Visitantes

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Erros doutrinários da CCB

ANALISANDO A CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL
INTRODUÇÃO
A “igreja” intitulada Congregação Cristã no Brasil, que doravante identifico com a sigla CCB, para ganhar tempo e espaço, é a confissão religiosa objeto da análise de que tratam estas linhas. É muito difícil pronunciar sobre essa confissão religiosa, visto que muito do que seus adeptos espalham aos quatro ventos, são apenas declarações verbais, não publicadas em livros, embora esposadas e defendidas quase que pela totalidade dos membros dessa agremiação religiosa.
O seu fundador, senhor Louis Francescon, italiano, se converteu ao Evangelho na Igreja Presbiteriana Italiana, da qual se desligou por divergir do batismo por aspersão. Emigrou da Itália para os USA. Daí foi para a Argentina, de onde veio para o Brasil. Nasceu em 1866 e faleceu em 1964, aos 98 anos de idade. Inicialmente reconhecia tanto a igreja da qual se desligara, quanto as demais denominações evangélicas, como igrejas co-irmãs. Mais tarde, porém, se revelou sectarista, dizendo que Deus o libertara de uma seita humana e teórica, isto é, da Igreja Presbiteriana. Em 1928, após um cisma ocorrido na "igreja" em questão, (a CCB), em São Paulo, os dissidentes foram para a Assembléia de Deus. Então se espalhou o boato de que a Assembléia de Deus havia sido fundada por tais “rebeldes”. Daí por diante, o exclusivismo, que já fora implantado nessa igreja pelo seu pioneiro, ganha corpo e avança a passos galopantes, até dar no que deu.
Muitos evangélicos crêem que a CCB não chega a ser uma seita propriamente dita, mas apenas um movimento contraditório. Avaliei esta questão e cheguei à seguinte conclusão: Embora muitas das doutrinas dessa denominação, sejam realmente embasadas na Bíblia, e muitos de seus desvios doutrinários sejam infantilidades relativamente inofensivas, os adeptos dessa confissão religiosa fazem tempestade em copo d’água. Com raras exceções, fazem de seus absurdos doutrinários, uma questão de vida ou morte. Ora, não podemos condenar os que de nós divergirem, exceto quando a doutrina em lide é uma questão de salvação ou perdição. Para se chegar a essa conclusão, basta ler a Epístola de Paulo aos Romanos, capítulo 14. Ora, qualquer comunidade que não se enquadre na tolerância recíproca recomendada neste trecho da Bíblia, certamente é, sim, uma seita. E esta é, na prática, a triste sorte da irmandade que aqui consideramos, já que os mesmos pensam que a salvação está restrita aos que crêem na autenticidade de suas interpretações “bíblicas”, e as praticam. O fato de a maioria dos adeptos desse movimento condenarem todas as outras igrejas, tachando-as de igrejas de Satanás, não é um bom motivo para crermos que estamos diante de uma seita? Sim, uma das características das seitas é se julgar donas da verdade.


Considerando suas Doutrinas

Dialogando com os adeptos dessa igreja, tomei conhecimento de muitas de suas doutrinas (sim, estou falando do que colhi dos meus diálogos com eles, bem como apreciando o que renomados apologistas disseram em refutação a essa igreja,  e não lendo suas obras). Vamos, pois, enumerá-las e analisá-las sucintamente:

I. Sobre o batismo:

A)     Dizem que é pelo batismo que se dá o novo nascimento; e que, portanto, este é necessário à salvação. A Bíblia, porém, nos diz que o batismo, embora importantíssimo, precede a salvação (Lc. 23: 43; At. 10: 44). Não sei se essa crença de novo nascimento pelo batismo consta do Estatuto dessa igreja, mas foi isso que vários de seus adeptos me disseram.
B)     Batizam em nome do Senhor Jesus e em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; eles, certamente ignoram que em nome de, é o mesmo que autorizado por. Logo, o que At.2:38; 19:5 está dizendo, é que os apóstolos batizavam conforme Jesus mandara.
C)     Não usam a expressão “eu te batizo...”, e sim, “te batizo...”;
D)    Só o batismo deles está certo.

