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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quem disse que para ser pastor só basta ser influente, pregar bem e ser bom de Bíblia?





Se algum homem deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que tem sobre si a responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e importante (I Tm 3.1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela Palavra de Deus (I Tm 3.1-10; 4.12) e pela igreja (I Tm 3.10), porque Deus estabeleceu para a igreja certos requisitos específicos. Quem se disser chamado por Deus para o trabalho pastoral deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões bíblicos (I Tm 3.1-13; 4.12; Tt 1.5-9).

Isso significa que a igreja não deve aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada. A igreja da atualidade não tem o direito de reduzir esses preceitos que Deus estabeleceu mediante o Espírito Santo. Eles estão plenamente em vigor e devem ser observados por amor ao nome de Deus, ao seu reino e da honra e credibilidade da elevada posição de ministro.

Os padrões bíblicos do pastor são, principalmente, morais e espirituais. O caráter íntegro de quem aspira ser pastor de uma igreja é mais importante do que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade administrativa ou graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministeriais concentra-se no comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas decisões acertadas e na santidade de vida.

Os que aspiram ao pastorado sejam primeiro provados quanto à sua trajetória espiritual (I Tm 3.10). Partindo daí, o Espírito Santo estabelece o elevado padrão para o candidato, isto é, que ele precisa ser um crente que se tenha mantido firme e fiel a Jesus Cristo e aos seus princípios de retidão, e que por isso pode servir como exemplo de fidelidade, veracidade, honestidade e pureza. Em outras palavras, seu caráter deve demonstrar o ensino de Cristo em Mateus 25.21, de que ser “fiel sobre o pouco” conduz à posição de governar “sobre o muito”.

O líder cristão deve ser, antes de qualquer coisa, “exemplo dos fiéis” (I Tm 4.12; 1Pe 5.3). Sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser mencionadas perante a congregação como dignas de imitação. Os dirigentes devem manifestar o mais digno exemplo de perseverança na piedade, fidelidade, pureza em face à tentação, lealdade e amor a Cristo e ao evangelho (I Tm 4.12,15).

O povo de Deus deve aprender a ética cristã e a verdadeira piedade, não somente pela Palavra de Deus, mas também pelo exemplo dos pastores que vivem conforme os padrões bíblicos. O pastor deve ser alguém cuja fidelidade a Cristo pode ser tomada como padrão ou exemplo (1 Co 11.1; Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2Ts 3.7,9; 2Tm 1.13).

O Espírito Santo acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na família (I Tm 3.2,4,5; Tt 1.6). O obreiro deve ser um exemplo para a família de Deus, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Se aqui ele falhar, como “terá cuidado da igreja de Deus?”

Ele deve ser “marido de uma [só] mulher”. Esta expressão denota que o candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa. A tradução literal do grego em I Tm 3.2 (mias gunaikos, um genitivo atributivo) é “homem de uma única mulher”, ou seja, um marido sempre fiel à sua esposa.

Consequentemente, quem na igreja comete graves pecados morais, desqualifica-se para o exercício pastoral e para qualquer posição de liderança na igreja local (cf. 3.8-12). Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela graça de Deus, mas perderam a condição de servir como exemplo de perseverança inabalável na fé, no amor e na pureza (4.11-16; Tt 1.9). Já no AT, Deus expressamente requereu que os dirigentes do seu povo fossem homens de elevados padrões morais e espirituais. Se falhassem, seriam substituídos (Gn 49.4; Lv 10.2, 21.7,17; Nm 20.12; 1 Sm 2.23; Jr 23.14, 29.23).

A Palavra de Deus declara a respeito do crente que venha a adulterar que “o seu opróbrio nunca se apagará” (Pv 6.32,33), isto é, sua vergonha não desaparecerá. Isso não significa que nem Deus nem a igreja perdoarão tal pessoa. Deus realmente perdoa qualquer pecado, se houver tristeza segundo Deus e arrependimento por parte da pessoa que cometeu tal pecado. O que o Espírito Santo está declarando, porém, é que há certos pecados que são tão graves que a vergonha e a ignomínia (isto é, o opróbrio) daquele pecado permanecerão com o indivíduo mesmo depois do perdão (2 Sm 12.9-14).

Mas o que dizer do rei Davi? Sua continuação como rei de Israel, apesar do seu pecado de adultério e de homicídio (2 Sm 11.1-21; 12.9-15), é vista por alguns como uma justificativa bíblica para a pessoa continuar à frente da igreja de Deus, mesmo tendo violado os padrões já mencionados. Essa comparação, no entanto, é falha por vários motivos. O cargo de rei de Israel do AT, e o cargo de ministro espiritual da igreja de Jesus Cristo, segundo o NT, são duas coisas inteiramente diferentes. Deus não somente permitiu a Davi, mas, também a muitos outros reis que foram extremamente ímpios e perversos, permanecerem como reis da nação de Israel. A liderança espiritual da igreja do NT, sendo esta comprada com o sangue de Jesus Cristo, requer padrões espirituais muito mais altos.

Segundo a revelação divina no NT e os padrões do ministério ali exigidos, Davi não teria as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja do NT. Ele teve diversas esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou grandemente no governo do seu próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito sangue (1 Cr 22.8; 28.3). Observe-se também que por ter Davi, devido ao seu pecado, dado lugar a que os inimigos de Deus blasfemassem, ele sofreu castigo divino pelo resto da sua vida (2 Sm 12.9-14).

As igrejas atuais não devem, pois, desprezar as qualificações justas exigidas por Deus para seus pastores e demais obreiros, conforme está escrito na revelação divina. É dever de toda igreja orar por seus pastores, assisti-los e sustentá-los na sua missão de servirem como “exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (I Tm 4.12).

A-BD

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