alcorânica com a punição extremamente branda da Bíblia para os casos de estupro: Se um homem encontra uma virgem, que está na condição de casar e a estupra e eles são descobertos, ele deve pagar ao pais da moça 50 shekels de prata. Ele deve se casar com a moça por que ele a violou. Ele não poderá nunca se divorciar dela enquanto viver (Deuteronômio 22:38/30). Podemos simplesmente perguntar: Quem é punido realmente? O homem que somente pagou uma multa pelo estupro ou a moça que se viu forçada a se casar com o homem que a violentou e a ficar com ele até que ele morra? Outra questão que se apresenta é: quem proteje mais as mulheres, o Alcorão com sua postura rigorosa, ou a Bíblia com sua posição mais branda?
Algumas pessoas, sobretudo no ocidente, têm uma tendência a ridicularizar a argumentação da modéstia para proteção. Elas dizem que a melhor proteção é divulgar a educação, o comportamento civilizado e o auto-controle. E nós dizemos: ótimo, mas insuficiente. Se o processo de civilização fosse suficiente, então por que mulheres nos USA não se atrevem a andar sozinhas em ruas escuras, ou mesmo a cruzar um parque vazio? Se a Educação fosse a solução, então por que é que uma respeitada universidade como a de Queen tem um serviço de condução principalmente para as estudantes no campus? Se o auto-controle fosse a resposta, então por que tantos casos de molestamento sexual acontecem em locais de trabalho, como relatados nos jornais a cada dia? Em uma amostra sobre os molestadores, nos últimos anos, encontramos: marinheiros, diretores, professores universitários, senadores, juízes da Suprema Corte e até o Presidente dos Estdos Unidos. Eu não posso acreditar em meus olhos, quando leio sobre as seguintes estatísticas, elaboradas pelo escritório das mulheres decanas da Universidade de Queens:
* No Canadá, uma mulher é atacada sexualmente a cada seis minutos;
* Uma, em cada três mulheres no Canada, será sexualmente assaltada em alguma época de suas vidas;
* 1 em 4 mulheres corre o risco de ser estuprada alguma vez;
* 1 em 8 mulheres será atacada sexualmente enquanto estiver no colégio ou universidade; e
* Um estudo concluiu que 60% dos estudantes universitários canadenses cometeriam algum tipo de violência sexual se eles estivessem seguros de não serem descobertos.
Alguma coisa está fundamentalmente errada na sociedade em que vivemos. Uma mudança radical no modo de vida e na cultura da sociedade se faz absolutamente necessária. Uma cultura de modéstia é necessária, modéstia no vestir, no falar e nos modos, tanto de homens como de mulheres. Caso contrário, as terríveis estatísticas continuarão a crescer e, infelizmente, as mulheres, sozinhas, pagarão o preço. Realmente, nós todos sofremos, mas K. Gibran disse "... porque a pessoa que recebe os golpes não é como a que se encontra entre elas" (84). Logo, uma sociedade como a francesa, que expulsa uma jovem de sua escola por causa de suas roupas, acaba, no final, por, simplesmente, se ferir a si mesma.
Uma das maiores ironias de nosso mundo atual é que, o mesmo véu que é reverenciado como sinal de "santidade", quando usado pelas freiras católicas como forma de exibir a autoridade do homem, é mostrado como forma de "opressão" quando vestido com o objetivo de protejer a mulher muçulmana.
EPÍLOGO
A questão que se apresenta àqueles não mulçumanos, que leram uma versão inicial do presente estudo é: As mulheres muçulmanas no mundo de hoje recebem este nobre tratamento tal como descrito aqui? A resposta, infelizmente, é: Não. Uma vez que a questão é inevitável em qualquer discussão referente à condição das mulheres no Islam, temos que elaborar uma resposta, a fim de fornecer aos leitores um quadro completo.
Devemos esclarecer, primeiro, que as enormes diferenças entre as sociedades muçulmanas acabam por fazer generalizações muito simplistas. Há um vasto espectro de posturas em relação à mulher no mundo muçulmano atual. Estas posturas diferem de uma sociedade para outra e dentro de sociedade individual. Contudo, podemos discernir certos traços gerais. Quase todas as sociedades muçulmanas, em maior ou menor grau, desviaram-se dos ideais do Islam, com respeito à condição das mulheres. Estes desvios, na maior parte, se direcionaram para uma ou duas direções. A primeira é mais conservadora, restritiva e orientada pelas tradições, enquanto que a segunda é mais liberal, orientada pelos costumes ocidentais.
As sociedades que se encaminharam para a primeira direção tratam as mulheres de acordo com os costumes e tradições herdados de seus ascendentes. Estas tradições, comumente, privam as mulheres de muitos direitos garantidos a elas pelo Islam. Além disso, as mulheres são tratadas de acordo com padrões diferentes daqueles aplicados aos homens. Esta discriminação penetra a vida de qualquer mulher: ela é recebida com menos alegria ao nascer do que um menino; ela é menos incentivada a ir para a escola; ela pode ser privada de qualquer participação na herança de sua família; ela está sob contínua vigilância com relação a sua modéstia, enquanto que os atos de imodéstia de seus irmãos são tolerados; ela pode até ser morta por cometer o que os membros masculinos de sua família comumente se vangloriam de praticar; ela tem pouca atuação nos assuntos familiares ou nos interesses comunitários; ela pode não ter o completo controle sobre suas posses e seus presentes de casamento; e, finalmente, como mãe, ela preferiria gerar filhos homens a fim de alcançar uma elevada posição em sua comunidade.
Por outro lado, há sociedades muçulmanas (ou certas classes dentro de algumas sociedades) que foram varridas pela cultura e modo de vida do ocidente. Estas sociedades, muitas vezes, imitam, de forma inimaginável, tudo o que receberam do ocidente e, finalmente, acabam por adotar os piores frutos da civilização ocidental. Nestas sociedades, a prioridade máxima na vida de uma típica mulher "moderna" é realçar sua beleza física. Em razão disso, seu esforço é mais para compreender sua feminilidade do que preencher sua humanidade.
Por que as sociedades muçulmanas se desviaram dos ideais do Islam? Não há uma resposta fácil. Uma explicação penetrante, das razões pelas quais muçulmanos não aderiram aos preceitos alcorânicos com relação às mulheres, está além do objetivo deste estudo. Contudo, deve ser esclarecido que as sociedades muçulmanas também se desviaram, há muito tempo, dos preceitos islâmicos concernentes a muitos aspectos de suas vidas. Há uma grande diferença entre o que os muçulmanos supõem acreditar e o que eles realmente praticam. Esta diferença não é um fenômeno recente. Tem sido assim por séculos e continuará aumentando dia após dia. Esta diferença sempre crescente tem tido consequências desastrosas sobre o mundo muçulmano e se manifestam em quase todos os aspectos da vida: tirania e fragmentação política, economia, injustiça social, falência científica, estagnação intelectual, etc. O status não islâmico das mulheres no mundo muçulmano atual é simplesmente um sintoma de doença mais profunda. Qualquer reforma no atual status das mulheres muçulmanas não terá sucesso se não for acompanhada de reformas mais amplas em todo o modo de vida das sociedades islâmicas. O mundo muçulmano está necessitando de um renascimento que o aproxime dos ideais do Islam e não que o afaste deles. Para resumir, a noção, hoje em dia, de que há um pobre status das mulheres muçulmanas se deve a uma total incompreensão. Os problemas dos muçulmanos em geral não são devidos ao fato de eles estarem muito presos ao Islam. Na verdade, eles se originam exatamente por um longo e profundo afastamento do Islam.
Deve-se também enfatizar que a proposta deste estudo comparativo não é, em qualquer hipótese, difamar o judaismo ou o cristianismo. A posição das mulheres nas tradições judaico-cristãs pode parecer retrógrada, se comparada com nossos padrões de final de século XX, contudo, deve ser encaradasdentro de seu próprio contexto histórico. Em outras palavras, qualquer avaliação da posição das mulheres na tradição judaico-cristã tem que levar em conta as circunstâncias históricas nas quais essas tradições se desenvolveram. Não pode haver dúvida de que as opiniões dos rabinos e pastores da Igreja, em relação às mulheres, foram influenciadas por posturas prevalecentes em suas respectivas sociedades. A própria Bíblia foi escrita por diversos autores em diversas épocas. Estes autores não podiam ser imparciais aos valores e modo de vida das pessoas à volta deles. As leis do adultério no Velho Testamento, por exemplo, eram tão desfavoráveis às mulheres que elas desafiam qualquer explicação racional por parte de nossa mentalidade. Contudo, se nós considerarmos o fato de que as primeiras tribos judias eram obcecadas pela sua homogeneidade genética e extremamente desejosas de se distinguirem das outras tribos, e que somente a má conduta sexual das mulheres casadas podia ameaçar essas caras aspirações, nós podemos entender, mas não necessariamente nos simpatizarmos com elas, as razões de tal obcessão. Também, as ranzinzices dos padres da Igreja contra as mulheres devem ser encaradas dentro do contexto da misoginia da cultura greco-romana, na qual eles viviam. Não seria correto avaliar o legado judaico-cristão, sem levar em consideração o relevante contexto histórico.
De fato, a compreensão adequada do contexto histórico também é crucial para o entendimento do significado das contribuições do Islam para a história mundial e a civilização humana. A tradição judaico-cristão foi influenciada e moldada pelo meio ambiente, condições e culturas existentes à época. No século VII, esta influência distorceu a mensagem divina revelada a Moisés e Jesus, muito além do reconhecimento. O pobre status das mulheres no mundo judaico-cristão no séc. VII é apenas um caso em questão. Em razão disso, havia uma grande necessidade de uma nova mensagem, que levasse a humanidade de volta para o camino reto. O Alcorão descreveu a missão do novo mensageiro como uma libertação para judeus e cristãos do peso que havia sobre eles:
"São aqueles que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em suas próprias escrituras - Tora e Evangelho - o qual lhes recomenda todo o bem e lhes veda o que é mal; ele lhes alivia de seus pesados fardos e dos grilhões que estão sobre eles" (7:157)
Portanto, o Islam não deve ser visto como uma tradição rival para o judaismo e cristianismo. Ele deve ser encarado como uma consumação, complementação e aperfeiçoamento das mensagens divinas que foram reveladas anteriormente.
Ao final desse estudo, gostaria de oferecer o seguinte conselho para a comunidade muçulmana global. Nega-se a muitas mulheres muçulmanas os direitos islâmicos básicos. Os erros do passado devem ser corrigidos. Fazer isto não é um favor, mas sim uma obrigação para todos os muçulmanos. A comunidade muçulmana mundial deve elaborar um quadro com as instruções do Alcorão e os ensinamentos do Profeta do Islam. Este quadro deve garantir a elas todos os direitos doados pelo Criador. Então, todos os meios necessários têm de ser desenvolvidos, a fim de assegurar a implementação adequada deste quadro, o qual se faz necessário há muito tempo. Mas, melhor tarde do que nunca. Se o mundo muçulmano não garantir os direitos islâmicos plenos a suas mães, esposas, irmãs, filhas, quem o fará?
Temos que ter a coragem de confrontar nosso passado e rejeitar completamente as tradições e costumes de nossos ascendentes, sempre que essas tradições e costumes se contraponham aos preceitos do Islam. O Alcorão não criticou severamente os árabes pagãos por seguirem cegamente as tradições de seus ancestrais? Por outro lado, temos que desenvolver uma atitude crítica em relação a tudo que recebemos do ocidente ou de qualquer outra cultura. A interação com e o aprendizado de, são experiências válidas. O Alcorão sucintamente considerou esta interação como uma das propostas da criação:
``Oh! homens, em verdade Nós vos criamos de um único casal e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros`` (49.13).
Pode-se dizer, contudo, que a imitação cega dos outros é um sinal certo de uma completa falta de auto-estima. Estas palavras finais são dedicadas aos leitores não muçulmanos, judeus, cristãos, ou quaisquer outros. É desorientador o fato de uma religião, que revolucionou a condição da mulher, estar sendo tachada e denegrida como sendo uma religião que reprime a mulher. Esta percepção sobre o Islam é um dos mitos mais difundidos em nosso mundo de hoje. Este mito está sendo perpetuado por uma enxurrada de livros sensacionalistas, artigos e imagens na mídia, e filmes de Hollywood. O resultado inevitável dessas incessantes imagens errôneas tem sido a incompreensão e o medo a tudo que se refere ao Islam. Este retrato negativo do Islam na mídia mundial tem que acabar se quisermos viver em um mundo livre de todos os traços de discriminação, preconceito e equívoco. Os não muçulmanos devem perceber a existência de uma imensa diferença entre a crença e a prática muçulmanas e o simples fato de que as ações dos muçulmanos não representam necessariamente o Islam. Rotular a condição da mulher no mundo muçulmano de hoje como "islâmica" está tão longe da verdade quanto rotular a posição da mulher de hoje, no ocidente, como "judaico-cristã". Com isto em mente, muçulmanos e não muçulmanos devem começar o processo de comunicação e diálogo, a fim de remover todos os preconceitos, suspeitas e medos. Um futuro pacífico para a família humana necessita de tal diálogo.
