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domingo, 24 de abril de 2011

A tentação da idolatria

No Antigo Testamento um dos maiores esforços dos profetas é para acabar com a idolatria em Israel. Na época de Amós, os israelitas são julgados porque “inclinam-se diante de qualquer altar” (Am 2.8).
Como é possível a um povo de propriedade exclusiva do Senhor, treinado durante mais de mil anos a não adorar outros deuses além do Senhor, calcado nos Dez Mandamentos e várias vezes severamente punido por ter praticado a idolatria — como é possível a esse povo inclinar-se mais uma vez a “qualquer altar”? Esse negócio de “qualquer altar” é vício das nações pagãs, e não de Israel.
A igreja do Novo Testamento, formada de pessoas convertidas no ambiente monoteísta de Israel e no ambiente politeísta de outras nações, estaria livre da tentação da idolatria?
Os apóstolos deixam bem claro que a idolatria era coisa do passado na vida dos crentes. Antes da conversão, os coríntios eram idólatras mas, depois, já não o são (1 Co 6.9-11). Todo mundo sabia que os tessalonicenses, depois de terem aceitado o evangelho, deixaram os ídolos “a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro” (1 Ts 1.9). Pedro lembra aos eleitos de Deus espalhados pela Ásia Menor que no passado eles viviam na “idolatria repugnante” (1 Pe 4.3).
Todavia, o perigo de inclinarem-se a “qualquer altar” continua ontem e hoje. Daí a exortação de Paulo — “Fujam da idolatria” (1 Co 10.14) — e a de João —“Guardem-se dos ídolos” (1 Jo 5.21).
Não se deve pensar que a palavra ídolo se refere exclusivamente às tais imagens que nem sequer falam, embora o artífice tenha moldado a boca, e nem sequer andam, embora o mesmo artífice tenha colocado as duas pernas no lugar certo (Sl 115.4-7).
É por isso que a palavra “Guardem-se dos ídolos” é traduzida para “Cuidado com os falsos deuses” (NTLH) e para “Afastem-se de qualquer coisa que possa tomar o lugar de Deus no coração de vocês” (BV). Segundo a nota de rodapé da Bíblia Pastoral, para o apóstolo, “ídolos são pessoas, coisas, estruturas e projetos que produzem escravidão e morte e se apresentam como absolutos, pretendendo substituir o projeto de vida e liberdade que Deus realizou em Jesus Cristo”.
O horror a “qualquer altar” deve ser mantido com muito cuidado, pois sobre ele não estão os repugnantes ídolos do passado, mas os atraentes ídolos do presente.
A sociedade de consumo está cheia de altares. O verdadeiro adorador não pode desalojar o verdadeiro Deus de sua verdadeira glória nem se inclinar a “qualquer altar”, sejam os altares da riqueza, da glória própria ou das paixões incontroláveis. Ele é adorador de altar único, pois só ao Senhor se deve prestar culto (Mt 4.10)!
Fonte: Editora Ultimato

