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quarta-feira, 16 de março de 2011

Como Deus Fala em Meio a Tragédias

Quase cinco anos depois do furacão Katrina atingir Nova Orleães, um terremoto atingiu a capital do Haiti, Porto Príncipe. Alguns cristãos em nosso País e no exterior já se manifestaram sobre a incrível coincidência entre o perfil religioso das duas cidades e o fato de ambas terem sido destruídas em um curto período de tempo de forma devastadora.
Eu creio que o Senhor governa todas as coisas e que todos os eventos possuem um significado. Claro que não se pode garantir com exata e infalível precisão a causa de todos os eventos e o seu objetivo, pois desde o Apóstolo João não se há mais profetas. Mas que, do ponto de vista da Religião, todos os eventos possuem causa e objetivo perante Deus, isso é inegável. E por isso, é impossível ignorar determinadas evidências: Nova Orleães era pejorativamente chamada de a “Sodoma americana.” E isso não é um fanatismo ignorante. A própria cidade fazia de sua má reputação uma consciente propaganda de turismo. Na verdade, no início do século XX, a prostituição era tão galopante na cidade que as autoridades municipais tiveram a idéia de criar um distrito específico para confinar essa atividade e regulamentá-la, o distrito de Storyville, com direito a guias turísticos e folderes com descrição das casas e preços de bordéis. Não foi a Holanda, portanto, a pioneira na legalização da prostituição, mas sim a cidade de Nova Orleães, em pleno Estados Unidos, no auge da influência do progressismo protestante.
Não foi, por exemplo, o Brasil que inventou a idéia de um Carnaval sensual com mostras públicas de nudez feminino, como um instrumento de subversão social. Foi, novamente, a cidade de Nova Orleães. Ela quem inventou a festival quaresmal de carnaval sensual, o Mardi Gras. Esse fato é especialmente interessante, ainda mais sob o contexto dos EUA, onde, por todo aquele País vigorava a doutrina de segregação racial. O festival Mardi Gras era, em pleno fim de século XIX, um festival multicultural, tal como o carnaval brasileiro.
Nova Orleães sempre foi uma cidade que proclamava um desafio aberto aos costumes sociais vigentes. Até mesmo durante a tragédia do Katrina, munícipes e turistas se recusaram ao luto e comemoraram o Southern Decadence, no famoso Bairro Francês (onde ficava o Storyville e onde nasceu o Mardi Gras), o que chocou profundamente os EUA. Isso pode parecer curioso à primeira vista, mas analisando a fundo, é terrível a idéia de se comemorar um espetáculo quando se tem morte por todos os outros bairros que foram alagados pela destruição dos diques. O choque foi tão forte que muitos parlamentares federais realmente se questionaram da conveniência de se reconstruir a cidade, especialmente em vista do fato de que ela está abaixo do nível do mar. Pode parecer surpreendente, mas os moradores de Nova Orleães realmente tiveram que defender seus motivos de quererem a reconstrução de sua própria cidade aos seus compatriotas de outros lugares. É uma situação inusitada, mas Nova Orleães teve que justificar a sua existência.
Evidente que uma cidade tão peculiarmente multicultural também possui muitos credos, outra flagrante contradição que Nova Orleães apresenta em relação à cultura cristã dos EUA. É na cidade que reside o maior centro vodu da América, tal como o Haiti, que possui um sincretismo entre o romanismo e o vodu. Esses são os aspectos superficiais da cidade, sem mencionar os aspectos mais profundos, como o fato de ela ter sido a cidade mais violenta dos EUA, dez vezes a média nacional, característica essa que ficou patente pelas agressões sexuais que se seguiram ao colapso provocado pelo Katrina, tanto por parte dos criminosos sobreviventes quanto daqueles que evacuaram para outras regiões como o Texas; e pelo fato dela ter uma das maiores populações aidéticas da América. Aspectos esses inerentes ao seu perfil libertino, sem dúvida, já que a agressão as costumes sociais exige um ambiente relativista e o relativismo, por sua vez, exige o laxismo legal e moral.
É aqui que o governo de Deus fica claro. Na ocasião do Katrina, os teístas abertos se pergutavam: “onde Ele estava? Ele não pode ser onipotente e permitir esse mal! Portanto, Deus deve ser de alguma forma fraco e limitado.” Sem entrarmos em minúcias teológicas, mas tão somente nos lembrarmos da Doutrina da Eleição, fica fácil responder a essas questões. E a verdadeira questão não é “porque Deus permitiu esse mal?” mas, sim, “a quem Deus permitiu (ou dirigiu) esse mal?”
O caráter de Deus se revela nas tragédias. Devemos observar que Nova Orleães não era e nunca foi uma cidade puritana. Muito pelo contrário, ela tinha, desde o seu início no século XVIII, uma cultura toda sua. E mesmo não sendo puritana, ela não foi ferida sucessivas vezes por desastres terríveis, mas tão somente uma única vez, de forma brutal, de modo que sua maldade pôde prosperar com o tempo. Com isso somos lembrados da paciência de Deus e a Sua generosa determinação em suportar o mal por algum tempo, embora, Sua insatisfação fosse manisfestada na cidade pelas suas infelicidades, quer na pobreza ou nos crimes que seus habitantes tinham que suportar diariamente. Esse fato nos ensina que ainda que Deus não ampute o mal de uma vez por todas, Ele tira a paz daqueles que o praticam – o maior exemplo disso são os terríveis surtos de fome que assaltaram Israel durante o reinado de Acabe um século antes do cativeiro assírio, o castigo definitivo. Isto é, ainda que o terremoto tenha se abatido sobre o Haiti somente agora, ou o Katrina sobre Nova Orleães somente em 2005, a infeliz sorte de ambos os povos já estava lançada pela má qualidade de vida que tinham que suportar há vários anos.
