Vida na Arábia
Bem vindos ao
Reino da Arábia Saudita!
O
islamismo é a religião do estado. A maioria
de sauditas pertencem à seita sunnita, porém, a seita chiita tem mais seguidores
na província oriental. O "haj", a peregrinação islâmica anual a Meca, atrai a
mais de um milhão de muçulmanos e só há que dizer que antes da descoberta do
petróleo, esta era a maior fonte de recursos.
O árabe é a
língua nacional e o ensino é gratuito mas não
obrigatório.
A vida na
Arábia Saudita segue os costumes islâmicos mais restritos. O álcool e o porco são ilegais. Também os teatros e os cinemas. As mulheres não têm permição para dirigir automóveis, e
se viajarem em transporte público devem ir acompanhadas do seu marido ou algum
homem da família. Embora isto não aconteça se viajarem em avião. Nas horas das
rezas fecham as lojas e os programas de TV são interrompidos. Nos grandes hotéis
isto não acontece. A população é
maioritariamente árabe maometana, praticante do culto sunnita. Não sabe-se com
exatidão quanta gente vive no país, embora o governo estima em 15 milhões a
população atual. Estimações privadas falam de 12 milhões, e há quem estabeleça
por volta de 7 milhões. Dentro do país há diferentes tipos
físicos, a população é menos homogênea do que pensa-se, e as marcas, e a cor da
pele mudam consideravelmente, segundo a região.
SITUAÇÃO MUNDIAL
O mundo está
vivendo momentos difíceis entre o Oriente muçulmano e Ocidente cristão. Enquanto
do lado islâmico se fala em guerra santa contra o grande
Satã (o
Ocidente e os Estados Unidos em particular) dando a impressão que esta seria uma
guerra de religião, o Ocidente quer distinguir a guerra contra o
terrorismo – embora de matriz islâmica – da religião muçulmana.
Fica difícil, porém, para o povo aceitar esses atos de terror e a guerra como
atos comandados por Deus, quando sabemos que Ele é o mesmo e único Deus para
cristãos e muçulmanos. O fanatismo religioso é um absurdo
em religiões que pregam a paz e harmonia com Deus e, por conseguinte, com os
homens, mas, na vida diária, a prática da religião mistura-se com a cultura de
cada povo e essa cultura é formada de múltiplos fatores como nacionalismo,
história, situações sociais, etc.
Quero mostrar
aqui, baseado num estudo de Kalil Samil, jesuíta árabe, como funciona
a mesquita e o que representa para os muçulmanos essa construção,
às vezes muito rica, às vezes simples, mas de importância fundamental para as
comunidades islâmicas. Geralmente, estamos acostumados a
ver na mesquita uma igreja muçulmana como uma igreja católica, edifício dedicado
somente ao culto de Alá. Mas a mesquita é uma construção mais complexa no
conjunto do islã.
Na tradição
árabe, existem dois termos para indicar a mesquita: masgid que em espanhol foi
traduzido mezquita e entrou em todas as línguas européias e giami que é a
denominação mais difundida no mundo árabe. O primeiro nome deriva da raiz sgd
cujo significado é “ prostrar-se” e o segundo da raiz “gm” que significa “
reunir-se”. A mesquita (giâmi) é o lugar onde a comunidade muçulmana se reúne para
tratar de todas as questões que lhe interessa, questões religiosas, sociais,
políticas e locais e também para rezar; portanto, a mesquita tradicional é
composta de dois espaços; aquele para rezar, masgid, e outro para tratar dos
problemas da comunidade.
A sexta-feira é o dia em que a comunidade
islâmica se reúne, na mesquita, ao meio-dia, para a oração pública e, em
seguida, realiza-se o khutbah, isto é, o discurso que não é um simples sermão
religioso. Nesse discurso, aprofundam-se as questões sociais, políticas, morais
e tudo o que interessa à comu-nidade islâmica. A sexta-feira, portanto, mais que
um dia de descanso, como é o sábado dos judeus ou o domingo dos cristãos, é o
dia da comunidade islâmica que se reúne como comunidade. Dependendo do país onde
os islâmicos se encontram, a sexta-feira pode ser até um dia de trabalho, mas
todos fecham seus negócios pelo menos na hora do khutbah.
Na história
muçulmana, quase todas as revoluções, os levantes populares começaram após esses
discursos na mesquita.
A Jihâd que,
normalmente é traduzida como “guerra santa contra os infiéis”, num sentido mais
literal, significa “guerra no caminho de Alá”, e obriga todo islâmico a defender
sua comunidade e o que ficou decidido e proclamado no
khutbah.
Por causa
desses possíveis envolvimentos políticos, nos países onde o governo não é
muçulmano ou, embora muçulmano, não é fundamentalista, agentes especiais são
enviados para observar e vigiar, nessa hora, as mais importantes mesquitas do
país. Em outros lugares, onde a ligação do governo com islã é mais estrita, o
testo do khutbah deve ser apresentado às autoridades civis, antes de ser lido e
ter a sua aprovação. Nas mesquitas financiadas pela Arábia Saudita (que são
maioria nos países europeus), os imãs ou chefes das mesmas são impostos pela
monarquia saudita, razão pela qual ela tem total controle sobre essas
mesquitas.
Uma vez
inaugurada, a mesquita torna-se um espaço sagrado que supera o fato de ser
simplesmente um lugar religioso porque, sendo sagrado, deve ser respeitado e
venerado e, portanto, somente a comunidade decide quem pode ser admitido dentro
desse espaço e quem não pode, porque sua presença o profanaria. Espalhados nas
cidades grandes e pequenas onde há muçulmanos, existem outros lugares pequenos
para oração, que podem conter umas cinqüenta pessoas. Eles podem ser quartos ou
salões no térreo de um edifício, lugares mais discretos que servem especialmente
para a oração do meio-dia, em lugar das estradas e
calçadas.
MULHERES
No reino
comandado pelo príncipe Abdullah, o maior produtor de petróleo do
mundo, virou manchete de jornal. Motivo: as mulheres são proibidas
por lei de dirigir. O episódio voltou a chamar a atenção para a difícil
situação das mulheres na Arábia Saudita, uma monarquia regida pelo código
medieval de uma seita puritana do Islã. Além de proibidas de dirigir, as
sauditas devem andar com o corpo totalmente coberto e não podem
sair de casa sem a companhia de um parente do sexo
masculino. Homens e mulheres são impedidos de trabalhar juntos,
exceto nos hospitais. A polícia religiosa está atenta ao mínimo deslize em
público – o que pelo menos numa ocasião teve resultados
trágicos.
Há dois anos,
durante um incêndio numa escola feminina, os policiais impediram que as alunas
deixassem o prédio em chamas por estarem sem o véu. Quinze adolescentes morreram
carbonizadas. Como devem obediência
absoluta ao marido, as mulheres se calam quando são espancadas por
eles. Em raras vezes as agressões são
denunciadas. Numa delas, há poucas semanas, Rania Al-Baz, de 29
anos, apresentadora de um noticiário de TV e figura popular no país, veio a
público revelar que fora surrada pelo cônjuge, um cantor desempregado. Depois da
sova, ele deixou Rania na porta de um hospital dizendo que ela havia sofrido um
acidente de automóvel e estava morta. O caso comoveu setores da sociedade
saudita e chamou a atenção da imprensa internacional quando Rania autorizou a
publicação de fotos com seu rosto desfigurado. O mais surpreendente foi que a
imprensa saudita publicou as imagens. "Fiz a denúncia porque queria que as
mulheres soubessem que elas têm direitos sob a sharia (lei islâmica), que as
protege da violência doméstica", disse Rania. Duas semanas depois, o marido
agressor foi preso.
Embora tímida, a divulgação
de casos como esses pelos jornais sauditas mostra que há uma pressão no país
para que sejam concedidos mais direitos às mulheres. E até que elas possam
dirigir num futuro próximo. Originalmente a proibição era apenas uma tradição
tribal. Virou lei depois que 47 mulheres da elite saudita sentaram-se ao
volante, em aberto desafio às autoridades religiosas, e levaram o marido para
passear, em 1990. Agora, vários jornais argumentaram que é melhor permitir que
elas dirijam, pois é caro manter motoristas só para levá-las. Mas o
influente al-Watan seguiu outra linha de raciocínio: na opinião do jornal,
as mulheres causam acidentes até no banco de trás, pois perturbam o motorista
com palpites.
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