II. Sobre evangelismo:

A)     Não distribuem folhetos evangelísticos, sob a alegação de que muitos desses panfletos são atirados ao chão e pisados pelos transeuntes. “Ora”, dizem eles, “a Palavra de Deus não pode ser pisada”;
B)     Não evangelizam através do rádio e da televisão. Alegam que o certo é ir ao pecador e pregar a ele pessoalmente;
C)     “Apoiados” em Mt. 6: 5, não cultuam ao ar-livre. Crêem que fazê-lo caracteriza a hipocrisia da qual trata o texto em questão. Daí Evangelizarem nas residências, nas suas igrejas, e em outros lugares em que a discrição possa ser observada.

III. Sobre saudação:


A)     Paz de Deus

Dizem que “é errado saudar com a Paz do Senhor, pois há muitos senhores” (1Co. 8:5). Defendem que “a única saudação certa é com a Paz de Deus, porque há um só Deus” (1Co. 8:6; 1Tm. 2:5). Mas o texto bíblico supracitado (1Co. 8:5), diz que há também muitos deuses.

B)     Ósculo santo

Diz o manual desta seita: “O ósculo santo deve ser dado ... entre irmãos ou entre irmãs de per si” (página 7). Logo, ela faz distinção entre sexos. Ora, se o ósculo é santo, por que essa discriminação? Se eles estão mesmo, querendo guardar esse “mandamento”, devem observá-lo na íntegra e sofrer as conseqüências. Agir doutro modo é injustificável. O apóstolo Paulo, quando recomendou a saudação com ósculo santo (Rm. 16:16), não pôs restrição alguma. Ademais, ele disse que “... em Cristo... não há macho, nem fêmea” (Gl. 3:27-28).
Muito do que consta da Bíblia, não chega a ser mandamento, e sim, a aprovação de um costume. As passagens bíblicas que tratam da saudação com ósculo (beijo), se explicam assim: O povo daquela região se saudava com beijos. Paulo, por não ver nada de errado nisso, aprovou esse costume, acrescentando, todavia, que tal beijo fosse santo, e não com hipocrisia.

IV. Sobre os Seus Ministros

A) Não há pastores
Não há pastores, mas só anciãos e diáconos.  A Bíblia, porém, nos fala de pastores (Ef. 4:11)

C)     Sobre prebenda

Os anciãos não são remunerados. Estes recebem apenas uma ajuda de custo, quando, por exemplo, viajam a serviço da igreja. A Bíblia, porém, nos garante que Paulo recebeu salário das igrejas (2Co. 11:8), e que Deus determinou que assim seja (1Co. 9:14). Eles, por não conhecerem as Escrituras, fazem das circunstâncias que levaram o apóstolo Paulo a trabalhar para se auto-sustentar no Campo Missionário (1Ts. 2:9; At.18:3), uma regra inflexível, esquecendo-se que At. 18:5, nos diz que Paulo “dedicou-se inteiramente à Palavra”. Isto significa que uma vez vencidas as circunstâncias que levaram Paulo a construir tendas para se manter no Campo, ele fez uso do direito que lhe assistia e dedicou-seinteiramente à Palavra, isto é, ele era Obreiro de tempo integral na Seara de Deus, sendo mantido pelas igrejas.

V. Sobre a Bíblia:

A). Não lêem a Bíblia

Ainda não encontrei nenhum adepto dessa seita que tivesse lido a Bíblia toda. Até mesmo seus líderes são relapsos quanto à leitura da Palavra de Deus. Geralmente se limitam em abrir a Bíblia a esmos, apontar um texto com o dedo e depois lê-lo, para ver o que Deus tem a dizer. Certamente há, entre os adeptos dessa confissão religiosa, pessoas que tenham lido a Bíblia toda, mas aqueles com os quais dialoguei disserem-me que não tinham lido a Bíblia do Gênesis ao Apocalipse.

