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domingo, 26 de dezembro de 2010

O MOVIMENTO PENTECOSTAL

Os Primórdios do Evangelho no Brasil 
             Bem-aventurado quem evangelizar este país!¨ – exclamou Henry Martin quando, de passagem para a Ásia, fez escala em Salvador, Bahia. Talvez, as orações deste consagrado missionário que, depois de ter passado pelo Brasil, deu sua vida pela evangelização da pérsia, tenham contribuído para o êxito das missões no Brasil.
             Quando pensamos nos primórdios do Evangelho no Brasil, geralmente consideramos determinada denominação sem uma visão ampla de todos os movimentos evangélicos que ocorreram neste país desde os idos de 1500. Nosso objetivo é proporcionar essa visão geral, enforcando o início das denominações evangélicas existentes no Brasil e dando alguns dados sobre a situação atual das mesmas.
Os Franceses
             Em virtude das intensas lutas entre protestantes e católicos romanos na França, o calvinista Nicolau Durand de Villegaignon teve a idéia de fundar no Brasil uma colônia francesa, com o nome de ¨França Antártica¨. O almirante Coligny, também calvinista, aprovou a idéia e conseguiu o apoio do rei Henrique ll que, por sua vez, forneceu dois navios. Assim se originou o desembarque, na Baia da Guanabara, dos nossos irmãos franceses, os pioneiros da boa semente nas terras de Vera Cruz. No ano de 1555, uma esquadra francesa penetrou na baia do Rio de Janeiro e desembarcou na ilha de Sergipe (atual Villegaignon), onde foi construído o forte Coligny. Vieram para cá, cerca de cem huguenotes como artífices  e colonos, entre eles os dois sacerdotes Peter Richer, do Palatinado, e Guillaume Chartier, da França, e ainda o estudante de teologia Jean de Lery, 1534-1611 Borgonha, o cronista da empresa, e cujo livro datado de 1578, é uma ¨mina de ouro¨ para os cientistas. Lery pregou a fé evangélica entre os índios Tamoios e traduziu para a língua indígena o 103º salmo. O primeiro sermão evangélico em solo brasileiro foi pronunciado a dez de março de 1557 por Peter Richer, que discorreu sobre o salmo 27.4.
             Pode-se dizer que o Brasil nasceu também com o protestantismo. Se não vingou, deste logo, a explicação esta nos motivos políticos que o fizeram fracassar. Em doze horas, aqueles pioneiros evangélicos, sob a coação de Villegaignon, por iniciativa huguenotes Jean du Bourdel redigiram a primeira confissão evangélica na América, marcada por ¨definições concisas¨,  segundo Erasmo Braga.
             Quem analisa as intenções de Villegaignon e seus companheiros chega à conclusão de que não se tratava estritamente de uma missão, mas da fundação de um abrigo para huguenotes perseguidos.
             Simão de Vasconcelos, em ¨crônica da Companhia de Jesus no Estado di Brasil¨, páginas 136, 137, narra o seguinte:
             Os quatros huguenotes franceses que chegaram a São Vicente, fugidos da fortaleza de Villegaignon, começaram logo a vomitar a peçonha que traziam no peito escondida, da doutrina do pérfido Calvino, porque um deles especialmente, por nome João Bolés, homem doutor na língua latina, grega, e hebraica, versado na sagrada Escritura, adulterava ao modo de sua falsa seita, falava sinistramente das imagens santas, indulgências, bulas, pontífice e Igreja Romana diante de homens simples, no principio em secreto, depois em público, e tudo isto misturados com tais graças e ditos que alegravam aos que o ouviam e pareciam bem aos ignorantes, porque falava dextro hispanhol e folgavam de ouvir sua lábia¨.
             O trabalho missionário pioneiro foi feito à base das conversações, Balleur (João Bouller, Jean Jacques le balleur ou Jean de bolés), escapando para São Vicente para salvar a vida, não temeu divulgar ali o Evangelho com aquela tônica característica da Reforma, negando a autoridade do Papa, esclarecendo o uso dos sacramentos, contestando o valor das indulgências e o da veneração das imagens. Era o testemunho corajoso de um calvinista francês, já agora no meio dos portugueses católicos. A sua coragem valeu-lhe a vida, porque foi enforcado a 20 de janeiro de 1567, no dia de São Sebastião. Os outros sacerdotes Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil e Pierre Bourdon foram sacrificados em 9 de fevereiro de 1558 por Villegaignon, sendo seus corpos lançados ao mar.
Os holandeses
             Os holandeses iniciaram alguns movimentos de evangelização, durante sua permanência no Brasil. No Estado de Pernambuco, o primeiro culto realizou-se no porto de Recife, a 14 de fevereiro de 1630, a borda de um navio da Missão Holandesa, sendo dirigido pelo Ver. João Baers, que baseou sua pregação em Ex 17.8-14. Na Bahia, o primeiro culto foi celebrado em maio de 1624, por ocasião da primitiva invasão neerlandesa. João Mauricio de Nassau, de modo especial, dedicou-se ao serviço da Igreja Reformada, que floresceu no Norte do Brasil, entre 1636 e 1644, assim  como o movimento jesuíta se propagou no Sul do pais. Havia igreja em diversas cidades; pregava-se a fé entre os indígenas, portugueses e negros; imprimiu-se na Holanda um catecismo redigido em holandês, português e tupi-guarani; formavam-se professores indígenas nacionais, divulgou-se a Bíblia e cuidou-se da pregação em português.
             De 1557 até hoje, nunca deixou de ser aberta a Bíblia no Brasil, mesmo no século XVIII, quando o Brasil esteve sob a fogueira da Inquisição.
Primeiras Denominações
           Durante quase três séculos o trabalho evangélico no Brasil permaneceu obscuro: pouco se sabe a respeito. No entanto, temos informações de que se estabilizou por volta do ano de 1810.