O Islam deve ser visto como uma religião que mellhorou consideravelmente a condição da mulher e lhe garantiu muitos direitos que o mundo moderno só veio a reconhecer neste século. O Islam ainda tem muito a oferecer à mulher de hoje, dignidade, respeito e proteção em todos os aspectos e estágios de sua vida, desde o nascimento até a morte, além do reconhecimento, equilíbrio e meios para a satisfação de todas as suas necessidades espirituais, intelectuais, físicas e emocionais. Não espanta que muitos daqueles que escolhem ser muçulmanos em países como a Inglaterra sejam mulheres. Nos USA, as mulheres se convertem ao Islam, numa proporção de 4 para cada homem. O Islam tem muito a oferecer ao mundo de hoje, que está em grande necessidade de um guia e uma liderança moral. O embaixador Herman Eilts, testemunhando frente ao comitê de Negócios Estrangeiros do Congresso americano, em junho de 1985, disse que "a comunidade muçulmana de hoje está perto de um bilhão. Este é um número expressivo. Mas, para mim, é igualmente expressivo que o Islam hoje seja a religião monoteista que mais cresce no mundo. Devemos ter isto em conta. Alguma coisa está certa acerca do Islam. Ele está atraindo uma boa quantidade de pessoas". Sim, alguma coisa está certa acerca do Islam, e está na hora de encontrá-la. Espero que este estudo seja um passo nesta direção.
A VOZ DA MULHER NO ISLAM
Por Dr. Yusuf al-Qaradawi
Muitos muçulmanos adotaram a ética judaico-cristã, que vê a mulher como fonte da tragédia humana por causa de seu papel bíblico de sedutora, que levou Adão a desobedecer ao seu Senhor. Ao convencer seu marido a comer do fruto proibido, ela não só desafiou Allah como também causou a expulsão da humanidade do Paraíso, determinando, assim, todo o sofrimento temporal humano. Aqueles que defendem este mito bíblico, se apoiam em arquivos da literatura pseudo-islâmica, como, por exemplo, alguns ahadith falsos ou fracos.
Este mito do Velho Testamento é uma crença largamente difundida na comunidade islâmica, apesar de Allah salientar no Alcorão que Adão foi o único responsável por seu erro.
"Havíamos firmado o pacto com Adão, porém, ele esqueceu-se dele; e não vimos nele firme resolução" (Alcorã0 20:115)
"E ambos comeram (os frutos) da árvore, ... Adão desobedeceu a seu Senhor e foi seduzido. Mas logo o seu Senhor o elegeu, absolvendo-o e encaminhando-o." (Alcorão 20:121-122)
Portanto, não há nada na doutrina islâmica ou no Alcorão que considere a mulher como responsável pela expulsão de Adão do Paraíso ou pela miséria da humanidade. Contudo, a misoginia prolifera nos pronunciamentos de muitos "sábios" e "imams" islâmicos.
Como resultado dessa má interpretação de ahadith, sociedades inteiras têm maltratado seus membros femininos não obstante o fato de o Islam ter dignificado e fortalecido a mulher em todas as esferas da vida. A mulher na lei islâmica é igual ao homem. Ela é tão responsável por seus atos como o homem o é. Seu testemunho é solicitado e valido na corte. Suas opiniões são buscadas e seguidas. Diferentemente do pseudo hadith que diz "Consultem as mulheres e façam o oposto", o Profeta (sas) consultou sua esposa, Um Salama, sobre uma das mais importantes questões para a comunidade muçulmana. As referências às atitudes positivas do Profeta em relação às mulheres desacreditam o hadith, erroneamente atribuído a Ali bin Abu Talib: "A mulher é toda um mal e o seu maior mal é que o homem não faz nada sem ela".
A divulgação de tal negatividade contra as mulheres levaram muitos "sábios" e "imams" a fazer regras inconsistentes sobre a fala das mulheres. Afirmam que a mulher deve baixar sua voz, ou mesmo silenciar, exceto quando falar com seu marido, seu guardião ou outras mulheres. Para alguns, o simples ato de se comunicar transformou a mulher em fonte de tentação e fascinação do homem.
No entanto, o Alcorão menciona, especificamente, que aqueles que buscavam informação das esposas do Profeta podiam fazê-lo, desde que atendidas determinadas condições.
"... E se desejardes perguntar algo a elas (suas esposas), fazei-o detrás de cortinas." (Alcorão 33:53)
Na medida em que perguntas exigem respostas, as Mães dos crentes ofereciam fatwas àqueles que perguntavam e narravam ahadith a todo aquele que desejasse transmití-los. Além do mais, as mulheres estavam acostumadas a questionar o Profeta (sas) mesmo na presença dos homens. Nem elas ficavam constrangindas por se fazerem ouvir nem o Profeta as impedia de indagar. Mesmo no caso de Omar, quando ele foi desafiado por uma mulher durante o seu sermão no minbar, ele não retrucou, pelo contrário, admitiu que ela estava certa e ele errado e disse: "Todo mundo é mais instruído do que Omar."
Um outro exemplo alcorânico de uma mulher falando em público é o mencionado no versículo 28:23. Além desse, o Alcorão relata a conversa entre Salomão e a Rainha de Sabá, assim como entre ela e seus subordinados. Todos esses exemplos demonstram que as mulheres podem expressar suas opiniões publicamente porque o que quer que tenha sido prescrito a elas antes de nós está prescrito para nós, a não ser que seja unanimente rejeitado pela doutrina islâmica.
Portanto, a única proibição é a mulher se comportar de modo a se insinuar ou tentar o homem. Isto está expresso no Alcorão, onde Allah diz:
"Ó esposas do Profeta, vós não sois como as outras mulheres; se sois tementes, não sejais insinuantes na conversasção, para evitardes a cobiça daquele que possui morbidez no coração, e falai o que é justo." (Alcorão 33:32)
Assim, o que é proibido é o falar insinuante que induz aqueles que têm os corações doentes a se comportarem de forma inadequada. Mas, isto não quer dizer que toda conversa com as mulheres seja proibida, porque Allah completa o versículo
"... mas falai o que é justo." (Alcorão 33:32)
Buscar desculpas para silenciar as mulheres é apenas uma das injustiças que certos sábios e imams tentam impor às mulheres. Eles assinalam que tais ahadith foram narrados por Bukhari sobre o Profeta, que diz: "As mulheres são o perigo maior que deixei para os homens." Eles afirmam que esse perigo quer dizer que as mulheres são uma maldição a ser tolerada da mesma forma que a pobreza, a fome, a doença, a morte e o medo. Esses "sábios" ignoram o fato de que o homem é testado mais por suas bênçãos do que por suas tragédias.
E Allah diz:
"... e vos provaremos com o mal e com o bem." (Alcorão 21:35)
Em apoio a este argumento Allah diz no Alcorão que as duas maiores bênçãos da vida, riqueza e filhos, são provas.
"E sabei que tanto vossos bens como vossos filhos são para vos pôr à prova" (Alcorão 8:28)
Uma mulhere, não obstante as bênçãos que ela espalha em seu ambiente, também pode ser uma prova, posto que ela pode desviar um homem de sua obrigação para com Allah. Assim, Allah cria a consciência de como as bênçãos podem ser extraviadas a ponto de se tornarem maldições. Os homens podem usar suas esposas como uma desculpa para não cumprir a jihad ou para fugir do sacrifício de produzir riqueza. No Alcorão Allah avisa:
"Ó fiéis, em verdade, tendes adversários entre as vossas mulheres e os vossos filhos" (Alcorão 64:14)
A advertência é a mesma para aqueles abençoados com riqueza e descendência abundantes (63:9). Além disso, o hadith diz: "Por Deus não receio a pobreza para vós, mas sim que o mundo vos seja abundante como o foi para aqueles antes de vós e assim que luteis pela abundância da mesma forma que aqueles antes de vós lutaram e assim que sejais destruídos assim como eles foram destruidos." Este hadith não quer dizer que o Profeta encorajasse a pobreza.
A pobreza é uma maldição contra a qual o Profeta buscava refúgio em Allah. Ele não pretendia que sua Ummah se privasse da riqueza e da abundância- "O melhor da boa riqueza é para o justo." As mulheres também são um presente para o justo, porque o Alcorão diz que o muçulmano e a muçulmana, o crente e a crente, são ajuda e conforto um para o outro, aqui e no além. O Profeta não condenou as bênçãos que Allah propiciou para a sua Ummah. Antes pelo contrário, ele desejava afastar os muçulmanos e a sua Ummah dos caminhos escorragadios, cujo fosso insondável é uma lama de crueldade e desejo.
MULHERES QUE FIZERAM HISTÓRIA NO ISLAM
Khadija bint Khuwaili
Fatimah Bint Muhammad
Aishah Bint Abu Bakr
Umm Salamah
Zaynab al-Ghazali
O Islam, hoje, é uma grande força no mundo. Mas, houve um tempo em que, quando ele ainda engatinhava, precisou de proteção contra os ventos da idolatria e do politeísmo. Os muçulmanos não podem se esquecer de uma figura importante na construção dos alicerces do Islam:
Khadija bint Khuwaili.
Khadija foi testemunha ocular do nascimento do Islam. Foi em sua casa que o Islam foi sendo esculpido e moldado. Foi a partir de sua casa que o Islam "alçou vôo". Sua casa foi o lar do Alcorão, o Livro de Deus e código religioso e político do Islam. Durante 10 anos as mensagens foram sendo trazidas pelo anjo Gabriel e Khadija foi quem mais colecionou essas primeiras revelações vindas de Deus. Ela foi a primeira esposa do último dos profetas de Deus. Ela foi a primeira crente. Foi ela o primeiro ser humano a declarar que o Criador era Um e que Mohammad era Seu profeta. Ela foi a companheira constante de Mohammad. Até a sua morte, Mohammad dedicou exclusivamente a Khadija todo o seu amor, afeto e amizade. Ela foi a primeira pessoa a oferecer preces a Deus juntamente com seu marido.
'Afif Al-Kanadi relatou: "Cheguei a Macca durante os dias de ignorância e queria vender algumas roupas e perfumes em nome de minha família. Fui até Al-Abbas b. 'Abdul-Mutalib." Ele conta: "Enquanto estava em sua casa, olhei para a Caaba. O sol saiu quando um homem chegou, até aproximar da Caaba. Então ele levantou sua cabeça para o céu e olhou para a Caaba. Então, um jovem chegou e ficou à sua direita. Não levou muito tempo e uma mulher chegou e ficou atrás deles. Então o homem se curvou e o jovem e a mulher se curvaram. Então o homem levantou sua cabeça e o jovem e a mulher fizeram o mesmo. Então o homem se prostrou e o jovem e a mulher se prostraram também."
Ele continuou: "Então, eu disse: 'Ó Abbas! Na verdade, vejo um grande homem.' E Abbas disse: 'Sabe quem é aquele homem?' Eu respondi: 'Não, não sei.' Ele disse: 'É Mohammad b.'Abdullah b.'Abdul-Mutalib, meu sobrinho. Sabe quem é aquela mulher?' Eu disse: 'Não sei.' Ele disse: 'Aquela é Khadija bint Khuwaylid, a esposa do meu sobrinho. Este meu sobrinho que você vê nos contou que seu Senhor é o Senhor dos céus e da terra e que Ele lhe ordenou esta religião que ele está seguindo. Juro por Allah que não conheço ninguém mais sobre a face da terra que esteja seguindo esta religião além daqueles três.' E Afif disse: 'Gostaria de ser o quarto.' "
Quando Mohammad proclamou sua missão como o mensageiro de Deus e disse aos árabes para não adorarem ídolos e os convocou para se unirem em torno da bandeira do Tauheed, uma onda de infortúnios se abateu sobre ele. Os politeístas quiseram beber seu sangue. Inventaram novas e engenhosas formas de atormentá-lo e fizeram inúmeras tentativas para sufocar sua voz para sempre. Naqueles tempos de tristeza e tensão, Khadija nunca lhe faltou. Foi somente por causa dela e de Abu Talib que os politeístas não conseguiram destruir o trabalho de pregação e divulgação do Islam. Desta forma, é dela a mais importante contribuição para a sobrevivência do Islam.
Khadija criou os padrões básicos que traduzem a paz, harmonia, felicidade e satisfação domésticas e os aplicou em sua própria vida. Ela demonstrou que a chave para a felicidade familiar é a proximidade entre seus membros. Ela mostrou os direitos e deveres de maridos e esposas. O modelo criado por ela tornou-se um "esquema" de vida familiar para o Islam.
Mohammad e Khadija ficaram juntos por 25 anos e durante esses anos formularam as "leis" que tornam um casamento bem sucedido e a vida mais feliz. Desde então, mesmo que em termos temporais, o resto do mundo jamais foi capaz de encontrar regras de convivência melhores. Khadija transformou em realidade as abstrações do idealismo. Sua vida com Mohammad é uma prova concreta deste fato. O que ela deu ao mundo não foi apenas um conjunto de princípios ou idéias teóricas, mas toda uma experiência, rica em momentos de puro encantamento com o Islam e de um amor penetrante por Deus e Seu Mensageiro.
Os árabes pagãos tinham um sentido de honra distorcido. Era esse "sentimento de honra" que os levava a matar suas filhas. O Islam, é claro, pôs um fim a essa prática bárbara, transformando-a em pecado contra Deus e em crime contra a humanidade. Além de acabar com o infanticídio feminino, o Islam também concedeu dignidade, honra e direitos a todas as mulheres, garantindo esses direitos. Deus quis demonstrar que as leis do Islam eram todas praticáveis. Para demonstrar a praticabilidade dessas leis e mostrar esse "Projeto de Vida" islâmico, Ele escolheu a casa de seus servos Mohammad e Khadija. Sem Khadija, as leis do Islam teriam permanecido sem sentido. Na verdade, é até possível que Mohammad não pudesse promulgar aquelas leis sem ela. Uma das grandes bênçãos que Mohammad e Khadija receberam de Deus foi sua filha, Fatima Zahra. Ela nasceu após a morte de seus irmãos, Qasim e Abdullah. Ela tinha apenas 11 anos quando sua mãe morreu e Mohammad se transformou em pai e mãe para ela. Foi educando sua filha que o Mensageiro de Deus demonstrou a aplicabilidade das leis do Islam. Uma vez que ele é o modelo para todos os muçulmanos, eles devem imitá-lo em todos os seus atos. Ele dedicou um amor extremado e mostrou o maior respeito por sua filha.