B) “Não” aos Institutos Teológicos

Não possuem Seminários teológicos. Crêem que o Espírito Santo lhes ensina tudo e que, portanto, não precisam estudar a Bíblia sistematicamente. Disseram-me que a Bíblia deve ser obedecida, não estudada sistematicamente. Por este mesmo motivo não há também Escola Bíblica Dominical. Esta é substituída pelo que eles chamam de cultos para menores, os quais nada mais são que uma cópia dos cultos comuns, quando cantam três hinos, dão testemunhos e oram. Geralmente ensinam alguns versículos às crianças.

VI. Sobre seus sermões

Alegam que pregam sob a inspiração do Espírito Santo, por cujo motivo não elaboram seus sermões. Estes lhes são “dados” na hora, e se baseiam em textos bíblicos que também lhes são “dados” geralmente na hora. Sem qualquer preparo intelectual em termos teológicos, não defendem bem nem mesmo suas heresias. Só para citar um exemplo, certo dia um membro dessa igreja me falou que é errado assalariar o pastor. Então lhe recomendei 2Co. 11: 8, onde o apóstolo Paulo diz que recebeu salário das igrejas, para de graça evangelizar os coríntios. Ele leu o texto em casa e depois veio a mim dizendo que neste caso, receber salário significa rejeitar salário. Em que dicionário o infeliz se baseou para dizer que receber é sinônimo de rejeitar, eu não sei.

VII. Sobre periódico

Não possuem nenhum periódico, como, por exemplo, jornal e revista. Crêem que este tipo de obra é humano e, portanto, ilegítimo. Dizem que a Bíblia lhes basta.

VIII. Sobre salvação:

Pregam que ninguém pode dizer que já está salvo, visto que o Senhor Jesus não afirmou que quem crer e for batizadoestá salvo, e sim será salvo (Mc 16: 15-16). Ef. 2:8 nos basta para reduzirmos a frangalhos essa heresia. Cristo não disse está, e sim será, porque os discípulos ainda não haviam pregado. A pregação do Evangelho e a aceitação deste por parte do pecador, precedem a salvação;
Chamam todas as outras igrejas de seitas, e afirmam que fora da igreja (ou melhor, fora do pacote de doutrinas por eles defendido) deles não há salvação. Logo, os predestinados à salvação serão, segundo crêem, conduzidos pelo Espírito Santo à igreja deles. Eles têm, pois, o monopólio da salvação. Parece até que foi a igreja deles que morreu por nós na cruz. Ouvindo os adeptos da CCB concluí que a igreja deles é o caminho, a verdade e a vida; e ninguém vai ao Pai senão por ela. Uma tremenda rival de Cristo. Certo adepto da CCB, como que falando em nome dos demais, disse-me que se existisse uma outra igreja pregando as mesmas verdades pregadas pela CCB, haveria salvação lá também, já que não é a igreja que salva, e sim o Senhor Jesus.  De um jeito ou de outro, porém, ele manteve o que ouvi de vários de seus correligionários: “Os que rejeitam as doutrinas bíblicas pregadas pela CCB, aceitando-as tim tim por tim tim, serão condenados, caso não se retratem antes que seja tarde demais”. Vários adeptos da CCB já me disseram que tudo de sobrenatural que ocorre nas igrejas evangélicas (cura divina, batismo no Espírito Santo, dons espirituais, etc.), são obras do Diabo.