             Igreja Anglicana Durante nove anos realizou-se cultos ordinários na casa do Ministro Lord Strangford. Em 1819, estes cultos passaram a ser efetuados em templo próprio construído à Rua dos Bourdons, atual Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro.
             Igreja Metodista A 19 de agosto de 1835, chegou ao Rio de Janeiro o Ver. Fountain E. Pitts, que veio estudar a possibilidade de estabelecer um trabalho metodista em terras brasileiras. Encetou logo os seus trabalhos de ministro, pregando em casas particulares. Organizou uma sociedade metodista. Em março de 1836, o Ver. Justin Spaulding organizou no Rio de Janeiro, entre os estrangeiros, uma congregação com cerca de 40 pessoas e em junho abriu-se uma Escola Dominical com 30 alunos, dos quais alguns eram brasileiros, ensinados na sua própria língua. 
             Igreja Luterana – Iniciou suas atividades no Brasil com a realização do primeiro culto no dia 27 de julho de 1845, à Rua Mata Cavalo, atual Riachuelo (Rio de Janeiro).
             Igreja Congregacional Em 10 de maio de 1855, em Petrópolis, Roberto Kalley, médico escocês, fundou a Escola Dominical que deu origem à Igreja Congregacional do Brasil. Depois de trabalhar 21 anos aqui, regressou à sua pátria, onde morreu em 1888.
             Igreja Presbiteriana – A.G. Simonton, que chegou ao Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, foi o primeiro missionário presbiteriano a iniciar trabalho evangélico em português. A 12 de janeiro de 1862, na Rua do Ouvidor, 31, 2º andar, no Rio, foi fundada a Igreja Presbiteriana. Algum tempo depois, o pastor A.O. Blackford também se integrou no trabalho presbiteriano do Brasil. Um acontecimento que deu grande impulso ao Evangelho naqueles dias foi, sem dúvida, a conversão do sacerdote católico José Manuel da Conceição, que se distinguiu por sua erudição e operosidade, a par da sua eloqüência. Esse ex-padre converteu-se mediante o estudo da bíblia, de cujos ensinamentos a Igreja Romana se havia afastado. Decidiu-se pelo Evangelho em 1864, apresentando renúncia do cargo de sacerdote ao bispo com o qual servia. As autoridades eclesiásticas, como se esperava, o excomungaram. José Manuel da Conceição publicou, nas páginas dos jornais, as razões que o levaram a tomar tal atitude. Em seguida, entrou em contato com a Igreja Presbiteriana, pela qual foi batizado e ordenado ministro. Esse homem tornou-se um verdadeiro apóstolo pelo zelo evangelístico e pelas virtudes demonstradas.
             Igreja Batista – Em 1881, chegaram ao Brasil os primeiros missionários batista: William Buck Bagby e Z.C. Taylor. No ano seguinte, a 15 de outubro, fundaram a primeira igreja batista, em Salvador, Bahia, com cinco membros fundadores, dos quais um era brasileiro.
             Igreja Episcopal – Foi organizada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 1º de junho de 1890, pelos reverendos Lucien Kinsolving e Watson Morris.
             Igreja Adventista – No dia 10 de junho de 1895, o pastor F.H. Westphal, da igreja Adventista, batizou na cidade de Brusque, Santa Catarina, os primeiros convertidos.
             Congregação Cristã no Brasil – Em março de 1910, chegou à cidade de São Paulo Louis Fraciscon, que sentia a direção de Deus para vir ao Brasil. No dia 20 de abril do mesmo ano, Franciscon chegou a Santo Antônio da Platina, no Paraná, onde batizaram nas águas nove pessoas. Esse acontecimento marcou o inicio das atividades da Congregação Cristã no Brasil, que tem sua sede em São Paulo.

             Exército da Salvação – A 1º de agosto de 1922 deu-se a nomeação do coronel David Miche, do Exército da salvação, para fundar o trabalho salvacionista no Brasil. A partir daí, os trabalhos evangélicos começaram a estabelecer-se até os nossos dias. Tiveram metas primitivas: evangelizar todo o mundo.             De um modo geral, as comunidades evangélicas mais antigas no Brasil foram as de Nova Friburgo (1823) e São Leopoldo (1824). A fundação das comunidades se dava quando um sacerdote reunia os crentes, promovia a obtenção de um recinto para o culto divino, levantando contribuições, ministrava o serviço religioso ambulante e lecionava. Logo a legislação teve de enfrentar as circunstâncias criadas pelos protestantes. Foram então permitidas as construções de igrejas sem torres, sem sinos, como casas de oração e bem assim as aberturas de cemitérios próprios. Essas comunidades eram mantidas com o pecúlio da Caixa de Deus Lutherana e da Obra Gustavo Adolfo. Em 1905 foi fundado o sínodo ¨Igreja Lutherana no Brasil, no Rio Grande do Sul.
             Os Metodistas surgiram no Brasil em 1836, os Congregacionais, em 1858, os Presbiterianos do Missouri, em 1900. hoje, existem várias denominações e seitas, tais como Adventistas, Novos Apostólicos, Exército da Salvação, Mórmons, Testemunhas de Jeová, Igrejas Livres e outras.
Situação atual
             No Brasil, atualmente, temos os católicos os protestantes e os seguidores de diversas seitas.
             A Igreja Católica Romana te predominado no Brasil por mais de 300 anos: alega que 85% da população dela faz parte, mas na realidade pode contar com apenas 10 a 15% de membros ativos. Possuem 31 arquidioceses, 126 dioceses e cerca de 4.700 paróquias em todo o pais. Apenas 1300 padres estão atuando e cerca de 50.000outros obreiros, segundo as informações prestadas no Congresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado em julho de 1974.
