AS CONSEQÜÊNCIAS DO CARNAVAL
Há quem diga que um dos maiores pecados do mundo é diminuir a alegria dos
outros. Isto acontece principalmente no carnaval, quando várias criaturas aproveitam a
festa para botar para fora todas as frustrações acumuladas durante o ano, cometendo
assim verdadeiras loucuras, e estragando o divertimento de muita gente.
A música e a dança são expressões culturais de grande valor na promoção do
progresso espiritual do homem, mas não da forma desvirtuada com que são apresentadas
nos três dias dedicados a “momo”.
O carnaval, como festa popular, poderia ser um acontecimento cultural aceitável,
não fossem os excessos cometidos em nome da alegria. Mas o uso de bebidas
alcoólicas, de tóxicos, a exacerbação da sensualidade e a violência criam um ambiente
desfavorável para quem, de fato, quer se divertir.
SER ALEGRE
Nós somos a favor do divertimento adequado que gera euforia interior e faz muito
bem à saúde. Ser alegre é estar de bem com a vida. Agora, quando se pretende alcançar
essa alegria através do prazer desregrado e dos excessos de toda ordem, o resultado é a
insatisfação íntima, o vazio interior provocado pelo desequilíbrio moral e espiritual da
criatura humana.
O pior é que nos dias de carnaval, muitas pessoas, atraindo por sua própria
conduta desregrada a companhia de espíritos obsessores, acabam praticando atos de
tristes e lamentáveis conseqüências. Estes fatos podem ser verificados nos registros das
ocorrências policiais e dos hospitais de todo o país durante os festejos. Infelizmente,
constatamos grande número de agressões e desastres de toda natureza, suicídios,
homicídios, etc.
TRAGÉDIAS OCULTAS
O mais doloroso, em razão dos excessos, é o fato de muitas vidas serem
exterminadas violentamente, lares serem destruídos e tantos outros males físicos e
morais ocorrerem, atingindo o homem no que ele tem de mais sagrado: o respeito a si
mesmo, à dignidade e à própria vida. Além disso, muitas doenças são transmitidas nessa
época – inclusive a AIDS – destruindo inúmeras e preciosas vidas.
As estatísticas divulgadas pela imprensa e pelos veículos de comunicação em
geral não relacionam os grandes dramas vividos por centenas de criaturas, bem como as
tragédias ocultas que são abafadas de todas as formas. Quantas desgraças ocorrem
nesses três dias que se escondem entre as lágrimas do desencanto e as sombras do
desespero!
VERBAS PÚBLICAS
Outra questão que gostaríamos de levantar diz respeito às verbas governamentais
que atualmente são gastas no carnaval. Se elas fossem destinadas a amparar as crianças
carentes, ao financiamento de programas de saúde, de construção de escolas, creches e
casas populares, é certo que muitas desgraças e tragédias seriam evitadas e, de fato, o
alto índice de criminalidade gerado pela fome e pela miséria estaria sendo combatido na
raiz.
Argumentos tais como o incremento do turismo, o ingresso de dólares, a
arrecadação de mais impostos ou maiores lucros para o comércio, não podem jamais
justificar ou compensar a morte de criaturas humanas, lares desfeitos, famílias destruídas,
suicídios, desastres, acidentes e o desespero de jovens inexperientes.
CARNAVAL DE 1939
Já em 1939 a situação era bem alarmante, segundo crônica do Espírito Humberto
de Campos no livro “Novas Mensagens”, psicografado por Chico Xavier, comentando o
carnaval do Rio de Janeiro naquele ano. Publicada há 67 anos atrás, a mensagem com a
estatística apresentada pelo autor desencarnado era preocupante:
“O Delegado de Menores recebeu 412 reclamações sobre crianças desaparecidas.
Só no Posto Central da Assistência Municipal foram atendidas mais de 1.100. A par da
progressão dos negócios, multiplicaram-se as agressões, proliferou o crime,
intensificaram-se as quedas na via pública, os acidentes de toda natureza, os desastres
de automóveis, as expressões de alcoolismo, as tentativas de suicídio, as intoxicações, os
casos de hospitalização imediata, sem nos referirmos aos dolorosos dramas da sombra,
que ficaram na penumbra, receosos da inquirição policial e da crítica dos vizinhos”.
OPINIÃO DE EMMANUEL
Vale a pena refletir, diante de toda essa realidade, no seguinte pensamento de
Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier: “Há, nesses momentos de indisciplina
sentimental, o acesso das forças das trevas nos corações e, às vezes, toda uma
existência não basta para se fazer os reparos preciosos de uma hora de insânia e
esquecimento do dever”.
EDUCAÇÃO
Para acabar com tantos excessos dolorosos, só a educação. Referimo-nos não a
aquela que forma apenas o intelecto, mas, principalmente, a que forma o caráter e conduz
o homem pelo caminho do equilíbrio e da moderação. Tudo se resume na preparação de
uma nova mentalidade, a fim de que o homem encontre caminhos mais equilibrados para
demonstrar sua alegria, sem prejudicar a si mesmo e ao próximo.
Gerson Simões Monteiro
é Presidente da Fundação Cristã-Espírita
Cultural Paulo de Tarso
e-mail: gerson@
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