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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Ex-genro de David Miranda contará em livro porquê deixou a Igreja Deus é Amor

SERGIO SORA ANUNCIOU EM SEU PERFIL NO FACEBOOK QUE PUBLICARÁ LIVRO  SOBRE SUA SAÍDA DA IGREJA PENTECOSTAL DEUS É AMOR. SEGUNDO ELE, O LIVRO REVELARÁ "COISAS QUE ESTÃO OCULTAS AOS OLHOS DE MUITOS" E  ESTARÁ DISPONÍVEL EM ATÉ SEIS MESES.

Sergio Sora em sua igreja no RJ
Apontado até então como sucessor e herdeiro natural do trono de David Miranda, de seu púlpito blindado no maior templo evangélico da America do Sul no centro de São Paulo, e de mais de 9 mil igrejas o então presbítero Sergio Sora casado com a cantora Leia Miranda (filha mais nova de David Miranda) foi desligado da Igreja Deus é Amor  em 2005 por acusações de exigir a renúncia de David Miranda da presidência da igreja e por tê-lo submetido a cárcere privado e violência. Sora nega as acusações. Nas últimas semanas em sua página no Facebook Sora divulgou a informação de que decidiu publicar em um livro os principais motivos que o levaram a se desligar da igreja há seis anos, presidida por seu ex-sogro e em que por mais de vinte anos ocupou a função de vice-presidente.

Sergio Sora era casado com a filha mais nova de David Miranda, a cantora Leia Miranda, e por muitos anos ocupou a vice-presidência da igreja, dirigiu as principais capitais do país e era cotado como provável sucessor de David Miranda para a presidência da denominação, porém de acordo com reportagem da versão online da Revista Isto Épublicada em  23 de fevereiro de 2005, um desentendimento familiar envolvendo  agressões de David Miranda contra sua esposa Ereni culminaram no desligamento de Sora da denominação. Acusado de ter coagido Miranda a renunciar a presidência, de tentar agredi-lo e feri-lo, e de tê-lo submetido a cárcere privado, Sora foi o principal tema da reunião ordinária da diretoria da denominação no primeiro dia do ano de 2005, quando decidiu-se por sua expulsão. Sora nega as acusações, e à revista Sora afirmou que foi expulso por não aceitar o “mau testemunho” e o “terrível mau exemplo” de David Miranda, bem como as “horríveis agressões físicas e verbais” causadas a sua esposa.

David Miranda em seu púlpito blindado em SP
Após deixar a igreja Deus é Amor Sergio Sora e sua então esposa Leia Miranda foram recebidos na Igreja Evangélica Vida em Cristo, denominação sediada no Rio de Janeiro e fundada por um pastor amigo de Sora. Enquanto realizava campanhas e cultos em sua recém igreja, Sora continou apresentando programas de rádio em emissoras do Rio de Janeiro, mas sua principal ferramenta de comunicação era seu site – enquanto ainda ligado a IPDA, Sora saiu na dianteira ao eleger a internet como sua principal ferramenta de transmissão de seus sermões e de divulgação de suas campanhas, e por essa razão seu contato com membros da ex-igreja continuaram por um bom tempo. Aproveitando-se do banco de dados de seu site, semanalmente Sora entrava em contato com os internautas divulgando notas sobre sua saída da IPDA, e principalmente críticas às declarações polêmicas de David Miranda em seus programas de rádio e transmissões de seus cultos. Durante esse período, Leia Miranda, agora usando apenas o sobrenome de seu marido, lança um novo CD com título “Liberdade”, transmitindo através da música de forma sutil a  ideia de “liberdade” que agora obtiveram ao deixar a denominação. Nesse período, Sergio Sora pregou em diversas igrejas evangélicas do país como Assembleia de Deus em Madureira e Assembleia de Deus do Bom Retiro, e recebeu diversas manifestações públicas de pregadores conhecidos em todo país como Abílio Santana da Assembleia de Deus baiana,  apoiando sua decisão de ter deixado a IPDA. Com a finalidade de legitimar seu trabalho frente a outros pastores e igrejas, Sora solicitou a um pastor  da Igreja Presbiteriana Renovada que realizasse sua consagração ao pastorado, e a partir daí passou a liderar a Igreja Vida em Cristo no Rio de Janeiro, abrindo congregações em São Paulo e em outros estados passando a receber diversos crentes que abandonaram a Igreja Deus é Amor para congregar em sua denominação.