IX. Sobre véu

Uma das doutrinas da CCB, é que a mulher deve cobrir-se com véu durante o culto. Eles baseiam essa doutrina em 1 Co 11: 1-16. Porém, a grande maioria dos evangélicos crêem que o texto em lide trata de um costume; e, portanto, de um preceito temporal e regional, e não de um mandamento eterno e universal. Há, porém, fervorosos servos de Deus que não pensam assim. E, à luz de Rm 14, ambos os grupos merecem respeito, já que essa questão não é de vida ou morte. Todavia, os membros da “igreja” ora em análise, fazem tempestade em copo d’água. Pregam o uso do véu com uma ênfase tal, que só se justificaria se a salvação dependesse de uma mantilha. Eles já me disseram que quem opera nas igrejas evangélicas é o Diabo, visto não guardarmos os mandamentos; sendo (segundo eles) um desses mandamentos transgredidos por nós, o uso do véu por parte das mulheres.
Como eu já disse em III_B, muito do que consta da Bíblia, não chega a ser mandamento, e sim, a aprovação de um costume. A passagens bíblica que trata do uso do véu se explica assim: Havia naquela região um costume, segundo o qual, além de as mulheres terem que manter seus cabelos crescidos, deviam se cobrir com véu. Havia três tipos de véus: o véu das mulheres casadas, o véu das solteiras e o véu das viúvas. A mulher que não se enquadrasse naquela tradição, era censurada. Não pôr véu algum equivalia a dizer: não sou casada, não sou solteira, e nem sou viúva. Paulo, por saber que o cristão não só pode, como deve, adequar-se à cultura do povo entre o qual ele estiver (desde que não se trate de um mau hábito), não só silenciou-se diante desse costume, mas recomendou que o mesmo fosse observado para evitar constrangimento. Ora, todo costume é regional e temporal. E, por conseguinte, muda de uma região para outra, bem como passa com o tempo.
Para se chegar a esta conclusão, uma das coisas a fazer é considerar o fato de que obviamente o Grande Deus, o Criador do Universo, não deve estar interessado em pano branco transparente. Não entender isso é, naturalmente, ser legalista, bem como ter uma idéia pequena do Deus da Bíblia.
Mas não está em discussão se a minha interpretação, que representa a da grande maioria dos evangélicos, está ou não certa. Por ora quero deixar claro apenas que a intolerância dos adeptos da CCB, faz dessa comunidade uma seita. Sim, repito que uma das características das seitas é se julgarem donas da verdade, bem como necessárias para a salvação, como os adeptos da CCB o fazem.
As igrejas evangélicas que adotam o uso do véu, mas não faz disso o seu cavalo de batalha, receba meu respeito. Não se sintam refutadas por mim. Caminhemos juntos para o Céu, embora divergindo sobre esse ponto. Não exijo que concordem comigo. Mais importante do que termos a mesma opinião, é termos o mesmo Cristo e, conseqüentemente, a mesma salvação. Inspiremo-nos em Rm 14.

X. Sobre o cardápio

Os adeptos da CCB com os quais dialoguei, “baseados” em At 15: 28-29, defenderam a abstinência de certos alimentos. Mas este texto pode ser parafraseado assim: “No que diz respeito aos preceitos cerimoniais da Lei de Moisés (aos quais não estamos sujeitos, pois praticando-os ou não, seremos salvos pela graça por meio da fé), pareceu bem ao Espírito Santo, assim como a nós, que vocês (para não escandalizarem os nossos irmãos judaicos que com vocês congregam) façam o seguinte: Não se alimentem de sangue, não comam o sufocado e o oferecido a ídolos, bem como se abdiquem do que eles consideram ser relações sexuais ilícitas, isto é, o casamento entre judeus e gentios ou ainda a prática do coito durante a menstruação” .
Uma das provas de que a paráfrase acima é uma boa interpretação, é o fato de que este texto só proíbe quatro coisas. Só há quatro pecados?
Nem tudo que os cristãos primitivos faziam, deve ser praticado pela Igreja hodierna. Por exemplo, o apóstolo Paulo, por se fazer de fraco para ganhar os fracos (1 Co 9.22), circuncidou Timóteo (At 16.3) e fez um voto que implicou em rapar a cabeça (At 18.18), obviamente o voto de nazireu prescrito em Nm 6.1-21. Isto prova que muitas das decisões tomadas pela Igreja primitiva eram medidas circunstanciais, e, portanto, regionais e temporais. Caso contrário teríamos que observar até hoje a circuncisão e o nazireado. E, sendo assim, nem os adeptos da CCB se salvariam já que eles também não se circuncidam, nem rapam suas cabeças em voto a Deus.
Geralmente os evangélicos aquiescem que a circuncisão de Timóteo e o voto de nazireu praticados por Paulo, não constituem normas transculturais e perpétuas para a Igreja. Mas a grande pergunta é: Teriam os preceitos de At 15.28-29, a mesma razão de ser? A resposta é que muitos já concluíram que sim. Vejamos estes exemplos:

A) Pastor Raimundo F. de Oliveira:

Este erudito pastor, em seu livro intitulado Como Estudar e Interpretar a Bíblia, edição CPAD – Casa Publicadora das Assembléias de Deus- 1986, à página 139, explicando 1 Co capítulo 8, disse: “... Para Paulo, comer carne sacrificada a ídolos não significa nada. Mas, por causa daqueles que estavam à sua volta e que pensavam que isto implicava em pecado, ele não comia...”. Deste modo, o pastor Raimundo reconhece que o apóstolo Paulo não via a restrição sobre o sacrificado aos ídolos como um mandamento moral, mas sim, como um respeito à consciência alheia. E, segundo o livroAdministração Eclesiástica, dos pastores Nemuel Kessler e Samuel Câmara, também editado pela CPAD, 2ª edição de 1992, página 100, a CPAD não publica livro algum, sem antes submetê-lo ao Conselho de Doutrina da Convenção Geral das Assembléias de Deus, que examina se “nada contraria as doutrinas esposadas pelas Assembléias de Deus”. Logo, a cúpula assembleiana aprovou o livro supracitado, da autoria do pastor Raimundo. E, sendo assim, fica claro que pelo menos um dos mandamentos constantes de At 15.29, não precisa ser observado (a não ser por questão de consciência), segundo a alta liderança das Assembléias de Deus. Ora, se um dos mandamentos registrados em At 15.29, não é moral, os demais mandamentos registrados neste versículo também não podem ser morais, pois tamanha falta de coerência ou associação de idéias constituiria insuperável violência à Hermenêutica;

B) Bíblia de Estudo Pentecostal:
Os comentaristas da Bíblia de Estudo Pentecostal concordam que as restrições de At 15.29 visavam apenas a não ferir a consciência dos judeus cristãos, pois como nota de rodapé, em explicação do texto em apreço, dizem: “... O Espírito Santo (v. 28) estabeleceu certos limites que possibilitam a convivência harmoniosa entre os cristãos judaicos e seus irmãos gentios. Os gentios deviam se abster de certas práticas consideradas ofensivas aos judeus (v. 29). Uma das maneiras de medir a maturidade do cristão é ver a sua disposição de refrear-se das práticas que certos cristãos consideram certas e outros consideram erradas (ver o ensino bíblico por Paulo, em 1 Co 8.1-11)”;

C) Bíblias de Estudo Católicas:

Edições Paulinas:

A Edições Paulinas (editora católica) publicou uma Bíblia de estudo, baseada na versão do Padre Matos Soares, a qual, comentando At 15.28-29 diz: “... Medidas disciplinares de prudência, as quais, sendo de caráter provisório e visando tão-somente a facilitar as relações entre gentios e judeus, caíram, quando a fusão se completou”.

