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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Judeus trouxeram costumes que foram incorporados em Pernambuco

Varrer a casa da porta para dentro, contar as estrelas, gavetas na mesa de jantar: entenda de onde vieram esses hábitos

Por Marjones Pinheiro
Quantas vezes, quando crianças, a gente ouviu os pais ou os avós falarem: se contar estrelas, cria verruga? Outra pergunta intrigante: por que varrer a casa da porta da frente para trás? As respostas para essas perguntas estão na chegada dos cristãos-novos ao Brasil, pois preservar as tradições foi uma questão de sobrevivência para o povo judeu.

Mesmo espalhados em vários países, eles conseguiram manter uma identidade judaica. No Brasil, não foi diferente, embora, muitas vezes, os costumes precisassem ser disfarçados, fazendo surgir o criptojudaísmo. "Criptojudaísmo é o resultado da conversão forçada dos judeus ao catolicismo e refere-se aqueles que secretamente preservavam as práticas judaicas", explica a historiadora Tânia Kaufman.

Por causa disso, as crianças judias não podiam apontar para o céu. “A mãe da gente sempre dizia: menina, não conta as estrelas, porque cada estrela que você contar é uma verruga que vai sair em você”, relembra a professora Alaíde de Barros.

A historiadora endossa: "As mães proibiam os filhos de apontar as estrelas porque tinham medo que fosse visto por alguém e denunciasse como prática do judaísmo, uma vez que o surgimento da primeira estrela é a marca do início de um novo dia dentro do calendário judaico".

Você já parou para pensar por que a sexta-feira é o dia da faxina? "Sexta-feira dia de faxina é um costume provavelmente de origem judaica porque ele remonta à preservação, à guarda do Shabat. A purificação é feita para receber o Shabat não só espiritualmente, mas também preparando a atmosfera do lar para essa chegada”, continua a historiadora.

O jeito como as pessoas varrem a casa também tem ligação com os judeus. “Eu varro começando da frente para trás. Porque dizem que, se for ao contrário, a gente está botando as pessoas para fora de casa”, diz a estudante Maria Giane de Barros, moradora de Salgueiro, no Sertão pernambucano.

“Esse é um costume que é um respeito a mezuzá, que é uma caixinha onde tem um dos mandamentos do judaísmo e ela é colocada no umbral direito da porta de entrada. É considerado desrespeito varrer a casa levando o lixo passando por ela. Mas também tem uma outra origem: o morto ele sai pela porta da frente e é em respeito a essa passagem que o lixo não passa pela porta da frente”, explica Tânia Kaufman.

Essas são histórias que o cantor Santana conhece bem. “Dizem que foi quando os cristãos-novos chegaram, que se percebiam como judeus, convertidos ou não, eles queriam passar suas verdades para os descendentes. Eles ensinavam a fazer, mas não diziam o porquê. Muita gente diz: não tem registro! Nem podia, ter porque se tivesse registro com certeza eles iam presos e seus bens confiscados”.

Nossa equipe pegou a estrada e encontrou mais exemplos. Um dos mais curiosos é a mesa de jantar com gavetas. “A comida que estava na gaveta era a comida que eles não podiam comer, que era a carne de porco, a linguiça e outros alimentos proibidos. A comida que eles iam se alimentar naquela refeição estava lá na mesa se chegava uma pessoa eles substituiam. eles colocavam o que estavam comendo dentro da gaveta e  tiravam da gaveta a que não causasse suspeita.

Para onde os judeus imigraram, não acontece tanto, mas, em Israel, o país para no Shabat, o dia do descanso, que começa ao anoitecer da sexta-feira e termina na noite de sábado. Em Israel, neste dia quase nada funciona e ruas e avenidas ficam desertas. Os hotéis deixam claro para os hóspedes que não há serviço de quarto.

Em Safed, uma das cidades israelense onde os costumes judaicos são seguidos à risca, uma placa indica que, aos sábados e dias de festa, a entrada no local é proibida. Apesar da barreira, a equipe da Globo Nordeste entrou e circulou por safed. Postos de combustíveis, escolas e indústrias estavam fechados. Nas ruas, apenas poucos judeus ortodoxos, sempre a pé, porque carros e ônibus também não podem ser usados
     

4 comentários:

  1. super me identifiquei com esse texto rsrs minha vó tem 93 anos, na casa dela tem uma mesa antiga com gavetas, não podia nem pode ate hoje contar estrelas, não come carne d porco, não varre a casa d trás p frente, a cama não pode ta com os pés em direção a rua, ela sempre (desde q me recordo) um pano na cabeça, não vai a igreja (nenhuma pelo menos EU nunca vi), todos os filhos tem nomes bíblicos, uma delas d nome Judit entre outras coisinhas mais. Vou pesquisar mais sobre essas coisas rsrs interessante, sempre achei q era coisa d interior

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  2. Os costumes preservados que saiba:jura pela alma dos mortos,Dar nome dos avôs aos filhos ou a netos quando vivos,guardarem os sábados, casamento endogâmico entre primos,abençoar os filhos e netos com as mãos na cabeça,enfim eram cheios de manias segundo meu tio e a minha mãe.

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    1. Esses e outros costumes tb, nesse dia q comentei sobre esse post eu achava q os costumes d minha família era coisa d interior, hje descobri q sou d origem crista nova por ambos os lados "paterno e materno" sendo q a família d minha mãe preservou muitos costumes, já a d meu pai eu consegui documentos antigos datados dos anos 1800, alguns deles são uma missão quase impossível d ler pq estão muito muito velhos, no momento estou estudando pedir acesso ao arquivo d Torre de Tombo.

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  3. Morávamos em uma fazenda havia uma mata o sol se escondia ,minha falava é hora de oração.O banho e as mortalhas roupas próprias p/ quem morria,casamentos c/ primos.

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