A restauração de Deus na tragédia

Referência: Jó 1, 2, 42
INTRODUÇÃO
1.Um esforço concentrado do inferno para destruir a família
A família está sendo bombardeada com arsenal pesado. Há torpedos mortíferos apontados para a família. É a crise conjugal. É crise dos jovens. É a crise dos valores.
A família está perdida. A educação moderna está perdida. As instituições não sabem o que fazer para reverter essa crise.
2.Seis áreas básicas que o inimigo tenta atacar em nossa vida
a)Nosso relacionamento com Deus
b)Finanças
c)Filhos
d)Saúde
e)Casamento
f)Amizades.
3.Deus proclama o caráter de Jó – 1.8
Deus conhece os que são seus. Deus conhece sua vida. Ele sabe quem é você. Ele sabe o que você não faz e o que você faz. Ele conhece seus pensamentos, seus desejos, seus sonhos. Deus elogia Jó pela sua piedade e integridade.
4.Satanás levanta suspeitas sobre as motivações de Jó – 1.9-11
Ele disse que Jó serve a Deus por interesse.
Disse que Jó serve a Deus porque Deus o tem enriquecido.
Satanás acusa Jó de amar mais o dinheiro, os filhos e a saúde do que a Deus.
5.Deus constitui Jó como seu advogado na terra – 1.12
Deus confia em Jó. Jó não sabia, mas ele havia sido constituído como advogado de Deus na terra ao passar pelas duras provas e revezes da vida. Se Jó naufragasse, era o nome e a reputação de Deus que estava em jogo.
I.OS TORPEDOS DO INFERNO NA FAMÍLIA DE JÓ
1.Satanás acatou os bens de Jó – 1.13-20
a)Ele usou homens – sabeus e caldeus roubaram e saquearam os rebanhos de Jó. Ele foi espoliado, roubado. Jó decretou falência. Foi à bancarrota. Abriu concordata.
b)Ele usou fogo – queimou ovelhas e servos (1.16).
Jó sendo o homem mais rico do Oriente, ficou pobre, sem crédito. Sua empresa faliu, seu negócio acabou.
A crise financeira é a crise de muitas famílias hoje. É o investimento que não deu certo. É o negócio que se frustrou. É a empresa que não reage. É a globalização que solapou sua estabilidade. É o jovem que sai da Faculdade sem perspectiva de emprego. É o pai de família que é mandado embora aos 50 anos e não arranja mais emprego.
Talvez um acidente, uma tragédia, uma mudança de política na empresa pegou você de surpresa e pôs sua vida financeira de cabeça para baixo. Tudo que você construiu durante anos foi de água para baixo.
2.Satanás atacou os filhos de Jó – 1.19
a)Jó era um pai exemplar (1.4,5) – Jó inspirava amizade no coração dos filhos (1.4). Ele tinha comunhão com os filhos (1.5). Ele santificava os filhos (1.5). Ele orava por todos os filhos (1.5). Ele orava pelos filhos de madrugada e continuamente (1.5). Ele priorizava a vida espiritual dos filhos.
b)Satanás atacou os filhos de Jó num dia de festa e comunhão familiar – Todos os filhos morreram num único desastre. Jó vai para o cemitério sepultar todos os seus 10 filhos de uma única vez. Sua dor é indescritível. Jó raspou a cabeça, mostrando que a sua glória havia apagado.
c)Os amigos de Jó o acusam – Disseram que a habitação de Jó havia sido amaldiçoada (5.3). Disseram que seus filhos haviam sido desamparados e destruídos (5.4). Disseram que seus filhos eram rebeldes e por isso Deus os havia destruído (8.4).
d)Quem sabe este é dilema da sua vida hoje – Há muitos filhos que estão sendo atingidos pelos dardos inflamados do maligno. Há muitos pais e mães que estão chorando pelos filhos. Há muitos filhos que estão no mundo, no vício, no pecado. Quem sabe seus filhos são rebeldes, desobedientes e isso está acabando com você.
3.Satanás atacou a saúde de Jó – 2.4-6
Satanás achou que Jó amava mais a sua pele do que a Deus.
Jó então foi ferido: infecção, mau hálito, dor, pele necrosada, corpo encarquilhado. Raspava suas feridas com cacos de telha.
As pessoas cuspiam nele. Seus ossos ardiam. Formavam-se bolhas de pus e ele mordia nessas bolhas para aliviar sua dor.
Sua dor foi tão grande que ele: 1) Desejou morrer no ventre da mãe (3.11; 10.18); 2) Desejou morrer ao nascer (3.11); Desejou que os seios de sua mãe estivessem murchos para morrer de fome (3.12); 4) Procurou e desejou a morte, mas a morte fugiu dele (3.21,22).
Quem sabe você vive o drama de uma enfermidade na família, uma doença crônica, um diagnóstico sombrio e uma cirurgia iminente.
4.Satanás atacou o casamento de Jó – 2.9,10
A mulher de Jó não suportou a pressão. Ela estava acostumada com o sucesso e não com o sofrimento. Ela estava acostumada com as glórias da prosperidade e não com o vale da adversidade.
Ele se insurgiu contra Deus, blasfemou contra ele, ergueu os punhos contra o céu e ordenou seu marido a romper com Deus e morrer.
Jó enfrenta o drama da crise conjugal. Do abandono da esposa na hora da sua maior solidão e aflição. É a dor que supera o romance. É a revolta mostra a carranca. É a crise no casamento que se instala. É o divórcio do cônjuge e depois dos filhos.
5.Satanás atacou as amizades de Jó
Eles são amigos – Vêm de longe.
Eles são solidários – Choram
Eles acusam Jó de:
a)Dizem que Jó não é convertido – 22.21-30ç
b)Dizem que Jó é um pecador endurecido – 11.3
c)Dizem que Jó é rebelde contra Deus – 34.35-37
d)Dizem que Jó é hipócrita – 4.3-5
e)Dizem que Jó é adúltero – 8.6,7ç 22.5
f)Dizem que Jó é ladrão – 18.19
g)Dizem que Jó é explorador dos pobres – 22.6
h)Dizem que Jó é insensível às necessidades dos aflitos – 22.7,9
i)Dizem que Jó é louco – 5.2
Quem sabe seus amigos mais achegados se voltam contra você: é a decepção, a mágoa, a traição, a acusação insolente, injusta.
II. A ATITUDE DE JÓ DIANTE DO DRAMA DO SOFRIMENTO
1.Jó desaba com Deus sobre sua dor
Jó, na sua angústia levou aos céus 16 vezes a pergunta: POR QUE.
a)Por que estou sofrendo
b)Por que perdi meus filhos
c)Por que Deus não responde minhas orações
d)Por que perdi meus bens
e)Por que meu casamento acabou
f)Por que meus amigos me acusam
g)Por que Deus não me mata
Jó estava cheio de queixas. Ele levantou 34 queixas contra Deus.
2.Ninguém entendeu a causa do sofrimento de Jó
a)Satanás – Ele serve a Deus por interesse.
b)A mulher de Jó – Revolta-se contra Deus, abandona-o e pede ao marido para desistir de Deus e morrer.
c)Seus amigos – A causa são os pecados de Jó.
d)Jó – acha que suas aflições foram impostas por Deus.
e)Ninguém discerniu que era Satanás que estava atacando Jó. Ilustração: SARA.
III. A INTERVENÇÃO DE DEUS NA RESTAURAÇÃO DE JÓ
1.Deus não respondeu sequer um dos questionamentos de Jó, mas faz-lhe 70 perguntas.
Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da terra
Onde estavas tu quando eu espalhava as estrelas no firmamento.
Onde estavas tu quando eu punha limite nas águas do mar.
Deus mostrou para Jó sua soberania.
Quando não pudermos entender o que Deus está fazendo: podemos saber que ele está no controle e é nosso Pai.
2.Tudo que Satanás intentou contra Jó, Deus reverteu em bênção
Satanás tentou afastar Jó de Deus, mas Jó ficou mais perto do Senhor.
Satanás tentou destruir a confiança de Jó através do sofrimento, mostrando que Deus não era nem soberano nem amor; mas Jó se curva diante da soberania de Deus – Ilustração – O satanista que enviou uma compra para uma crente em necessidade.
Satanás tentou azedar o coração de Jó com mágoa de seus amigos, mas Jó intercede por eles.
Satanás tentou tirar tudo de Jó, mas Deus devolveu-o em dobro.
Jó compreendeu seis coisas:
1)Ele entendeu que não há crise que Deus não possa reverter – “Bem sei que tudo podes…” (42.2);
2)Ele entendeu que os desígnios de Deus não podem ser frustrados: “E nenhum dos teus desígnios pode ser frustrado” (42.2);
3)Ele admitiu que o seu conhecimento de Deus era superficial – “Eu te conhecia só de ouvir” (42.5);
4)Ele passou a conhecer a Deus de forma mais profunda a pessoal – “… mas agora os meus olhos te vêem” (42.5);
5)Ele reconheceu sua precipitação no falar – “Na verdade falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia” (42.3);
6)Ele passou a conhecer profundamente a si mesmo – “Por isso me arrependo no pó e na cinza” (42.6).
3.Deus restaurou a sorte de Jó
Deus restaurou todas as áreas atingidas na vida de Jó:
a)Deus restaurou os bens de Jó – dando-lhe o dobro. Hoje Deus pode por em ordem sua vida financeira. Ele pode reerguer você. Ele é o Deus da provisão.
b)Deus restaurou a saúde de Jó – Viveu mais 140 anos. Ele viu seus filhos e os filhos de seus filhos. Ele teve uma vida longa e feliz. Deus pode curar suas enfermidades. Deus pode lhe dar a alegria de ver seus filhos crescendo, se casando. Deus pode lhe dar a alegria de ver seus netos e sendo instrumentos de bênção no mundo.
c)Deus restaurou o casamento de Jó – O casamento de Jó foi curado, transformado. Acabou a mágoa, a revolta, o esfriamento. Deus é especialista em reparar vasos quebrados. Para Deus não há causa perdida nem casamento perdido. Talvez você pensa que o divórcio é a única saída. Mas Jesus pode transformar a água em vinho.
d)Deus restaurou os filhos de Jó – Agora, Jó tem 10 filhos no céu e 10 filhos na terra. Não deu o dobro, porque não perdemos os nossos filhos com a morte. Seus filhos são filhos da promessa. Não abra mão de seus filhos. Aqueles filhos que hoje podem estar lhe trazendo dor, amanhã serão baluartes nas mãos de Deus.
e)Deus restaurou os amigos de Jó – Em vez de guardar mágoa das pessoas que falam mal de você, ore por eles. Porque através da intercessão Deus vai curar você e perdoar seus amigos.
CONCLUSÃO
Deus pode restaurar sua família. Deixe de murmurar. Dobre os joelhos e comece a orar e os céus se manifestarão;
Foi quando Jó começou a orar que a sua cura brotou.
Jó começou esse processo tendo Deus como o ponto principal de relacionamento e terminou com Deus em primeiro lugar.
Fonte: Hernandes Dias Lopes