Pia Sociedade de São Paulo:

O Novo Testamento editado pela Pia Sociedade de São Paulo, comentado pelo Padre Euzébio Tintori, edição de 1950, referindo-se ao texto ora em análise, diz: “... São Tiago... propõe algumas medidas disciplinares de prudência com o intuito provisório de facilitar as relações entre judeus e gentios”.
É verdade que as explicações dos clérigos católicos não nos dizem muito, mas como sabemos, não divergimos deles em tudo. E, neste caso, embora por mera coincidência, há convergência entre eles e nós, integrantes do clero evangélico.

a)    O Parecer do Irmão Aldo:
O ex-TJ, Aldo dos Santos Menezes, em sua apostila Transfusão de Sangue, página 10, referindo-se à decisão registrada em At 15.28-29, disse: “... Primeira: O decreto apostólico não foi aplicado a TODOS os cristãos do primeiro século, mas unicamente aos gentios. Segunda: O decreto limitava-se a certa área, era regional, não universal” (grifo no original).
Cremos que a postura supra, do irmão Aldo, encontra respaldo em At 15.19,20 e 23. Destes três versículos, os dois primeiros indicam que se tratava de uma ordem aos cristãos entre os gentios, e o último circunscreve Antioquia, Síria e Cilícia.
Enquanto eu parafraseava At 15.28-29, deixei claro que sou da opinião de que a palavra original (porneia), que nas nossas Bíblias em português está traduzida de diversas maneiras, como fornicação, imoralidade, prostituição, relações sexuais ilícitas, etc., não significa, NESTE CASO, o que nós, em Português, conhecemos por estes nomes, mas sim, as restrições constantes de Dt 7.3; e Lv 18.19. Esta conclusão é lógica, já que, NESTE CASO, nenhum mandamento moral pode pertencer a este conjunto de quatro preceitos, visto que fazê-lo não seria falar coisa com coisa. Logo, das duas uma: Ou os quatro preceitos de At 15.29 são todos mandamentos morais que, por conseguinte, devem nortear a Igreja universal através dos séculos, ou os quatro preceitos são, sem exceção alguma, medidas disciplinares de caráter passageiro, os quais objetivavam apenas facilitar o relacionamento entre gentios e judeus; caducando, portanto, quando a fusão se completou. Caso contrário faltará coerência; e, como sabemos, nenhuma incoerência procede de Deus.

XI. Que é a blasfêmia contra o Espírito Santo?

O ICP_Instituto Cristão de Pesquisas, nos informa que, segundo a CCB, a “Blasfêmia contra o Espírito Santo é a prática de adultério” (Defesa da Fé, setembro/outubro de 1998, página 25). Ora, a Bíblia nos diz sem rodeios que a blasfêmia contra o Espírito Santo é pecado imperdoável. Deve ser por isso que um adepto dessa seita me falou certo dia que quando alguém é excluído da CCB nunca mais fará parte da “irmandade”. Mas a Bíblia nos fala de pessoas que adulteraram e que, não obstante se reabilitaram diante de Deus. Davi é um desses exemplos.

XII. Sobre bebida embriagante

Os adeptos da CCB com os quais dialoguei fizeram uma carga enorme, no intuito de me provar que os que não tomam um golinho, por acreditarem que isso é pecado, são contrários à Bíblia. Dizem que a Bíblia condena a embriaguez, mas não proíbe o uso moderado da cerveja e outras bebidas embriagantes.
A maioria dos evangélicos brasileiros é diametralmente oposta a essa postura da CCB. Porém, os evangélicos de muitos outros países, bem como de algumas regiões da nossa Pátria, também pensam como a CCB. Há, pois, divergência até entre nós sobre esta questão; e o exíguo espaço que por ora reservei para considerar este assunto não permite que o debatamos com maior profundidade. Quero apenas fazer constar que condenar a um abstêmio, como é o caso deste autor, só faria sentido se a Bíblia ameaçasse com o fogo eterno os que se abstêm de bebidas embriagantes.
Se raciocinarmos bem, veremos que os motivos para não tomarmos bebida forte, são bem mais relevantes do que o oposto disso. Todavia, reconheço como meus irmãos em Cristo, os que de mim divergem, contanto que não façam disso motivo de salvação ou perdição.

