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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

           TUDO SOBRE O ESTUDO DA TORÁ, NO JUDAÍSMO
A Torá
O significado do estudo da Torá no judaísmo

            A mitzvá de estudar a Torá (entendendo-se por este termo não apenas o Pentateuco, mas também toda a literatura relacionada com a lei oral e escrita e seus comentários) é uma das idéias básicas, originais e intrínsecas do judaísmo, tal como está escrito na Mishná: “O estudo da Torá está acima de tudo” (Peá 1-1).Duas metas tem este estudo:1.conduzir à prática, já que sem conhecimento é impossível ser observante. Hilel disse: “O inculto não pode temer o erro nem o ignorante ser piedoso” (Avot 2-5);2. o estudo da Torá é em si mesmo um dever religioso de suma importância. Uma discussão registrada na Mishná reflete este duplo propósito. Os sábios, trocando opiniões sobre o que é mais importante no judaísmo, o estudo ou a prática, aceitam finalmente a opinião de Rabi Akiva: “O estudo é mais importante porque conduz à prática” (Kidushin 40b).  No judaísmo, o estudo não é uma prerrogativa do sábio ou do estudioso: é uma mitzvá que tem que ser cumprida por todos. Não há maior inimigo do judaísmo que a ignorância, nem idéia mais alheia que deixar o estudo nas mãos de um pequeno grupo de estudiosos “profissionais” .
A leitura da Torá
            Logo após o retorno a Israel do exílio da Babilônia, o escriba Esdras e o governador Nehemias reorganizaram o povo, restabeleceram a obediência à Torá e, para que todos pudessem compreender o Livro de Moisés, prescreveram que ela fosse lida em público, e as passagens fossem traduzidas e comentadas em aramaico, a língua dominante naquela época. Estas leituras teriam lugar aos sábados (por ser shabat) e às segundas e quintas, dias de feira, isto é, em que o povo se reunia. Este hábito é ainda praticado em nossos dias. A única diferença é que as diferentes seções (parashiot) são simplesmente lidas sem tradução para o aramaico.
            De mais, construíram-se edifícios públicos em todas as cidades fora de Jerusalém (onde ficava o Templo) para que o povo pudesse se reunir para orar e escutar a leitura da Torá. Foi assim que surgiu o Beit haKnesset (casa de reunião) ou sinagoga (palavra grega). Não há disposições especiais para a construção de uma sinagoga. Qualquer local pode ser destinado à oração pública que deve ser feita em presença de 10 judeus. Deve-se evitar somente toda imagem ou escultura. A simplicidade austera das sinagogas é para predispor a alma à meditação. Um estrado ligeiramente elevado, no centro da sinagoga, serve para a leitura da Torá. Na parede oriental, isto é, na direção de Jerusalém, para onde os fiéis dirigem seus olhares, encontra-se o Aron haKodesh (arca sagrada), que contém Rolos da Torá. Estabeleceu-se o uso de, nas leituras públicas, ler a Torá em um rolo de pergaminho escrito à mão, tal como no tempo de Esdras e não de um livro qualquer. Esses rolos, são objetos de especial atenção: são recobertos de tecido precioso e de ornamentos de prata. Ao serem retirados da Arca e reconduzidos a ela, são acompanhados por cantos.
            A Torá é dividida em 54 parashiot, que se lê no decurso de um ano, cada sábado de manhã. O ciclo da leitura começa e termina no dia de Sim’hat Torá. Hoje, nem todos podem ler o texto hebraico sem erros. Por isso um mestre leitor (Báal Korê), assistido, em caso de necessidade, por um “ponto” (Makrê), procede a leitura, com uma melopéia própria. Aos sábados, 7 judeus, maiores de 13 anos, são chamados à leitura da Torá. O 1º lugar é reservado a um Cohen, sacerdote;o 2º a ser chamado é um levita; os outros são judeus comuns. Em Iom Kipur, são 6 os judeus chamados à Torá; nas grandes festas, 5; no começo do mês e nas semi-festas,4; nas segundas e quintas, dias de jejum e sábados à tarde,3:Cohen, Levi e “Israel”.

A Grande Assembléia

            A mais alta autoridade na sinagoga não é nem o Cohen nem o cantor, mas sim o rabino, o mestre. Como já foi dito, o estudo da Torá é considerado mais importante que a oração.
            Esdras era escriba. Naquela época, não existiam livros impressos e eram escritos à mão sobre rolos de pergaminho. Enquanto Nehemias supervisionava a construção  de um muro em redor de Jerusalém, Esdras reuniu uma Assembléia de anciões e de outros escribas afim de difundir a Lei entre o povo. Esta Grande Assembléia (Knesset haGdolá) é que regulava a vida religiosa dos judeus. Os persas, por estarem ocupados com a guerra aos gregos, governavam liberalmente o país e não se ocupavam com a vida em Israel.