Pais e filhos vivendo segundo a direção de Deus

Pais e Filhos
Referência: Efésios 6.1-4
INTRODUÇÃO
• Contexto histórico – Quando Paulo escreveu esta carta aos efésios, estava em vigência no Império Romano o regime do pater postestas. O pai tinha o direito absoluto sobre o filho: podia casá-lo, divorciá-lo, escravizá-lo, vendê-lo, rejeitá-lo, prendê-lo, e até matá-lo.
• A revolução hippie – Hoje estamos vivendo o outro extremo. Na década de 60 irrompe com os hippies uma explosão de revolta a toda instituição e autoridade. A autoridade dos pais também foi afetada. A família está acéfala.
• Considerando o assunto – Se o nosso cristianismo não é capaz de mudar o nosso relacionamento com a nossa família, ele está falido. É impossível ser um jovem fiel, abençoado, cheio do Espírito sem obedecer os pais. Ilustração: Mahatma Gandi: “Você é do tipo que me entoa canções, mas não obedece os meus ensinamentos”.

I.O DEVER DOS FILHOS COM OS PAIS – V. 1-3
• O apóstolo menciona três motivos que devem levar o filho a ser obediente aos pais.
1. A natureza – v. 1 – “Filhos obedecei a vossos pais… pois isto é justo”
• Obediência dos filhos aos pais é uma lei da própria natureza, é o comportamento padrão de toda a sociedade. Os maralistas pagãos, os filósofos estóicos, a cultura oriental (chineses, japoneses e coreanos), as grandes religiões como Confucionismo, Budismo e Islamismo defendem essa bandeira.
• A desobediência aos pais é um sinal de decadência moral da sociedade e um sinal do fim dos tempos – Rm 1:28-30; 2 Tm 3:1-3.

2. A lei – v. 2-3 (Ex 20:12; Dt 5:16)
• Honrar é mais do que obedecer – Os filhos devem prestar não apenas obediência, como também amor, respeito e cuidado pelos pais. É possível obedecer sem honrar. Ilustração: o irmão mais velho do filho pródigo. Filhos que não cuidam dos pais na velhice. Filhos que trazem flores para os pais depois que morrem.
• Honrar pai e mãe é honrar a Deus – Lv 19:1-3 – A desonra aos pais era um pecado punido de morte (Lv 20:9; Dt 21:18-21). Resistir a autoridade dos pais é insurgir-se contra a autoridade do próprio Deus. Ilustração: O seminarista Milton Ribeiro – queria ir para o seminário. Seu pai não deixou. Orou. Deus mudou o coração do pai. Ver ainda Gn 37:13.
• Honrar pai e mãe traz benefícios – Ef 6:2-3 –
a) Prosperidade – No Velho Testamento as bênçãos eram terrenas, temporais, como a posse da terra. No Novo Testamento nós somos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo.
b) Longevidade – Um filho obediente livra-se de grandes desgostos. Vejamos por exemplo algumas coisas importantes: 1) Ouvir os pais – Quantos desastres, casamentos, perdas, lágrimas e mortes não teriam acontecido se os filhos escutassem os pais. Exemplo: Sansão; 2) Ter cuidado com as seduções – (Pv 1:10) – drogas, sexo, namoro, abandono da igreja e amigos;

3. O Evangelho – v. 1 – “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor”.
• Cl 3:20 fala que os filhos devem obedecer aos pais em tudo. Mas Ef 6:1 equilibra dizendo que devem obedecer no Senhor.O que Paulo está ensinando? Os filhos devem obedecer aos pais porque eles são servos de Cristo. Eles devem aos pais por causa do relacionamento que eles têm com Cristo.
• Em Cristo a família é resgatada à plenitude do seu propósito original. Nossos relacionamentos familiares são restaurados porque estamos no Senhor. Porque estamos em Cristo, nossos relacionamentos são purificados do egocentrismo ruinoso. Os filhos aprendem a obedecer os pais porque isto é agradável ao Senhor (Cl 3:20).