Tanto em Macca como em Medina, muitas pessoas importantes, líderes de tribos poderosas, vinham ver o Mennsageiro de Deus. Ele jamais se levantava do chão para cumprimentá-los. Mas se ele sabia que sua filha Fatima estava chegando para vê-lo, ele corria para cumprimentá-la, acompanhava-a e lhe dava o lugar de honra para se sentar. Jamais ele mostrou tanta estima e respeito por qualquer um em toda a sua vida - homem ou mulher.
É inegável que o Islam significa a prática da casa de Khadija e sem dúvida o Alcorão foi o "dialeto" de sua família. Sua filha Fatima, e seus netos Hasan e Husain, cresceram falando o Alcorão. Não existem palavras adequadas que possam expressar os méritos de Khadija. Mas Deus prometeu Sua recompensa aos Seus servos amados, como Khadija, nos seguintes versículos de Seu livro:
"Por outra, os fiéis, que praticam o bem, são as melhores criaturas, cuja recompensa está em seu Senhor: Jardins do Éden, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Deus se comprazerá com eles e eles se comprazerão n'Ele. Isto acontecerá com quem teme o seu Senhor." (Alcorão 98:7-8)
O Mensageiro de Deus honrava e estimava Khadija. Jamais discordou dela antes de receber a revelação. Mesmo após a sua morte, ele sempre se lembrar dela e não se cansava de exaltá-la. Certa vez, Aisha enciumada, disse ao Profeta: "Na verdade, Deus não lhe deu nada melhor do que uma velha." O Profeta se irritou e disse: "Não, por Deus, juro que Allah jamais me concedeu nada melhor do que ela. Ela foi a esposa que acreditou em mim quando ninguém acreditava. Ela confirmou minha honestidade quando todos me acusavam de mentiroso. Ela me sustentou quando todos me despojaram. Através dela, Allah me concedeu os filhos que nenhuma outra mulher me deu." O Profeta estava tão irritado que sua testa tremia e então eu disse para mim mesma: "O Deus, se a raiva do Profeta se aplacar nunca mais repetirei o que disse."
E Aisha também disse: "Nunca tive ciúmes das outras esposas do Profeta como tive de Khadija. Eu não a conheci mas o Profeta costumava se lembrar sempre dela. Quando ele sacrificava um carneiro, era comum ele cortar algumas partes e mandar para os amigos de Khadija. Algumas vezes eu dizia a ele: 'É como se não houvesse outra mulher no mundo além de Khadija.' E ele respondia: 'Como posso esquecê-la? Ela me deu os filhos mais amados.' "
Aisha também disse: "O Mensageiro de Deus quase sempre antes de deixar a casa citava Khadija e a louvava."
Khadija, a Mãe dos Crentes, morreu ajudando o Mensageiro de Deus a transmitir o chamado do Islam. Tinha, então, 65 anos e sua morte se deu três anos antes da migração para Medina. O próprio Profeta a enterrou com suas mãos. Sua morte representou uma grande perda para ele.
Fatimah Bint Muhammad
Fátima foi o quinto filho de Mohammad e Khadija. Ela nasceu na época em que seu pai começou a passar longos períodos em solidão nas montanhas perto de Macca, meditando e refletindo sobre os grandes mistérios da criação.
Sua irmã mais velha tinha se casado com seu primo, al-Aas ibn ar-Rabiah. Em seguida veio o casamento de suas duas outras irmãs, Ruqayah e Umm Kulthun, com os filhos de Abu Lahab, um tio paterno do Profeta. Tanto Abu Lahab quanto sua esposa, Umm Jamil, tornaram-se inimigos ferozes do Profeta quando este iniciou sua missão.
Assim, a pequena Fátima viu suas irmãs deixaram a casa paterna, uma após a outra, para irem viver com seus maridos. Ela era muito nova para compreender o significado do casamento e as razões pelas quais suas irmãs estavam indo embora. Fátima devotava grande amor às irmãs e se sentiu muito só. Conta-se que uma certa tristeza se abateu sobre ela.
É claro que naquele tempo, mesmo depois do casamento de suas irmãs, ela não ficou sozinha em casa de seus pais. Barakah, a serva de Aminah, mãe do Profeta, que tinha cuidado dele desde o seu nascimento, Zayd ibn Harithah e Ali, o filho de Abu Talib, faziam parte da casa de Mohammad. E claro que tinha sua amada mãe, Khadija.
Fátima encontrou em Barakah e em sua mãe grande consolo. Em Ali, que era dois anos mais velho do que ela, encontrou um "irmão" e amigo que, de alguma forma, havia ocupado o lugar de seu irmão al-Qasim, que havia morrido cedo. Abdullah, seu outro irmão, conhecido como o Bom e Puro, que nasceu depois dela, também havia morrido ainda criança. No entanto, ninguém da casa de seu pai lhe dera tanta alegria e felicidade como suas irmãs. Ela era uma criança muito sensível para a sua idade.
Quando estava com 5 anos, soube que seu pai tinha-se tornado Rasul Allah, o Mensageiro de Deus. Os primeiros a receberem as boas novas do Islam foram sua família e os amigos mais chegados. Eles deviam adorar a Deus Todo Poderoso somente. Sua mãe, que era um baluarte de força e amparo, explicou a Fátima o que seu tinha que fazer. A partir daquele momento ela ficou mais intimamente ligada a ele, devotando-lhe um profundo e respeitoso amor. Muitas vezes ela sairia pelas ruas estreitas de Macca, visitando a Caaba ou assistindo aos encontros secretos dos primeiros muçulmanos que haviam abraçado o Islam e prometido fidelidade ao Profeta
Um dia, quando ainda não tinha dez anos, ela acompanhou seu pai à mesquita de al-Haram. Ele ficou no lugar conhecido como al-Hijr, de frente para a Caaba e começou a rezar. Fátima ficou de pé a seu lado. Um grupo de coraixitas mal intencionados começou a confabular sobre ele. Entre aquelas pessoas estavam Abu Jahl ibn Hisham, tio do Profeta, Uqbah ibn Abi Muayt, Umayyah ibn Khalaf, e Shaybah e Utbah, filhos de Rabi'ah. Ameaçadoramente, o grupo se dirigiu ao Profeta e Abu Jahl, líder do grupo, perguntou:
"Quem de vocês pode trazer as tripas de um animal morto e atirá-las sobre Mohammad?"
Uqbah ibn Abi Muayt, um dos mais infames do grupo, se apresentou como voluntário e saiu correndo para providenciar. Voltou trazendo a porcaria e a atirou sobre os ombros do Profeta que jazia prostrado em adoração. Abdullah ibn Masud, um companheiro do Profeta a tudo assistiu, impotente para fazer ou dizer qualquer coisa.
Imagine-se os sentimentos de Fátima, vendo seu pai ser tratado desta maneira! O que podia uma menina de 10 anos fazer? Aproximou-se do pai, retirou aquela sujeira e, então, firme e furiosamente ficou diante do grupo de fascínoras e começou a gritar com eles. Não disseram uma palavra. O Profeta levantou sua cabeça completando a prostração e seguiu com a oração. Então disse: "Ó Senhor, que os coraixitas sejam punidos!" e repetiu esta imprecação por três vezes. Depois continuou: "Que Utbah, Abu Jahl e Shaybah seja punidos." (Esses três morreram mais tarde na Batalha de Badr).
Em outra ocasião, Fátima estava com o profeta enquanto ele fazia tawaf em volta da Caaba. Uma turba de coraixitas se juntou em volta dele. Eles o agarraram e tentaram estrangulá-lo com suas próprias roupas. Fátima gritou por socorro. Abu Bakr correu até eles tentando libertar o Profeta, enquanto implorava:
"Vocês querem matar um homem que diz 'Meu Senhor é Deus?' " Longe de desistir, o grupo se voltou para Abu Bakr e começou a bater nele até que o sangue começou a escorrer de sua cabeça e rosto.
Tais cenas de oposição feroz e perseguição contra seu pai e os primeiros muçulmanos foram testemunhadas pela jovem Fátima. Jamais ficou impassível a tudo isso, pelo contrário, partiu para a luta na defesa de seu pai e de sua nobre missão. Ela era ainda uma menina e ao invés das brincadeiras alegres, próprias das crianças de sua idade, Fátima presenciou e participou de tais provações.
É claro que ela não estava sozinha. Toda a família do Profeta sofreu com essa insana violência dos coraixitas. Suas irmãs, Ruqayyah e Umm Kulthum, também sofreram. Nessa época elas estavam morando no ninho de ódio e intriga contra o Profeta. Afinal, os maridos eram Utbah e Utaybah, filhos de Abu Lahab e Umm Jamil. Umm Jamil era conhecida por ser uma mulher mesquinha e inflexível, que tinha uma língua ferina. Tinha sido exatamente por causa dela que Khadija não tinha ficado satisfeita com o casamento das filhas. Deve ter sido doloroso para Ruqayyah e Umm Kulthum viver na casa desses inimigos que, ao invés de se juntarem ao seu pai, empreenderam uma terrível campanha para destruí-lo.
Como sinal da desgraça sobre Mohammad e sua família, Utbah e Utaybah foram obrigados por seus pais a se divorciarem das esposas. Isto fazia parte do processo de lançar Mohammad ao total ostracismo. O Profeta, na verdade, recebeu suas filhas de volta com alegria, felicidade e alívio.
Fátima, com certeza, mais feliz ainda, por estar de novo com suas irmãs. Agora todos na família queriam que a irmã mais velha, Zaynab, também se divorciasse do marido. De fato os coraixitas fizeram pressão para que Abul Aas se divorciasse da filha do Profeta, mas ele se recusou. Quando os líderes dos coraixitas vieram ter com ele e lhe prometeram a mais bela e mais rica mulher como esposa se ele se divorciasse de Zaynab, ele respondeu:
"Amo minha esposa profunda e apaixonadamente e tenho grande respeito por seu pai, muito embora eu não tenha entrado para a religião do Islam."
Tanto Ruqayyah quanto Umm Kulthum estavam felizes com o retorno para a casa dos pais e por estarem livres da insuportável tortura mental a qual foram submetidas na casa de Umm Jamil. Um pouco depois, Ruqayyah se casou de novo com o jovem Uthman ibn Allan, que estava entre os primeiros a aceitar o Islam. Eles seguiram para Abissínia juntamente com os primeiros muhajirin que buscaram refúgio naquelas terras e ficaram por lá muitos anos. A perseguição ao Profeta, sua família e seguidores continuou, piorando depois da migração dos primeiros muçulmanos para a Abissínia. No sétimo ano de sua missão, o Profeta e sua família foram forçados a deixar a casa e buscar refúgio num pequeno e escarpado vale circundado por montanhas por todos os lados e um desfiladeiro, que só podia ser alcançado através de uma passagem estreita.
Neste vale árido, Mohammad e os clãs de Banu Hashim e al-Muttalib foram forçados a viver com alimentação racionada. Fátima era um dos membros mais jovens dos clãs - cerca de 12 anos - e teve que suportar meses de sofrimento e privação. O choro das mulheres e crianças famintas podia ser ouvido em Macca. Os coraixitas não permitiam qualquer contato com os muçulmanos, cujo sofrimento diminuía um pouco durante o período da peregrinação. Esse boicote durou três anos. Quando foi suspenso, o Profeta teve que enfrentar mais provas e dificuldades. Khadija, a amada e fiel esposa, morreu um pouco depois. Com sua morte, o Profeta e sua família perdeu uma das suas maiores fontes de conforto e força, que os sustentou durante os dias de grandes dificuldades. O ano em que Khadija, e logo depois Abu Talib, morreram é conhecido como o "Ano da Tristeza". Fátima, agora uma adolescente, sofreu com a morte de sua mãe. Ela chorou muito e durante algum tempo ficou tão abalada que isso teve repercursões sobre sua saúde. Temia-se até que ela pudesse morrer de tristeza.
Embora sua irmã mais velha, Umm Kulthum, estivesse em casa, Fátima percebeu que agora ela tinha uma responsabilidade maior com a morte da mãe. Ela sentia que tinha que dar um apoio maior a seu pai. Com ternura e carinho ela se dedicou a cuidar de suas necessidades. Ela era tão preocupada com o seu bem estar que chegou a ser chamada de "Umm Abi-ha" (a mãe de seu pai). Ela também o amparou nos difíceis tempos de provas e crises.
Muitas vezes as provações eram demais para ela. Certa vez, uma turba de insolentes atirou poeira e terra sobre a cabeça do Profeta. Quando ele entrou em casa, Fátima chorou muito, enquanto tiram a poeira da cabeça de seu pai.
"Não chore, minha filha, porque Deus protegerá seu pai."
O Profeta tinha um carinho especial por Fátima. Uma vez ele disse: "Quem quer que agrade Fátima, na verdade agrada a Deus e quem quer que lhe cause tristeza na verdade desagra a Deus. Fátima é uma parte de mim. O que quer que lhe agrade me agrada e o que quer que lhe desagrade me desagrada."
