A sineta: um símbolo aposentado nas Assembleias de Deus
As transformações que passam as Assembleias de Deus no Brasil não são só de ordem de usos e costumes, mas teológica, também. É consenso, que cada vez mais a famigerada teologia da prosperidade consegue adeptos e se implanta em vários ministérios assembleianos. Mas algumas mudanças, além das teológicas, são perceptíveis também na decoração, nos púlpitos e no acréscimo ou na falta de alguns objetos dentro dos templos das ADs.
Entre esses objetos, um que perdeu sua função foi a sineta. Sim, a sineta! Nada talvez, simbolize tanto uma era quanto ela, e seu desaparecimento fala mais do que as muitas analises teológicas e comportamentais dos novos tempos (e templos) assembleianos.
Dentro da liturgia das ADs, a sineta era o símbolo da ordem, a qual sempre deveria existir no andamento do culto divino. Iniciava-se muitas vezes os cultos com seu toque. Quando em algum momento da reunião, as atenções se dispersavam, ela era utilizada para dar chamar à atenção dos desavisados que o culto ainda prosseguia. Estava sempre no púlpito, à mão do pastor, e seu som era firme, alto e cheio de autoridade.
Ela era também (para muitos), o símbolo maior da opressão e autoritarismo do obreiro sobre os profetas, ou sobre qualquer manifestação mística que não estivesse de acordo com a teologia pastoral. Seu som calava os que profetizavam fora do tempo, ou os que falavam sobre temas que não estavam de acordo com a visão espiritual do pastor. As vezes, ao tomar posse de uma igreja, o novo obreiro já avisava se era costume seu usa-lá ou não. Se usava, era porque sua postura seria de extremo zelo na condução do culto divino. Caso anunciasse o contrário, era considerado um obreiro do tipo "deixa rolar", ou seja, era a alegria dos profetas e membros mais espirituosos.
Sineta: símbolo de ordem e poder na liturgia assembleiana |
Quem sabe, um dia no futuro, a sineta seja exposta num museu juntamente com as bíblias dos pioneiros, as antigas edições da Harpa Cristã, ou rascunhos de velhas anotações dos antigos obreiros. Pode ser que, não só uma, mas várias estejam presentes nesse museu do futuro. Desde as bem elaboradas até as mais simples, indicando não só a pluralidade de modelos, mas também a condição social do rebanho. Seria uma exposição muito interessante...
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