II. O DEVER OS PAIS COM OS FILHOS – V. 4

• Paulo exorta os pais não a exercer a sua autoridade, mas a contê-la. Mediante o pátria potestas o pai podia não só castigar os filhos, mas também vender, escravizar, abandonar e até matar seus filhos. Sobretudo, os fracos, doentes e aleijados tinham pouca chance de sobreviver.
• Paulo ensina, entretanto, que o pai cristão, deve imitar outro modelo. A paternidade é derivada de Deus (3:14-15; 4:6). Os pais humanos devem cuidar dos filhos como Deus Pai cuida da família dele.

1. Uma exortação negativa – v. 4 – “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira”.
- A personalidade da criança é delicada e os pais podem abusar de sua autoridade, usando ironia e ridicularização.
- O excesso ou ausência de autoridade provoca ira nos filhos – Ef 6:4
- O excesso ou ausência de autoridade leva os filhos ao desânimo – Cl 3:20.
- Cada criança é uma pessoa peculiar e que precisa ser respeitada nas suas individualidades.
- Os pais podem provocar a ira dos filhos quando:
a) Por excesso de proteção – exemplo da águia.
b) Por favoritismo – Isaque, Jacó
c) Por desestímulo – não consegue agradar os pais
d) Por não reconhecer a diferença dos filhos
e) Por falta de diálogo – Davi e Absalão
f) Por meio de palavras ásperas ou agressão física
g) Por falta de consistência na vida e na disciplina – Pais como espelho.

2. Exortações Positivas – v. 4

2.1. Os pais devem cuidar da vida física e emocional dos filhos – A palavra CRIAR “ektrepho” significa nutrir, alimentar. É a mesma palavra que aparece em (5:29). Calvino traduziu essa expressão como: “Sejam acalentados com afeição”. Hendriksen: “Tratai deles com brandura”. As crianças precisam de segurança, limites, amor e encorajamento. Os filhos precisam não apenas de roupas, remédios, teto, educação, mas também de afeto, amor, encorajamento.
2.2. Os pais precisam treinar os filhos através da disciplina – A palavra DISCIPLIA “paidéia” = treinamento por disciplina. Disciplina por meio de regras e normas, recompensas e se for necessário castigo (Pv 13:24; 22:15; 23:13-14; 19:15). Só pode disciplinar (fazer discípulo) quem tem domínio próprio. Que direito tem um pai de disciplinar o filho se ele mesmo está precisando ser disciplinado.
2.3. Os pais precisam encorajar os filhos através da palavra – A palavra ADMOESTAÇÃO “nouthesia” = educação verbal. Educar por meio da palavra falada. É advertir e estimular.
2.4. Os pais são responsáveis pela educação cristã dos filhos – A expressão “no Senhor” revela que os responsáveis pela educação cristã dos filhos não é a escola nem a igreja, mas os próprios pais. Por detrás dos pais está o Senhor. Ele é o Mestre e o administrador da disciplina. A preocupação básica dos pais não é apenas que seus filhos se lhes submetam, mas que cheguem a conhecer o Senhor e a obedecer-lhe Dt 6:4-8.
Rev. Hernandes Dias Lopes

Como ter o céu em seu lar

Referência: Efésios 5.22-23
INTRODUÇÃO
1. O Contexto Histórico
• Um dos maiores problemas da civilização antiga era o pequeno valor que era dado às mulheres. Elas eram vistas não como pessoas, mas como propriedade do pai e depois do marido.

1.1. Cultura judaica
• Os judeus tinham um baixo conceito das mulheres. Os judeus pela manhã agradeciam a Deus por ele não lhes ter feito: “um pagão, um escravo ou uma mulher.” As mulheres não tinham direitos legais. Elas eram propriedade do pai quando solteiras e do marido quando casadas.
• Na época em que a igreja cristã nasceu, o divórcio era tragicamente fácil. Um homem podia divorciar-se da sua mulher por qualquer motivo, pelo simples fato da mulher ter colocado muito sal em sua comida, ao sair em público sem véu. A mulher não tinha nenhum direito ao divórcio mesmo que seu marido se tornasse um leproso, um apóstata ou se envolvesse em coisas sujas. “O marido podia divorciar-se por qualquer motivo enquanto a mulher não podia divorciar-se por nenhum motivo.”
• Quando nasceu a igreja cristã, o laço matrimonial estava em perigo dentro do judaísmo.

1.2. Cultura grega
• A situação era pior dentro do mundo helênico. A prostituição era uma parte essencial da vida grega. Demóstenes disse: “Temos prostitutas para o prazer; concubinas para o sexo diário e esposas com o propósito de ter filhos legítimos.” Xenofonte disse: “A finalidade das mulheres é ver pouco, escutar pouco e perguntar o mínimo possível”. Os homens gregos esperavam que a mulher cuidasse da casa e dos filhos, enquanto eles iam buscar prazer fora do casamento.
• Na Grécia não havia processo para divórcio. Era matéria simplesmente de capricho. Na Grécia o lar e a vida familiar estavam próximos de extinguir-se, e a fidelidade conjugal era absolutamente inexistente.

1.3. Cultura romana
• Nos dias de Paulo a situação em Roma era ainda pior. A degeneração de Roma era trágica. A vida familiar estava em ruínas. Sêneca disse que: “As mulheres se casavam para divorciar e se divorciavam para casar.”
• Os romanos ordinariamente não datavam os anos com números, mas com os nomes dos cônsules. Sêneca disse que: “As mulheres datavam seus anos com os nomes de seus maridos.” O poeta romano Marcial nos fala de uma mulher que teve dez maridos. Juvenal fala de uma que teve oito maridos em cinco anos. Jerônimo afirma que em Roma vivia uma mulher casada com seu vigésimo terceiro marido.
• A fidelidade conjugal em Roma estava quase em total bancarrota.
• Paulo escreve Efésios 5:22-33 nesse contexto de falência da virtude e desastre da família. Paulo estava apontando para algo totalmente novo e revolucionário naqueles dias.

