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quarta-feira, 15 de julho de 2015

Pense mesmo,,,



Na época da adolescência a família começa a perguntar se você tem namorado; quando você arranja um, começa a cobrança pelo noivado; anel na mão direita, os planos para o casamento são feitos por parentes antes que você possa pensar a respeito; quando você casa, começa a contagem regressiva para que o casal tenha filhos.
Os exemplos poderiam seguir com a pressão pelo segundo filho, a escolha da escola, o esporte que a criança vai praticar… Poderia, se a linha do tempo de motivos de cobranças, sob o ponto de vista do casal, não tivesse acabado na hora do “até que a morte os separe”. Apesar da cobrança por parte da família e da sociedade em geral, e dos preceitos religiosos e biológicos sobre a procriação, constituir uma família além de marido e mulher não está nos planos de todo mundo.
“Se o meu relógio biólogico tocou, eu não escutei”, brinca Cássia França, 30 anos, de Recife. Casada há 5 anos, Cássia é enfática ao afirmar que a decisão foi tomada em comum acordo com o marido, que tem duas filhas de um casamento anterior, e que nenhum dos dois se arrepende da decisão. A família, por incrível que pareça, não cobra herdeiros do casal: “Meus pais querem que eu seja feliz, independente de ter filhos. As pessoas de fora é que fazem pressão, acham ‘anormal’ um casal ser casado e não ter filhos; anormal para mim é ter filhos e não saber criar, ou achar que pagar escola, comida e deixar sob os cuidados de uma babá é suficiente”.
A quantidade de pessoas que não compartilha do desejo de constituir uma família com filhos não é pequena. Existem até grupos de discussão e fóruns pela internet para discutir o assunto – e servir de apoio para aqueles que partilham de uma opinião em comum e sentem a animosidade de quem segue à regra os princípios da linhagem.
Uma dessas pessoas que defende a condição de #childfree {sem filhos, em tradução livre}, é a carioca Gisele Menezes, 47 anos, que atualmente reside em Curaçao, no Caribe. Com a mesma opinião desde os 15 anos, Gisele garante que ela e o marido sentem-se completamente felizes com a escolha de não adicionar membros à família, e que a opção nada tem a ver com o fato de gostar ou não de crianças – e ela gosta, vale salientar.  “A grande cobrança vem por parte da sociedade, mas desde sempre aprendi a não dar bola, afinal de contas ninguém me sustenta, e nem sustentaria os meus filhos caso eu os tivesse”, enfatiza Gisele.
Sustentar os filhos, por sinal, tem sido um dos maiores obstáculos para várias famílias na decisão de não ter crianças – ou pelo menos adiar a chegada delas. Somado à questão financeira, existe também o medo da violência no mundo, como destaca a publicitária Janaína Gomes*: “Vemos tanta atrocidade acontecendo, que prefiro fazer minha parte poupando outros seres humanos a passar por isso. Se é para prover amor e carinho, já faço isso com meus animais de estimação”, conclui.
Compreender que o desejo de ter filhos não é natural à todas as mulheres ainda é um assunto delicado. As mulheres que optaram por essa decisão lidam diariamente com argumentos do tipo “quando chegar aos 30 você irá mudar de ideia” ou “o desejo dos seus pais é ter netos”. Felizmente, grande parte não cede a esse tipo de discussão e não muda  seu estilo de vida para agradar aos outros, e, principalmente, aprende a não dar margem à polêmica contra-argumentando.
A receita para a felicidade não é a mesma para todo mundo, e cabe a nós, enquanto sociedade, aceitar a decisão de cada um.

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