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domingo, 4 de novembro de 2012



a indisposição para o reino





Sermões nas Parábolas

Púlpito Vespertino

por

Rev. Moisés C. Bezerril

Parábola: As Dez Virgens

título

INDISPOSIÇÃO PARA O REINO

A Condição Essencial Dos Que Não Aguardam a Salvação

Mateus 25:1-13

Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. 2 Cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes. 3 As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; 4 no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas. 5 E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram. 6 Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! 7 Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. 8 E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando. 9 Mas as prudentes responderam: Não, para que não nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o. 10 E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta. 11 Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! 12 Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço. 13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.



ELUCIDAÇÃO

A) CONTEXTO LITERÁRIO

* Essa é mais uma parábola encontrada apenas em Mateus, e hábilmente colocada no final de um sermão de Jesus sobre o final dos tempos.

* O tema da parábola é a separação entre os bons e maus, tema este que continua nas parábolas dos talentos e do pastor que separa as ovelhas dos cabritos.



B) CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL



* Diferentemente do mundo ocidental – que espera a noiva – na Palestina antiga era o noivo a figura mais esperada num casamento.

* O costume era de dez adolescentes tomarem lâmpadas e irem para a casa da noiva, prepará-la para encontrar-se com seu noivo. Essas virgens estão ocupadas enfeitando a noiva e cuidando dos últimos preparativos. Essas jovens acompanham a noiva à casa do noivo, onde de costume acontecia a cerimônia de casamento.

* A parábola não focaliza a noiva, e sim as damas de honra, principalmente as néscias. Das dez damas de honra, cinco eram consideradas néscias e cinco prudentes. As néscias tinham levado suas lâmpadas, mas esqueceram de levar óleo. As prudentes levaram suas lâmpadas e óleo. Essas lâmpadas eram tochas feitas de uma longa vara de madeira e pano embebido em azeite, que só seriam acesas quando se ouvisse o alerta de que noivo aproximava-se.

* O cortejo era enfeitado com o brilho dessas tochas flamejantes, que precisavam ser embebidas a cada 15 minutos para manterem a chama acesa. Era obrigatório que cada virgem levasse uma garrafa de azeite. Acontece que as virgens néscias estavam completamente despreparadas para o cortejo do casamento: não levaram o óleo de suas lâmpadas, e mesmo em contato com as virgens prudentes, ainda assim não se tocaram de que precisavam do óleo. Isso indica total displicência com o casamento.

* O noivo estava atrasado para seu encontro com a noiva; a demora pode ter sido por causa dos acertos relativos à questão do dote que o noivo tinha que pagar ao pai da moça.

* Enquanto esperavam o noivo, as dez damas acabaram sonolentas e dormiram. Tanto as prudentes quanto as néscias dormiram. Essa dez virgens são semelhantes em muitos aspectos: 1) Todas tencionavam encontrar o noivo e escoltá-lo ao lugar onde as festividades deveriam acontecer; 2) Todas estão esperando o noivo chegar antes que amanheça, mas nenhuma delas sabe a que horas ele vai chegar; 3) Todas esperam tomar parte na festa nupcial; 4) Quando o noivo tarda, todas adormecem, e quando ele chega, todas despertam.

* Mas as dez virgens têm uma diferença notável: cinco delas estão completamente despreparadas para a festa. Não poderão participar do cortejo sem suas lâmpadas.

* À meia-noite o noivo se aproxima, e alguém dos que o acompanham grita: Eis o noivo! Segundo da época, as damas correm ao encontro do noivo com suas tochas acesas, e vão em direção da casa onde será feita a cerimônia. Mas o que fazer numa festa dessas sem uma tocha acesa na mão? Seria o mesmo que não ter roupa para ir a uma festa.

* Ao virem as prudentes acender suas tochas, as virgens néscias perceberam seu grande problema, e acharam que a solução seria pedir um pouco do óleo delas. Enquanto as lâmpadas das prudentes estavam lindas e embelezadas (ekosmêsan), as lâmpadas das néscias ainda estavam apagadas, (sbennyntai). As virgens prudentes também eram sábias a ponto de calcularem o tempo da festa e a quantidade de óleo que precisariam para manter suas tochas acesas durante todo o evento. Sabiam que se dividissem o óleo, seriam prejudicadas, pois não seria suficiente para participarem da festa em sua plenitude. Assim, negaram repartir; aconselharam-nas a comprar dos que vendiam.

* As cinco moças que tinham passado o tempo esperando e dormindo, agora precisam correr até um vendedor, acordá-lo e comprar o óleo necessário.

* Nesse intervalo o noivo chegou e o cortejo começou. Todos foram à casa do noivo, até o salão das bodas. Somente quem estava no cortejo pôde entrar; depois as portas se fecham, e ninguém mais entra. Era o costume dos ricos naqueles dias.

* Assim a parábola termina com a cena das cinco moças que encontraram a porta fechada, pedindo que lhes abrissem a porta. Seu insistente chamado trouxe o noivo à porta, o qual lhes disse que nada tinha a ver com elas; elas estavam atrasadas demais.



C) CONTEXTO TEOLÓGICO



* Nada nessa parábola indica que se esperava que as dez moças permanecessem acordadas. As prudentes, assim como as tolas, caíram no sono enquanto esperavam. Assim, a vigilância não é o tema ensinado nesta parábola. O que é predominante é a disposição de se estar preparado.

* A conclusão que Jesus dá à parábola é: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”. Nessa parábola, Jesus refere-se a si mesmo, e ensina a respeito de seu próprio retorno. Ele é o noivo, aquele que vem.