1.4. Cultura Pós-Moderna
• O conceito de família estava confuso hoje. Há confusão de papéis. O novo código civil parece não reconhecer a diferença de papéis. Reconhece-se a legitimidade de relações que a Bíblia chama de adultério. As relações homossexuais estão se tornando cada vez mais aceitáveis. A infidelidade atinge mais de 50% dos casais. O índice de divórcio aumenta assustadoramente. A cultura pós-moderna está voltando às mesmas práticas reprováveis nos tempos primitivos.

I. O PAPEL DA ESPOSA – V. 22-24
1. O que não é submissão
• Submissão não é inferioridade – Devemos desinfetar a palavra “submissão”de seus sentidos adulterados. A mulher não é inferior ao homem. Ela é tão imagem de Deus quanto o homem. Ela foi tirada da costela do homem e não dos pés. Ela é auxiliadora idônea (aquela que olha nos olhos) e não uma escrava. Aos olhos de Deus ela é co-igual ao homem (Gl 3:28; 1 Pe 3:7).
• Submissão não é obediência incondicional – A submissão da esposa ou de cada crente a Jesus é uma submissão absolutamente exclusiva. Todos nós somos servos de Cristo (doulos). Nunca se afirma, porém, que a esposa deva ser escrava ou serva do marido. Nossa relação com Jesus é uma relação de submissão completa, inteira e absoluta. Não é essa a exortação dirigida às esposas. Se a submissão da esposa ao marido implicar na sua insubmissão a Cristo, ela precisa desobedecer ao marido, para obedecer a Cristo.

2. O que é submissão
• É ser submissa ao marido por causa de Cristo – A submissão da esposa ao marido não é igual a Cristo, mas por causa de Cristo. É uma expressão da submissão da esposa a Cristo. A esposa se submete ao marido por amor e obediência a Cristo. A esposa se submete ao marido para a glória de Deus (1 Co 10:31). A esposa se submete ao marido para que a Palavra de Deus não seja blasfemada (Tito 2:3-5).
• A submissão da esposa ao marido é sua liberdade – A submissão não é escravidão, mas liberdade. A verdade liberta. Exemplo: Eu só sou livre quando obedeço às leis do meu país. Um trem só é livre quando corre em cima dos trilhos.
• A submissão da esposa ao marido é sua glória – Efésios 5:24 assim como a glória da igreja é ser submissa a Cristo, assim também com a esposa. A igreja só é bela quando se submete a Cristo. A submissão da igreja a Cristo não a desonra nem a desvaloriza. A igreja só é feliz quando se submete a Cristo. Quando a igreja deixa de se submeter a Cristo ela perde a sua identidade, seu nome, sua reputação, seu poder. A submissão não é a um senhor autoritário, autocrático, déspota e insensível, mas a alguém que a ama ao ponto de dar sua vida.
• A submissão da esposa não é a um tirano, mas a um marido que a ama como Cristo ama a igreja – O cabeça do corpo é o salvador do corpo; a característica da sua condição de cabeça não é tanto a de Senhor quanto a de Salvador.

II. O PAPEL DO MARIDO – V. 25-33
• Se a palavra que caracteriza o dever da esposa é submissão, a palavra que caracteriza o do marido é amor. O marido nunca deve usar sua liderança para esmagar ou sufocar a esposa ou para frustrá-la de ser ela mesma. A ênfase de Paulo não está na autoridade do marido, mas no amor do marido (v. 25,28,33). O que significa ser submisso? É entregar-se a alguém. O que significa amar? É entregar-se por alguém. Assim submissão e amor são dois aspectos da mesmíssima coisa.
1. Os cinco verbos que definem a ação do marido
• Amar – O amor de Cristo pela igreja foi proposital, sacrificial, santificador, altruísta, abnegado e perseverante.
• Entregar-se – Um amor não egoísta, mas devotado à pessoa amada.
• Santificá-la – O amor visa o bem da pessoa amada.
• Purifica-la – O amor busca a perfeição da pessoa amada.
• Apresentá-la – O amor visa a felicidade plena com a pessoa amada. O casamento judaico tinha quatro etapas: noivado + preparação + procissão + núpcias.

2. O marido deve cuidar da vida espiritual da esposa – v. 25b-27
• O marido é o responsável pela vida espiritual da esposa e dos filhos. Ele é o sacerdote do lar. O marido precisa buscar a santificação da esposa. Deve ser a pessoa que mais exerça influência espiritual sobre ela. Deve ser uma bênção na vida dela (Pv 31).

