a indisposição para o reino
Sermões
nas Parábolas
Púlpito
Vespertino
por
Rev.
Moisés C. Bezerril
Parábola:
As Dez Virgens
título
INDISPOSIÇÃO
PARA O REINO
A
Condição Essencial Dos Que Não Aguardam a Salvação
Mateus
25:1-13
Então,
o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas,
saíram a encontrar-se com o noivo. 2 Cinco dentre elas
eram néscias, e cinco, prudentes. 3 As néscias, ao
tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; 4
no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas.
5 E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e
adormeceram. 6 Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis
o noivo! Saí ao seu encontro! 7 Então, se levantaram
todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. 8 E
as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas
lâmpadas estão-se apagando. 9 Mas as prudentes
responderam: Não, para que não nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos
que o vendem e comprai-o. 10 E, saindo elas para
comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as
bodas; e fechou-se a porta. 11 Mais tarde, chegaram as
virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta!
12 Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos
conheço. 13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a
hora.
ELUCIDAÇÃO
A) CONTEXTO LITERÁRIO
* Essa é mais uma parábola encontrada
apenas em Mateus, e hábilmente colocada no final de um sermão de Jesus sobre o
final dos tempos.
* O tema da parábola é a separação
entre os bons e maus, tema este que continua nas parábolas dos talentos e do
pastor que separa as ovelhas dos cabritos.
B) CONTEXTO
HISTÓRICO-CULTURAL
* Diferentemente do mundo ocidental –
que espera a noiva – na Palestina antiga era o noivo a figura mais esperada num
casamento.
* O costume era de dez adolescentes
tomarem lâmpadas e irem para a casa da noiva, prepará-la para encontrar-se com
seu noivo. Essas virgens estão ocupadas enfeitando a noiva e cuidando dos
últimos preparativos. Essas jovens acompanham a noiva à casa do noivo, onde de
costume acontecia a cerimônia de casamento.
* A parábola não focaliza a noiva, e
sim as damas de honra, principalmente as néscias. Das dez damas de honra, cinco
eram consideradas néscias e cinco prudentes. As néscias tinham levado suas
lâmpadas, mas esqueceram de levar óleo. As prudentes levaram suas lâmpadas e
óleo. Essas lâmpadas eram tochas feitas de uma longa vara de madeira e pano
embebido em azeite, que só seriam acesas quando se ouvisse o alerta de que
noivo aproximava-se.
* O cortejo era enfeitado com o
brilho dessas tochas flamejantes, que precisavam ser embebidas a cada 15 minutos
para manterem a chama acesa. Era obrigatório que cada virgem levasse uma garrafa
de azeite. Acontece que as virgens néscias estavam completamente despreparadas
para o cortejo do casamento: não levaram o óleo de suas lâmpadas, e mesmo em
contato com as virgens prudentes, ainda assim não se tocaram de que precisavam
do óleo. Isso indica total displicência com o casamento.
* O noivo estava atrasado para seu
encontro com a noiva; a demora pode ter sido por causa dos acertos relativos à
questão do dote que o noivo tinha que pagar ao pai da moça.
* Enquanto esperavam o noivo, as dez
damas acabaram sonolentas e dormiram. Tanto as prudentes quanto as néscias
dormiram. Essa dez virgens são semelhantes em muitos aspectos: 1) Todas
tencionavam encontrar o noivo e escoltá-lo ao lugar onde as festividades
deveriam acontecer; 2) Todas estão esperando o noivo chegar antes que amanheça,
mas nenhuma delas sabe a que horas ele vai chegar; 3) Todas esperam tomar parte
na festa nupcial; 4) Quando o noivo tarda, todas adormecem, e quando ele chega,
todas despertam.
* Mas as dez virgens têm uma
diferença notável: cinco delas estão completamente despreparadas para a festa.
Não poderão participar do cortejo sem suas lâmpadas.
* À meia-noite o noivo se aproxima, e
alguém dos que o acompanham grita: Eis o noivo! Segundo da época, as damas
correm ao encontro do noivo com suas tochas acesas, e vão em direção da casa
onde será feita a cerimônia. Mas o que fazer numa festa dessas sem uma tocha
acesa na mão? Seria o mesmo que não ter roupa para ir a uma festa.