XIII. Sobre dízimos

Os adeptos da CCB anunciam aos quatro ventos, ufanando-se, que a CCB não cobra os dízimos dos seus fiéis, visto que fazê-lo é, segundo crêem, se submeter ao jugo da Lei mosaica. Não os condeno por isso, mas os censuro por sua intolerância.
Há divergências entre os evangélicos sobre a questão do dízimo, e isso prova que há alguém equivocado, já que não pode haver duas verdades diametralmente opostas; porém, não há ninguém perdido por esse motivo, considerando que o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado. Ademais, ninguém é perfeito.
Atribuir valor salvífico ao ato de dizimar, é pecado grave que conduz ao Inferno; mas dizimar por amor à Obra de Deus, sem legalismo, por livre e espontânea vontade, nada mais é que ser contribuinte metódico, e associar-se a Deus; e nisso, é claro, não há maldade alguma.
Se você é evangélico, talvez tenha se assustado com as declarações constantes do último parágrafo acima, já que, segundo me consta, não é pequeno o número de pastores evangélicos que, por acreditarem que Malaquias 3.8-10 ainda está de pé, suspeitam da salvação dos não-dizimistas, sob a alegação de que os tais são ladrões, já que roubam a Deus. E, como “prova” disso, citam Mateus 23.23. Ora, é ponto pacífico entre os evangélicos, que Cristo mandou pagar dízimo em Mt 23:23. Mas há, paralelamente, uma controvérsia. Contra-argumenta - se dizendo que naquela época Jesus ainda não havia morrido. Logo, o Novo Testamento ainda não havia sido estabelecido. Sendo assim, o Senhor deu a ordem constante de Mt 23:23, em plena vigência do Antigo Testamento. E, deste modo, Ele ainda permanecia debaixo da Lei, sob a qual nascera (Gl 4.4). Logo, muito do que Cristo fez e mandou fazer, não necessitamos praticar hoje: Ele participou da Páscoa (Lc 22:15); guardou o sábado (Lc 4:16); e ratificou os sacrifícios de animais a Deus, ao ordenar que um ex-leproso o praticasse (Mt 8:4), conforme prescrito em Lv 14:1-32. E, como se não bastasse, Jesus ordenou a todos, bem como aos seus discípulos, total obediência a tudo quanto os escribas e fariseus pregavam (Mt 23: 1-3). Ora, todos estamos cientes que estes eram rigorosos (pelo menos em seus discursos) quanto à guarda da Lei mosaica: circuncisão, sábado, Páscoa, Pentecostes, sacrifícios de animais, etc. Fica, portanto, claro (argumentam) que Jesus, antes de morrer, ressuscitar dentre os mortos e inaugurar o Novo Testamento, longe de ser contrário à guarda dos preceitos do Antigo Testamento, os recomendava a todos. Deste modo (dizem), se fosse certo se inspirar em Mt 23. 23, para perpetuar a doutrina do dízimo, teríamos que guardar o sábado, observar a circuncisão, sacrificar animais a Deus, etc.
Que tenho a dizer sobre a questão dos dízimos, abordada no parágrafo acima? Resposta: Aceito como meus irmão em Cristo, tanto os que crêem que este mandamento ainda está de pé, quanto os que divergem desta interpretação. Há alguém errado, mas não há ninguém perdido por causa disso. Aliás, da salvação dos que mutuamente se excomungam por essa banalidade, há bons motivos para se suspeitar. Outrossim, este site é do Seminário Apologético Bíblico, que se destina exclusivamente a instruir os verdadeiros cristãos a respeito das seitas, e não doutrinar os cristãos. Isto é da competência dos pastores de cada denominação.