3. O marido deve cuidar da vida emocional da esposa – v. 28-29

• O marido fére a si mesmo ferindo a esposa. Crisóstomo “O olho não trai o pé colocando-o na boca da cobra”. Mas como o marido cuida da esposa?
• Como o homem deve tratar a sua esposa?
1) Ele não deve abusar dela – Um homem pode abusar do seu corpo, comendo em excesso, bebendo em excesso. Um homem que faz isso é néscio, porque ao maltrar o seu corpo, ele mesmo vai sofrer. O marido que maltrata a esposa é néscio. Ele machuca a si mesmo ao ferir a esposa. Exemplo: Um marido pode abusar da esposa: sendo rude, não dando tempo, atenção, carinho, usando palavras e gestos grosseiros, sendo infiel.
2) Ele não deve descuidar dela – Um homem pode descuidar do seu corpo. E se o faz é néscio e vai sofrer por isso. Exemplo: Se você tiver com a garganta inflamada não pode cantar nem pregar. Todo o seu trabalho é prejudicado. Você tem idéias, mensagem, mas não pode transmití-la. O marido descuida da esposa com reuniões intérminas, com Televisão, com Internet, com roda de amigos. Há viúvas de maridos vivos. Maridos que querem viver a vida de solteiros. O lar é apenas um albergue.
3) O marido deve zelar pela esposa – alimenta e dela cuida – Como o homem sustenta o corpo?
a) A dieta – Um homem deve pensar em sua dieta, em sua comida. Deve tomar suficientes alimentos e tomá-los regularmente. Assim também o marido deveria estar pensando no que ajudará sua esposa .
b) Prazer e deleite – Quando ingerimos nossos alimentos não só pensamos em termos de calorias, ou proteínas. Não somos puramente científicos. Pensamos também naquilo que nos dá prazer. Desta maneira o marido deve tratar a esposa. Ele deve estar pensando no que a agrada. O marido deve ser criativo no sentido de sempre alegrar a agradar a esposa.
c) Exercício – A analogia do corpo exige mais este ponto. O exercício é fundamental para o corpo. O exercício é igualmente essencial para o casamento. É o diálogo. É a quebra da rotina desgastante. A comunicação no casamento é vital = saber ouvir + saber falar + transparência + perdão + verbalizar amor.
d) Carícias – A palavra cuidar só aparece aqui em 1 Ts 2:7. Significa acariciar. O marido precisa ser sensível às necessidades emocionais e sexuais da esposa. 98% das mulheres reclamam da falta de carinho. O marido precisa a aprender a ser romântico, cavalheiro, gentil, cheio de ternura.

4. O marido deve cuidar da vida física da esposa – v. 30

• O marido deixa todos os outros relacionamentos para concentrar-se na sua esposa, ou seja, deve amar a esposa com um amor que transcende todas as outras relações humanas – Ele deixa pai e mãe. Sua atenção se volta para a sua mulher. Seu propósito é agradá-la.
• O marido se une à sua mulher – uma união heterossexual, monogâmica, monossomática e indissolúvel.
• Os dois se tornam uma só carne – O sexo é bom e uma bênção divina na vida do casal. Deve ser desfrutado plenamente em santidade e pureza. 1 Coríntios 7:3-5 e Provérbios 5:15-19 mostram como deve ser abundante essa relação sexual.

CONCLUSÃO
• Numa época como a nossa de falência da virtude, enfraquecimento da família e explosão de divórcio, esta idéia cristã do casamento deve ser com mais frequência difundida entre o povo.
• O dever da esposa é respeitar e o dever do marido é merecer o respeito – v. 33.

Rev. Hernandes Dias Lopes
um vaso novo,

sexta-feira, 22 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011


REFORMA DA IGREJA – OS ANABATISTAS
J. DIAS

Os Anabatistas era um grupo de cristãos que se levantaram contra algumas doutrinas da Igreja Católica. Entre essas doutrinas, estava a do batismo infantil. Por considerar o batismo infantil sem qualquer base bíblica, os Anabatistas batizavam os convertidos que tivessem idade adulta. O nome "anabatista" surgiu por causa do costume de "rebatizar" os seus seguidores.

Os Anabatistas surgiram primeiro na Suíça em função da liberdade que existia nesse país. Nem o feudalismo nem o papado tinham sido capazes de estabelecer o domínio nessa terra de intrépidos soldados mercenários. 

Alguns discípulos mais ardorosos de Zuinglio desiludiram-se com a lentidão das reformas religiosas na cidade e passaram a atuar como dissidentes. O conselho (Câmara dos Representantes do Povo) de Zurique declarou que a doutrina romana da missa era infundada, mas decidiu adiar sua reforma de imediato. Zuinglio concordou com essa decisão, acreditando que o povo de Zurique tinha de ser mais plenamente preparado para as mudanças. Os dissidentes não podiam aceitar tais medidas contemporizadoras.

Um dos representantes dos dissidentes era Conrad Grebel, que pode ser considerado como o fundador do anabatismo. Membro de uma família influente da nobreza recebeu uma excelente educação nas universidades de Viena e Paris. Depois de sua conversão em 1522, trabalhou ao lado de Zuinglio até romper com ele em 1525.

A atenção dos dissidentes voltou-se para um sacramento que não havia sido reformado na cidade, o batismo. Conrad Grebel, entre outros, recusou-se a submeter seu filho ao batismo, pois não encontrava no Novo Testamento justificativa para o batismo infantil. A ruptura decisiva com a ordenança oficial do batismo infantil ocorreu em 21 de janeiro de 1525, na casa de Felix Mantz, outro dos seguidores descontentes de Zuinglio. Naquela noite, após um período de oração, George Blaurock, um futuro evangelista anabatista, pediu a Grebel que o batizasse. Depois os outros presentes, igualmente quiseram ser batizados e Grebel batizou a todos, sendo depois o próprio Grebel batizado por Felix Mantz.

Quase da noite para o dia, surgiu um convento anabatista numa vila de Zurique, a apenas 6 quilômetros da cidade. Seguiram-se outros batismos em Zurique e nos arredores. O batismo era negado a crianças recém-nascidas, os sermões dos pastores oficiais eram interrompidos pelos pregadores anabatistas, as fontes batismais, derrubadas e destruídas e as congregações separatistas de cristãos rebatizados reuniam-se em desafio à lei. Muitos anabatistas agiam com violência contra a igreja oficial.

O conselho da cidade considerou tais distúrbios um desafio direto à sua autoridade. Para encerrar a crise foi decretado a morte por afogamento para quem fosse rebatizado. Em 5 de janeiro de 1527, Felix Mantz tornou-se o primeiro anabatista a ser afogado em Zurique. Enquanto Zuinglio e os outros pastores oficiais observavam, Mantz foi forçado a imergir nas águas geladas do rio Limmat. As últimas palavras que se ouviu dele foram “Em tuas mãos, ó Senhor, entrego o meu espírito”.

