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sábado, 31 de agosto de 2013

A vida cristã e a sede pelo poder

Publicado em Filosofia Cristã no dia 14 de fevereiro de 2013
A vida cristã e a sede pelo poder
A vida cristã e a sede pelo poder

A vida cristã e a sede pelo poder

O ser humano deseja o poder. Sua vontade de dominação sobre o próximo pode ser vista desde a infância, quando um irmão tenta manipular o outro. Este comportamento pode ser observado nas empresas, onde, por meio dos trâmites corporativos, as pessoas querem que seu próximo se submeta aos seus caprichos. A noção de equipe perde facilmente para este primitivo instinto humano. Para alcançar este objetivo, inúmeras estruturas e processos sociais foram criados. Em todas as instituições sociais existem mecanismos que preveem a manipulação do próximo para subjugá-lo à dominação daqueles que estão no topo da hierarquia. A Igreja não é uma exceção a esta regra.
Como toda instituição social, a Igreja também criou seus mecanismos de dominação. Algumas pessoas, quando assumem uma determinada função de liderança, visando o fortalecimento de sua posição e a inerrância de suas sugestões (que soam mais como uma ordem), usam o trecho de Efésios 5.21-23 para legitimar sua tentativa de dominação sobre seu irmão. Neste trecho, Paulo ensina que todos devem ser submissos uns aos outros.
Essa passagem pode ser entendida sob o ponto de vista da humildade e esta interpretação também é correta. Entretanto, somente este sentido deixa margem para o líder, mencionado acima, argumentar que todos os outros devem ter humildade suficiente para acatar suas ordens e sugestões. Apesar do clima de mal-estar, todos acabam concordando por não terem argumentos melhores contra esta clara tentativa de manipulação. Contudo, ao verificarmos a palavra que Paulo usou originalmente para se comunicar com os efésios, quando tratou sobre a submissão, daremos outro sentido ao texto, que poderá ser aplicado por todos os cristãos sem deixar tanta margem para falsas interpretações.
O termo que Paulo usa para demonstrar que os efésios deveriam ser submissos uns aos outros remete ao sentido de “estar posto embaixo como um suporte”. Isto é, a posição de estar embaixo, com o significado de humildade apenas, deixa de lado a razão principal pela qual Paulo escreve, que é servir como um suporte uns aos outros. Portanto, o sentido principal deste texto não é a humildade, mas o serviço cristão. Isso fica mais claro nos versículos seguintes, quando Paulo lembra o amor e serviço que Cristo demonstrou à Igreja, que deveria seguir este exemplo.
Imagine uma mesa sem o seu suporte. Seria inútil não? A existência do suporte em si mesmo não tem muita lógica e, em contrapartida, a tábua da mesa sem um sustentador não tem muita serventia. A mesa estará completa apenas com a tábua e o suporte juntos. Este é o sentido de estar submisso que Paulo usa aos Efésios. Esta interpretação é reforçada pela linguagem que Paulo utiliza durante toda a carta, comparando a Igreja com o corpo humano, no qual cada membro tem sua função e nenhum deles dá ordens impostas aos outros membros. Aliás, no corpo humano, o único órgão que efetivamente dá as ordens é o cérebro, que fica na cabeça. Mas, de acordo com Paulo aos colossenses, o cabeça da Igreja é Cristo; e não qualquer cristão em particular, com suas tentativas de manipulação do seu próximo.
Que o Senhor te abençoe e te guarde.
Este texto foi publicado originalmente no Blog Juvemetodista


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