Também disse: "As melhores mulheres do mundo são quatro: a Virgem Maria, Aasiyaa, esposa do Faraó, Khadija, Mãe dos Crentes, e Fátima, a filha de Mohammad." Assim, Fátima conquistou um lugar especial no coração do Profeta, antes ocupado apenas por sua esposa Khadija.
Por causa de seu rosto brilhante, que parecia uma luz radiante, Fátima recebeu o título de "az-Zahraa", que significa "a resplandescente". Conta-se que quando ela ia rezar, o mihrab refletia a luz de seu semblante. Também era conhecida por "al Batul" por causa de seu asceticismo. Ao invés de ficar na companhia das mulheres, passava a maior parte do seu tempo em oração, lendo o Alcorão e assistindo os pobres.
Fátima tinha uma forte semelhança com seu pai. Aisha, a esposa do Profeta, disse sobre ela: "Jamais vi nada na criação de Deus que lembrasse mais o Mensageiro de Deus na palavra, nas conversas e no modo de sentar, do que Fátima. Quando o Profeta a via chegar, ele a cumprimentava, se levantava e a beijava, tomava-a pela mão e a fazia sentar-se no lugar onde ele estava sentado." Ela fazia a mesma coisa quando ele ia visitá-la. Ela se levantava, cumprimentava-o com alegria e o beijava.
O modo fino e gentil de falar era parte de sua personalidade afetuosa e amorosa. Ela era especialmente amável com os pobres e indigentes e algumas vezes distribuia toda a comida que tinha para aqueles necessitados, ainda que ela mesma ficasse com fome. Não tinha desejos pelas coisas deste mundo nem almejava uma via luxuosa e confortável. Vivia de maneira simples, embora em certas ocasiões, que veremos adiante, as circunstâncias pareciam ser muito difíceis para ela.
Ela herdou de seu pai uma eloquência persuasiva, cheia de sabedoria. Quando falava, as pessoas muitas vezes chegavam às lágrimas. Tinha a habilidade e a sinceridade de despertar as emoções, levar as pessoas às lágrimas e encher seus corações com louvor e gratidão a Deus por Suas graças e inestimáveis bênçãos.
Fátima migrou para Medina poucas semanas após o Profeta. Ela foi com Zayd ibn Harithah, que havia sido mandado pelo Profeta para trazer o resto de sua família. O grupo incluía Fátima e Umm Kulthum, Sawdah, a esposa do Profeta, Barakah, a esposa de Zayd e seu filho Usamah. Viajando com eles, também estava Abdullah, o filho de Abu Bakr, que acompanhava sua mãe e tia, Aisha e Asma.
Em Medina, Fátima viveu com seu pai numa casa simples que tinha sido construída perto da mesquita. No segundo ano depois da Hégira, ela recebeu várias propostas de casamento. Ali, o filho de Abu Talib, armou-se coragem e foi pedir ao Profeta a mão de sua filha em casamento. No entanto, quando na presença do Profeta, Ali ficou paralisado. Olhava para o chão e não conseguia dizer nada. O Profeta, então, lhe perguntou: "Por que você veio? Está precisando de alguma coisa?" Mas Ali não conseguia dizer uma palavra e então o Profeta sugeriu: "Talvez você tenha vindo para propor casamento a Fátima." "Sim", ele respondeu. Em seguida, de acordo com relatos, o Profeta disse simplesmente "Marhaban wa ahlan" (seja benvindo). Um outro relato conta que o Profeta aprovou e perguntou a Ali se ele tinha alguma coisa para dar como dote. Ele respondeu que não tinha. O Profeta o fez lembrar-se de que tinha um escudo que podia ser vendido. Ali vendeu-o a Uthman por 400 dirhams e voltou correndo ao Profeta dando a ele a quantia apurada como dote. Uthman interrompeu-o e disse: "Devolvo-lhe seu escudo como meu presente de casamento."
Fátima e Ali se casaram provavelmente no início do segundo ano após a Hégira. Ela devia ter perto de 19 anos e Ali 21. O próprio Profeta celebrou a cerimônia de casamento. Os convidados foram servidos com tâmaras, figos e "hais" (uma mistura de tâmaras e manteiga). Um membro dos ansar deu de presente um carneiro e os outros ofertaram grãos. Toda Medina se rejubilou.
Diz-se que o Profeta presenteou o casal com uma cama de madeira, entrelaçada com folhas de palmeira, uma manta de veludo, uma almofada de couro, uma pele de carneiro, um vaso e um moedor de grãos.
Pela primeira vez Fátima deixou a casa de seu amado pai para começar uma nova vida com o marido. O Profeta estava nitidamente preocupado com ela e mandou Barakah para ajudá-la em caso de necessidade. Sem dúvida, Barakah foi uma inestimável fonte de conforto e consolo para Fátima. E o Profeta rezou por eles:
"Ó Senhor, abençoe a ambos, a sua casa e a sua descendência." Na casa humilde de Ali, só havia uma pele de carneiro para a cama. Na manhã seguinte ao casamento, o Profeta foi até lá e bateu na porta. Barakah veio atender e o Profeta lhe disse: "Ó Umm Ayman, chame meu irmão para mim." "Seu irmão? Aquele que se casou com sua filha?" perguntou Barakah algo incrédula, como se quisesse dizer: Por que o Profeta chama Ali de seu irmão? (Ele se referia a Ali como seu irmão porque depois da Héjira os muçulmanos estavam ligados numa fraternidade, assim o Profeta e Ali estavam ligados como "irmãos").
O Profeta repetiu o que tinha dito numa voz mais alta. Ali chegou e o Profeta invocou as bênçãos de Deus sobre ele. A seguir, ele perguntou por Fátima. Ela apareceu quase que se encolhendo, entre espantada e tímida, e o Profeta lhe disse:
"Eu casei você com o mais querido de minha família." Desta forma, ele procurou tranquilizá-la. Ela não estava começando uma vida nova com alguém estranho, mas sim com um que havia sido criado na mesma casa, que estava entre os primeiros a abraçarem o Islam ainda muito novo, que era conhecido por sua coragem, bravura e virtude, e a quem o Profeta descrevia com seu "irmão neste mundo e no outro."
A vida de Fátima com Ali foi tão simples e frugal como havia sido em casa de seu pai. Na verdade, ao invés de conforto material foi uma vida de dificuldades e privações. Durante toda a vida em comum, Ali permaneceu pobre e não conseguiu fazer uma fortuna material. Fátima era a única de suas irmãs que não tinha se casado com um homem rico. Pode-se dizer que a vida de Fátima com Ali foi até mais severa do que a que levava em casa de seu pai. Pelo menos, antes do casamento, enquanto vivia na casa do Profeta, não lhe faltavam inúmeras mãos sempre prontas para ajudar. Mas agora, ela tinha que administrar tudo por conta própria. Para diminuir a extrema pobreza, Ali trabalhava como carregador de água enquanto ela moía o milho. Um dia ela disse a Ali: "Tenho trabalhado a terra até fazer bolhas em minhas mãos."
"Eu tenho tirado água até meu peito doer." respondeu. Ali, então, sugeriu a Fátima: "Deus deu a seu pai alguns prisioneiros de guerra, portanto, vá e peça a ele para lhe ceder um servo."
Relutante, ela foi ter com o Profeta, que disse: "O que a traz aqui, minha filhinha?" "Vim lhe apresentar minhas saudações de paz," ela respondeu, porque, com vergonha dele, não conseguiu dizer o que estava pretendendo.
"O que você fez?", perguntou Ali quando ela voltou sozinha.
"Eu fiquei envergonhada de pedir a ele", ela disse. Então, os dois foram juntos, mas o Profeta sentiu que eles tinham menos necessidade do que os outros.
"Não lhes darei", ele disse, "os Ahlas Suffah (muçulmanos pobres que ficavam na mesquita) estão atormentados pela fome. Não tenho o bastante para ..."
Ali e Fátima retornaram para casa, sentindo-se um pouco rejeitados, mas naquela noite, após terem ido para cama, eles ouviram a voz do Profeta pedindo permissão para entrar. Puseram-se de pé e ele lhes disse:
"Fiquem onde estão" e sentou-se ao lado deles. "Posso dizer-lhes alguma coisa melhor do que aquela que vocês me pediram?" Eles responderam "Sim" e ele disse: "As palavras que Gabriel me ensinou, que vocês devem dizer "Subhana Allah" (Glorificado seja Deus) dez vezes depois de cada oração, e dez vezes "Alhamdul lillah "Louvado seja Deus) e dez vezes "Allahu Akbar" (Deus é o maior). E que quando vocês forem para a cama devem dizer trinta e três vezes cada uma."
Alguns anos mais tarde, Ali costumava dizer: "Desde que o Mensageiro de Deus nos ensinou aquelas palavras, nunca deixei de dizê-las uma única vez."
Existem muitos relatos sobre os tempos difíceis que Fátima enfrentou. Muitas vezes não havia comida em sua casa. Certa vez o Profeta estava com fome. Ele foi a casa de cada uma de suas esposas, mas não havia comida. Então, foi até a casa de Fátima, e, também lá não havia comida. Quando finalmente ele conseguiu alguma coisa, ele mandou dois pães e um pedaço de carne para Fátima. Uma outra vez, ele foi a casa de Abu Ayyub al-Ansari e, da comida que lhe deram, ele separou um pouco para ela. Fátima tanbém sabia que o Profeta ficava sem alimento por longos períodos e, em troca, lhe mandava comida quando conseguia alguma. Uma vez ela lhe levou um pedaço de pão de cevada e ele lhe disse: "Este é o primeiro alimento que seu come em três dias."
Através desses gestos de delicadeza, ela mostrava como amava o pai e ele a amava também.
Uma vez, ele voltava a Medina de uma de suas viagens, e se dirigiu primeiro para a mesquita, rezou duas "rakat", como era de seu costume. Em seguida, como sempre fazia, foi à casa de Fátima antes de ir ver suas esposas. Ela o recebeu, beijou seu rosto e sua face e chorou.
"Por que você está chorando?" perguntou o Profeta.
"Estou olhando para você, ó Rasul Allah, amarelo, pálido, suas roupas estão gastas e esfarrapadas." "Ó Fátima" o Profeta respondeu ternamente, "não chore, porque Deus enviou seu pai com uma missão que influenciará cada casa sobre a face da terra, seja nas cidades, vilas ou tendas (no deserto), trazendo glória ou humilhação até que esta missão esteja completa, como a noite, que sempre chega (inevitavelmente)."
Com tais comentários, Fátima muitas vezes se esquecia da realidade dura da vida diária e conseguia vislumbrar a grandeza da missão confiada a seu nobre pai.
Finalmente, Fátima voltou a morar numa casa próxima à do Profeta. O lugar foi doado por um ansar que sabia que o Profeta ficaria contente em ter sua filha perto dele. Juntos, eles dividiram as alegrias e triunfos, as tristezas e dificulddes daqueles anos graves e turbulentos em Medina.
Em meados do segundo ano após a Hégira, um pouco antes da campanha de Badr, sua irmã Ruqayyah ficou doente, com febre e sarampo. Uthman, seu marido, ficou com ela e acabou não indo para os campos de batalha. Ruqayyah acabou morrendo um pouco antes do retorno de seu pai. Quando ele chegou a Medina, um de seus primeiros atos foi o de visitar túmulo da filha, na companhia de Fátima. Esta foi a primeira perda de um parente próximo, desde a morte de Khadija. Fátima ficou profundamente triste com a morte da irmã. Ao chegarem ao túmulo de Ruqayyah, as lágrimas corriam de seus olhos e o Profeta a confortou e procurou enxugar suas lágrimas com a ponta de seu manto.
O Profeta havia se manifestado anteriormente contra as lamentações pelos mortos, mas isto levou a uma interpretação errada e, quando eles retornavam do cemitério, a voz de Umar se fazia ouvir, imprecando contras as mulheres que choravam pelos mártires de Badr e por Ruqayyah.
"Umar, deixe-as chorar", ele disse e, em seguida, acrescentou: "O que vem do coração e do olho, é de Deus e de Sua Misericórdia, mas o que vem da mão e da língua, é de Satanás." Por mão, ele queria se referir àquelas pessoas que batem no peito e arranham o rosto, e por língua queria se referir aos lamentos das carpideiras.
Uthman mais tarde se casou com a outra filha do Profeta, Umm Kulthum, e por causa disso, ficou conhecido como Dhu-n Nurayn, o possuidor de Duas Luzes.
O luto sofrido pela família com a morte de Ruqayyah foi seguido de grande felicidade, quando Fátima deu à luz um menino, no mês de Ramadã do terceiro ano após a Hégira. O Profeta disse as palavras de Adhan no ouvido do recém-nascido e deu-lhe o nome de Al-Hasan, que significa o Belo.
Um ano mais tarde, nasceu outro menino que se chamou Al-Husayn, que significa "o pequeno Hasan". Seguidamente Fátima trazia seus dois filhos para visitarem o avô, que era extremamente carinhoso com eles. Mais tarde, ele os levava à Mesquita e eles subiam em suas costas enquanto estava prostrado. Ele também fazia o mesmo com a neta Umamah, filha de Zaynab.
No oitavo ano após a Hégira, Fátima deu à luz uma menina, a quem ela deu o nome de sua irmã mais velha, Zaynab, que havia morrido um pouco antes de seu nascimento. Esta filha de Fátima ficou famosa como a "Heroína de Karbala". O quarto filho de Fátima foi uma menina a quem ela deu o nome de Umm Kulthum, em homenagem à irmã que havia morrido depois de uma doença.