Zuinglio desistiu da sua primitiva concepção da falta de fundamento bíblico para o batismo infantil visto que com isso muitas pessoas perderiam sua cidadania garantida pelo batismo na infância. Os anabatistas mais radicais que se opunham ao controle da religião pelo Estado estavam pondo em perigo os esforços de Zuinglio de convencer as autoridades conservadoras ainda indecisas a passarem para o lado da Reforma. De início, Zuinglio usava a técnica do debate para persuadir os anabatistas a mudarem de ideia, mas quando o método falhou, o conselho adotou medidas mais drásticas, como multas e exílio. O movimento praticamente não mais existia em Zurique em 1535 devido aos tratamentos cruéis, e com isso os cristãos humildes que eram ligados ao grupo anabatista fugiram para outras regiões onde sonhavam encontrar segurança.

ANABATISTAS NA ÁUSTRIA
Balthasar Hubmaier foi um dos primeiros anabatistas na Áustria. De excelente formação, era doutor em teologia pela Universidade de Ingolstadt, onde foi aluno de Johann Eck, adversário de Lutero. Seu pastorado em Waldshut, perto da fronteira Suíça, permitiu-lhe um contato com os radicais suíços cujas ideias adotou. Ele e mais 300 seguidores foram batizados em 1525, pelo que teve de fugir para Zurique a fim de escapar das autoridades austríacas. De Zurique fugiu para a Morávia, onde assumiu a liderança dos anabatistas que haviam fugido de Zurique com medo das perseguições de Zuinglio. Na Morávia havia também milhares de pessoas convertidas ao anabatismo, todos aceitaram a liderança de Balthasar. Por ordem do imperador, Balthasar Hubmaier foi queimado numa estaca em 1528, e sua esposa foi afogada no rio Danúbio pelas autoridades católicas romanas. Em todo seu ministério como líder anabatista, ensinou a separação entre Igreja e Estado, a autoridade da Bíblia e o batismo dos convertidos ao cristianismo.

A CONFUSÃO DOUTRINÁRIA DOS LÍDERES ANABATISTAS
Os anabatistas não se caracterizavam nem pela homogeneidade doutrinária, nem pela eficiência organizacional. Vários líderes deixaram sua marca pessoal no movimento. Hans Hut profetizou que Jesus Cristo voltaria a terra no domingo de Pentecostes de 1528.  Ele começou a reunir os 144 mil santos eleitos, os quais ele “selou”, marcando-os na testa com o sinal da cruz. Ele morreu antes de 1528. Após sua morte seus seguidores se dividiram, mas sua mensagem apocalíptica foi assumida pelo novo líder Melchior Hofmann, que estabeleceu uma nova data para a vinda de Jesus, 1534.

Com os esforços evangelizadores de Hofmann, o anabatismo chegou aos Países Baixos. Em 1530, ele batizou cerca de 300 convertidos na cidade de Emden, e também constituiu pregadores leigos para levar a mensagem anabatista a todos os lugares dos Países Baixos. Convencido de que era o Elias, uma das testemunhas narradas em Apocalipse 11, Hofmann foi para Estrasburgo, onde ele considerava que seria a Nova Jerusalém e apresentou-se as autoridades para ser preso, e esperar a vinda de Cristo. Permaneceu na prisão até a morte, cerca de dez anos depois, pateticamente esperando o fim do mundo.

Quando Hofmann foi preso em Estrasburgo, no ano de 1533, um de seus discípulos, um padeiro de Haarlem chamado Jan Mathijs, declarou-se profeta enviado pelo Espírito Santo. Como Hofmann era o Elias, ele era Enoque, a segunda das duas testemunhas profetizadas em Apocalipse 11, no entendimento do grupo. Ele passou a ordenar 12 apóstolos, entre eles Jan Beuckels, de Leyden. Todos aqueles que recusassem o batismo deviam ser mortos. Quando Mathijs morreu, no Domingo de Páscoa de 1534, Jan de Beuckels assumiu a liderança, e coroou a si mesmo como “rei da justiça sobre todos”.

Reconsiderando as profecias, Jan disse que a Nova Jerusalém não seria em Estrasburgo e sim em Münster. Por isso o grupo mudou-se para essa cidade onde continuaram batizando os adultos. Foi introduzida a poligamia numa imitação literal dos patriarcas do Velho Testamento. Mas o real motivo da instituição desta pratica foi motivada por causa do grande número de mulheres viúvas no grupo.

As práticas do batismo adulto e a poligamia causavam preocupação para as igrejas católica e protestante e eram também uma clara desobediência as leis do Estado. Jan Beuckels e seus seguidores foram cercados na cidade de Münster por tropas protestantes e católicas que haviam se unido contra os anabatistas. Quando a luta terminou quase todos os anabatistas haviam sido mortos, apenas uns poucos conseguiram fugir. Jan e dois de seus companheiros foram capturados vivos e torturados até a morte com ferros em brasa, no dia 22 de janeiro de 1536. Os corpos foram expostos em jaulas de ferro na torre da igreja de Saint Lambert, na rua principal da cidade de Münster. Essas jaulas podem ser vistas ainda hoje, lembrança sinistra da tragédia de 1534-1536.

Por causa dos problemas causados pelos anabatistas em Münster, a causa dos Reformistas ficou desacreditada na cidade. Em 1532 o conselho da cidade havia autorizado o uso dos púlpitos oficiais pelos ministros luteranos. Após os acontecimentos Imperador ordenou que todos os seguidores de Lutero fossem expulsos da cidade.

MENNO SIMONS
A destruição do movimento anabatista pelas atrocidades acontecidas em Münster foi evitada pelo surgimento da sadia liderança de Menno Simons na Holanda.

