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quarta-feira, 25 de novembro de 2015


terça-feira, 24 de novembro de 2015

A AD em Teresina - a fragmentação da história

É notório que os principias ministérios das ADs no Norte e Nordeste do Brasil possuem uma história de cisões e turbulências. No Ceará na década de 1960, Luiz Bezerra da Costa "arrancou" para a congregação de Bela Vista (e para si) a autonomia depois de um período de desavenças ferrenhas. 

Em Pernambuco, nos anos 80, a AD em Abreu e Lima conseguiu sua independência tornando-se ministério autônomo. Na Paraíba, a região de Campina Grande também se distingue da AD estadual, e na Bahia já se formaram duas convenções. Idêntico caso há no Amazonas e no Pará berço da denominação do país.

As rupturas ocorridas resultaram das tensões e lutas pelo poder eclesiástico, pois debaixo da "unção divina" os abnegados obreiros refletiram o estilo coronelista da sociedade patriarcal. Com o tempo e o crescimento das igrejas, as cisões institucionais passaram a alavancar projetos próprios ou familiares de poder.


AD em Teresina: uma igreja fragmentada

Com tantas divisões na região, a AD em Teresina não passou incólume. Após a jubilação do seu patriarca pastor Paulo Belisário de Carvalho em 1995, a igreja não teve paz nas sucessões seguintes. Nesses 20 anos, a igreja da capital piauiense passou por alguns solavancos institucionais, e agora ao que tudo indica, caminha para a total fragmentação.

Em 1997, o sucessor do pastor Paulo, o escritor Raimundo de Oliveira foi obrigado a deixar o cargo devido a graves desentendimentos com o ministério local. Assumiu então o pastor José da Silva Neto. Em 2011, cumprindo o estatuto interno uma inédita eleição à presidência da igreja se realizou. O então líder da AD José Neto concorreu ganhando por margem mínima de votos o pleito. Mas o resultado não foi digerido pelo seu oponente José de Ribamar e Silva Filho, o qual sendo supervisor de um distrito, resolveu romper com o ministério local.

Com a morte do pastor José Neto em 2013, novamente a questão sucessória foi colocada em cheque. Temendo uma nova cisão, o ministério da AD em Teresina e a convenção estadual em comum acordo - e desta vez sem eleição - indicou o pastor Nestor Mesquita à presidência, realizando o antigo sonho do veterano obreiro de liderar a igreja na capital.

Com a posse do pastor Mesquita, se garantia o mínimo de estabilidade ministerial. Porém, o destacado líder, no alto dos seus 80 anos de idade estava fadado a ser apenas um líder de transição, simplesmente protelando o problema maior para os anos seguintes. 

Pensando na sucessão (e na família), Nestor resolveu preparar a igreja e o ministério para a posse do filho. Entretanto, negociações foram necessárias, e para resguardar o herdeiro, o atual presidente abriu mão da unidade administrativa da igreja. A partir de 2016, o campo eclesiástico em Teresina será fragmentado e os setores receberão autonomia. Ao filho Irã caberá o setor centro, onde atualmente está a sede.

A divisão provavelmente agradará aos setoriais, mas segundo alguns, poderá resultar em extrema competição por membros e recursos na área eclesiástica de Teresina. A prevista abertura de congregações em campos e bairros alheios possivelmente aumentará as tensões entre os setores. 

E os membros? Pelas informações disponíveis, os fieis estão perplexos testemunhando a pulverização de um patrimônio histórico e espiritual. Há um clima de pessimismo no ar. Ironicamente, em 2012, foi lançado o livro do pastor Raimundo Leal Neto sobre a história da AD na cidade intitulado Uma Igreja Edificada - História da Assembleia de Deus em Teresina - Piauí. Talvez em suas próximas edições, o autor tenha que mudar o nome da obra para Uma Igreja Fragmentada...

Fonte:

LEAL NETO, Raimundo. Uma Igreja Edificada - História da Assembleia de Deus em Teresina - PI. Teresina: Halley, 2012.

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