Foi apenas através de Fátima que a descendência do Profeta se perpetuou. Todos os filhos de Mohammad morreram ainda na infância e os dois filhos de Zaynab, de nome Ali e Umamah, morreram jovens. O filho de Ruqayyah também morreu quando ainda não tinha dois anos de idade. Esta é mais uma razão de reverência que é concedida à Fátima.
Embora Fátima fosse muito ocupada cuidando das crianças, ela tomou parte, na medida do possível, nos assuntos afetos ao crescimento da comunidade muçulmana de Medina. Antes de seu casamento, ela era uma espécie de protetora dos pobres e desvalidos. Assim que a Batalha de Uhud terminou, ela foi com outras mulheres ao campo de batalha e chorou pelos mártires mortos e ainda arrumou tempo para cuidar das feridas de seu pai. Na Batalha de Ditch, ela desempenhou um papel muito importante, juntamente com outras mulheres, preparando comida durante o longo e difícil cerco. Ela orientou as mulheres nas orações e naquele lugar existe uma mesquita com o nome de Masjid Fatimah, uma das setes em que os muçulmanos guardavam e praticavam suas devoções.
Fátima também acompanhou o Profeta quando ele fez a Umrah, no sexto ano após a Hégira, depois do Tratado de Hudaybiyyah. No ano seguinte, ela e sua irmã Umm Kulthun estavam entre os muçulmanos que participaram, junto com o Profeta, da libertação de Macca. Diz-se que naquela ocasião, tanto Fátima como Umm Kulthun, visitaram a casa de sua mãe, Khadija, e rememoram os tempos da infância e da jihad, das longas lutas nos primeiros anos da missão do Profeta.
No Ramadã do décimo ano, um pouco antes de ela fazer a Peregrinação do Adeus, o Profeta confidenciou à Fátima, como segredo que ainda não podia ser revelado aos outros:
"Gabriel recitava o Alcorão para mim e eu para ele, uma vez a cada ano, mas este ano ele recitou duas vezes. Acho que minha hora chegou."
Na sua volta da Peregrinação do Adeus, o Profeta ficou seriamente doente. Seus últimos dias foram passados na casa de sua esposa Aisha. Quando Fátima vinha visitá-lo, Aisha deixava os dois sozinhos.
Um dia ele chamou Fátima. Quando ela chegou, ele a beijou e sussurrou algumas palavras em seu ouvido. Ela chorou. De novo ele sussurou em seu ouvido e ela sorriu. Aisha viu e perguntou:
"Você chorou e sorriu ao mesmo tempo, Fátima. O que o Mensageiro de Deus lhe disse?" Ela respondeu:
"Primeiro ele me disse que irá se encontrar com o seu Senhor daqui a pouco, e eu chorei. Depois ele me disse: 'Não chore porque você será a primeira de minha casa a se juntar a mim', e eu sorri."
´Não demorou muito e o nobre Profeta morreu. Fátima ficou muito abalada e muitas vezes ela foi vista chorando profusamente. Um dos companheiros percebeu que nunca mais viu Fátima sorrir depois da morte de seu pai.
Uma manhã, no início do mês de Ramadã, um pouco menos de 5 meses depois da morte do pai, Fátima acordou parecendo muito feliz e cheia de alegria. Na tarde desse dia, conta-se que ela chamou Salma bint Umays, que cuidava dela, e pediu para se banhar. Depois vestiu roupas novas e se perfumou. Em seguida pediu a Salma que levasse sua cama para o quintal da Casa. Com o rosto voltado para o céu, ela pediu que chamasse o marido Ali.
Ele se surpreendeu quando viu a cama no meio do quintal e perguntou a ela o que havia de errado. Ela sorriu e disse: "Tenho um encontro hoje com o Mensageiro de Deus."
Ali chorou e ela tentou consolá-lo. Ela lhe disse para cuidar dos filhos al-Hasan e al-Husayn e pediu para ser enterrada sem cerimônias. Olhou para cima mais uma vez e então fechou os olhos e entregou sua alma ao Criador Todo Poderosos.
Fátima, a Resplandescente, tinha apenas 29 anos de idade.
Aishah Bint Abu Bakr
A vida de Aisha é a prova de que uma mulher pode ser bem mais instruída do que os homens e que ela pode ser a mestra de pensadores e sábios. Sua vida também é a prova de que uma mulher pode exercer influência sobre homens e mulheres e proporcionar-lhes inspiração e liderança. Além disso, sua vida também é uma prova de que uma mesma mulher pode ser totalmente feminina e fonte de prazer, alegria e conforto para seu marido.
Ela não se formou por qualquer universidade. Na sua época não elas não existiam pelo menos da forma como conhecemos hoje. Mas suas expressões são estudadas nas faculdades de literatura, seus pronunciamentos legais são estudados nas faculdades de direito e sua vida e trabalhos são estudados e pesquisados por professores e alunos de história muçulmana da forma como aconteceram há mais de 1000 anos.
Esse vasto tesouro de conhecimentos foi obtido quando ela era ainda muito jovem. Ela foi criada por seu pai, que era muito querido e respeitado por ser um homem de grande conhecimento, maneiras gentis e presença agradável. Além do mais, ele foi o amigo mais próximo do nobre Profeta, que era um frequentador assíduo de sua casa desde os primeiros dias de sua missão.
Na juventude, já conhecida por sua beleza impressionante e sua formidável memória, ela chamou a atenção do Profeta. Como sua esposa e companheira chegada, ela adquiriu dele conhecimento e compreensão tais como nenhuma outra mulher jamais teve.
Aisha se tornou a esposa do Profeta em Macca, quando provavelmente tinha 10 anos mas seu casamento só aconteceu no segundo ano depois da hijrah, quando devia ter uns 14 ou 15 anos. Antes e depois de seu casamento, ela manteve uma jovialidade e inocência naturais e não parecia nada intimidada com o fato de estar casada com Mohammad, o Mensageiro de Deus, a quem todos os companheiros, incluindo seus prórpios pais, tratavam com o máximo de amor e reverência.
A respeito de seu casamento, ela contou que um pouco antes de ela deixar a casa de seus pais, ela saiu para o quintal para brincar com uma amiga que passava.
"Eu estava brincando de balanço e meus longos cabelos ondeados estavam despenteados", ela disse. "Eles vieram e me tiraram da minha brincadeira e me aprontaram."
Eles a vestiram com um vestido de casamento feito de um tecido listrado de vermelho do Bahrein e então sua mãe a levou para a casa recentemente construída, onde algumas mulheres dos Ansar estavam esperando do lado de fora da porta. Todas a cumprimentaram com as palavras "Que tudo corra bem para a felicidade!" A seguir, na presença do Profeta sorridente, uma tigela com leite foi t razida. O Profeta bebeu e ofereceu a Aisha. Ela timidamente recusou mas quando ele insitiu ela bebeu e ofereceu a sua irmã que estava sentada a seu lado. As outras pessoas também beberam o leite este foi o momento solene e simples de seu casamento. Não houve festa de bodas.
O casamento com o Profeta não mudou seus modos alegres. Suas amigas jovens vinha frequentemente visitá-la em sua própria casa.
"Eu estava brincando com minhas bonecas" ela disse, "com as meninas que eram minhas amigas e o Profeta chegou. Elas se retiraram da casa e ele foi atrás delas e as trouxe de volta, porque ele ficava contente por minha causa de tê-las ali." Algumas vezes ele dizia "Fiquem onde estão" antes que elas tivessem tempo de se retirar e também se juntava à brincadeira. Aisha disse: "Um dia, o Profeta chegou quando eu estava brincando com as bonecas e ele disse: 'Ó Aisha, que brincadeira é essa?' 'Cavalos de Salomão' eu disse e ele riu." Algumas vezes ele chegava e se escondia em seu manto para não perturbar Aisha e suas amigas.
O início de vida de Aisha em Medina também teve seus momentos críticos e de apreensão. Certa vez seu pai e dois companheiros que estavam com ele ficaram doentes com uma febre perigosa, o que era comum em Medina em certas estações do ano. Certa manhã, Aisha foi visitá-lo e ficou consternada ao encontrar os três homens deitados, completamente fracos e exausto. Ela perguntou a seu como estava passando e ele lhe respondeu com um versículo mas ela não entendeu o que ele estava dizendo. Os outros dois também lhe responderam com algumas estrofes de um poema que lhe pareceu mais um murmúrio sem sentido do que qualquer outra coisa. Ele ficou tão profundamente preocupada que foi procurar o Profeta, dizendo:
"Eles estão delirando, fora de si, por causa da febre alta." O Profeta lhe perguntou o que eles haviam dito e ficou de alguma forma tranquilo quando ela repetiu quase que palavra por palavra das estrofes que eles haviam proferido e que faziam sentido, muito embora ela não os compreendesse muito bem. Esta foi uma demonstração da grande capacidade de retenção de sua memória, que com o passar dos anos foi de inestimável valor para preservar os inúmeros ditos do Profeta.
Das esposas do Profeta em Medina, está claro que Aisha foi a que ele mais amou. De tempos em tempos, um ou outro de seus companheiros lhe perguntava:
"Ó Mensageiro de Deus, a quem você mais ama neste mundo?" Nem sempre ele dava a mesma resposta para esta pergunta porque ele sentia grande amor por muitas de suas filhas e netos, por Abu Bakr, por Ali, Zayd e seu filho Usamah. Mas, de suas esposas, a única que ele citava era Aisha. Ela também o amou demais e muitas vezes buscou nele a certeza de seu amor por ela. Certa vez ela lhe perguntou: "Como é seu amor por mim?"
"Como o nó da corda", ele respondia, querendo com isso dizer que era forte e seguro. De tempos em tempos, Aisha perguntava-lhe: "Como vai o nó?" e ele respondia "do mesmo jeito."
Como ela amasse muito o Profeta, ela sentia ciúmes e não suportava que as atenções dele se voltassem para as outras mais do que lhe parecia suficiente. Ela lhe perguntou:
"Ò Mensageiro de Deus, diga-me, se você estivesse entre duas vertentes de um vale, e uma delas não tivesse sido roçada e outra sim, para qual delas você levaria seus rebanhos"?
"Para aquele que não tivesse sido roçado", ele respondeu. "Mesmo assim", ela disse, "eu não sou como as suas outras esposas. Todas tiveram um marido antes de você, menos eu. O Profeta sorriu e não disse nada. De seu ciúme, Aisha diria anos mais tarde:
"Jamais tive ciúmes de qualquer das esposas do Profeta como eu tive de Khadija, porque constantemente ele falava nela e porque Deus lhe havia ordenado comunicar a ela a boa nova de uma mansão de pedras preciosas no Paraíso. E sempre que ele sacrificava um carneiro ele mandava uma boa parte para aqueles que haviam sido seus amigos íntimos. Muitas vezes eu disse a ele: "É como se nunca tivesse havido outra mulher no mundo além de Khadija."
Uma vez, quando Aisha se queixou e perguntou por que ele falava tanto de "uma velha coraixita", o Profeta se ofendeu e disse: "Ela foi a esposa que acreditou em mim quando os outros me rejeitaram. Quando as pessoas me chamaram de mentiroso e confirmou minha sinceridade. Quando fui abandonado ele gastou de sua fortuna para aliviar o peso de minha tristeza ..."
Apesar de seus sentimentos de ciúme, que não eram de forma alguma destrutivos, Aisha era realmente uma alma generosa e paciente. Ela suportou, juntamente com a família do Profeta, pobreza e fome que, muitas vezes, duravam longos períodos. Vários dias se passavam sem que o fogo fosse aceso para cozinhar ou assar o pão e eles viviam apenas de tâmaras e água. A pobreza não lhe provocou tristeza ou humilhação e não corrompeu seu estilo de vida.
Uma vez o Profeta ficou afastado de suas esposas por um mês, porque elas o haviam aborrecido, exigindo dele o que não tinha. Este fato aconteceu após a expedição de Khaybar, quando um aumento das riquezas despertou a cobiça dos muçulmanos. Retornando de retiro auto-imposto, ele foi primeiro à casa de Aisha. Ela ficou muito contente em vê-lo mas ele lhe disse que havia recebido uma revelação, na qual lhe era pedido que colocasse para ela duas opções. E ele recitou os versículos:
"Ó Profeta! Diga a suas esposas: Se você desejar a vida deste mundo com todos os seus adornos, então venha e Eu concederei esses bens sobre você e a libertarei. Mas, se você preferir Deus e Seu Mensageiro e a morada no Paraíso, então Deus guardou uma imensa recompensa por isso, porque você escolheu o melhor."
A resposta de Aisha foi:
"Na verdade, eu escolho Deus e Seu Mensageiro e a morada no céu", e sua resposta foi seguida por todas as outras esposas.
Ela manteve sua escolha tanto durante a vida do Profeta como depois. Certa vez os muçulmanos foram favorecidos com enormes riquezas e lhe deram de presente 100.000 dihams. Ela estava jejuando quando recebeu o dinheiro e distribuiu toda a quantia entre os pobres e necessitados, meuito embora em sua casa não houvesse qualquer provisão. Um pouco depois, uma serva lhe disse: "Você não poderia ter comprado carne com 1 dirham e assim quebrado o jejum?" E ela respondeu: "Eu poderia ter feito isso, mas não me lembrei."
A afeição do Profeta por Aisha permaneceu até o fim. Durante sua doença, foi na casa de Aisha que ele ia por sugestão das outras esposas. Lá, ele ficava muito tempo, deitado num sofá, com a cabeça descançando em seu colo. Foi ela quem pegou uma escova de dentes de seu irmão, mordeu cuidadosamente e a deu para o Profeta. Apesar de sua fraqueza, ele escovou os dentes com bastante vigor. Um pouco mais tarde, ele perdeu a consciência e Aisha achou que ele estava morrendo, mas, após uma hora, ele abriu os olhos.