Menno nasceu em 1496 na Holanda. Foi ordenado ao sacerdócio católico em março de 1524, aos 28 anos. Como Lutero, Zuinglio e Calvino, Menno teve de debater-se com o Evangelho. Como os outros reformadores Menno também passou a contestar a eucaristia, e em 1525 confessou ter dúvidas quanto ao dogma da transubstanciação. Mesmo assim Menno poderia ter continuado na Igreja Romana se não tivesse começado a questionar mais uma tradição da igreja, o batismo infantil. Começou então a investigar o fundamento do batismo infantil. Ele examinou os argumentos de Lutero, Zuinglio e outros reformadores, mas achou que em todos faltava algo. Consultou os escritos dos Pais da Igreja e por fim pesquisou com toda atenção e afinco as Escrituras e não encontrou nada que abonasse o batismo de crianças. Chegou à conclusão de que todos estavam equivocados quanto ao batismo infantil. Ele começou a pregar a partir da Bíblia contra o batismo de inocentes crianças. Com novas convicções sobre a ceia do Senhor e o batismo, abandonou o sacerdócio na Igreja Romana em 1536.

Aproximadamente um ano depois de ter deixado o sacerdócio romano para tornar-se evangelista itinerante, alguns irmãos anabatistas que viviam perto da cidade de Griningen pediram-lhe que aceitasse o oficio de ancião ou pastor titular da irmandade. Depois de algum tempo considerando a aceitação ou não do convite ele começou a ensinar e batizar adultos.

Menno foi ordenado de maneira adequada e batizado por Obbe Phillips, o primeiro líder dos anabatistas holandeses. Alguns anos depois de ter ordenado Menno, Obbe Phillips desiludiu-se com as divisões no movimento anabatista e abandonou completamente a irmandade. Seu irmão Dirk Phillips continuou firme na fé e tornou-se grande colaborador de Menno nas mudanças operadas na teologia anabatista. Foi um trabalho árduo, mas que mostrou uma nova cara do anabatismo. As controvérsias e “loucuras” cometidas pelos antigos líderes foram totalmente apagadas. Agora o movimento tinha como base apenas os ensinamentos bíblicos não “misturado” com as profecias da liderança, como era anteriormente.

Em 1542, o Imperador Carlos V da Holanda, publicou um edito contra ele e ofereceu uma rica recompensa em ouro a quem o colocasse na prisão.

Menno disse em seu leito de morte que nada na terra lhe era tão precioso como a Igreja. Durante 25 anos ele trabalhou de um extremo ao outro dos Países Baixos e da Alemanha a fim de transformar comunidades cristãs em congregações organizadas e comprometidas umas com as outras com a missão de evangelizar o mundo. Mediante o trabalho de Menno e de seus cooperadores, o anabatismo holandês recuperou-se de suas desilusões em Münster, tornando-se a mais duradoura manifestação cristã da reforma radical.

Grande parte dos escritos de Menno foram dedicados à exposição do caráter da igreja verdadeira contra as falsas igrejas anticristãs legalmente reconhecidas e sustentadas pelo Estado.

Menno referia-se aos católicos, aos luteranos e aos zuinglianos como “as facções grandes e confortáveis”. Eles partilhavam um aspecto em comum, dizia: “É costume de todas as facções que se encontram longe de Cristo e de sua Palavra tornar válidas suas posições, sua fé e sua conduta usando a espada”. Menno e os anabatistas negavam a legitimidade do corpus chrsitianum, pela qual a igreja e a sociedade formavam uma unidade orgânica, sendo a religião envolvida pelo poder decisivo do Estado na “conversão” de novos adeptos. Essa atitude era verdadeiramente revolucionária no século XVI, levando a represálias violentas contra os anabatistas. Com muita frequência, eram os líderes das igrejas oficiais que instigavam as autoridades a perseguirem os reformadores radicais.

De sua ordenação, em 1537, até sua morte em 1561, Menno exerceu influência marcante nos anabatistas dos Países Baixos e da Alemanha. Durante a maior parte desses anos ele foi perseguido e acusado de herege, mas continuou pregando em lugares secretos e batizando novos cristãos em córregos, rios e lagos, abrindo igrejas e ordenando pastores, de Amsterdã a Colônia. Um exame dos perigos que Menno enfrentou cousa surpresa saber que ele morreu de morte natural.

OS ANABATISTAS MORÁVIOS
Um padrão comunitário baseado na Igreja Primitiva narrada em Atos dos Apóstolos foi desenvolvida por grupos de refugiados na Morávia, guiados por Jacó Hutter. A perseguição comandada pela Igreja oficial os atingiu levando-os para a Hungria e a Ucrânia e depois de 1874, para Dakota do Sul nos Estados Unidos e a província canadense de Manitoba, e para o Paraguai, onde ainda hoje praticam um comunismo agrário voluntário. Eles são conhecidos como Hutteritas.

CONCLUSÃO
É difícil sistematizar as crenças anabatistas, porque houve muitos grupos diferentes em suas doutrinas, como resultado da crença natural da convicção de que o crente tem o direito de interpretar a Bíblia como autoridade literal e final de sua fé. Mesmo assim há algumas doutrinas em que todos os anabatistas, e atuais menonitas estão de acordo: A autoridade da Bíblia como regra final de fé e prática; que a verdadeira igreja é uma associação dos regenerados e não uma igreja oficial de que participam até os não convertidos. Defendiam a total separação entre Igreja e Estado. Praticavam o batismo dos convertidos por imersão.

Os anabatistas exerceram atração especial sobre os artesãos e camponeses, não alcançados pelos outros reformadores. Esse fato, relacionado à tendência natural à interpretação literal da Bíblia pelas pessoas iletradas, levou-os a excessos místicos, mas também a uma visão mais realista dos ensinamentos de Jesus e dos apóstolos.

Nem os Menonitas nem os Batistas devem se envergonhar de colocá-los como seus predecessores espirituais. Seu conceito de Igreja influenciou os Puritanos Separatistas, Batistas e Quacres.



FONTES:
O Cristianismo Através dos Séculos, Earle e. Cairns – Vida Nova
Teologia dos Reformadores, Timothy George – Vida Nova



                  MENNO SIMONS