             A comunidade protestante no Brasil cresceu rapidamente em anos recentes e em 1970 o censo governamental sobre grupos religiosos mostrou que havia mais de 2,6 milhões de membros de igrejas. As igrejas protestantes no Brasil podem, geralmente, ser divididas em três grupos principais: igrejas pentecostais, tradicionais (luteranas, batista, presbiterianas, metodistas) e denominações mais novas. A família pentecostal inclui pelo menos 40 grupos diferentes, e estes são os que têm o crescimento mais rápido do Brasil. Em contraste, a maioria das igrejas tradicionais mal tem podido acompanhar o mesmo índice de crescimento da população. As igrejas pentecostais do Brasil se dividem em quatro classes principais: as Assembléias de Deus (62,6%); a Congregação Cristã do Brasil (22,3%);  as igrejas pentecostais independentes (12,8%); e as igrejas pentecostais ligadas a missões (2,3%). 
ELES TROUXERAM O PENTECOSTE AO BRASIL
             Enquanto o Movimento Pentecostal se propagava por toda a Europa, dois jovens despediam-se de seus familiares, na Suécia, e viajavam para os Estados Unidos, a exemplo de outros, em virtude da crise econômica que se manifestara naquela nação.
             A vida, o encontro dos dois jovens, sua posterior chamada são episódios que comovem, inspiram e estimulam a todos quantos deles tomam conhecimento.
A VIDA DE GUNNAR VINGREN
             Gunnar Vingren nasceu em Ostra Husby, Ostergotland, Suécia, a 8 de agosto de 1879, e era filho de pais crentes, aprendendo, desde cedo, a trilhar nos caminhos santos e a conhecer os preceitos de Deu se
sendo batizado nas águas aos dezoito anos. Nessa época, sentiu as grandes necessidades espirituais de outros povos e colocou-se à disposição de Deus para evangelizá-los. Participando de uma Escola Bíblica, teve profunda experiência com o trabalho evangelístico.
             Em junho de 1903, foi atingido pela ¨febre dos Estados Unidos¨. O grande país o traiu fortemente. No final de outubro, viajou para a cidade de Gotemburgo, embarcando, no dia 30, num vapor que o levou à cidade de Hull, Inglaterra. Indo de trem para Liverpool, continuou sua viagem em outro vapor e atravessou o Atlântico até Boston, Massachusets, EUA. Seguiu depois de trem até Kansas City, aonde chegou a 19 de novembro de 1903, depois de dezenove dias de viagem.
             Apesar de não falar inglês, encontrou a casa do seu tio Carl Vingren, de quem já possuía o endereço. Depois de uma semana, começou a trabalhar como foguista em Greenhouse até o verão. Foi porteiro de uma grande casa comercial e jardineiro, no inverno. Nos últimos dias de fevereiro de 1904, viajou  para St. Louis, onde conseguiu um emprego no Jardim Botânico. Aos domingos, Vngren assistia o culto numa igreja sueca estabelecida naquela cidade.
             Em setembro de 1904, iniciou um curso de quatro anos no Seminário Teológico Batista Sueco, em Chicago, Michigan. Durante o tempo em que morou em Kansas, pertenceu à batista sueca, onde foi exortado a que voltasse a estudar.
             Durante o tempo do curso, pregou muitas vezes em diferentes igrejas e lugares. No seu primeiro estagio de junho a dezembro, pregou na Primeira Igreja Batista em Chicago, Michigan.  No segundo, foi a Sycamore, Illinois. No estagio do natal, pregou em blue Island, Illinois. No terceiro estagio, ajudou novamente em Sycamore Illiois Nos últimos estágios, exerceu o pastorado da igreja em Mountain, Michigan.
             Chamada para a Índia – Vingren terminou seus estudos no mês diferentes igrejas e lugares. Durante o último estágio, entregou um pedido para ser enviado como missionário. De junho de 1909 a fevereiro de 1910, pastoreou a Primeira Igreja Batista em Menominee, Michigan. Ao participar de uma convenção batista geral, os ministros decidiram enviá-lo, como missionário, juntamente com sua noiva, para Assam, na Índia. Vingren convenceu-se de que esta era à vontade de Deus para sua vida, entretanto, durante a Convenção, Deus mostrou-lhe o contrário. Voltando à sua igreja, enfrentou uma grande luta por causa da sua indecisão. Resolveu, finalmente, não aceitar a designação e comunicou-o à Convenção, por escrito. Por
este motivo, a moça rompeu o noivado, respondendo-lhe: ¨Seja feita a vontade do Senhor!¨.
             Nesta época, despontou um grande avivamento nos Estados Unidos, que se espalhou por outras nações, dando origem ao atual Movimento Pentecostal.
             Durante a semana convencional, Vingren nada sentiu, mas na semana seguinte, depois que decidiu não aceitar a proposta, a paz de Deus encheu sua alma: sentiu novamente o poder do céu.Mais tarde, uma irmã que possuía o dom de interpretar línguas foi usada por Deus para dizer-lhe que seria enviado ao campo missionário, mas somente depois de ser revestido de poder.
             Batismo com o Espírito Santo – No verão de 1909, Deus encheu a Vingren de uma grande sede de receber o batismo com o Espírito Santo. Em novembro do mesmo ano, pediu licença da sua igreja para visitar a Primeira Igreja Batista sueca, em Chicago, onde se realizava uma série de conferências. Vingren participou das mesmas com o firme propósito de buscar o batismo com o Espírito Santo. Depois de cinco dias de busca incessante, foi batizado. No momento em que foi revestido do poder, falou m línguas estranhas, como aconteceu com os discípulos, no dia de pentecoste.