Foi Aisha quem preservou para nós estes últimos momentos de nosso amado Mensageiro. Quando ele abriu seus olhos de novo, Aisha lembrou-se de Iris ter dito a ela: "Nenhum Profeta é levado pela morte até que lhe tenha sido mostrado seu lugar no Paraíso e então ele escolha entre viver ou morrer."
"Ele não nos escolherá", ela disse para si mesma. Então, ela o ouviu murmurar: "Com a comunhão suprema no Paraíso, com aqueles a quem Deus derramou seus favores, os profetas, os mártires e os justos ..." De novo ela o ouviu murmurar: "Ó Senhor, em comunhão suprema" e estas foram as últimas palavras que ela ouviu ele dizer. Aos poucos, sua cabeçar foi ficando mais pesada sobre seu peito até que os outros na sala começaram a lamentar e Aisha deitou sua cabeça sobre um travesseiro e se juntou aos lamentos.
No chão do cômodo de Aisha, próximo ao sofá onde ele estava deitado, foi aberta uma cova na qual o último dos profetas foi enterrado em meio a muita tristeza e grande dor.
Aisha ainda viveu quase 50 anos depois da morte do Profeta. Ela foi sua esposa por cerca dez anos. Muito desse tempo ela passou estudando e adquirindo conhecimento das duas mais importantes fontes da orientação de Deus, o Alcorão e a Suna de Seu Profeta. Aisha foi uma das três esposas do Profeta (as outras fuas foram Hafsah e Umm Salamah) a memorizar a Revelação. Assim como Hafsah, ele tinha seu próprio exemplar do Alcorão, escrito depois que o Profeta morreu.
Segundo os ahadith e ou ditos do Profeta, Aisha foi uma das quatro pessoas (as outras foram Abu Hurayrah, Abdullah ibn Umar e Anas ibn Malik) a transmitir mais de 2000 ditos. Muitos deles se referem a aspectos íntimos do comportamento pessoal do Profeta, que somente uma pessoa que ocupasse a posição que ela ocupou poderia ter legado. O que é mais importante é o fato de que seu conhecimento foi passado sob a forma escrita por pelo menos três pessoas, inclusive seu sobrinho Urwah, que se tornou um dos maiores pensadores da geração seguinte à dos companheiros.
Muitos dos companheiros do Profeta e seus seguidores se beneficiaram do conhecimento de Aisha. Abu Musa al-Ashari certa vez disse: "Se nós, os companheiros do Mensageiros de Deus tínhamos alguma dificuldade sobre qualquer assunto, nós perguntávamos à Aisha."
Seu sobrinho Urwah assegura que ela foi competente não só em fiqh como também na medicina e na poesia. Muitos dos companheiros mais velhos do Profeta costumavam procurá-la para pedir orientação a respeito de questões de herança, matéria que exigia grande habilidade matemática. Os pensadores islâmicos a respeitam como uma das primeiras fuqaha, juntamente com pessoas como Umar ibn al-Khatab, Ali e Abdullah ibn Abbas. Connta-se que o Profeta, referido ao seu grande conhecimento sobre Islam teria dito: "Aprendam uma parte de sua religião (din) com esta humayra."
Aisha não só possuía um grande conhecimento como teve participação ativa na educação e na reforma social. Como professora ela tinha um modo claro e persuasivo de falar e seu poder de oratória foi descrito em termos superlativos por al-Ahnaf, que disse: "Já ouvi discursos de Abu Bakr e Umar, Uthman e Ali, mas jamais ouvi algo mais persuasivo e mais bonito da boca de qualquer pessoa do que da boca de Aisha."
Homens e mulheres vinham de longe para se beneficiarem de seu conhecimento. Diz-se que o número de mulheres era maior do que os homens. Tomou para si o cuidado e a orientação de meninos e meninas, alguns órfãos, a quem ministrava ensinamentos. Sua casa se transformou numa escola e numa academia.
Alguns de seus estudantes foram notáveis. Seu sobrinho Urwah se destacou como um grande narrador de hadith. Entre as mulheres que foram suas alunas, está o nome de Umrah bint Abdur Rahman. Ela é respeitada pelos pensadores islâmicos como uma das mais fiéis narradoras de hadith e diz-se que ajudava Aisha recebendo e respondendo às cartas que endereçadas a ela. O exemplo de Aisha na promoção da educação, principalmente na educação da mulher muçulmana, deve ser seguido.
Depois de Khadija (a Grande), e de Fátima (a Resplendescente), Aisha (aquela que afirma a Verdade) é respeitada como a melhor mulher do Islam. Por causa da força de sua personalidade, ela foi uma líder em diversos campos do conhecimento, na sociedade, na política e na guerra. Muitas vezes se arrependeu de seu envolvimento na guerra, mas viveu o bastante para reconquistar a posição de a mulher mais respeitada de seu tempo. Ela morreu no ano de 58, depois da Hégira, no mês de Ramadã, e quis ser enterrada em Medina, ao lado de outros companheiros do Profeta.
Umm Salamah
Umm Salamah! Que vida notável ela teve! Seu nome verdadeiro era Hind. Ela era a filha de um dos notáveis da tribo Makhzun, apelidada de "Zad ar-Rakib", porque ela era conhecida por sua generosidade, principalmente com os viajantes. O marido de Umm Salaman era Abdullah ibn Abdulasad e ambos estavam entre os primeiros a aceitar o Islam. Apenas Abu Bakr e uns poucos, que podiam ser contados nos dedos da mão, se tornaram muçulmanos antes deles.
Assim que a notícia da conversão deles ao Islam se espalhou, os coraixitas reagiram com uma raiva incontida. Começaram a perseguir ferozmente Umm Salamah e o marido, mas o casal não vacilou nem se desesperou, permanecendo firme em sua nova fé.
A perseguição ficou mais e mais intensa e a vida em Macca tornou-se insuportável para muitos dos novos muçulmanos. O Profeta, então, deu-lhes permissão para emigrarem para a Abissínia. Umm Salamah e seu marido estavam na dianteira daqueles muhajirun que buscaram refúgio em terra estrangeira. Para Umm Salamah, isto significava deixar sua casa espaçosa e abandonar os laços tradicionais de família e honra por uma nova esperança e uma recompensa de Allah.
Apesar da proteção que Umm Salamah e seus companheiros receberam do monarca da Abissínia, o desejo de voltar para Macca persistia, para estar perto do profeta e fonte de revelação e orientação.
Finalmente, notícias chegadas de Macca davam conta de que o número de muçulmanos estava aumentando. Entre os novos convertidos estavam Hamzah ibn Abdulmuttalib e Umar ibn al-Khattab. A fé tinha fortalecido a comunidade e diziam que os coraixitas, de alguma forma, estavam relaxando a perseguição aos muçulmanos. Assim, um grupo de muhajirun, animados por ardente desejo em seus corações, decidiram voltar a Macca.
No entanto, o relaxamento da perseguição foi breve, conforme o grupo logo logo descobriu. O aumento dramático do número de novos muçulmanos, seguido da aceitação do Islam por Hamzah e Umar só serviu para enfurecer os coraixitas ainda mais. Intensificaram a perseguição e a tortura de uma forma nunca vista antes. Em razão disso, o Profeta deu permissão a seus companheiros para emigrarem para Medina. Umm Salamah e seu marido estavam entre os primeiros a deixarem Macca.
No entanto, a hijrah de Umm Salamah e de seu marido não foi tão fácil como eles haviam imaginado. Na verdade, foi a mais amarga e dolorosa experiência, e, principalmente, a mais dilacerante para ela. Que Umm Salamah conte a sua estória:
Quando Abu Salamah (meu marido) decidiu ir para Medina, ele preparou um camelo para mim, me colocou em cima dele e o nosso filho Salamah em meu colo. Ele foi na frente, sem parar ou esperar por qualquer coisa. Ainda não tínhamos deixado Macca quando alguns homens de minha tribo nos pararam e disseram para meu marido:
"Embora você seja livre para fazer o que quiser com sua vida, você não tem poder sobre sua esposa. Ela é nossa filha e você não pode esperar que lhe demos nossa permissão para que ela nos deixe."
Então, lançaram-se sobre ele e me arrebataram dele. A tribo de meu marido, Banu Abdulasad, presenciou tudo, vermelhos de raiva.
"Não, por Deus", gritaram, "não vamos abandonar o menino. Ele é nosso e temos direitos sobre ele."
Pegaram a criança pela mão e a arrancaram de mim. De repente, em fração de segundos, me encontrei sozinha e abandonada. Meu marido tinha ido para Medina e sua tribo tinha arrebatado meu filho. Minha própria tribo, Banu Makhzum, tinha me subjugado e forçado a ficar com eles. Desde aquele dia em que meu marido e meu filho se separaram de mim, passei a ir todo dia, à tarde, até aquele vale e me sentava no lugar onde essa tragédia tinha ocorrido. Eu me lembrava daqueles terríveis momentos e chorava até a noite cair sobre mim.
Continuei assim por um ano ou mais, até que um dia um homem da tribo Omíada passou e viu minha condição. Ele foi, então, até minha tribo e disse:
"Por que vocês não libertam essa pobre mulher? Vocês são os responsáveis pelo aconteceu ao marido e ao filho dela."
Aquele homem continuou tentando abrandar seus corações e sensibilizá-los. Por fim eles me disseram "Vá e junte-se a seu marido se esse é o seu desejo."
Mas, como podia me juntar a meu marido em Medina e abandonar meu filho em Macca com a tribo de Abdulasad, uma parte de meu próprio corpo, carne da minha carne, sangue do meu sangue? Como podia me libertar da angústia e os meus olhos das lágrimas e alcançar o lugar da hégira sem saber nada sobre meu filho, deixado para trás em Macca?
Alguns deles perceberam o que eu estava sofrendo e seus corações se condoeram. Pediram, então, aos membros da tribo Abdulasad que me devolvessem meu filho.
Agora eu já nem queria permanecer em Macca até encontrar alguém para viajar comigo, pois eu receiava que alguma coisa pudesse acontecer que atrasasse ou me impedisse de encontrar meu marido. Assim, imediatamente arrumei meu camelo, coloquei meu filho no colo e parti em direção a Medina.
Eu tinha acabado de alcançar Tan'im (cerca de 3 milhas de Macca) quando encontrei Uthman ibn Tallah. Ele era um dos guardiães da Caaba nos tempos pré-islâmicos e ainda não tinha abraçado o Islam.
"Para onde você está indo, Bint Zad ar-Rakib?", ele perguntou.
"Estou indo encontrar-me com meu marido em Medina."
"E ninguém a acompanha?"
"Não, exceto Deus e meu filho aqui."
"Por Deus, não a abandonarei até que vocês cheguem a Medina." ele prometeu.
Então ele pegou as rédeas de meu camelo e nos conduziu. Por Deus que jamais encontrei um árabe mais nobre e generoso do que ele. Quando fizemos uma parada para repouso, ele fez meu camelo se ajoelhar, esperou que eu desmontasse, levou-o até uma árvore e o prendeu ali. Então ele procurou a sombra de uma outra árvore e quando estávamos descansados ele aprontou o camelo e seguimos viagem. E assim ele fez todos os dias até chegarmos a Medina. Quando alcançamos um vilarejo próximo a Quba (cerca de 2 milhas de Medina), que pertencia à tribo Amr ibn Awf, ele me disse "Seu marido está nesta vila. Vá com as bênçãos de Deus."
Deu meia volta e retornou a Macca.
Seus caminhos finalmente haviam se encontrado após a longa separação. Umm Salamah ficou feliz em ver seu marido e ele maravilhado em abraçar sua esposa e o filho.
Grandes e importantes eventos se seguiram um após o outro. Houve a batalha de Badr, onde Abu Salamah lutou. Os muçulmanos retornaram a Medina vitoriosos e fortalecidos. Então, veio a batalha de Uhud, na qual os muçulmanos foram duramente testados. Abu Salamah voltou dessa batalha seriamente ferido. De início parecia responder bem ao tratamento mas suas feridas nunca cicatrizaram completamente e ele ficou entrevado.
Certa vez, quando Umm Salamah estava cuidando dele, ele lhe disse:
"Ouvi o Mensageiro de Deus dizer. Sempre que uma calamidade nos afligir devemos dizer, 'Certamente viemos de Deus e para Ele com certeza retornaremos.' E ele orou. 'Ó Senhor, dai-nos em troca alguma coisa boa que somente Vós, o Exaltado, o Poderoso, podeis dar."
Abu Salamah ficou de cama por muitos dias. Certa manhã, o Profeta veio vê-lo. A visita foi mais longa do que o habitual. E Abu Salamah morreu enquanto o Profeta estava a seu lado. Com suas mãos abençoadas, o Profeta fechou os olhos de seu companheiro morto, e em seguida levantou suas mãos aos céus e orou:
"Ó Senhor, concedei o perdão a Abu Salamah. Levai-o para junto daqueles que estão próximos a Vós. Cuidai sempre de sua família. Perdoai-nos e a ele, Ó Senhor dos Mundos. Ampliai seu túmulo e tornai-o leve para ele."
Umm Salamah se lembrava da oração que seu marido havia mencionado em seu leito de morte e começou a repeti-la: "Ó Senhor, deixo convosco esta minha aflição para Vossa consideração ..." Mas, ela não conseguia continuar... "Ó Senhor, conceda-me algo de bom", porque ela continuava se perguntando "Quem pode ser melhor do que Abu Salamah?" Mas, não ficou muito tempo sem completar sua súplica.