XIV. Outras peculiaridades da CCB

A)     Sobre a Ceia do Senhor

Associam a Ceia do Senhor à Páscoa e, como esta era celebrada anualmente, deduzem que é errado cear mensalmente. Daí cearem apenas uma vez ao ano.

B)     Não possui registros de seus adeptos

C)     Não é permitido que seus adeptos assistam ao cultos em outras igrejas

D)    Não participam de festas de casamento de pessoas alheias à CCB, tampouco realizam em seus templos, as cerimônias de casamento de seus membros

E)     Cerimônias fúnebres também são expressamente proibidas nos templos da CCB

F)     Pedidos de oração por desconhecidos só podem ser atendidos se o “Espírito Santo” o permitir

G)    Cultos de vigília, nem pensar

H)    Prega o que eles chamam de “sono da alma”, isto é, crêem que entre a morte e a ressurreição, a alma do falecido não vai para o Paraíso, nem tampouco para o Inferno, mas “dorme”, isto é, deixa de existir conscientemente, etc.

CONCLUSÃO

A CCB é uma seita ou uma igreja evangélica mal doutrinada? Muitos evangélicos preferem esta posição que aquela. Particularmente acho que quando uma comunidade que se diz cristã, se apresenta como indispensável à salvação, está usurpando a função daquEle de quem a Bíblia diz ser o único Salvador --- Jesus (Jo.14:6; At. 4:12); e que isso caracteriza seita. Um adepto da CCB me disse que a condenação por parte de alguns dos membros da CCB é um ato isolado, não representando, pois, a opinião oficial da CCB. Disse-me que o Estatuto da CCB mantém-se neutro quanto a isso. Disse-me que oficialmente a CCB prega apenas que não ela, mas sim a doutrina por ela esposada, é que é necessária para a salvação. E observa que quanto aos que dessa doutrina destoam, Deus os julgará. Não sei se isso é ou não verdade, mas quero fazer aos adeptos da CCB ([seja leigo, seja Ministro] que não crêem que só os membros da CCB serão salvos) três recomendações:

1) Promovam uma campanha de conscientização dos seus correligionários, pois mais de noventa por cento dos membros dessa confissão religiosa com os quais conversei, foram categóricos: “Todas as outras igrejas são falsas. Quem opera nelas é o diabo. Mas há pessoas sinceras lá. Estes serão trazidos por Deus para a Congregação Cristã no Brasil. Mais cedo, ou mais tarde, virão e, portanto, se salvarão”;

2) Não condenem igreja alguma por questão irrelevante. Quando duas pessoas (ou duas igrejas) divergem doutrinariamente em torno de uma questão banal, o melhor a fazer não é um dizer ao outro: “Deus te julgará”, mas sim, dê-me sua mão e vamos juntos para o Céu, meu irmão!;

3) A tolerância que acima sugiro deve se limitar às questões periféricas (e não cardeais). Quando uma religião rejeita um dos pilares da fé cristã, não se deve manter neutralidade no que diz respeito ao seu julgamento, mas sim, avisar aos seus adeptos que se não se retratarem serão condenados. Leiam a Bíblia e vejam que assim faziam Cristo e os apóstolos: Jo 14.6; 8.44; At 4.12; 13.10, etc.).

Nem todos os adeptos da CCB crêem que essa igreja é necessária para a salvação, ou que só se salvariam os que concordam tintim por tintim com as doutrinas da CCB. Logo, nem todos estão perdidos. Certamente há pessoas salvas lá também. Oremos: a) pelos exclusivistas da CCB, para que Deus os liberte; b) pelos que são dessa igreja, mas não são exclusivistas, para que Deus os conserve assim, ou, até mesmo, quem sabe, os arranque de lá; c) e por nós também, para que Deus nos livre de também sermos enganados por suas heresias e outras confissões religiosas igualmente perniciosas.
Com todo o amor e respeito que os sectários da CCB merecem, aqui está minha advertência a quem interessar possa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário