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domingo, 16 de dezembro de 2012

O PERÍODO ENTRE OS TESTAMENTOS

Por Pesquisadora Sarai Basílio[1]
O período Interbíblico, também chamado de “Intertestamentário” tem início com a interrupção da atividade profética entre o povo de Deus. Malaquias foi o último profeta a transmitir as palavras do Senhor no período de 470 a.C – 433 a.C, até o começo do ministério de João Batista, transcorrendo segundo 400 anos (Tognini, 2009, p.5). Nesse transcurso, houve mudanças radicais, na terra e na vida do povo de Israel, bem como na vida e nos costumes das nações gentias. Durante esse período os judeus viveram sob o domínio de três nações: Pérsia, Grécia e Roma.
Devido à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor em 333 a.C, Alexandre marchou para a Síria e Palestina. Governando sobre os judeus, Alexandre lhes permitiu observarem suas leis, isentou-os de impostos durante os anos sabáticos e, quando construiu Alexandria no Egito em 331 a.C estimulou os judeus a se estabelecerem ali e deu-lhes privilégios comparáveis aos seus súditos gregos. Após sua morte, quando seu Império no Leste foi dividido entre os Selêucidas na Síria e os Ptolomeus no Egito, o processo de helenização continuou rapidamente nos países sobre os quais eles governaram.
A partir de 323 a.C, a Judéia ficou sujeita por algum tempo a Antígono, um dos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor. Posteriormente, caiu sob o controle de outro general, Ptolomeu I que havia então dominado o Egito, cognominado Soter, o Libertador o qual capturou Jerusalém num dia de sábado em 320 a.C.
No governo de Ptolomeu II – Filadelfo, Alexandria tornou-se um centro de fusão entre as idéias hebraicas e gregas. Ele organizou uma biblioteca e um museu, onde intelectuais e artistas de todas as partes recorriam aos seus escritos. Neste período, os judeus de Alexandria começaram a traduzir a sua Lei, o Pentateuco, para o grego. Esta tradução seria posteriormente conhecida como a Septuaginta, sendo seus tradutores seis de sábios judeus representando as tribos de israel., sendo concluída em 250 a.C.
Depois de aproximadamente um século sob o domínio dos Ptolomeus, Antíoco III, o Grande da Síria, conquistou a Palestina. Os governantes sírios eram chamados selêucidas porque seu reino, construído sobre os escombros do império de Alexandre, fora fundado por Seleuco I, chamado Nicator. Durante os primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas permitiram que o sumo sacerdote continuasse a governar os judeus de acordo com suas leis. Todavia, surgiram conflitos entre o partido helenista e os judeus ortodoxos.
Antíoco IV, Epifânio aliou-se ao partido helenista e indicou para o sacerdócio, Jason. Em 170 a.C, Antíoco marchou contra Jerusalém, saqueou o templo, matou muitos judeus, suspenderam às liberdades civis e religiosas, os sacrifícios diários foram proibidos e um altar a Júpiter foi erigido sobre o altar do holocausto. Cópias das Escrituras foram queimadas e os judeus foram forçados a comer carne de porco, o que era proibido pela Lei
Diante dessa opressão, os judeus encontraram um líder para sua causa, o sacerdote, Matatias filho de Simão descendente direto da casa de Arão, que após recusar-se a oferecer um sacrifício pagão, e matar seus opressores, fugiu para a região montanhosa da Judéia e, com a ajuda de seus cinco filhos empreendeu uma luta de guerrilhas contra os sírios. Após sua morte, seu filho Judas cognominado “o Macabeu”, assumiu a liderança da resistência.
Revolta dos Macabeus
Conforme o historiador Flávio Josefo, o nome da família era Hasmon, derivada de do nome “Hasmoniano” ou asmoniano, porque Hasmon ou Chasmon foi bisavô de Matatias. Por volta de 164 a.C Judas havia reconquistado Jerusalém, purificado o templo e reinstituído os sacrifícios diários. Judas obteve muitas vitórias, entretanto, as lutas entre os Macabeus e os reis selêucidas continuaram por quase vinte anos.
Roma entrou em cena e Pompeu marchou sobre a Judéia com as suas legiões, buscando um acerto entre as partes e o melhor interesse de Roma. Aristóbulo II na época governante da Judéia tentou defender Jerusalém do ataque de Pompeu, mas os romanos tomaram a cidade e penetraram até o Santo dos Santos, porém os tesouros do Templo não foram saqueados.
Depois do assassinato de Júlio Cesar e da morte de Antípater, pai de Herodes, que por vinte anos fora o verdadeiro governante da Judéia, Antígono, o segundo filho de Aristóbulo, tentou apossar-se do trono. Por algum tempo chegou a reinar em Jerusalém, mas Herodes, filho de Antípater, regressou de Roma e tornou-se rei dos judeus com apoio de Roma.
Herodes foi um dos mais cruéis governantes de todos os tempos, mandou matar sua própria esposa Mariana e seus dois filhos. Nas Escrituras, Herodes é conhecido como o rei que ordenou a morte dos meninos em Belém por temer o Rival que nascera para ser Rei dos Judeus. Entre as obras monumentais, destaca-se o Templo de Jerusalém.


Templo de Jerusalém
Durante o período de ocupação grego-romana, alguns judeus se apegaram mais tenazmente à fé de seus pais, e outros se dispuseram a adaptar seu pensamento às novas idéias que emanam da Grécia. Por fim, o choque entre o helenismo e o judaísmo deu origem a diversas seitas.
Os fariseus, eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus; o partido dos saduceus, era denominado assim por causa de Zadoque, o sumo sacerdote escolhido por Salomão (1Rs 2.35), ele negava autoridade à tradição e olhava com suspeita para qualquer revelação posterior à Lei de Moisés;
O essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mudanismo dos saduceus, os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e celibato, eram atenciosos com a leitura e estudo das Escrituras, à oração e às lavagens cerimoniais. Os escribas não eram extritamente uma seita, mas membros de uma profissão. Eram copistas da Lei, foram considerados autoridades quanto às Escrituras, por isso exerciam a função de ensino. Os herodianos eram um mais partido político que uma seita religiosa. Seu nome foi tirado. de Herodes, que procurou romanizar a Palestina em sua época.
Concluindo a opressão política romana, simbolizada por Herodes, as reações religiosas expressas nas reações sectárias dentro do judaísmo pré-cristão, e as transformações políticas, sociais e culturais, forneceram o referencial histórico no qual Jesus veio ao mundo. Frustrações e conflitos prepararam Israel para o advento do Messias de Deus, que veio na “plenitude do tempo”. (Gl 4.4)
[1] Sarai Basílio é graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, especialista em Políticas Sociais pela Universidade do Estado de Rio de Janeiro, bacharel em Teologia Faculdade Evangélica de Teologia Seminário Unido e Mestrado em Teologia -História do Cristianismo pelo Instituto Bíblico do Rio de Janeiro.
Referências:
TOGNINI, Enéas. Período Interbíblico. 400 anos de silêncio profético. SP Hagnos.2009.
Http://bibliotecabiblica.blogspot.com/2010/fim-profecia-período-intertestamentário

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