            Ao voltar à sua igreja em Menominee, Michigan, começou a pregar a verdade de que ¨Jesus Cristo batiza com Espírito Santo e com fogo¨. Vingren foi intimado a se afastar da igreja, que ficou dividida: a metade cria e a outra metade rejeitava a promessa: estes obrigaram-no a deixar o pastorado.
            A igreja para onde se dirigiu estava em South Bend numa igreja pentecostal. Vingren deixou-a no dia 1 de outubro de 1910.
A VIDA DE DANIEL BERG
            O outro jovem, até então desconhecido de Gunnar Vingren, era Daniel Berb. Nasceu a 19 abril de 1884, na cidade de Vangon, às margens do lago de Verner Hobertg e Fredrika Horberg, pertenciam à Igreja Batista e procuraram educá-lo segundo os princípios cristão, razão pela qual Daniel teve uma infância exempla. Converteu-se e se batizou nas águas em 1899.
            Aos dezoito anos, deixou sua casa, embarcando, a 5 de março de 1902, no porto Báltico de Gothemburgo, no navio M.S. Romeu, com destino aos Estados Unidos da América.  O motivo de sua partida foi a grande depressão financeira que em 1902 dominou a Suécia, sua pátria querida. Escolheu deixar a casa de seus pais, a fim de tentar obter, na América do Norte, os meios necessários de sobrevivência. Antes da primavera, todos os preparativos haviam sido feitos: Berg estava pronto para iniciar a longa viagem que encerraria no dia 25 de março de 1902, ao desembarcar em Boston, na América do Norte. No Novo Mundo, com que tanto sonhara e onde pretendia realizar-se profissionalmente, Deus preparou-lhe um plano ainda não imaginado.
             De Boston, viajou para providencia, Estado de Rhodes Island, onde se encontrou com amigos suecos, os quais lhe conseguiu um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos durante 8 anos, aproximadamente, período em que trabalho com fundidor de aço, profissão que se especializou.
            Berg conservou, entretanto, seu propósito de voltar um dia para Suécia. Quando as saudades do lar aumentaram, o dia almejado chegou. Retornou ao lar, aquela pequena aldeia em que vivera. Nada ali se havia modificado e Berg senti-se satisfeito com isso. Apenas seu melhore amigo e companheiro de infância não morava mais ali. ¨vive numa cidade próxima, onde prega o evangelho¨, disse-lhe, quando chegou à antiga residência, depois de passar aqueles caminhos que lhe eram tão familiares e que, quando menino, percorrera diversas vezes.
           Batismo com Espírito Santo – Chegou ao conhecimento de Berg que seu amigo recebera o batismo com o Espírito Santo, coisa nova para sua família. A mãe de seu amigo insistiu para que ele visita-se seu filho. Sentiu que devia ir. Com isso, veio o interesse de conhecer a doutrina do Espírito Santo. Leu a Bíblia com muita atenção e visitou o amigo da infância. Ao chegar à igreja, o jovem estava pregando. Sentou-se e prestou muita atenção. Após o culto, conversaram longamente sobre a nova doutrina. Berg expôs seus sentimentos favoráveis ao que tinha ouvido, mais sua atenção era retornar a América.
           A partir daquele momento, desejou receber o batismo com o Espírito Santo, e nesse sentido começou a ora a Deus. Logo despediu-se de seus pais e irmãos, iniciando a viagem de retorno a América. As preocupações não eram tantas como da primeira vez: ia para uma terra já conhecida. No ano de 1909, ao aproximar-se dos Estados Unidos, suas orações foram respondidas: recebeu o batismo com o Espírito Santo. Sua vida mudou, tomando novo rumo conforme a santa, firme e boa vontade de Deus. A partir de então, entregou sua vida ao senhor e sentiu-se responsável em contar, aos que deseja-se, ouvir, o que recebera, lembrando que a salvação e para todos aqueles que crêem.
O ENCONTRO DE BERG E VINGREN E A CHAMADA
PARA O CAMPO MISSIONARIO.
             Em 1909, Gunnar Vingren e Daniel Berg encontraram-se na cidade de Chicago, por ocasião de uma conferência. Conversaram longamente sobre a convicção que tinham de que, em futuro próximo, seriam missionários onde quer que o senhor os mandasse. Quanto mais conversavam, mais convictos ficavam. Ambos passaram a entender as Escrituras. Seus ideais, quanto ao futuro, eram idênticos. Resolveram, então, encontra-se diariamente, para orar e esperar que Deus lhes mostrasse o caminho a seguir.
            Certo dia, o irmão Olof Uldin, que havia conhecido Vingren e Berg, revelou-lhes um sonho durante o qual vira, nitidamente diante de si, o nome Pará, nome de uma cidade em qualquer lugar. Logo Vingren e Berg reconheceram que era a resposta de Deus às suas orações, pois há muito estavam orando para receberem a direção divina. Interessados, procuraram a biblioteca da cidade para descobrirem onde estaria localizado o nome Pará. Nenhum deles ouvira esse nome antes. Depois que se certificaram que o local fica ao Norte do Brasil, não sabiam mais o que fazer. No mapa-múndi, o Pará ficava tão longe de onde estavam que julgaram não ser essa a direção divina. A melhor forma para conhecer a vontade do senhor foi orar: não fizeram outra coisa durante uma semana, dia e noite. Finalmente, Deus lhes confirmou que deveriam dirigir-se ao Pará. Certo da chamada divina levaram o fato ao conhecimento do pastor e de alguns membros da igreja. Estes não se mostraram muito entusiasmados mencionando dificuldades de clima e não lhes garantindo o sustento: ninguém se prontificou para comprar Bíblia e novos testamentos.
            Rumo ao Brasil – contra a vontade dos patrões, Daniel Berg deixou o emprego. Argumentara eles: ¨Aqui você pode, também pregar o Evangelho, Daniel; não precisa sair de Chicago ¨. Os dois tinham apenas 90 dólares, que era o preço da passagem de Nova Iorque para o Brasil; mesmo assim, continuaram a ter a certeza de que esta  era à vontade do Senhor. Durante esse período de crise, as experiências desse dois homens de fé confirmaram-se cada vez mais. Se houvesse alguma duvida quando a sua chamada, desaparecia alguns dias mais tarde, quando o irmão Vingren, nuns de sues longos passeio de meditação, ouviu a voz do senhor a falar-lhe claramente e a confirmar a sua chamada. Trasbordando de alegria e gratidão a Deus, Vingren contou o fato a Daniel.
            Quando Berg se despediu da casa onde trabalhava, seu patrão oferece-lhe uma bolacha e uma banana. Segundo uma antiga crença americana, essa oferta significava que jamais faltaria alimentos para quem a receber, o que serviu de conforto para o dois missionário.
             Certa noite, enquanto oravam, o irmão Vingren atendeu a voz do senhor que lhe ordenava da os 90 dólares para um jornal pentecostal. Esse fato aparecia uma coisa estranha; entretanto, tinha a certeza que Deus o enviava. Sem esse dinheiro, seriam impossível a viagem, mais eles oraram mais uma vez e descansaram na certeza de que Deus supriria todas as necessidades. Ficaram de mãos vazias, mais sentiram possuído de alegria e de paz celestial, o que valia mais do que todo o ouro. No culto de despedida, alguns irmãos deram-lhes o suficiente para a viagem ate a divisa do Estado. À estação compareceram alguns irmãos para a despedida.
             A viagem foi interrompida numa cidade, onde foram convidados a visitar uma congregação e a contar a congregação alguma coisa a cerca de seus planos. O pastor alegou que a congregação estava desprovida e não podia ajudá-los com uma oferta. Disse aos irmãos ali presentes que se desejassem auxiliá-los, particularmente, podiam fazê-lo. Alguns, então, deram-lhes o suficiente para a passagem até Nova Iorque, onde tomariam o navio para o Brasil.
             Tomaram o trem com destino à grande metrópole. Durante a viagem, encontraram um homem que se interessou em ajudá-los e deu-lhes uma oferta correspondente ao preço das passagens de Nova Iorque ao Brasil. Em Nova Iorque procuraram, nas principais companhias, um navio que viesse ao Brasil, mas nenhum deles constava nas listas de saída. Continuaram buscando e descobriram um navio de terceira classe, que estivera nos estaleiros para reparos e por isso não fora incluído nas listas, tendo sua saída marcada para o dia 5 de novembro, com destino ao Brasil. Assim, os missionários deixaram a frigida cidade de Nova Iorque e sua missão já se iniciava a bordo do navio, entre os tripulantes e passageiros; distribuíram folhetos e evangelhos e falaram da palavra de Deus, testificando a todos. Muitos não puderam fugir do privilegio de ser um dos tripulantes aceitando a Cristo, o qual mais tarde foi batizado nas águas e com eles, por muito tempo, manteve correspondência. Foi o primeiro fruto de sua missão.
A VIDA NO BRASIL E OS ULTIMOS DIAS DOS PIONEIROS
             Gunnar Vingren – Durante a época em que pastoreou a Igreja em Belém, Vingren visitou por duas vezes a Suécia e passou pelos Estados Unidos. Na primeira viagem, realiza em 1º de agosto de 1917, encontrou-se com a enfermeira Frida Strandberg, também vocacionada para a obra missionária no Brasil. Fato interessante é que ambos se encontraram novamente em Nova Iorque, de onde ela viajou para o Brasil. No dia 16 de outubro de 1917, em cerimônia presenciada por Samuel Nystôm e sua esposa, Gunnar Vingren e Frida Strandberg uniram-se pelos laços matrimoniais.
             De 1930 ate sua partida para a Suécia, de onde não mais regressaria, Vingren trabalhou incansavelmente, não obstante as constantes crises oriundas de suas enfermidades. Após uma viagem cansativa, escreveu ¨estou bastante abatido no meu corpo. Sinto-me totalmente acabado. Tenho vontade de trabalhar para Jesus, mas faltam-me as forças.quando estive em Santa Catarina, fiquei muito enfermo do estomago, com uma forte gripe e dores no peito, pois voltei de um batismo com a roupa toda molhada e havia um vento muito frio. Mas o Senhor me ajudou. Entendo que, se continuar assim, vou terminar em breve a minha jornada¨.
             A 15 de agosto de 1932, o pioneiro regressou à pátria, deixando a igreja no Rio de Janeiro, agora com mais de dois mil membros, sob a responsabilidade pastoral de Samuel Nistrôm. Nessa igreja trabalhara por mais de 9 anos. No Brasil, terra que tanto amava, ficou sepultada sua filha Gunvor.
             Vingren parte para a gloria – Durante a curta permanência de Vingren na Suécia, antes de partir  para as moradas eternas, eles participava dos cultos da igreja de Estocolmo, onde celebrou sua última vigília de ano novo. Em junho de 1933, foi com a família para uma colônia de descanso em Tallang, na qual terminou os seus dias. Vingren faleceu no dia 29 de junho de 1933, às duas horas e 45 minutos da tarde.
             Frida Vingren testemunhou a respeito da morte do esposo: ¨No dia 27, entre cinco e seis da manhã ele recebeu a chamada para o céu. Então, com os braços levantados, exclamou: ¨Jesus, como tu es maravilhoso. Aleluia! Aleluia!¨ Enquanto estava sobre este poder, leu os quatros primeiros versos do salmo 84: ¨Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma esta anelante, e desfalece pelos átrios do Senhor: o meu coração e a minha carne chamam pelo Deus vivo. Ate o pardal encontrou casa e a andorinha ninho para sir e para sua prole, junto dos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu. Bem aventurados os que habitam em tua casa: louvar-te-ão continuamente!¨ Depois dessa experiência, viveu ainda por dois dias quando varias vezes disse que tinha saudade de ouvir o cântico dos anjos. Uma vez sentou-se na cama, levantou os braços e louvou a Deus, pois sentiu-se maravilhosamente livre.
            ¨Na quinta-feira, pela manhã, estava muito fraco e quase não falava. A única coisa que disse: ¨Esta cantando no meu coração!¨ E, aos quinze minutos para as três horas da tarde, partiu para a eternidade sem a menor angústia. Começamos então a ora e poder de Deus veio sobre nós, fazendo-nos pensar que também iríamos para o céu. Em menos cinco minutos tudo já havia passado e ele entrara triunfante, através da morte, nas moradas eternas, enquanto eu, as crianças e alguns irmãos cantávamos com as mãos levantadas: ¨ Encontra-me ali, encontra-me ali, naquele país, onde está Jesus!¨ Um imã viu, naquele momento, duas mãos transpassadas e estendidas, prontas para receber alguma coisa preciosa¨.  
             Antes de Vingren morrer, deixou a seguinte mensagem aos irmãos brasileiros: ¨Diga-lhe que eu vou feliz com Jesus e, como um pai em cristo, exorto a todos a receber a graça de Deus, que quer operar mais santidade e humildade, para que possa receber os dons do Espírito Santo. Somente desta maneira a igreja de Deus poderá esta preparando para a vinda de Jesus¨.
             Daniel Berg  e a evangelização – Daniel Berg, tão logo começara a se fazer entender na língua portuguesa, passara a evangelizar nas cidades e vilas ao longo da estrada de ferro Belém-Bragança, enquanto que Vingren se preocupava do trabalho na capital. Berg, no interior Paraense operava a evangelização pioneira, pois o evangelho era praticamente desconhecido fora de Belém. As igrejas evangélicas existente eram pequenas e não possuíam recursos suficientes para promover a evangelização do interior.
             Após a evangelização de Bragança, coube-lhe, também, a honra de ser o verdadeiro pioneiro do trabalho das Assembléias de Deus na ilha de Marajó, onde peregrinou durante muitos anos, a bordo de pequenas e grandes canoas. Ia de ilha em ilha e levava a mensagem da salvação e a doutrina inestimável aos pequenos agrupamentos evangélicos que se iam estabelecendo por onde passava.
             Durante sua viagem à Suécia, em 1920, Berg encontrou-se com a jovem Sara e, no mês de julho, ambos se casaram. Ele retornou em março de 1921, acompanhado de sua esposa. Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Suas pregações bem como suas palestras pessoais eram sempre caracterizadas por essas virtudes! Ninguém o via irritado ou desanimado. Sempre que surgia qualquer problema, estas eram as suas palavras: ¨Jesus e bom. Glória a Jesus. Aleluia! Jesus e muito bom: ele salva, batiza com o Espírito Santo e cura os enfermos. Ele tudo faz por nos. Glória a Jesus. Aleluia!¨
             Medalha para Berg no Jubileu de ouro das Assembléias de Deus - Berg ainda compartilhou da grande comemoração do jubileu de ouro da Assembléia de Deus no Brasil. Até essa época, sempre recebeu, diretamente de Deus, a cura de suas enfermidades, mediante a oração da fé! Em Belém, durante as reuniões comemorativas do jubileu de ouro, quando houve referencia a sua atuação no começo desta grande obra, Daniel Berg permaneceu inalterável! Para ele, a glória sempre foi devida exclusivamente ao seu amado Jesus e por isso não tinha dor que ser orgulhar, pois considerava-se um simples instrumento de Deus.
             Quando, no estádio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro o pastor Paulo Leivas Macalão colocou em sua lapela uma medalha de ouro, comemorativa do jubileu, os circunstantes notaram a desconfiança estampada em seu semblante diante de tal honraria. Parecia ouvi-lo dizer em seu coração: ¨não e a mim, e sim a Jesus que cabe esta honra e não e douta maneira, se não em teu nome que eu a recebi!¨
             A historia de seus últimos dias é, há um tempo, comovente e inspirativa. Estava num hospital, em sua terra, quando se aproximavam os dias finais de sua peregrinação. Todos temos o dia de parti: o sol de nossa existência tem de ser um dia. Bem aventurados os que encontram, como Daniel Berg, no crepúsculo de sua vida terrena, aurora do dia eterno com Deus. Daniel Berg mal podia mover-se; mesmo assim, saia da enfermaria para distribuir folhetos e orar pelos que se decidiam.
             A disciplina interna do nosocômio não lhe permitia distribuir folhetos evangélicos. Uma enfermeira foi designada para impo-lhe a proibição. Ao contempla o varão de Deus, ao quebrado pela força dos anos, porém vigoroso na tarefa espiritual  de ajudar vidas naufragantes no pecado, não teve coragem de cumprir a tarefa e recuou. Berg, em tão, continuou a oferecer literatura, e almas famintas eram alimentadas pelo pão vivo descido do céu. Ali oferecido por aquele que lutava até o último estante. Em 1963, ao 79 anos, Daniel passou a descansar nas moradas celestiais! Quando a morte chegou, encontrou-o sorridente e feliz. Ele não a temeu. Seu tesouro estava guardado. Enquanto os olhos cansados do ancião se entreabriram até se fecharem pela derradeira vez, o ultimo dentre os primeiros findava sua jornada na terra dos mortais.
             Fazer a vontade de Deus, submetendo-se à égide do Espírito Santo, e a fórmula para a vitória da obra de Deus entre os homens. Vingren e Berg entregaram-se totalmente ao Senhor e por isso o trabalho evangélico em todo o Brasil cresceu rapidamente. Como veremos nos próximos capítulos, a obra cresceu de tal maneira que a preocupação começou a centralizar-se no atendimento da mesma. A obra cresceu até aqui e continua crescendo, por que Deus tem levantado outros tantos homens de fé que estão dedicando suas vidas para a propagação do evangelho em terras brasileiras.
O MOVIMENTO PENTECOSTAL
E A FUNDAÇAO DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS
             Um  pastor das Assembléias de Deus, assim se expressou recentemente: ¨da submissão ao Espírito Santo resulta no crescimento da igreja¨. Realmente, se estudarmos o livro de Atos, encontraremos quatros fatores distintos que contribuem para o crescimento da igreja, sendo o primeiro de a plena submissão, a fim de que Ele realize seu ministério no ceio da igreja; esse fator e seguido pela oração ¨At. 1.12-14¨, pelo ardor evangelistico¨ At. 5.42¨e peça firmeza doutrinária ¨At 2.42-47¨.
             Á semelhança de Pedro, João, Felipe, Paulo, Silas e outros servos do Senhor Jesus Cristo, Gunnar Vingren e Daniel Berg foram sensíveis e obedientes à voz do Espírito Santo. chegaram a Belém do Pará a 19 de novembro de 1910, dia marcado por deu para o inicio do Movimento Pentecostal no Brasil, movimento esse que tem crescido assustadora e maravilhosamente, por que até os nossos dias as igrejas tem observados os fatores que determinam o seu crescimento.
             Vingren e Berg chegaram a Belém – Vingren e Berg, ao chegarem ao Brasil, não tinham amigos nem conhecidos e se quer tinham endereço de alguém que os orientasse. Vinham unicamente como Enviados por Deus. carregaram as malas, caminhando pela Rua 15 de agosto, atual presidente Vargas. Ao alcança a praça da Republica, sentaram-se no banco e descansaram; ali mesmo fizeram a primeira oração em terras brasileiras, orando por um povo desconhecido, pelo qual estavam dispostos a sacrificar-se. 
             Não se pode imaginar quais foram às primeiras impressões desses jovens. Assentados na principal
praça de Belém sentiam o sol a aquece-lhes as roupas grossas e pesadas que muito usaram nos países frios. Belém  não possuía atrações; ao contrário, era invadida por multidões de leprosos, doentes de febre amarela ou de peste bubônica, que vinha até dos paises limítrofes com a Amazônica e territórios. A noticia da descoberta de uma erva que, segundo alguns, curava a lepra e se encontrava em Belém, havia sido espalhada. A pobreza do povo contrastava com o padrão de vida na outra América.
             Filiado a igreja Batista de Belém – Enquanto aguardava a resposta divina, apareceu o irmão Adriano Nobre, membro da igreja Presbiteriana de Belém; era o comandante dos navios da Companhia Port of Pará, da bacia Amazônica. No primeiro contato cumprimentou-os em inglês e os levou para a Igreja Batista da cidade. Enquanto o irmão Adriano conseguia a permissão para o alojamento deles na igreja, com a sobra do dinheiro da viagem hospedaram-se num hotel de segunda classe, então existente na Rua João Alfredo. Mais tarde, foram levados para a Igreja Batista, localizada na Rua João Balby, 406. Passaram a morar no porão do templo, local baixo e quente demais. Dormiam numa só cama, o que a principio era difícil por causa do calor intenso; mas logo se acostumaram.
             Ao contemplarmos a vida desses dois jovens, lembramo-nos dos discípulos de Jesus, aos quais Ele enviou, dois a dois, como cordeiros para o meio de lobos, ordenando que não levassem bolsa, nem alforje, nem sandálias e que ficassem hospedados nas casas que os recebessem, Lc 10.1-12. Assim aconteceu com esses dois servos de Deus, Vingren e Berg, não obstante terem-se passado mil e novecentos anos!
             Aquela Igreja Batista estava em oração, pedindo a Deus um pastor e Ele acabara de lhes enviar dois.
             Adriano Nobre interessou-se muito em ajudar os dois recém-chegados, depois de alguns dias, convidou-os para passarem algun tempo nas ilhas, onde possuía uma propriedade e família. Os moradores do Rio Tajapuru ficaram surpresos com a chegada dos missionários. O lugar chamava-se Boca do Ipixuna, e Vingren e Berg sentiam que estavam penetrando nas selvas; hospedaram-se no mesmo quarto em que morava Adrião Nobre, primo de Adriano, que não era crente e que, mais tarde, após sua conversão, contou que ficara impressionado com a vida de oração daqueles jovens missionários: a qualquer hora da noite em que despertasse, estavam orando a sós com Deus, em voz baixa, para não incomodar os que dormiam.
            Depois de algum tempo, Berg e Vingren voltaram a Belém, e continuaram na Igreja Batista. Já falavam um pouco em português e o seu primeiro professor foi o irmão Adriano. Daniel logo se empregou como caldeiro e fundidor, na Companhia Port of Pará, recebendo o salário mensal de 12 mil reis. Passou a custear as aulas de Português ministradas por um professor a Vingren, que lhe ensinava o que aprendia, motivo pelo qual Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa. O dinheiro que sobrava era reservado para adquirir Bíblias nos Estados Unidos. 
           Os missionários não perderam tempo: logo que começaram a balbuciar as primeiras frases em português, lançaram-se à faina da evangelização e doutrinamento. Testificaram do batismo com o Espírito Santo e da cura divina. Não faziam reservas quanto à doutrina pentecostal que haviam aceitado, pois criam na possibilidade de continuarem batista, mais batizados com o Espírito Santo.Tudo faziam para que a Igreja Batista chegasse a convencer-se diante da necessidade de uma gloriosa experiência, da qual eram também portadores. Na Suécia, nos Estados Unidos e em outros países, as igrejas batista, presbiterianas, nazarenas e outras haviam recebido o batismo com o Espírito Santo, não mudando de nome.
             Batismo com o Espírito Santo: Uma novidade – Para os ouvintes paraenses, no entanto, a doutrina do batismo com o Espírito Santo era uma novidade. Eles haviam lido e ouviram falar a respeito, mas de forma vaga, sem o ensino de que essa benção estaria reservada os seus dias também. Os missionários estimularam os crentes a uma vida de oração e consagração. O que mais recomendavam era: ¨Orai sem cessar!Os que os ouviam, pouco a pouco, começaram a mostrar-se interessados; muitos deles, que pouco assistiam aos cultos, passaram a freqüentar todas a reuniões. Além disso, Berg  e Vingren, quase todas as noites, recebiam visitas dos membros da igreja de desejosos de saber mais claramente a respeito das verdades que estavam anunciando. No contato que eles faziam com os missionários, notavam que estes, verdadeiramente, viviam o que pregavam: tinha uma vida de oração e de fé. Essas coisas os atraíam. Por essa razão, Vingren e Berg  passavam tardes e noites orando no porão.
             Os acontecimentos que a pequena igreja Batista de Belém começou a viver,  com a presença daqueles jovens missionários, incomodavam muito. As igrejas existentes (Presbiteriana, Anglicana e Metodista) não os receberam com apreço, devido à nova doutrina que anunciavam. Por outro lado, o interesse de alguns irmãos crescia cada vez mais e mostra que algo de extraordinário acontecera em suas vidas. Celina  Albuquerque e Maria de Nazaré foram as primeiras a declarar que aceitava a promessa registrada em Atos 2.17,18: ¨E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão sonhos vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão...¨ Elas se propuseram a permanecer em casa, em oração, até que Deus as batizasse com o Espírito Santo.
             Celina Albuquerque: primeira batizada – À uma hora da manhã do dia 8 de junho de 1911, em sua residência na rua Siqueira Mendes, 79 (atual 161), Celina Albuquerque foi batizada com o Espírito Santo. Estava confirmada a verdade pregada pelos missionários, que anunciava um novo batismo. Logo ao amanhecer, a irmã Nazaré apresou-se em à casa de José Batista  de Carvalho, na Av. São  Jerônimo, 224, levando com sigo a palavra de Deus. Na casa de José Batista estavam reunidas várias pessoas, entre elas Manoel Maria Rodrigues, diácono da igreja Batista. Ele declarou mais tarde: ¨ Foi nesse momento que ouvi falar e cri no batismo com o Espírito Santo¨ Maria de Nazaré, no dia seguinte, teve a mesma experiência: era batizada com o Espírito Santo.
             Imediatamente, todos os membros da igrejas tiveram conhecimento do fato e algumas pessoas resolveram ir á casa de Celina, a fim de averiguarem pessoalmente o que estava acontecendo. Entres os interessados estavam os irmãos José Plácido da Costa, diácono e esposa; Antônio Rodrigues e Raimundo Nobre, seminarista.
            Os dois missionários silenciaram, continuando a pregar a palavra de Deus. Realizavam reuniões de oração onde moravam, local agora muito visitados pelos membros da igreja. O clima naquela pequena comunidade evangélica era de tensão. Formaram-se dois grupos: os daqueles que aceitavam a doutrina pregada pelos missionários e se mantinham firmes nas suas opiniões e o grupo daqueles que rejeitavam a doutrina do batismo com o Espírito Santo e não se conformavam com a presença dos missionários no seio da igreja                        
            Dezenove membros expulsos da igreja – Em meio a tantas discussões tornou-se necessária à definição da igreja. O seminarista Raimundo Nobre, ainda jovem e sem muita experiência, no domingo, 10 de junho, num culto agitadíssimo, tomou a frente do dirigente e convocou uma assembléia extraordinária para o dia treze. Então, mais uma vez, apoderou-se do púlpito e dirigiu pesadíssimas palavras aos presentes. O grupo atacado passou a reagir. Definiram-se as atitudes. O seminarista, sem autoridade para isso, excluiu 19 pessoas e expulsou os missionários do templo da igreja. Os excluídos foram os seguintes irmãos: Celina Albuquerque e seu esposo Henrique de Albuquerque, Maria de Nazaré, José plácido da Costa (o dirigente da igreja), Piedade da Costa, Prazeres da Costa, Manuel Maria Rodrigues e sua esposa;  Jesusa Dias Rodrigues, Emília dias Rodrigues, Manoel Dias Rodrigues, João Domingues, Joaquim Silva, Benvinda Silva, Tereza Silva de Jesus, Isabel Silva, Ana Silva, José Silva de Carvalho, Maria José Batista de Carvalho e Antônio Mendes Garcia.
            Esses irmãos resolveram organizar-se em igreja no dia 18 de junho de 1911, na residência do irmão Henrique Albuquerque, localizada  a rua Siqueira Mendes, 79, no bairro Cidade Velha. Fundaram assim uma nova igreja, inicialmente chamada de Missões de Fé Apostólica, para maior extensão do movimento pentecostal, que tinha boa receptividade por parte dos brasileiros.
            A igreja funcionou durante algum tempo na casa de Celina Albuquerque e depois transferiu-se para Av. São Jerônimo, 224. no dia 11 de janeiro de 1918, foi registrada, oficialmente, como Assembléia de Deus, primeira igreja no mundo a adotar esse nome. Não era uma igreja filiada a alguma missão estrangeira, mais era genuinamente brasileira.
            Aquele pequeno grupo lançou os alicerces da obra pentecostal que irradiou-se a todas as regiões do Brasil. Sem dúvida, o Espírito Santo vivificava os testemunhos e as mensagens, e convencia os não crentes: Era Deus confirmando sua obra!

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