Outra lição preciosa que podemos extrair da tragédia, a fim de desvendarmos mais o caráter de Deus, é o tipo de pecado que mais O irrita. Há três décadas os EUA convivem com o holocausto infanticida em seu seio, embora isso não tenha trazido àquele País nenhum infortúnio comparável à assolação do Japão na Segunda Grande Guerra. Pelo caráter de Deus, podemos imaginar o porquê. Havia uma diferença fundamental entre o Japão da década de 40 e os EUA. O Japão tinha um pecado específico que os EUA, com todos os seus defeitos, não tinha: a idolatria oficial ao imperador. O Japão da década de 40 via o seu imperador tal como os egípcios ao seu faraó, como um deus. De semelhante forma, o hitlerismo era um paganismo germânico institucionalizado, com o Estado como um deus e Hitler como o seu Bar Cocheba divinizado. Da assolação de ambas as nações facistas, podemos perceber um padrão de intervenção divina: Ele sempre age. Porém, em nações idólatras como o Japão facista, a Alemanha hitlerista e o Sudeste asiático politeísta, Deus impõe o Seu castigo com muitos mais açoites. Podemos observar com isso a coerência com esse padrão, que o terremoto tenha acontecido justamente no Haiti politeísta e não em Los Angeles com seus traços cristãos, ainda que esmaecidos.
Mas os nossos oponentes objetarão: “isso não passa de uma superstição grosseira, pois os terremotos são tão somente fenômenos naturais que ocorrem ao acaso.” Entretanto, eles não percebem um detalhe. É mais que óbvio que os terremotos são fenômenos naturais. Ao contrário do que alguns pensam, as dez pragas do Egito também eram fenônemos naturais conjugados. E a questão é justamente essa: os açoites divinos estão, geralmente, dentro da ordem de Sua Criação. Todavia o que temos frisado não é a natureza do fenômeno; mas onde ele ocorre. Ou novamente: a quem ele é imposto e em que condições. Que as guerras aniquiladoras, obras inerentes à natureza humana, são impostas às nações oficialmente inimigas de Deus como a URSS, enquanto que os EUA são curiosamente preservados, como disse o presidente Truman em Berlim, não pode ser coincidência. Que a Guerra Civil americana tenha se abatido contra o Sul daquele País num momento de profunda apostasia quiliasta e pelagiana, não pode ser coincidência.
Daqui aprendemos outra coisa surpreendente do caráter de Deus: nós temos um conceito excessivamente alto de nós mesmos. David Wilkerson, brincando com o nome de Deus ao proferir uma profecia de que os EUA deverão passar por incêndios e convulsões sociais pelos seus pecados, parece sofrer com esse sofisma. Ele tanto quanto nós temos um conceito excessivamente alto de nós mesmos quando pensamos que Deus agirá contra os EUA em função do infanticídio legalizado que aquele País pratica, embora a verdade seja de que Deus ama muito mais a Si mesmo que as Suas criaturas (o primeiro mandamento reflete isso). Em outras palavras, o que estou afirmando é que, sim, Deus decerto Se ira com o derramamento de sangue inocente, sem dúvida. Mas Ele Se ira muito mais quando há a idolatria generalizada. Ou, em outras palavras, é mais fácil testemunharmos um cataclismo contra uma nação idólatra do que um cataclismo contra uma nação que pratica o infanticídio. Porque o nome de Deus é mais sublime que todas as Suas criaturas juntas, inocentes ou não, e recebe muito mais de Sua estima e atenção. É por isso, novamente, que o cataclismo se abateu sobre a Alemanha hitlerista idólatra e não contra os EUA protestante, embora ambas as nações tenham praticado a eugenia forçada, sob o pioneirismo e a liderança da segunda, curiosamente. Porque Deus simplesmente não suporta que nós pecadores nutramos noções falsas a Seu respeito, tal como os haitianos nutrem falsas noções a respeito do Senhor através de sua religião falsa, muito mais que os outros pecados que cometemos.
Portanto as tragédias do Haiti e de Nova Orleães nos ensinam que Deus é de sobremaneira longânimo. Porém Ele se irrita muito mais quando a adoração de Seu nome e Sua glória são negligenciadas pela impenitência dos réprobos, ainda mais quando essa impenitência se degenera em idolatria crassa. É isso, ao contrário do que geralmente pensamos, muito mais que o infanticídio ou outros pecados que cometemos, que leva uma nação à ruína completa, embora um remanescente escolhido por Ele sirva como um memorial para que a Sua misericódia possa ser derramada e o merecido castigo adiado. É por isso que o secularismo, ao negar a Deus as Suas honras por parte de agentes estatais que recebem Dele a sua autoridade; e o laicismo ao demonstrar indiferença para com a blasfêmia pública; estão convidando o desastre, que já está ocorrendo pela lenta morte demográfica do Ocidente (a ausência de filhos é um outro sinal da insatisfação de Deus). Todavia, muito provavalmente não ocorreu um cataclismo ainda, porque o Ocidente ainda possui uma forte população cristã e isso refreia o castigo divino, bem como a sua medida e intensidade. As tragédias, portanto, nos servem de alerta para que não repitamos esses erros

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