A Bíblia:  A Torá

            A primeira preocupação de Esdras foi reunir os Livros Sagrados escritos até então, para copiá-los e difundi-los. Estes livros formaram a coletânea que se chamou mais tarde Mikrá, quer dizer, texto lido. Mais tarde, quando Israel caiu sob o domínio dos gregos e o grego tornou-se língua oficial de todos os países do Oriente, foram também  traduzidos para o grego e difundidos sob o nome de Bíblia, que significa “livros”. 
                A Bíblia é dividida em 3 partes, que se chamam Torá (Pentateuco), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Escritos). Em hebraico, se chama Tanakh (lê-se kh=rr), segundo as iniciais hebraicas dos nomes das 3 partes. A Torá, chama-se também Humash (Pentateuco, em grego), que significa 5 tomos e é a base da vida judaica. Ela contém não somente a exposição das leis do povo de Israel, como também remonta à criação do mundo e à história da formação do povo de Israel.Os 5 volumes tomam seus nomes hebraicos de suas primeiras palavras:
1. Bereshit (Gênesis) - conta a criação e a história do mundo até Abraão e a vida dos patriarcas (Abrão, Isaac e Jacó) até a chegada ao Egito.
2. Shemot (Êxodo) - relata a escravidão no Egito, a grande libertação e os mandamentos dados sobre o Monte Sinai.
3. Vaykrá (Levítico) - fala das regras concernentes aos levitas, aos sacerdotes, ao culto, ao Templo, às festas e aos deveres do homem para com Deus e para com o próximo.
4. Bamidbar (Números) - descreve a travessia do deserto até a chegada ao Jordão.
5. Devarim (Deuteronômio) - contém uma recapitulação e as últimas recomendações de Moisés.

A Bíblia: Os Neviim

            Os sofrim, continuando a obra de Esdras, puseram em ordem os demais livros sagrados, formando uma coletânea chamada Neviim (Profetas).Os primeiros livros narram a história do povo judeu desde a entrada em Canaã até o exílio.São eles: Iehoshua (Josué), Shoftim (Juízes),os 2 livros de Shmuel (Samuel) e os 2 livros de Mela’him (Reis). Estes são seguidos dos livros que contêm os discursos e profecias dos 3 maiores profetas:Isaías, Jeremias e Ezequiel (Ishaiahu, Irmiahu e Ie’hezkel) e de 12 profetas menores, Trei Assar(12): Hoshea, Yoel, Amos, Ovadiá, Yoná, Mi’há, Na’hum, Habacuc, Tsefoniá, ‘Hagái, Ze’haria e Mala’hi (Oséas, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéas, Nahum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias).
            Os livros dos profetas são obras poéticas de grande beleza. Breves capítulos, chamados Haftará,  são lidos após a Torá, nos sábados, dias de festa e de jejum. Suas palavras contêm ainda em nossos dias consolação e fazem antever um mundo futuro mais santo e mais justo, onde os homens “transformarão suas espadas em arados e suas lanças em podadeiras; e não levantará nação contra nação espada, nem aprenderão mais a guerra” (Isaías, 2-4).
A Bíblia: Os Ketuvim
            A terceira parte da Bíblia tem o nome de Ketuvim (Escritos) ou Hagiógrafos, em grego. Neles estão reunidos os Salmos (Tehilim), atribuídos, em, grande parte, ao rei Davi, os Provérbios  (Mishlei) de Salomão, o Livro de Jó (Yov), as cinco Meguilot, o Livro de Daniel, os Livros de Esdras e Nehemias (Ezrá e Nehemiá) e as Crônicas (Divrei haYamim).
            As cinco Meguilot (Rolos), que são lidas em Pessah, Shavuot, Tishá beAv, Sucot e Purim, são, respectivamente: Cântico dos Cânticos (Shir haShirim), idílio campestre atribuído a Salomão e que é uma alegoria sobre o amor entre Deus e Israel; Livro de Rute, que conta a estória de uma camponesa do tempo dos juízes, bisavó do rei Davi; Lamentações de Jeremias (Ei’há), sobre a destruição do Templo; Eclesiastes (Kohelet), considerações do rei Salomão sobre a vaidade da vida; Livro de Ester.
        
Colaboração de Jane Bichmacher de Glasman,
escritora, autora do livro
À Luz da Menorá 
janeb@hotmail.com
Jane Bishmacher de Glasman

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