* Ao virem as prudentes acender suas
tochas, as virgens néscias perceberam seu grande problema, e acharam que a
solução seria pedir um pouco do óleo delas. Enquanto as lâmpadas das prudentes
estavam lindas e embelezadas (ekosmêsan), as lâmpadas das néscias
ainda estavam apagadas, (sbennyntai). As virgens prudentes também
eram sábias a ponto de calcularem o tempo da festa e a quantidade de óleo que
precisariam para manter suas tochas acesas durante todo o evento. Sabiam que se
dividissem o óleo, seriam prejudicadas, pois não seria suficiente para
participarem da festa em sua plenitude. Assim, negaram repartir;
aconselharam-nas a comprar dos que vendiam.
* As cinco moças que tinham passado o
tempo esperando e dormindo, agora precisam correr até um vendedor, acordá-lo e
comprar o óleo necessário.
* Nesse intervalo o noivo chegou e o
cortejo começou. Todos foram à casa do noivo, até o salão das bodas. Somente
quem estava no cortejo pôde entrar; depois as portas se fecham, e ninguém mais
entra. Era o costume dos ricos naqueles dias.
* Assim a parábola termina com a cena
das cinco moças que encontraram a porta fechada, pedindo que lhes abrissem a
porta. Seu insistente chamado trouxe o noivo à porta, o qual lhes disse que nada
tinha a ver com elas; elas estavam atrasadas demais.
C) CONTEXTO TEOLÓGICO
* Nada nessa parábola indica que se
esperava que as dez moças permanecessem acordadas. As prudentes, assim como as
tolas, caíram no sono enquanto esperavam. Assim, a vigilância não é o
tema ensinado nesta parábola. O que é predominante é a disposição de se estar
preparado.
* A conclusão que Jesus dá à parábola
é: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”. Nessa
parábola, Jesus refere-se a si mesmo, e ensina a respeito de seu próprio
retorno. Ele é o noivo, aquele que vem.
* O ensinamento óbvio é que Jesus
exclui do reino dos céus todo aquele que deixa de fazer a vontade de Deus, o
Pai. No dia da volta de Jesus, ou mesmo após a morte, eles podem chamá-lo pelo
nome e mostrar suas obras religiosas, mas porque não fizeram a vontade do Pai,
não terão parte no reino.
Após a exposição desse contexto,
passo a meditar no seguinte tema:
INDISPOSIÇÃO PARA O
REINO
A condição essencial dos que não
aguardam a salvação
1) Porque não há lugar em seu estilo
de vida, para os pensamentos a respeito do reino de Deus.
* Um detalhe curioso na parábola é
que as virgens néscias, ao pensarem no casamento, pensaram na lâmpada, mas não
pensaram no óleo. Isso aconteceu porque essas virgens não estavam com a idéia
plena da festa em suas mentes; pensaram parcialmente no que seria a festa, mas
não estavam ligadas de coração e alma, nem com forte interesse pelo evento. A
Palavra de Deus chama tais pessoas de néscios ou loucos. São pessoas nas quais
não há lugar em seu estilo de vida, para os pensamentos a respeito do reino de
Deus.
*O texto diz que, à meia noite,
quando as virgens estavam sonolentas e dormentes, ouviu-se um grito: “Eis o
noivo! Saí ao seu encontro”. Será também assim quando Jesus voltar
ao mundo. Ele encontrara a vasta maioria da humanidade totalmente incrédula e
despreparada. Ele encontrará uma grande parte de seu povo em um estado de alma
indolente e sonolento. Os negócios estarão seguindo normalmente na cidade e no
campo, exatamente como agora.
* A política, o comércio, a
agricultura, a compra, a venda e a busca do prazer estarão controlando a atenção
dos homens, exatamente como agora. Os ricos ainda estarão banqueteando-se
suntuosamente, e os pobres murmurando e reclamando. As igrejas ainda estarão
cheias de divisões e disputando acerca de insignificâncias, e as controvérsias
teológicas ainda estarão em voga.