Os muçulmanos estavam muito condoídos da situação de Umm Salamah. Ela ficou conhecida como "Ayyin al-Arab", aquela que perdeu o marido. Ela não tinha ninguém em Medina exceto seu filho, era como uma galinha sem penas. Tanto os muhajirun quanto os ansar sentiam que tinham uma obrigação para com Umm Salamah. Quando ela completou o Iddah (três meses e dez dias), Abu Bakr pediu-a em casamento, mas ela recusou. Umar, então, pediu para se casar com ela mas também foi recusado. Então, o Profeta se aproximou e ela respondeu:
"Ò Mensageiro de Deus, eu tenho três características. Sou uma mulher extremamente ciumenta e tenho medo de que veja em mim algo que o irrite e que provoque a punição de Deus sobre mim. Sou uma mulher de idade já avançada e tenho uma família jovem."
O Profeta respondeu:
"Com relação ao ciúme de que você fala, pedirei a Deus, o Todo Poderoso, para que o afaste de você. No tocante à idade, também eu sofro do mesmo problema que você. No que se refere à uma família dependente, sua família é a minha família."
E eles se casaram e assim Deus respondeu às preces de Umm Salamah e lhe deu uma pessoa melhor do que Abu Salamah. Daquele dia em diante, Hind al-Makhumiyah não foi apenas a mãe de Salamah, mas a mãe de todos os crentes, Umm al-Mu'mineen.
Zaynab al-Ghazali
Zainab al-Ghazali é uma mulher especial. Assim como Aisha Abd al-Rahman, ela é uma egípcia que defende os direitos das mulheres muçulmanas, em consonância com o que ela percebe ser a doutrina islâmica correta. Foi uma ativista islâmica. Nasceu no Egito em 1917 e ainda na sua juventude, foi um membro ativo da União Feminista Egípcia, fundada por Huda al-Sha'rawi, em 1923. Renunciou ao cargo por discordar das opiniões e ideais do movimento de libertação das mulheres e, aos 18 anos, em 1936, ela fundou a Associação das Mulheres Muçulmanas, a fim de organizar as atividades femininas, de acordo com as normas e propostas islâmicas. Esta organizaçáo prestou serviços inestimáveis aos pobres, órfãos e desvalidos. Embora ela conhecesse Hasan al-Banna, o fundador da Fraternidade Muçulmana, desde os anos 30, e tivesse participado ativamente de muitos programas islâmicos, somente em 1948 ela vai se juntar à Fraternidade.
Quando a Sociedade dos Irmãos Muçulmanos (Fraternidade) foi dissolvida, em 1948, ela se empenhou pessoalmente no compromisso de fidelidade a Hasan al-Banna, apoiando-o nos esforços de estabelecer um estado islâmico. Embora ele tenha sido assassinado logo em seguida, ela permaneceu fiel aos sucessores de Hasan al-Banna e ajudou seus membros, principalmente depois que foram jogados na clandestinidade, durante o regime de Gamal Abdel Nasser (1950/1960).
Em 1965, ela foi presa sob alegação de conspirar contra Gamal Abdel Nasser e seu governo. Ela foi libertada durante o governo de Anwar Sadat em 1971. Além de ser muito ativa no trabalho de Da'wah, Zainab al-Ghazali foi uma escritora fecunda, contribuindo regularmente para a maioria dos jornais e periódicos islâmicos. Em seu último livro, "Return of the Pharoah", ela relata como, falsamente acusada de conspiração contra Nasser, foi detida e levada a prisão. Enquanto aguardava o julgamento na prisão, foi submetida às mais terríveis e desumanas torturas. Ao invés de diminuir seu entusiasmo pelo Islam e pelo movimento islâmico, a selvageria e abuso que lhe dispensaram só serviu para aumentar o seu compromisso e dedicação pela causa do Islam.
Numa entrevista concedida em sua casa em Heliópolis, Egito, em 1981, Zainab disse:
"O Islam concedeu tudo tanto a homens como a mulheres. Deu tudo às mulheres - liberdade, direitos econômicos, políticos, sociais, direitos públicos e privados. O Islam concedeu às mulheres direitos na família jamais assegurados por nenhuma outra sociedade. As mulheres podem falar de liberação nas sociedades cristã, judaica ou pagã, mas na sociedade islâmica é um grave erro falar da liberação das mulheres. A mulher muçulmana precisa estudar o Islam e assim ela saberá que foi o Islam quem lhe concedeu todos os direitos."
Este é o cerne do pensamento de Zaynab al-Ghazali, com relação à condição das mulheres, conforme expressado em suas palestras públicas e em seus artigos para a revista al-Da'wa, na qual ela foi editora de uma seção voltada para os ideais de um lar muçulmano. O objetivo de seu ativismo e o de sua associação é educacional: incutir nas mentes femininas a doutrina do Islam, ensinar seus direitos e deveres e conclamá-las para mudanças na sociedade que levem ao estabelecimento de um estado islâmico, governado pelo Alcorão e pela Sunna do Profeta.
Zainab al-Ghazali acredita que o Islam permite às mulheres uma participacão ativa na vida pública, trabalhar, entrar na política e expressar suas opiniões. Ela crê que o Islam permite que elas tenham seus próprios bens, façam transações comerciais e que podem ser o que queiram a serviço da sociedade islâmica. Acredita, ainda, que a primeira obrigação da mulher muçulmana é ser mãe e esposa e que nenhuma outra atividade deve interferir no desempenho desse papel, porque esta deve ser a sua prioridade acima qualquer outra. Se ela dispuser de tempo para participar da vida pública, tendo sempre em vista a obrigação primeira, ela pode porque o Islam não a proíbe.
Zainab al-Ghazali acredita firmemente no dever social e religioso do casamento. Em seu primeiro casamento, seu marido discordava de seu ativismo religioso e por causa disso ela se divorciou. Seu segundo marido era mais compreensivo, auxiliou-a em sua missão e jamais a impediu de lutar pela causa islâmica. Em seu livro autobiográfico, ela conta como, embora preocupado com ela, seu marido continuou a apoiá-la em suas atividades. No entanto, ela enfatiza que jamais deixou de lado suas obrigações para com a família, ainda que continuasse a exercer a presidência da Associação das Mulheres Muçulmanas, a trabalhar longas horas em seu escritório e a estar pessoalmente envolvida nas atividades clandestinas da Sociedade dos Irmãos Muçulmanos. Após a morte de seu segundo marido, ela sentiu que havia cumprido com os seus deveres no casamento e que, por isso, estava livre para se devotar integralmente à causa do Islam.
Desencantada com os rumos da revolução egípcia de 1952, que havia contado com o apoio de muitos muçulmanos no seu início, Zainab al-Ghazali passou a considerar Gamal Abdel Nasser e seu regime como inimigos do Islam. Depois que alguns membros da Sociedade dos Irmãos Muçulmanos foram sentenciados à morte e muitos outros condenados à prisão, ela criou programas para amparar os órfãos e viúvas daqueles ativistas, para alimentar os necessitados e desempregados entre os libertados,para ajudar suas famílias e, fortalecer sua posição como presidente da Associação das Mulheres muçulmanas no sentido de fazer o trabalho social tão necessitado. Ela também intensificou suas atividades educacionais e participou de grupos secretos de estudos islâmicos, orientados pelos irmãos muçulmanos que se encontravam na prisão. Em 1962, ela entrou em contado com Sayyid Qutb na prisão através de duas irmãs e obteve a sua concordância para a realização de um curso de leitura de comentários sobre o Alcorão e os Hadith, assim como sobre jurisprudência islâmica. Ele também lhe deu partes de um livro que ele estava escrevendo na prisão para ser publicado mais tarde sob o título Ma'alim fil Tariq.
Páginas deste livro e instruções de Sayyid Qutb, ainda na prisão, além de um conjunto de versículos do Alcorão, seriam estudados por grupos de 5 a 10 jovens em encontros durante à noite na casa de Zainab al-Ghazali. As discussões se seguiram e pontos de vista foram estabelecidos e opiniões formadas. Com a concordância de Sayyd Qutb e das lideranças da Fraternidade, decidiu-se que este programa de treinamento islâmico deveria continuar por 30 anos, que foi o tempo de duração do chamado do Profeta Mohammad em Macca, antes de ele se mudar para Medina e instituir o estado islâmico. Decidiu-se também que, ao fim deste período, uma pesquisa deveria ser realizada no Egito para saber se pelo menos 75% dos egípcios estavam convencidos da necessidade de se estabelecer um estado islâmico. Em caso positivo, eles deveriam providenciar a realização dessa pesquisa,e em caso negativo, deveriam continuar com os estudos e aprendizado por mais 30 anos, que deveria ser repetido até que a nação estivesse pronta para aceitar um governo islâmico, implementando a lei islâmica, de acordo com o Alcorão e a Sunna do Profeta.
Quando o governo egípcio começou a suspeitar desses grupos e a tratá-los como células políticas revoltosas, aconteceu um racha na Fraternidade em 1965. As Irmãs Muçulmanas não foram poupadas, a Associação das Mulheres Muçulmanas foi dissolvida e Zaynab al-Ghazali, entre outros, foi presa. Em 1966, ela foi levada a julgamento com muitos outros e sentenciada a trabalhos forçados por toda a vida. Mas, em 1971, ela foi libertada. No ressurgimento islâmico no Egito, que se tornou mais forte após a morte de Nasser, em 1970, e depois que Sadat assumiu a presidência, ela continuou a ser uma oradora ativa e professora de Islam, conclamando o estabelecimento de um estado islâmico com o ideal de que todos os muçulmanos deviam se empenhar, a fim instituir uma sociedade que fosse guiada pelo Alcorão e pela Sunna do Profeta.
As idéias de Zaynab al-Ghazali em relação a um estado islâmico são muito gerais e carecem de especificidade em muitos pontos. Sua crença nesse ideal, no entanto, não é menos fraca por causa disso. Ela acha que não existe um estado verdadeiramente islâmico sob a face da terra no momento, isto é, onde a shari'ah esteja completamente implementada, nem mesmo o Paquistão ou a Arábia Saudita podem se dizer islâmicos em seu modo de ver.
Ela apoia a revolução iraniana e espera que seu regime logo esteja implantado, a fim de que os iranianos possam canalizar seus esforços na solução de seus problemas externos e internos. O código penal da shari'ah islâmica não deve ser aplicado agora, mas sim quando o estado estiver completamente estabelecido e a shari'ah puder ser aplicada. A fidelidade ao governante islâmico deve ser obtida através de eleições gerais ou por um grupo composto de pessoas sábias, experientes e justas. Ela acha que o Islam proíbe que a chefia do estado islâmico seja uma herança que passa de pai para filho. O chefe de estado pode ser chamado de califa ou presidente e é possível a existência de dois califas de uma só vez por causa da expansão do mundo islâmico, mas os dois devem estar unidos e seus exércitos devem lutar pela mesma causa. Um califa deve ter um conselho cujos membros devem ser peritos em vários campos, a fim de que ele possa permancer leal e querido pelas pessoas que o elegeram. De acordo com ela, o Islam não aceita um sistema pluripartidário porque o sistema em si já é completo, com os muçulmanos tendo o direito de escolher seu governante e o dever de obedecê-lo enquanto ele permancer fiel ao Islam. Outros sistemas ou regimes foram feitos pelo homem e são inferiores ao Islam, que foi feito por Deus. Não muçulmanos de outras religiões ou ateus serão tratados pelo estado islâmico de acordo com as prescrições do Alcorão e da Sunna. Zaynab al-Ghazali pensa que o sistema islâmico trará justiça a todos, mas os muçulmanos precisam primeiro permanecer unidos. Pode haver diferenças de opiniões entre os muçulmanos a respeito de questões desde que não haja divisões em suas fileiras: eles podem divergir nos meios mas não nos fins, onde a meta deverá sempre ser a unidade.
A poligamia e suas vantagens
A poligamia é uma prática muito antiga, encontrada em muitas sociedades humanas. A Bíblia não condenou a poligamia. Pelo contrário, o Velho Testamento e os escritos rabínicos freqüentemente atestam a legalidade da poligamia. Dizem que o Rei Salomão teve 700 esposas e 300 concubinas (Reis 11:3). Também o Rei Davi teve muitas esposas e concubinas (2 Samuel 5:13). O Velho Testamento tem algumas injunções em como distribuir a propriedade de um homem entre seus filhos de diferentes mulheres (Deuteronômio 22:7). A única restrição com relação à poligamia é a proibição de tomar uma irmã da esposa como uma esposa rival (Levítico 18:18). O Talmud aconselha a um máximo de 4 esposas. Os judeus europeus continuaram a praticar a poligamia até o século XVI.
Os judeus orientais praticavam a poligamia regularmente até a chegada a Israel, onde ela foi proibida por lei. Contudo, na lei religiosa, que sobrepuja a lei civil em tais casos, a poligamia é permitida .
E com relação ao Novo Testamento? De acordo com o padre Eugene Hilman, em seu penetrante livro, a poligamia é reconsiderada, "Em parte alguma do Novo Testamento há uma orientação expressa de que o casamento deve ser monogâmico ou qualquer orientação que proíba a poligamia". Além disso, Jesus não falou contra a poligamia, embora ela fosse praticada pelos judeus de sua época. O padre Hillman chama a atenção para o fato de que a Igreja de Roma proibiu a poligamia, a fim de se adequar à cultura Greco-romana (que prescrevia somente uma esposa legal, enquanto que tolerava o concubinato e a prostituição). Ele citou Santo Agostinho, "Agora, em nosso tempo, e de acordo com o costume romano, não é mais permitido tomar uma outra esposa". As igrejas africanas e os cristãos africanos muitas vezes lembram a seus irmãos europeus que a proibição da poligamia é mais uma tradição cultural do que uma autêntica injunção cristã.