Na IPDA, Sora era conhecido como de linha dura no trato com obreiros, mas também na relação da igreja com outras denominações. Era comum em reuniões de obreiros Sora disciplinar auxiliares por motivos banais, tais como iniciar o recolhimento de ofertas sem ordem expressa e direta dele, e em seus cultos era recorrente as suas declarações contra outras denominações chegando ao ponto de cunhar um jargão específico para se referir a igreja de Edir Macedo: Igreja Universal do Reino da Carnalidade, jargão que acabou sendo adotado pelo próprio David Miranda e por outros líderes da denominação. Sora foi o principal responsável pela implementação de campanhas e práticas nada ortodoxas nos cultos da Deus é Amor, tais como a valorização da “Teologia da prosperidade” e o uso de amuletos como “O Selo da Prosperidade”, a foto da “língua de fogo” e a consagração de objetos, abrindo precedente para uma enxurrada de outras práticas bizarras nos cultos da IPDA por toda uma nova geração de obreiros, práticas que ele mantém até hoje em sua igreja. Devido ao seu sucesso de público em suas campanhas de prosperidade na sede mundial da igreja em São Paulo,  David Miranda o batizou como “Apóstolo de Cristo”, e por diversas vezes foi substituido por Sora em concentrações por todo o Brasil e outros países da América do Sul. Enquanto nenhum pastor da IPDA tinha autorização de tomar decisões nas igrejas sob sua responsabilidade devendo submeter qualquer assunto a diretoria da igreja por mais simples que fossem (como a consagração de novos obreiros), Sora acumulava privilégios mesmo após deixar a vice presidência, exercendo amplos poderes de decisão, deliberação e execução.

Sergio Sora está a dois anos separado da cantora Leia Miranda, que abandonou a Igreja Vida em Cristo e passou a congregar na Igreja Batista da Barra, no Rio de Janeiro, igreja que tem entre seus líderes a cantora Fernanda Brum, e se prepara para um novo projeto de gravação sob a direção de Emerson Pinheiro, esposo de Fernanda Brum. (Leia nota no rodapé da postagem).  Após sua separação, Sora foi afligido por um período de depressão, mas agora tem planos de casar-se novamente e está construindo a sede própria de sua igreja no Rio. 

Ele garante que embora não tenha a intenção de “citar nomes” revelará em seu livro sobre sua saída da IPDA coisas que “estão ocultas aos olhos de muitos”. Perguntei-lhe se poderia citar pelo menos um exemplo dessas “coisas ocultas” a que se referiu, e ele se negou a dar maiores detalhes pois, segundo ele, foi ameaçado pela cúpula da IPDA e por sua ex-mulher de que qualquer declaração pública dele que venha lhes denegrir a imagem será alvo de ações judiciais por calúnia e difamação, por essa razão ele pretende fazê-las apenas no “momento apropriado”. Perguntei-lhe sobre seu “novo” casamento, e ele declarou que “embora não esteja escrito na bíblia que um pastor deve estar casado para exercer suas funções” ele pretende “regularizar sua situação emocional” em breve. 

Acerca de suas declarações a revista Isto É de que obreiros e membros da IPDA estariam sendo “assolados por uma grande cegueira espiritual” questionei-lhe se ele não se sentia responsável por isso por ter incrementado práticas antibíblicas nos cultos. Sora respondeu que se referia a forma em que as coisas “são conduzidas” e não a “fé”, e que eu estaria “equivocado” em fazer tal afirmação pois, segundo ele, suas práticas ainda que teologicamente reprováveis do ponto de vista ortodoxo são realizadas “com base na bíblia”. E completou sua defesa: “a letra mata, o espírito vivifica”.


Antes da publicação deste texto troquei diversas mensagens com Sora (por emails e ligações telefônicas) e Leia (apenas por email) para averiguação e expressão do ponto de vista dos dois sobre o tema. Leia nega que esteja separada de Sora há dois anos - segundo ela Sora deixou de viver maritalmente com ela em março de 2011. Ela nega também que tenha ameaçado Sora de processá-lo em eventual manifestação pública dele sobre relacionamento rompido ou declarações sobre a IPDA.

Leia também: Após comemoração do jubileu de fundação, Igreja Deus é Amor dá sinais de mudanças e de iminente troca de comando

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