* Pregadores ainda estarão chamando
as pessoas ao arrependimento, e o povo adiando o dia da decisão de ser crente.
No meio de tudo isso, o Senhor, em pessoa, aparecerá repentinamente. Na hora em
que ninguém imaginar, o mundo surpreso será intimado a cessar todas as suas
atividades e comparecer diante de seu legítimo Rei.
2) Porque não prestam atenção à vinda
do Senhor.
* Incrivelmente a parábola coloca as
virgens néscias como pessoas totalmente desligadas daquilo que é essencial. Como
poderia uma pessoa se aprontar para uma festa de casamento e esquecer algo tão
importante como o óleo de sua lâmpada; além do mais, houve muito tempo para que
elas se lembrassem de procurar o óleo antes da chegada do noivo, pois o próprio
ambiente da festa era propício para isso. Essa é a razão por que elas são
néscias: pessoas que não prestam atenção àquilo que é mais essencial na
vida.
* A parábola nos diz que quando veio
o noivo, as virgens insensatas disseram às sábias: “Dai-nos do vosso azeite,
porque as nossas lâmpadas estão apagadas”. Como as sábias não repartiram o óleo,
as néscias saíram para comprar. Quando voltaram, a porta estava fechada, e não
puderam mais entrar.
* Podemos estar certos em nossas
mentes de que um dia haverá no mundo uma completa mudança de opinião quanto à
necessidade de um cristianismo decidido. No presente, a vasta maioria dos que se
professam cristãos em nada se preocupam com a validade do seu cristianismo. Não
têm nenhum senso de pecado. Não têm nenhum amor a Cristo. Nada sabem sobre
nascer de novo. Arrependimento e fé, graça e santidade são
meras palavras e nomes para eles. São assuntos que, para eles, são indiferentes,
ou dos quais não gostam. Mas todo esse estado de coisas um dia chegará ao fim.
Conhecimento, convicção, o valor da alma e a necessidade de um Salvador – tudo
isso eclodirá no último dia nas mentes dos homens como um relâmpago.
* Infelizmente já será tarde demais!
Será muito tarde para estar à procura de óleo quando o Senhor retornar. Os erros
e pecados que não tiverem sido corrigidos até aquele dia serão
irrevogáveis.
CONCLUSÃO:
* Somente os verdadeiros crentes
estarão prontos quando acontecer a vinda de Cristo. Lavados no sangue da
expiação, revestidos da justiça de Cristo, renovados pelo Espírito Santo, os
remidos irão ao encontro de seu Senhor com ousadia, e tomarão lugar na ceia das
bodas do Cordeiro, para Dalí jamais saírem. Os remidos estarão em companhia de
seu Senhor, com aquele que os amou e a si mesmo se entregou por eles, que os
sustentou e guiou durante a peregrinação terrestre, aquele a quem amaram
verdadeiramente e a quem seguiram fielmente sobre a terra, embora em meio a
muitas fraquezas e muitas lágrimas. Sem dúvida, esta também é uma bendita
expectativa. A porta será fechada enfim – fechada sobre toda dor e tristeza,
fechada para todo este mundo malvado e ímpio, fechada para as tentações do
Diabo, fechada para todas as dúvidas e temores – fechada, para nunca mais ser
aberta. Sem dúvida, podemos dizer outra vez, esta é uma bendita
expectativa.
* Deixemos para trás esta parábola,
com a firme determinação de jamais nos contentarmos com algo menos do que a
graça divina habitando em nossos corações. A lâmpada e o nome de cristão, a
profissão cristã e as ordenanças do cristianismo, todos são bons e têm o seu
devido lugar; porém, não são aquilo que de tudo é o mais necessário. Que não
descansemos enquanto não tivermos a certeza de ter o “óleo do Espírito” em nosso
coração, que é a salvação eterna de nossas almas. Amém!
Apocalipse
22:14-17:
“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do
Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na
cidade pelas portas. 15 Fora ficam os cães, os
feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e
pratica a mentira. 16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo para
vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a
brilhante Estrela da manhã. 17 O Espírito e a noiva
dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser
receba de graça a água da vida.”
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