O Alcorão também permitiu a poligamia, mas não sem algumas restrições: "Se vós temeis não serdes capazes de conviver justamente com os órfãos, casai com mulheres de sua escolha, 2 ou 3 ou 4 vezes; mas se temerdes que não sereis capazes de conviver justamente com elas, então casai somente com uma" (4:13). O Alcorão, ao contrário da Bíblia, limitou o número de esposas a 4, sob a estrita condição de que as esposas sejam tratadas igualmente. Isto não deve ser entendido como uma exortação a que os crentes pratiquem a poligamia, ou que a poligamia seja considerada como um ideal. Em outras palavras, o Alcorão "tolera" ou "permite" a poligamia. Por que a poligamia é permitida? A resposta é simples: há lugares e épocas em que razões morais e sociais compelem para a poligamia. Como os versos do Alcorão acima indicam, a questão da poligamia no Islã não pode ser entendida como parte das obrigações da comunidade com relação aos órfãos e viúvas. O Islã, como uma religião universal, aplicável para todos os lugares e tempos, não poderia ignorar essas pressões.
Em muitas sociedades humanas, as mulheres superam os homens em quantidade. Em um país como a Guiné, há 122 mulheres para cada 100 homens. Na Tanzânia, há 95,1 homens para 100 mulheres . O que uma sociedade deve fazer para resolver esse desequilíbrio? Existem várias soluções, e alguns podem sugerir o celibato, outros preferem o infanticídio feminino (que ainda acontece no mundo de hoje em alguns lugares). Outros, ainda, podem achar que a única saída é a sociedade tolerar todas as formas de permissividade sexual: prostituição, sexo fora do casamento, homossexualismo, etc. Para outras sociedades, como a maior parte das sociedades africanas de hoje, a saída mais honrosa é permitir o casamento poligâmico, como uma instituição culturalmente aceita e socialmente respeitada. A questão, que é muitas vezes incompreendida no ocidente, é que muitas mulheres de outras culturas necessariamente não vêm a poligamia como um sinal de degradação da mulher. Por exemplo, muitas jovens noivas africanas, sejam cristãs ou muçulmanas, prefeririam se casar com um homem casado, que tenha provado a ele mesmo, ser um marido responsável.
Muitas esposas africanas persuadem seus maridos a tomar uma segunda esposa e assim eles não se sentem sozinhos. Uma pesquisa realizada na segunda maior cidade da Nigéria com 600 mulheres, com idades entre 15 e 59 anos, mostrou que 60% dessas mulheres não se importariam que seus maridos tivessem uma outra esposa. Somente 23% expressaram raiva ante a idéia de dividirem seus maridos com outras mulheres. 76% das mulheres que se manifestaram numa pesquisa realizada no Quênia, viram a poligamia positivamente. Em outra pesquisa realizada no campo, 25 de 27 mulheres consideraram a poligamia melhor do que a monogamia.
Estas mulheres sentiram que a poligamia pode ser uma experiência feliz e benéfica se as co-esposas cooperarem umas com as outras. A poligamia, na maior parte das sociedades africanas é uma instituição tão respeitada, que algumas igrejas protestantes começaram a tolerá-la, "Embora a monogamia possa ser ideal para a expressão do amor entre o marido e a esposa, a igreja deve considerar que em certas culturas a poligamia é socialmente aceitável e que a crença de que a poligamia é contrária ao cristianismo não se sustenta por muito tempo". Depois de um cuidadoso estudo sobre a poligamia africana, o Reverendo David Gitari, da Igreja Anglicana, concluiu que a poligamia, como idealmente praticada, é mais cristã do que o divórcio e o novo casamento, porque há uma preocupação com as esposas e crianças abandonadas. Eu pessoalmente conheço algumas esposas africanas, finamente educadas, que apesar de terem vivido no Ocidente por muitos anos, não fazem qualquer objeção à poligamia. Uma delas, que mora nos USA, solenemente estimula seu marido a tomar uma segunda esposa para ajudá-la na criação das crianças.
O problema do desequilíbrio entre os sexos começa na verdade nos problemáticos tempos de guerra. Os índios nativos americanos costumavam sofrer com essa desigualdade de número entre homens e mulheres, principalmente após as perdas dos tempos de guerra. As mulheres dessas tribos, que na verdade desfrutavam de uma alta posição, aceitavam a poligamia como a melhor proteção contra a tolerância por atividades indecentes. Os colonos europeus, sem oferecerem qualquer outra alternativa, condenavam a poligamia indiana como "incivilizada" .
Após a segunda guerra mundial, havia na Alemanha 7.300.000 mais mulheres do que homens (3.3 milhões delas eram viúvas). Havia 100 homens na idade de 20 a 30 anos para cada 167 mulheres naquele mesmo grupo de idade. Muitas dessas mulheres necessitavam de um homem, não apenas como uma companhia mas, também, como um mantenedor para a casa, num tempo de miséria e injustiça sem precedentes. Os soldados do exército aliado vitorioso exploravam a vulnerabilidade dessas mulheres. Muitas jovens e viúvas tinham ligações com membros das forças de ocupação. Muitos soldados americanos e britânicos pagavam por seus prazeres com cigarros, chocolates e pães. As crianças ficavam felizes com os presentes que os estrangeiros traziam. Um menino de 10 anos, vendo esses presentes com outras crianças, desejava ardentemente um "inglês" para a sua mãe e assim, ela não precisaria passar fome por tanto tempo. Devemos perguntar para nossa consciência sobre esta questão: O que dignifica mais uma mulher? Uma segunda esposa, aceita e respeitada, ou uma prostituta virtual, como no caso da abordagem "civilizada" das forças aliadas na Alemanha? Em outras palavras, o que dignifica mais uma mulher, a prescrição Alcorânica ou a teologia baseada na cultura do império romano?
É interessante notar que, em uma conferência da juventude internacional, acontecida em Munique, em 1948, o problema alemão do desequilíbrio no número de homens e mulheres foi discutido. Quando ficou claro que não havia solução consensual, alguns participantes sugeriram a poligamia. A reação inicial da reunião foi uma mistura de choque e repugnância. Contudo, após um estudo cuidadoso da proposta, os participantes concordaram que a poligamia era a única solução possível. Conseqüentemente, a poligamia estava incluída entre as recomendações finais da conferência.
Atualmente, o mundo possui mais armas de destruição em massa do que jamais houve em qualquer tempo e as igrejas européias podem, mais cedo ou mais tarde, se ver obrigadas a aceitar a poligamia como o único caminho. O Padre Hillman, após muito pensar, admitiu este fato, "É quase concebível que aquelas técnicas genocídas (nuclear, biológica, química...) podem produzir um desequilíbrio tão drástico entre os sexos que o casamento plural poderia ser um meio necessário de sobrevivência... Em tal situação, os teólogos e os líderes das igrejas deveriam rapidamente produzir razões importantes e textos bíblicos que justifiquem um novo conceito de casamento".
Nos dias atuais, a poligamia continua a ser a solução viável para alguns males das sociedades modernas. As obrigações comunitárias a que o Alcorão se refere, juntamente com a permissão da poligamia, são mais perceptíveis atualmente nas sociedades ocidentais do que na África. Por exemplo, nos USA de hoje, há uma séria crise na comunidade negra. Um em cada 20 jovens rapazes negros podem morrer antes de atingir a idade de 2l anos. Para aqueles que estão entre os 20 e 35 anos, o homicídio lidera a causa da morte . Além disso, muitos rapazes negros estão desempregados, na prisão ou são viciados. Como conseqüência, uma em 4 mulheres negras, na idade de 40 anos, nunca se casaram, enquanto que este número é de 1 para 10 mulheres brancas . Além do mais, muitas jovens negras se tornam mães solteiras antes dos 20 anos e se encontram na situação de serem mantidas. O resultado final dessas trágicas circunstâncias é que há um aumento no número de mulheres negras comprometidas com "homem-partilhado". Isto é, muitas dessas infelizes mulheres negras solteiras estão envolvidas em casos com homens casados. As esposas muitas vezes não têm consciência do fato de que outras mulheres estão dividindo seus maridos com elas. Alguns observadores da crise do "homem-partilhado" na comunidade africana na América têm recomendado a poligamia consensual, como uma resposta temporária para a diminuição do número de homens negros, até que reformas mais abrangentes na sociedade americana sejam tomadas. Esses observadores entendem poligamia consensual como a poligamia sancionada pela comunidade e na qual todas as partes envolvidas concordem, em oposição ao segredo dos casos com homens casados, os quais sempre prejudicam tanto a esposa como a comunidade em geral.
O problema do "homem-partilhado" na comunidade africana da América foi ponto de discussão em um painel realizado na Universidade de Temple, na Filadélfia, em 27.01.93 . Alguns dos palestrantes recomendaram a poligamia como um remédio potencial para a crise. Eles também sugeriram que a poligamia não podia ser banida por lei, particularmente em uma sociedade que tolera a prostituição e o concubinato. O comentário de uma das mulheres participantes, de que os negros americanos precisavam aprender com a África, onde a poligamia era praticada responsavelmente, conseguiu entusiásticos aplausos.
Philip Kilbride, um antropólogo americano, de tradição católica romana, em seu livro provocativo, "Casamento Plural para o Nosso Tempo", propõe a poligamia como solução para alguns dos males da sociedade americana. Ele argumenta que o casamento plural pode servir como uma alternativa potencial para o divórcio em muitos casos, a fim de eliminar o impacto danoso do divórcio sobre as crianças. Ele afirma que muitos divórcios foram causados pelo excessivo número de casos extraconjugais ocorridos na sociedade americana. De acordo com Kilbride, transformar um caso extraconjugal em um casamento poligâmico, ao invés do divórcio, é melhor para as crianças. Além disso, ele sugere que outros grupos também se beneficiarão do casamento plural, tais como: mulheres mais velhas, que enfrentam uma crônica diminuição de homens e os negros americanos, que estão envolvidos com o "homem-partilhado".
Em 1987, uma votação conduzida por um estudante de jornalismo da Universidade de Berkeley, perguntava aos estudantes se eles concordavam que os homens poderiam ser autorizados, por lei, a terem mais de uma esposa, tendo em vista a visível diminuição do número de candidatos masculinos para o casamento na Califórnia. Quase todos os votantes aprovaram a idéia. Uma estudante chegou a declarar que o casamento poligâmico preencheria suas necessidades físicas e emocionais, porque lhe daria maior liberdade do que uma união monogâmica. Na verdade, o mesmo argumento foi usado por alguns poucos remanescentes das mulheres praticantes Mormom, que ainda praticam a poligamia nos USA.
Elas acreditam que a poligamia é um caminho ideal para a mulher ter, tanto profissão como crianças, uma vez que as esposas se ajudam umas às outras no cuidado com os filhos.
Deve-se acrescentar que a poligamia no Islã é questão de consenso mútuo. Ninguém pode forçar a mulher a se casar com um homem casado. Além disso, a esposa tem o direito de estipular que seu marido não deve se casar com outra mulher. A Bíblia, pôr outro lado, algumas vezes vale-se da poligamia forçada. Uma viúva sem filhos deve se casar com o seu cunhado, mesmo que ele já seja casado (ver a seção "A condição das Viúvas") e independente de seu consentimento (Gênesis 38:8/10).
Deve-se notar que, em muitas sociedades muçulmanas de hoje, a prática da poligamia é rara, uma vez que a diferença entre os sexos não é grande. Pode-se dizer que o número de casamentos poligâmicos no mundo muçulmano é muito menor do que o de casos extraconjugais no ocidente. Em outras palavras, os homens no mundo muçulmano são muito mais monogâmicos do que os homens no mundo ocidental.
Billy Grahan, o eminente evangélico cristão, reconheceu este fato: "O cristianismo não pode se comprometer com a questão da poligamia. Se hoje o cristianismo não pode fazer isso, é em seu próprio detrimento. O Islã permitiu a poligamia como uma solução para os males sociais e reconheceu um certo grau de latitude da natureza humana, mas, somente dentro da estrutura estritamente definida na lei.
Os países cristãos fazem um estardalhaço sobre a monogamia, mas, na verdade, eles praticam a poligamia. Ninguém ignora a existência das amantes na sociedade ocidental. A esse respeito, o Islã é fundamentalmente uma religião honesta, que permite a um muçulmano se casar uma segunda vez se ele precisar, mas proíbe rigorosamente todas as associações clandestinas, a fim de salvaguardar a probidade moral da comunidade".
Nota-se que a nova lei civil brasileira já admite a poligamia ao estabelecer a lei de concubinato onde estabelece direitos para tais amantes depois de provarem a existência de vê, como filhos ou tempo de convivência com homens já casados, isto na minha visão é uma poligamia não declarada e hipócrita.
Releva notar que muitos países no mundo de hoje, muçulmanos ou não, proibiram a poligamia. Tomar uma segunda esposa, ainda que com o livre consentimento da primeira, é uma violação da lei. Por outro lado, trair a esposa, com ou sem o seu conhecimento e/ou consentimento, é perfeitamente legitimada. Qual é a sabedoria legal por detrás de tal contradição? A lei foi feita para premiar a decepção e punir a honestidade? Este é um dos paradoxos fantásticos de nosso mundo "civilizado".
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