* O ensinamento óbvio é que Jesus exclui do reino dos céus todo aquele que deixa de fazer a vontade de Deus, o Pai. No dia da volta de Jesus, ou mesmo após a morte, eles podem chamá-lo pelo nome e mostrar suas obras religiosas, mas porque não fizeram a vontade do Pai, não terão parte no reino.

Após a exposição desse contexto, passo a meditar no seguinte tema:

INDISPOSIÇÃO PARA O REINO

A condição essencial dos que não aguardam a salvação



1) Porque não há lugar em seu estilo de vida, para os pensamentos a respeito do reino de Deus.

* Um detalhe curioso na parábola é que as virgens néscias, ao pensarem no casamento, pensaram na lâmpada, mas não pensaram no óleo. Isso aconteceu porque essas virgens não estavam com a idéia plena da festa em suas mentes; pensaram parcialmente no que seria a festa, mas não estavam ligadas de coração e alma, nem com forte interesse pelo evento. A Palavra de Deus chama tais pessoas de néscios ou loucos. São pessoas nas quais não há lugar em seu estilo de vida, para os pensamentos a respeito do reino de Deus.

*O texto diz que, à meia noite, quando as virgens estavam sonolentas e dormentes, ouviu-se um grito: “Eis o noivo! Saí ao seu encontro”. Será também assim quando Jesus voltar ao mundo. Ele encontrara a vasta maioria da humanidade totalmente incrédula e despreparada. Ele encontrará uma grande parte de seu povo em um estado de alma indolente e sonolento. Os negócios estarão seguindo normalmente na cidade e no campo, exatamente como agora.

* A política, o comércio, a agricultura, a compra, a venda e a busca do prazer estarão controlando a atenção dos homens, exatamente como agora. Os ricos ainda estarão banqueteando-se suntuosamente, e os pobres murmurando e reclamando. As igrejas ainda estarão cheias de divisões e disputando acerca de insignificâncias, e as controvérsias teológicas ainda estarão em voga.

* Pregadores ainda estarão chamando as pessoas ao arrependimento, e o povo adiando o dia da decisão de ser crente. No meio de tudo isso, o Senhor, em pessoa, aparecerá repentinamente. Na hora em que ninguém imaginar, o mundo surpreso será intimado a cessar todas as suas atividades e comparecer diante de seu legítimo Rei.

2) Porque não prestam atenção à vinda do Senhor.

* Incrivelmente a parábola coloca as virgens néscias como pessoas totalmente desligadas daquilo que é essencial. Como poderia uma pessoa se aprontar para uma festa de casamento e esquecer algo tão importante como o óleo de sua lâmpada; além do mais, houve muito tempo para que elas se lembrassem de procurar o óleo antes da chegada do noivo, pois o próprio ambiente da festa era propício para isso. Essa é a razão por que elas são néscias: pessoas que não prestam atenção àquilo que é mais essencial na vida.

* A parábola nos diz que quando veio o noivo, as virgens insensatas disseram às sábias: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão apagadas”. Como as sábias não repartiram o óleo, as néscias saíram para comprar. Quando voltaram, a porta estava fechada, e não puderam mais entrar.

* Podemos estar certos em nossas mentes de que um dia haverá no mundo uma completa mudança de opinião quanto à necessidade de um cristianismo decidido. No presente, a vasta maioria dos que se professam cristãos em nada se preocupam com a validade do seu cristianismo. Não têm nenhum senso de pecado. Não têm nenhum amor a Cristo. Nada sabem sobre nascer de novo. Arrependimento e fé, graça e santidade são meras palavras e nomes para eles. São assuntos que, para eles, são indiferentes, ou dos quais não gostam. Mas todo esse estado de coisas um dia chegará ao fim. Conhecimento, convicção, o valor da alma e a necessidade de um Salvador – tudo isso eclodirá no último dia nas mentes dos homens como um relâmpago.

* Infelizmente já será tarde demais! Será muito tarde para estar à procura de óleo quando o Senhor retornar. Os erros e pecados que não tiverem sido corrigidos até aquele dia serão irrevogáveis.



CONCLUSÃO:



* Somente os verdadeiros crentes estarão prontos quando acontecer a vinda de Cristo. Lavados no sangue da expiação, revestidos da justiça de Cristo, renovados pelo Espírito Santo, os remidos irão ao encontro de seu Senhor com ousadia, e tomarão lugar na ceia das bodas do Cordeiro, para Dalí jamais saírem. Os remidos estarão em companhia de seu Senhor, com aquele que os amou e a si mesmo se entregou por eles, que os sustentou e guiou durante a peregrinação terrestre, aquele a quem amaram verdadeiramente e a quem seguiram fielmente sobre a terra, embora em meio a muitas fraquezas e muitas lágrimas. Sem dúvida, esta também é uma bendita expectativa. A porta será fechada enfim – fechada sobre toda dor e tristeza, fechada para todo este mundo malvado e ímpio, fechada para as tentações do Diabo, fechada para todas as dúvidas e temores – fechada, para nunca mais ser aberta. Sem dúvida, podemos dizer outra vez, esta é uma bendita expectativa.

* Deixemos para trás esta parábola, com a firme determinação de jamais nos contentarmos com algo menos do que a graça divina habitando em nossos corações. A lâmpada e o nome de cristão, a profissão cristã e as ordenanças do cristianismo, todos são bons e têm o seu devido lugar; porém, não são aquilo que de tudo é o mais necessário. Que não descansemos enquanto não tivermos a certeza de ter o “óleo do Espírito” em nosso coração, que é a salvação eterna de nossas almas. Amém!



Apocalipse 22:14-17: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. 15 Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira. 16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã. 17 O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.”


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